por Nubor Orlando Facure
Em vários lugares da Galileia, ouvia-se dizer que um profeta reunia seus discípulos e percorria as estradas entre Cafarnaum, Tiberíades e Nazaré, pregando ao ar livre.
Ele frequentava as sinagogas, dizendo que falava como o Filho amado do seu Pai.
Naquele tempo, eram muitos os que se consideravam predestinados e enviados por Deus para salvar o povo daquela região, escravizado pelos romanos desde a vitória do general Pompeu em 63 a.C.
Mas, agora, ouvia-se uma pregação diferente.
Eram afirmações novas,
que afetavam a todos, trazendo a paz e a esperança e, principalmente, transformando-nos no coração.
Ele percorria as cidades ensinando como agir diante das Leis de Deus.
Não veio revogar as Leis que Moisés estabelecera.
Ele veio apontar os caminhos para a paz, baseados no amor ao próximo sob todas as circunstâncias.
Ele nos surpreendia porque ensinava que era preciso se desfazer das coisas do mundo e acumular tesouros no Céu.
Não reagir às ofensas e acolher os inimigos.
Falava-se em toda a Palestina que Ele realizava profecias.
Que era o Salvador que Isaías prenunciara quatro séculos antes.
Iria perdoar nossos pecados, libertar-nos da escravidão.
Mas exigia de nós retidão de propósitos.
Seria o Messias anunciado pelas Escrituras,
trazendo esperança para seu povo.
Mas esse mesmo povo não compreendeu de pronto seus reais propósitos.
Pediam a libertação imediata, estabelecendo o seu reinado.
Porém, Jesus anunciava mansamente:
“Meu jugo é suave e meu fardo é leve.
Mas o meu Reino não é deste mundo.”
Josué, jovem herdeiro de ricas propriedades nas proximidades da Síria, é tomado de curiosidade e decide empreender a longa viagem para conhecer de perto esse novo profeta.
Lá chegando, Josué passa a acompanhar a pequena multidão apenas por curiosidade, sem se aproximar de Jesus.
Durante uma semana, ele pôde constatar que:
Doentes eram curados até mesmo quando pisavam na terra marcada por Seus passos.
Feridas que sangravam desapareciam quando tocadas pela Sua túnica.
Pessoas endemoniadas, que eram trazidas amarradas, saíam em total harmonia de volta para casa.
Cegos que, há anos, estavam em completa escuridão viam de volta a claridade.
Paralíticos caminhavam erguidos por Suas mãos.
Feridas da lepra eram limpas quando Ele as tocava de leve.
Mas certas lições surpreendiam fortemente a Josué,
forçado a rever tudo que aprendera:
— Dê sua túnica a quem precisa.
— Reconcilie-se com os que te ofenderam.
— Não saiba a mão esquerda as doações que fazes com a direita.
— Aplique-se nas lições do Reino de Deus, que as coisas terrenas lhes serão dadas por acréscimo.
— Não te compete julgar enquanto estiveres comprometido com as próprias faltas.
— Seja fiel às suas palavras para não se comprometer com o que não podes cumprir.
— É preciso se desfazer do orgulho, porque o menor será o maior no Reino dos Céus.
— Ninguém entrará no Reino sem nascer de novo.
Josué estava a cada dia mais maravilhado com o que testemunhava.
Nas vizinhanças de Nazaré, Josué se aproxima um pouco mais do Mestre.
E assim ele percebe que o mais importante é realmente a mensagem que Ele nos traz:
“Bem-aventurados os aflitos, Eu os aliviarei.
Eu sou o Caminho.
Quem crer em mim será salvo.”
Josué decide prolongar um pouco mais sua estada com o Mestre e começa a perceber que as lições são mais profundas.
Já nas proximidades de Jerusalém, o Mestre se dirige mais uma vez à multidão.
Ele propõe a mansidão.
E, para isso, temos de perdoar os inimigos incondicionalmente.
Ele alivia nossas dores,
mas exige-nos não nos desviarmos do bem.
Ele nos promete as bem-aventuranças,
mas cada um terá de carregar a sua própria cruz.
Os dias passam, e Josué está atento às palavras do Senhor, começando a compreender o sacrifício que cada um terá de cumprir por seu próprio testemunho.
Entretanto, Josué tinha preocupações particulares graves.
Precisava zelar pelas propriedades, pelo rebanho de ovelhas, pelo comércio do couro.
As moedas acumuladas exigiam muita vigilância, e sua presença era obrigatória.
Deixar isso para trás seria desastroso para ele e sua família.
Semanas depois, Josué está de volta a Damasco, atarefado com os negociantes gregos, persas, sírios e judeus, que disputavam agitados suas mercadorias.
Lição de casa:
Os Evangelhos não registram,
mas, provavelmente, muitos de nós, assim como Josué,
já postergamos a preciosa oportunidade que tivemos de caminhar ao lado do Mestre,
mesmo conhecendo a grandiosidade dos Seus ensinamentos.