por Nubor Orlando Facure.
O que dizer desse Homem que nos propõe desfazermos das nossas riquezas e as repartir com os pobres?
Que nos pede para dar a face esquerda a quem nos bateu na direita?
A perdoar aos inimigos, aos que nos traíram, aos que nos roubaram e aos que disseram calúnias sobre nós?
O que dizer desse Homem que fala em nome de Deus propondo ser apenas Ele, o caminho, a verdade e a vida?
Que recusa observar o sábado para descansar, que toca com suas mãos as feridas dos leprosos, que cura cegos de nascença, que chicoteia os mercadores do Templo, que se assenta à mesa com pessoas mal faladas, que não lava as mãos para comer?
Que abençoa a mulher simples que se ajoelha para lavar seus pés, untar seus cabelos e perfumar suas vestes, mas amaldiçoa os homens letrados e sábios que tudo o que dizem é da boca para fora?
Que alerta para nossas culpas e deixa ir a mulher adultera que a falsidade humana apedrejava?
De onde vem esse Homem que cura a hemorragia de uma mulher que lhe tocou nas vestes, que levantou Talita do seu leito de morte, que abriu a sepultura de Lázaro no terceiro dia?
Que autoridade tem esse Homem que ao se referir a nós dizendo: sois deuses?
Que respondeu a Pilatos a pergunta: – sois Rei dos Judeus? Tu dizes – pois meu reino não é desse mundo.
Diante das preocupações mundanas esse Homem nos ensina: olhai os lírios do campo e os pássaros que Deus alimenta diariamente.
Por que então, ainda hoje, nós, homens de má fé, ainda o condenamos mantendo-o adorado, mas preso na cruz?