O sinal de Lázaro

por Nubor Orlando Facure.

 

Porquê Lázaro?

Por ele ter sido “ressuscitado” por Jesus Cristo.

E, hoje, nas nossas UTIs são muitas as manobras de ressuscitação que resgatam os pacientes da morte.

Quando informaram a Jesus que seu amigo havia falecido, Ele pediu que aguardassem três dias para que, se confirmando a morte, Ele estaria lá para o resgatar.

O costume (protocolo) da época exigia que o corpo esperasse três dias antes do sepultamento definitivo.

Não eram raros os casos de morte aparente em que o indivíduo saia espontaneamente do coma.

Quando ocorreu a morte de Jesus na crucificação era sexta-feira e havia pressa em o sepultar.

Arimateia e Nicodemus foram até Pilatos e conseguiram a autorização para remover o corpo.

Foi envolto nos lençóis de linho e óleos balsâmicos e colocado sobre uma pedra dentro de uma escavação no Jardim do Gólgota.

Decorre do costume da época aquela busca de Madalena para ver o corpo naquele túmulo improvisado.

Foi quando Jesus lhe ressurgiu intocável.

Nas UTIs de hoje, também adotam-se protocolos (os costumes de hoje) de morte cerebral para depois se declarar a morte definitiva.

E esse protocolo que se tornou lei exige manobras diversas para essa constatação.

É preciso tirar os familiares de perto, porque não é raro que ainda possa ocorrer contrações musculares erráticas ou, quando se flexiona o pescoço, ocorre uma flexão dos braços e estiramento das pernas.

Sem que esses sinais musculares reflexos correspondam à sinais de vida plena a enfermagem e os familiares se assustam com essa possibilidade.

Os arcos reflexos foram estudados por Charles Sherrington, fisiologista inglês que recebeu por esse trabalho o Prêmio Nobel de Medicina em 1932.

Eles são integrados ao nível da medula espinhal.

Retirando-se o cérebro de um cão ele ainda consegue andar devido a atividade muscular dirigida pela medula espinhal.

Um paciente tetraplégico por um trauma cervical ainda mostra o reflexo de tríplice flexão encolhendo suas pernas a partir de um estímulo na planta dos pés.

O bebê humano logo que nasce tem a capacidade de realizar uma troca de passos puramente automática chamada marcha reflexa que persiste até aos seis meses.

Quando rodamos a cabeça desse bebezinho ele estica um braço e encolhe o outro assumindo uma postura de esgrimista, atitude puramente reflexa.

Muito dessa atividade reflexa persiste mesmo após a declaração de morte cerebral.

Isso não deixa se ser um questionamento para a definição de vida.

No passado, antes da criação das UTIs, os pacientes, mesmos os graves, permaneciam nas enfermarias, principalmente enfermarias geriátricas.

E, vez por outra, o médico de plantão era chamado às pressas para constatar o óbito, coisa que geralmente fazia apressado.

Nesse ambiente não era raro ocorrerem mal-entendidos e, vez por outra, os enganos enriqueciam o anedotário dos hospitais.

Faleceu um jovem na Santa Casa.

O plantonista é chamado e atesta o óbito.

A enfermagem desce com o corpo até o necrotério.

Ali o seu Arnaldo, responsável por preparar o corpo, desconfia e aperta os músculos do jovem.

Ele se ergue parecendo que ia respirar.

Sobe correndo com o cadáver para enfermaria.

Novamente o plantonista é chamado e lá vem ele entre nervoso e assustado.

Desesperado passa massagear o tórax do morto.

Sem resposta ele passa a socar com força o peito inerte.

Suando aos bicos, reassume a postura com toda empáfia e diz: – desçam com ele.

Já confirmei o óbito. Afirmem aos familiares que ele morreu duas vezes.

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