por Orson Peter Carrara
Todo dia somos chamados a decisões e escolhas. É a liberdade, o poder da escolha. Nem sempre acertamos. Por vezes nos comprometemos seriamente, por outras prejudicamos os semelhantes. Uma frase, todavia, revela tudo: O livre arbítrio demonstra a realidade do espírito, que usamos como título.
Fácil refletir. Nas decisões e escolhas que fazemos, acertadas ou equivocadas, estamos revelando o estágio de nossa própria maturidade ou falta dela. Ou, ainda em outras palavras, estamos revelando nossa realidade interior, da capacidade ou ausência dela de agir com bom senso, com bondade, com discernimento.
As almas maduras, mais evoluídas, agem com critério, analisam as circunstâncias com cuidado. As almas imaturas agem mais pelo instinto, pela impulsividade, e mesmo optam muitas vezes por reações violentas ou agressivas.
Todo dia constatamos isso nas reações que observamos. Até em nós mesmos, diga-se de passagem. Reações sábias são serenas, tranquilas, que observam mais, aguardam com critério e, do outro lado, reações violentas revelam o estado da alma, ainda dominada por paixões.
Será interessante que se busque especialmente O Livro dos Espíritos, parte terceira — Das leis morais – Capítulo X — IX. Lei de liberdade > Livre-arbítrio, questões 843 a 850, exclusivas sobre a velha questão do poder da escolha.
Mas o grande “x” da questão é mesmo que nos denunciamos pelas escolhas que fazemos, revelando abertamente nossa realidade interior, ou o estágio em que ainda nos situamos.
A todo instante, no uso do livre arbítrio estamos nos revelando, estamos nos mostrando o que somos capazes de fazer ou não, e de como fazemos.
Fazê-lo mais maduro e consciente é tarefa do esforço contínuo por sermos melhores. Aqueles que nos permitimos negligência nessa direção, vamos demonstrando no uso dessa liberdade o grau de amadurecimento ou mediocridade que ainda estamos.
Note-se que os escândalos de toda ordem, sem nos preocuparmos com sua menor ou maior gravidade, denunciam claramente seus autores, quanto ao nível de sua moralidade e maturidade. E estamos todos enquadrados nisso, nas diversas circunstâncias…
Algo para sempre pensar.
Basta considerar que quanto mais maduros mais liberdade consciente. Quanto menos maduros, mais escravos de paixões e ilusões. Portanto, nossa liberdade (livre-arbítrio) ou forma de agir – consciente, inconsciente, serena, agressiva, lesiva, contagiante, fraudulenta, insegura ou madura – demonstra com clareza o estágio que estamos e o quanto nos falta aprender ou aprimorar-se nesse ou naquele ponto.
É a realidade da alma. Como está? Ainda “batendo a cabeça” ou já agindo com discernimento? Lesando a si mesmo e ao próximo ou esforçando-se para ser melhor? Iludindo-se com seduções variadas ou já procurando construir o Reino de Deus dentro de si mesmo? Apegada ou desprendida? Ciumenta, invejosa ou já bondosa e compreensiva? Manipuladora ou articuladora? Tirando vantagens com prejuízos próprios e alheios ou já servindo à vida?
As perguntas podem ser ampliadas em muitos outros itens. Mas em síntese, é exatamente isso: nossas escolhas (uso do livre arbítrio) demonstram nossa realidade interior, de sabedoria e experiência ou de mediocridade que requer esforço e aprendizados.
Então, nas escolhas que faz, usando o livre-arbítrio, é a realidade (seu estágio intelecto-moral) do Espírito se apresentando, esteja ele encarnado ou no plano espiritual.
Obs: Abordagem inspirada em afirmação do médium MARCO MAIURI em palestra pública.