por José Cid.
O Espiritismo trouxe novos (bom, há mais de cem anos …) conhecimentos sobre o estado do ser depois da morte. Dessa forma o homem tem à sua disposição novas informações para ajudá-lo a discernir quais as atitudes a tomar em diversas etapas de sua vida.
Foi constatado pelos estudos Espíritas de Allan Kardec e outros que o espírito (que chamamos alma enquanto encarnado) reencontra a liberdade após a morte. Em outras palavras, o corpo é um pesado lastro que prende o espírito, impedindo-o de fazer tudo que gostaria.
A morte vem libertá-lo deste lastro, e, não transforma ninguém em “santinho”. Está provado que os espíritos, libertos do corpo, continuam a agir e pensar como se estivessem encarnados.
A morte também não transfere os espíritos a nenhum outro lugar, como muitos acreditam. O espírito continuará vivendo aqui, na terra, e se juntara aqueles que lhe são afim.
Assim, uma pessoa de bons princípios morais, depois de liberto do corpo, continua a ter os mesmos princípios, agir da mesma forma e se reunir a outros que pensam como ele. Mas e aquele que tem um comportamento incondizente com a vida em sociedade? Encontrará alguma mudança com o “choque” da morte? Não. Essa pessoa continuará, em espírito, tendo as mesmas atitudes, formando bandos ou quadrilhas, como queiram, e prejudicando a sociedade, como antes.
Ou melhor, não é bem como antes. Desencarnado o espírito tem uma esfera de ação maior e possui outros meios para agir. Dessa forma começam muitos casos de obsessão, que podem durar várias encarnações. Naturalmente existe a lei da causa e efeito e vários atenuantes, mas nenhum de nós é perfeito, por isso ainda estamos por aqui, em um mundo imperfeito, lutando para aprender e evoluir.
A lei dos homens reflete a nossa imperfeição e desconhecimento das leis de Deus, que são perfeitas e visam a evolução de todos. E a evolução não acontece isolando-se os que “prejudicam” a sociedade, no entender dos homens. A evolução acontece quando os que já conseguem ver uma pálida luz no fim do túnel ajudam os “cegos” a encontrar o caminho.
Cristo mostrou isso quando ajudou aos leprosos, que eram isolados da sociedade, relegados a uma “pena de morte”, sem trabalho, dinheiro ou alimentação.
O conhecimento da realidade, mostrada pelo Cristo e constatada pelos experimentos do Espiritismo, mostra que a “pena de morte” não é uma “pena”. Na realidade é a libertação do criminoso, lhe concedendo mais ferramentas para continuar com seu intento. A manutenção da vida do criminoso, lhe dando oportunidade de aprendizado, no trabalho e não na vida inútil das prisões, é que pode realizar mudanças e transformações. Quem conhece o trabalho de D. Idalinda, nas prisões do Rio de Janeiro, pode testemunhar transformações inacreditáveis, para os céticos.
Existe ainda o aspecto do Juiz que condena e do carrasco que executa. “Eles apenas cumprem a lei”, dizem alguns. Mas, apesar de eles estarem cumprindo a lei dos homens, estão longe da lei de Deus. E nós todos somos julgados perante essa última. Assim, apesar dos atenuantes lógicos, aqueles que, de alguma forma participam da condenação, adquirem para si compromissos com o condenado.
Para aqueles que quiserem se estender, eu recomendo a leitura da primeira parte do livro “Céu e Inferno”, de Allan Kardec. Quem quiser ir um pouco mais longe, leia o texto “O Castigo”, no mesmo livro, e a explicação de Kardec que se segue.
Fonte: Boletim GeaE, Ano 01, Número 16, 26/01/1993