por Ary A. Marques.
Embora os espíritos não possuam corpo físico, não podendo por isso mesmo agir na matéria, em determinadas circunstâncias eles podem utilizar o ectoplasma dos médiuns de efeitos físicos e se materializarem, podendo ainda falar através da voz direta com o uso de megafones, tocar violão e intervir na matéria como se estivessem encarnados.
Tive oportunidade, por inúmeras vezes, de participar de reuniões de efeitos físicos, quando pude ver espíritos materializados (alguns até luminosos, como se fossem verdadeiros abat-jours), ouvir orientações pela voz direta, receber via aérea rosas como presente, perceber a vitrola levitando por sobre nossas cabeças, tocando sem estar ligadas a tomada alguma, perceber o violão pintado com tinta luminescente também levitar por sobre o público e assistir ao transporte de medicamentos, flores ou livros de outro ambiente para o que nos achávamos.
Essas reuniões, todas elas feitas sob um controle absoluto, obrigavam o médium ou os médiuns a ficarem algemados (ficando a chave da algema com um dos assistentes), de olhos vendados e isolados numa cabine. Muitas vezes, ao final da reunião, o médium aparecia fora da cabine, sem as algemas ou às vezes com as algemas. Os médiuns de efeitos físicos sofrem muito durante as reuniões, sendo muito afetados quando os assistentes não cumprem as determinações da direção para não comerem carne ou não beberem bebidas alcoólicas.
As reuniões de efeitos físicos eram realizadas na Cabana do Pai Preto, hoje Educandário Espírita Cristão Simão Preto, na Fazenda da Juta, em Santo André. Outras vezes, eram feitas na Vila Gustavo, ou ainda em outras localidades.
As reuniões que participei tinham como médium principal o Sr. Antonio Alves Feitosa, e como dirigente do Grupo o companheiro Ernani Clare, já desencarnado. Posteriormente, funcionaram como médiuns os companheiros Waldemar Xandó de Oliveira e Rodolfo Cordeiro de Almeida, também desencarnados.
Dentre os fenômenos que presenciei, vi várias vezes a materialização de espíritos como Padre Zabeu, Irmão Adri Caramuru e outros. Recebi inúmeras orientações pela voz direta. Acompanhei vários fenômenos de levitação. Assisti por várias vezes o enrolamento de disco de vitrola pelo espírito. O disco era apresentado ao espírito inteirinho, e instantaneamente, passando o mesmo pelo peito luminoso, o disco ficava como um bijou enrolado, muito embora mantivesse intactas as estrias. Um desses discos me foi presenteado pelo companheiro Waldemar Xandó de Oliveira, antes do seu desencarne. O disco em questão foi enrolado pelo espírito na minha presença, e dado àquele companheiro como presente pelo espírito.
Eu cheguei a ser secretário do Grupo, e cheguei a escrever as atas das reuniões com descrição dos fenômenos ocorridos. Posteriormente, fui substituído pelo companheiro Renaldo Sterkele. Ainda guardo um folheto do Grupo, com resumo de algumas reuniões e a transcrição das respectivas atas.
Ainda como complemento das observações acima transcritas, quero deixar aqui consignado minha experiência de quando eu era garoto de cerca de 9 anos de idade e morava na cidade de Alfenas, Minas Gerais. Uma das casas em que moramos lá em Alfenas, era casa mal assombrada. Havia ruídos durante a noite, como se arrastassem cadeiras, como se quebrassem todos os pratos da casa na pia, e quando a gente ia ver tudo estava em ordem, sem nenhum sinal de pratos quebrados ou de cadeiras. Naquele tempo o meu primo Wilson morava em nossa casa. O papai gostava de sair a noite para jogar cartas no Casino, e ficava eu, mamãe, meu primo e meus irmãos menores. Tínhamos muito medo. Certa vez, o barulho foi tão forte que mamãe saiu com o Wilson em busca do papai, e deixou-me só com meus irmãos, o que me fez ficar tremendo, de cabeça coberta por um lençol, até que os mesmos voltassem.
Após a nossa saída da casa, depois de uma sessão espirita, ficamos sabendo que quem produzia aqueles barulhos eram duas irmãs solteironas que haviam morado lá anteriormente, e que como espíritos ainda julgavam ser donos do imóvel faziam aquela bulha toda. Creio que um dos presentes deveria, talvez, ter mediunidade de efeitos físicos, pois do contrário não seria possível a sua manifestação na matéria.
Fonte: Boletim GeaE, Ano 11, N.457, 10/06/2003