Fragmentos com Chico Xavier

por Nubor Orlando Facure.

 

Assentávamos no alpendre da casa do Chico por horas seguidas enquanto ele nos contava um caso atrás do outro.

Era 1976, ouvimos ali diversas afirmações sobre o Brasil e o mundo que Chico fazia respondendo perguntas ao acaso e que hoje estão se concretizando.

Vez por outra, alguém se animava a lhe perguntar alguma coisa:

– Chico quando o mundo conhecerá o espiritismo?

Melhor que continuemos poucos, nós não temos condições de lidar com um crescimento acima das nossas competências.

Chico nos contava que as vezes tinha dificuldade em saber se estava conversando com um Espírito ou com uma pessoa encarnada tamanha era a nitidez com que via os Espíritos.

Nisso alguém pergunta:

– Como são muitos como ficam aqui nessa sala? O espaço se amplia? As paredes deixam de existir?

Chico disse que a melhor explicação que ele podia nos dar era um livro com suas várias páginas.

Havia Espíritos numa página e outros noutra página sem se misturarem.

O teor do assunto que abordássemos abriria essa ou aquela página.

Nem todos estarão nos vendo agora. Somente os que estão sintonizados com as emissões do nosso pensamento.

– Chico, e o mundo espiritual? no que podemos ter certeza de que existe?

Chico então nos ensina.

A imortalidade, a reencarnação, a vida no mundo espiritual como nos descreve André Luiz só aceita quem já veio acreditando antes de reencarnar.

Aqui você não convence ninguém.

– Chico, você sempre mostrou muito respeito pela Igreja Católica. Fale-nos sobre ela.

Chico nos diz:

Ela guardou e protegeu textos importantíssimo em seus mosteiros durante a Idade média.

Devemos isso a ela.

Mas, no próximo Século ela terá que admitir a reencarnação e a comunicação com os mortos, caso contrário ela irá desaparecer.

– Chico, você viu Jesus quando psicografou o livro “Há dois mil anos” naquele encontro em Jerusalém quando o Senador Públio Lêntulos ia pedir a Jesus a cura da sua filha Flávia?

Chico compenetrado nos diz:

A figura de Jesus merece nosso maior respeito.

A intensidade do seu brilho não permite que nenhum de nós tenha condições sequer de olhar em seus olhos tamanha é a sua irradiação luminosa.

De entremeio a essas perguntas Chico ia nos relatando episódios cheios de graça que ele nos fazia rir junto com ele.

 

Uma senhora de São Paulo lhe disse:

– Chico, fui a um Centro Espírita e lá me disseram que sou perseguida por um obsessor terrível.

Ele brincando então nos conta.

Mas, é um só minha filha.

Que privilégio.

Estava na cozinha quando escuta gritos na frente de casa.

Ele foi ver o que era e depara com um senhor muito bravo em cima do muro com um revólver na mão.

E gritava.

Chico, não me deixam chegar até você.

Se não pode ser para mim não será para mais ninguém.

vim aqui para lhe matar.

Mas, meu amigo você tem de me prometer que não vai errar o tiro.

Não quero ficar ferido dando trabalho para ninguém.

Eu não erro meus tiros.

Sou de Goiânia e não erraria esse tiro.

Mas, eu tenho outro pedido para lhe fazer.

O que é Chico, diga logo.

Quero que você desça do muro e venha até aqui fazer uma prece junto comigo.

Foi uma choradeira só.

Chorava o Chico e o nosso Goiânia valentão.

Não resistiu a Prece falando de Jesus.

 

Nessa ocasião Chico andava se queixando muito de dores no peito.

Atribuia a uma angina que vez por outro o incomodava.

Certa madrugada, após o trabalho com os livros ele já adormecido no leito percebe dois senhores ao seu lado.

Como estava cansado do trabalho diurno ele reclama.

Me deixem em paz.

Não é toda hora que posso atender aos Espíritos.

Mas, os dois permanecem em silêncio revirando o Chico para lá e para cá.

Ensaiando uma nova reclamação lhe aparece Emmanuel.

Comporte-se educadamente, Chico.

Estão aqui dois médicos lhe operando.

Estão limpando suas coronárias.

Seja grato ao trabalho deles.

A partir daí as dores da angina desapareceram.

 

– Chico, você esteve na cidade de Nosso Lar?

Para escrever o livro com tantas informações surpreendentes tive de ser previamente preparado.

André Luiz me permitiu chegar até os jardins da cidade acompanhado por ele.

Ao ver as flores não resisti ao perfume e às vibrações que me atingiram profundamente me prostando de joelhos aos prantos.

 

Numa noite em que o médium Luiz Gaspareto fez uma demonstração de sua mediunidade pintando um quadro atrás do outro, Chico nos contava que o Espírito pintor introduzia a mão pela nuca atingindo o bulbo e o cerebelo e dali, dirige as mãos do médium para fazer a pintura.

