A percepção espiritual

por Nubor Orlando Facure.

 

 

Percepção, o que é?

Perceber é definido como “tomar consciência das coisas através dos sentidos ou da mente”.

Ela pode ser compreendida como o “significado” que damos às coisas que nos excitam.

Sinto uma picada no dedo e logo percebo a dor, foi um pequeno espinho da roseira.

Sinto um cheiro forte que vem da cozinha, parece que o almoço está pronto.

O mundo físico nos estimula continuamente.

Recebemos os estímulos internos das nossas vísceras como a dor de estômago ou a cólica renal e estímulos externos como o brilho do luar ou o som dos pássaros na laranjeira.

As sensações

Elas nos atingem pelas terminações sensoriais, sejam tato, dor, temperatura, gustação, paladar, visão ou audição. Depois, progridem, pelos nervos esparramando-se por diversas áreas cerebrais onde ocorre análise e processamento.

O estímulo agora no cérebro, adquire um significado, configurando uma percepção.

Nesse ponto, são fundamentais a participação de três funções psíquicas:

  1. A consciência
  2. A memória de experiências já vividas.
  3. A carga emocional que cada estímulo carrega.

Podemos assim, darmos uma maior ou menor importância à sensação percebida.

Aquele ruido alto foi um trovão, ameaçando chuva; se for tão forte como da semana passada teremos muito sofrimento nas encostas do morro.

Aquela luz forte é o farol de um carro que se aproxima, espero que seja meu filho voltando para casa.

O café está delicioso, mas ainda quente para ser bebido; as visitas podem não gostar.

Uma percepção desagradável que todo mundo se queixa é a cadeira do dentista.

Apontei exemplos de sensações diversas e eu lhes dei o significado que elas carregam.

Isso é o que chamamos de percepção consciente e ela se acompanha das consequências que despertam.

E no ambiente espiritual?

Como as coisas funcionam?

Existe ali a sensação de calor, luz forte, dor, cheiro de fumaça?

Como o Espírito já conhece todos esses fenômenos ele os percebe por conta das experiências já vividas.

A percepção ao nível espiritual mobiliza, principalmente, os recursos da memória.

Na percepção espiritual dois elementos substituem as terminações nervosas do corpo físico: o Perispírito e os fluidos espirituais que dele emanam.

Já vimos que as sensações são fenômenos do mundo físico, mobilizando os corpúsculos sensoriais na pele, nas mucosas, nos olhos e nos ouvidos, depois seguem pelos nervos até o cérebro.

Das terminações sensoriais, os estímulos se encaminham aos centros de processamento no cérebro e constroem novos caminhos mobilizando um grupo de neurônios ou recapitula redes criadas anteriormente.

Daí em diante, é o perispírito que mobiliza seus recursos para assumir a percepção com os agrupamentos neurais fornecidos pelo cérebro.

Enquanto encarnado o Espírito é prisioneiro dos limites que lhe impõe os recursos do cérebro físico.

Há um caminho de duas vias do Espírito para o cérebro e vice-versa.

No desencarnado, o Espírito e o Perispírito trabalham com o concurso de outra “fisiologia”.

Os órgãos sensoriais periféricos perdem sua importância.

O Espírito não precisa dos olhos para ver, nem dos ouvidos para escutar, nem do tato para perceber os objetos.

Tudo ocorre por efeito dos fluidos que ligam o perispírito aos objetos e neles detectam as vibrações que lhes são próprias.

Há duas propriedades que se destacam na percepção espiritual:

  1. Perceber a essência das coisas.
  2.  Conhecimento pleno.

Vejamos os exemplos:

A essência das coisas são as propriedades imutáveis dos objetos e não suas propriedades transitórias.

O conhecimento pleno é a expansão de todo entorno relacionado com as coisas e com as pessoas.

Vejamos a essência dos seguintes objetos:

Um livro

Pode ser usado como enfeite, como aparador, como prateleira, mas em sua essência é um objeto de iluminação da mente.

Uma luneta

É um objeto que amplia nossa visão.

Uma bicicleta

Um instrumento de locomoção e exercício ou mesmo de enfeite.

Uma garrafa de vinho

Um objeto de comemoração, porém com alto poder de prejudicar o equilíbrio mental.

O Conhecimento pleno

Um casal vive em conflito constante.

A análise clínica revela frustações, desconfiança, ciúme e um passado tingido por adultério.

Um filho rebelde.

Em encarnações anteriores foi abandonado pelos pais que hoje lhes acolhem com extrema dificuldade.

A jovem não suporta a presença de parente próximo.

Foi com a cumplicidade dele que praticou um aborto em vida anterior.

No sonho lúcido e nas experiências de quase morte é muito comum o relato dessa sensação de conhecimento pleno como se essa visão espiritual permitisse a compreensão ampliada de tudo em volta.

A patologia da percepção

Todas nossas sensações sejam elas táteis, auditivas, gustativas, olfativas ou visuais podem sofrer distorções ou depressões patológicas. Mas, duas são indicativos nítidos de um desvio na percepção espiritual: Os delírios e as alucinações.

No delírio há uma interpretação falsa e na alucinação a percepção de objetos que não estão presentes na realidade física.

Mediunidade e percepção espiritual

Em certas manifestações da mediunidade ocorrem expansão da percepção espiritual.

Um bom exemplo é a psicometria.

O médium é capaz de registrar informações históricas relacionadas com um objeto que ele tem em suas mãos.

Consegue perceber a quem ele pertenceu e que uso lhe foi dado.

Pode ter noção do conteúdo de um livro sem lhe abrir as folhas.

Pode ver os acontecimentos ligados a um móvel de um antiquário descrevendo ocorrências por onde transitou.

Lição de casa 1

A Percepção é um fenômeno de natureza biológica.

A sua avaliação depende de processos físicos (até as plantas revelam percepção do mundo como ele as agride) e de processos mentais sendo nesse caso uma experiência exclusiva e particular de cada um, inclusive os animais.

Por isso se diz que “para quem ama o feio, bonito lhe parece”.

Lição de casa 2

Como enxergamos um pássaro?

Detectamos sua cor, tamanho, movimento, espécie, integridade, localização, seu entorno e sua vizinhança.

Isso significa que a percepção mobiliza todas as áreas cerebrais interagindo com o recurso das vias de associação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.