por Carlos Alberto Iglesia Bernardo
“Santos estava destinada a ser o berço da primeira sociedade passível de resistir a todos os obstáculos e projetar-se como fiel divulgadora dos ensinamentos kardecistas” Edith Pires Gonçaves Dias, Sociedade Espírita Anjo da Guarda (A Pioneira), 1994.
APRESENTAÇÃO: Recentemente tive a oportunidade de constatar a diferença que uma pessoa pode fazer para a vida cultural de uma cidade e como isto se casa com sua filosofia de vida. Caminhava tranquilamente pela orla de Santos, admirando seus belos jardins e comparando-os com o caos das edificações feitas ao sabor da especulação imobiliária, que se amontoam umas sobre as outras na avenida a beira-mar, quando me chamou a atenção um casarão branco em meio a uma pequena área verde. Bem conservado, de linhas elegantes, refletindo o refinamento de seus proprietários e da época em que foi construído, estava aberto ao público e assim não pude deixar de visitá-lo. Constatei que o Casarão abriga uma Pinacoteca mantida pela Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto e que foi salvo da destruição pelo empenho de inúmeros santistas, destacando-se entre eles a escritora Edith Pires Gonçalvez Dias, ela mesma moradora do casarão em sua infância. Interessado pela história do casarão busquei mais informações, inclusive no livro da Sra. Edith, Memórias do Casarão Branco, e tive a grata surpresa de constatar que o Espiritismo participou desta história também. O Espiritismo influenciou a mãe da Sra. Edith e ela própria veio a se tornar espírita, participando durante muitos anos do movimento espírita Santista. Fiquei muito impressionado com o contato com a Sra. Edith, escritora de grande lucidez, tem cadeira na Acadêmica Santista de Letras e ainda hoje atuante na Fundação Pinacoteca. Além de livros e artigos, proferiu palestras, criou um coral espírita e, sem ela, teria se perdido esta joia da arquitetura Santista e não haveria a oportunidade das gerações mais novas conhecerem um pouco do que foi a orla de Santos no início do século XX. Também não poderiam desfrutar do contato com as obras de Benedicto Calixto e de outros pintores em um ambiente tão acolhedor.
Carlos Alberto Bernardo Iglesia, out-2011
Acesso: Boletim GeaE N. 545