Uma das telas foi pintada por Tarsila do Amaral que Chico disse que ela estava ali numa maca devido sua paralisia no final da vida com a intenção de se fazer reconhecida pelo Chico que a conhecia em vida.

 

Quando meu pai, Sr Nubor Facure, construiu a primeira casinha do Chico lá pelos lados ermos do aeroporto, o Chico lhe pediu: não preciso de muitos móveis, faça nossas coisas de alvenaria mesmo e os muros bem alto porque sou medroso.

Na saída com os pedreiros o Chico chamava o seu Nubor e lhe pedia o lenço. Apertando com as mãos o lenço ficava perfumado. O Chico então dizia, leve para dona Yolanda – era assim que ele chamava minha mãe.

 

Uma noite então lhe perguntamos:

– Mas Chico, você tem medo de quê?

Parece que a resposta foi direta para mim.

Eu estava bem em frente a ele.

Tanto hoje como numa próxima encarnação o meu maior medo será sempre da adolescência.

Com certeza certas respostas do Chico eram intermediadas por Emmanuel ou outro espírito familiar.

 

Como neurologista sempre percebi em Chico um alto nível intelectual e um elevado quociente de inteligência.

 

Henrique Fernandes frequentando as reuniões em Pedro Leopoldo pediu ao Chico para entrevistar diretamente o Espírito Emmanuel – e assim o fez.

Eu perguntei ao Chico, só nós dois ali na cozinha:

– Posso desligar os aparelhos de um paciente “morto” na UTI ?

Ele me dá uma resposta médica.

O desencarne é um procedimento cirúrgico complexo.

Não o precipite sem a presença da equipe espiritual responsável por aquela pessoa em estado final.

Isso a deixaria a mercê dos seus obsessores.

 

Na véspera do seu desencarne minha tia ministrava a sopa da tarde quando ele ali assentado numa poltrona parecia ter desfalecido.

Ficou assim por meia hora.

Ao se recuperar, disse para minha tia sozinha com ele no quarto:

“Me levaram para uma volta de despedida do Planeta, circulei por toda Terra”.

 

O Chico sempre dizia.

O telefone só toca de lá para cá.

Seria um tormento atender a aflição de milhares.

Ninguém ficaria satisfeito com uma carta só. E muitos iriam polemizar com informações que não aprovassem.

Tenho um amigo médico que só depois de muitas pesquisas com parentes antigos pode confirmar a existência de um deles citados na carta psicografada.

 

Uma noite chega na casa do Chico três visitas.

Uma era seu Benedito de Mirassol – ele veio buscar pacotes de mensagens impressas que o Chico lhe pediu para despachar para Polônia para um grupo de esperantistas.

Outra visita eram duas senhoras.

Uma delas mãe de um rapaz jovem que acabara de falecer.

Depois de certo tempo de conversa entre nós, Chico pede licença e chama aquela mãe para o seu quarto.

Aguardamos ansiosos.

Quando os dois saem a mãe em lágrimas conta para sua irmã que o Chico incorporou o filho amado e ela pode dialogar com ele – o jovem lhe participou de um projeto de caridade social que ela deveria desenvolver.

E o último, era um senhor de São Paulo que reclama com o Chico, por falta de outro assunto, que estava ficando ruim das vistas precisando ler muito devagar.

Isso é bom, diz o Chico, te dará mais tempo para meditar sobre cada parágrafo.

 

Certo dia um senhor presenteia o Chico com um livro de sua autoria.

Naquela tarde, estando a sós com minha tia ele diz:

Vale a pena você ler aquele livro que ganhei.

O livro ainda estava debaixo do braço do Chico.

Ele aborda conceitos muito interessantes.

Sem ser inconveniente a minha tia percebeu que pelo simples toque o Chico absorveu todo conteúdo do livro.

 

Na avenida Leopoldina o Waldo Vieira fundou uma livraria espírita.

Certa tarde chega ali um senhor de fora da cidade com uma caixa que queria presentear o Chico.

Dona Dalva olhou. Era um terno velho, surrado.

Indignada ela e ninguém mais quis se incumbir da encomenda deselegante.

A noite o senhor mesmo leva em mãos para o Chico.

Dito e feito.

Lamentava o senhor com o presente nas mãos.

Chico, eu quero lhe dar esse terno de presente.

Chico então diz para os em volta ouvir.

Só aceito se o terno for usado.

 

Dimas, meu colega de faculdade dizia.

Que nada eu não acredito nessas coisas do Chico.

Vou jogar pedras no telhado e amanhã vocês todos vão falar que tinham Espíritos lá.

Na última reunião que estive lá fiquei muito surpreso com a psicografia de uma mãe.

Era um recado ao filho.

Cuide-se bem.

Aqui desse lado estamos muito preocupados com os desafios que os jovens de hoje têm de enfrentar aí na Terra.

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