por Nubor Orlando Facure.
1. “O movimento primordial”
Aristóteles (do seu livro Física).
É a causa primária. Tudo que acontece é causado por alguma coisa. Um temporal é causado por uma chuva, a chuva pela umidade, a umidade pelo calor atuando sobre os mares, e assim por diante, até encontrarmos a causa que não é causada: o movimento primordial.
2. “A navalha de Occam”
William de Ockham, teólogo inglês.
“Não se deve recorrer à pluralidade sem necessidade.”
Quanto mais simples uma explanação, melhor. Não introduza complexidade ou suposições em um argumento.
3. “A prova ontológica”
Santo Anselmo de Canterbury (1033–1109).
Ontos = ser.
Foi uma tentativa de demonstrar, acima de qualquer dúvida, que Deus existe: “já que podemos imaginar a perfeição absoluta, então ela tem que existir”. E, se ela existe, isso é Deus. É um “conceito” do ser, um tipo de perfeição em si, não baseado em qualquer experiência anterior de sua existência.
4. “A aposta de Pascal”
Blaise Pascal, filósofo e matemático francês (1644).
Você deve acreditar (crer) na existência de Deus. Provar que Ele existe ou não implica em probabilidades infinitas, a nos dividir como no jogo de cara ou coroa.
5. “Tudo muda, exceto a própria mudança”
Heráclito, filósofo grego.
“Tudo flui e nada permanece. Tudo se afasta e nada fica parado… você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo… É na mudança que as coisas acham repouso…”
Para Heráclito, o mundo é como a chama de uma vela: sempre o mesmo em aparência, mas sempre mudando em substância.
6. “O homem é a medida de todas as coisas”
Protágoras – filósofo grego.
Para Sócrates, o conhecimento é apenas percepção. As coisas só são o que o homem percebe nelas.
“As coisas existem em virtude de como as percebemos.”
7. “O paradoxo de Zenão”
Zenão – filósofo grego.
É a corrida de Aquiles atrás da tartaruga. Ela está sempre à frente, não importando o quanto Aquiles possa correr mais rápido que ela. O erro de Zenão é que ele está dividindo infinito por infinito.
8. (não numerado no original, mantido como está)
9. “O idealismo” – A caverna de Platão
Platão, filósofo grego.
“Os objetos não são reais, são cópias de ‘formas’ imutáveis e eternas.” Essas formas é que são a realidade permanente, os objetos “ideais” (do mundo das ideias). Nosso mundo material é apenas a sombra refletida na parede da caverna.
10. “As leis do pensamento” – A lógica de Aristóteles
A – Lei de identidade: uma coisa é igual a si mesma.
B – Lei da contradição: uma coisa não pode ser e não ser.
C – Lei da exclusão do intermediário: dado um determinado estado ou uma qualidade, uma coisa só pode tê-la ou não tê-la (uma coisa ou está viva, ou não está).
11. “Penso, logo existo”
René Descartes (1637)
Para Descartes, os nossos sentidos não são confiáveis (é o Sol que parece girar em torno da Terra, o que é uma observação falsa). Assim, todo conhecimento precisa ser baseado em fatos incontestáveis… Para Descartes, a razão é mais confiável que a experiência, que pode iludir os sentidos.
“O mundo inteiro poderia ser um sonho irreal. Não temos como provar se isso é verdadeiro ou falso. A única coisa que resta como verdade absoluta é que eu penso sobre tudo isso, e, não importa o cenário da realidade, se eu estou pensando no mundo, eu tenho que existir.”
12. “O garfo de Hume”
David Hume (1711–1776) – filósofo inglês.
Hume propunha um método para separar os problemas que interessam daqueles que são falsos. Sua ideia básica era de que toda afirmação ou proposição se situa em uma das três categorias:
A – Ou é verdadeira ou falsa por definição.
B – Depende de experimentação (que é a constatação mais confiável).
C – Não passa de um contrassenso.
Ao defender a experimentação, Hume foi chamado de “empirista”, que em latim significa experiência.
René Descartes e Gottfried Leibniz defendiam a crença de que “a razão é um guia mais seguro para a verdade do que a experiência”. Leibniz (filósofo e matemático alemão) propunha a verificação com um garfo de dois dentes:
A – As asserções logicamente necessárias.
B – As asserções contingentes (desnecessárias).
13. “A indução e a dedução”
Durante toda a Idade Média, o conhecimento era conduzido por interpretações subjetivas, que obrigatoriamente não podiam discordar da Bíblia. René Descartes (francês) e Francis Bacon (inglês), no século XVII, revolucionaram a filosofia da ciência ao introduzirem a racionalidade (RD) e a observação rigorosa dos fatos (FB).
A indução passa de observações particulares para conclusões gerais.
A dedução cria novas ideias a partir de outras já estabelecidas.
Bacon insistia que o conhecimento não pode repousar sobre verdades estabelecidas, mas deve se basear na observação e no experimento. O cientista deve observar o mundo natural, pesquisar sua estrutura, propor hipóteses e testá-las com experimentos.
Indução é saber as coisas pela observação e pela experiência. É claro que a experiência tem falhas e limites: atirar pedras na janela sempre quebra os vidros? Sempre?
Immanuel Kant considera que certos conceitos existem a priori, independentes da experimentação: espaço, tempo e causalidade. Portanto, as leis naturais e as verdades científicas dependem de categorias mentais, ou seja, da consciência humana.
Kant dizia que podemos conhecer apenas os fenômenos (as aparências) e não as coisas em si.
Karl Popper, filósofo austríaco, considera que as hipóteses científicas não surgem da observação, mas sim como uma “criação livre da imaginação” (individual e coletiva).
14. “A razão pura” e “A coisa em si”
Immanuel Kant, filósofo alemão.
Nosso cérebro já vem equipado com vários conceitos e filtros.
A realidade que percebemos ou “entendemos” depende desses conceitos, por isso, não temos chance de saber “a coisa em si”.
Só percebemos se uma coisa está “perto” de outra ou ocorre “depois” da outra se já tivermos o conceito de perto e depois – isto é, de espaço e tempo.
Além de existirem a priori (inatos), também devem ser universais.
Mais do que descobrir esses conceitos pela experiência, o que fazemos é aplicá-los à experiência.
Para Kant, o que percebemos como tendo tamanho, cor, no espaço e no tempo, como sendo causa de tais ou tais efeitos, são apenas os aspectos perceptíveis (aparentes) das coisas, que ele chama de “fenômenos”.
“O que vivenciamos é apenas como o mundo nos aparece.”
15. “A tábula rasa”
John Locke, filósofo inglês.
No Ensaio sobre o Entendimento Humano (1690):
“Vamos supor que a mente seja, como costumamos dizer, um papel em branco, vazio de todos os caracteres, sem ideia alguma. Como vem ele a ser preenchido?… A isso eu respondo, em uma palavra: com experiência.”
16. “O contrato social” (1762)
Jean-Jacques Rousseau, filósofo francês do Iluminismo.
“O homem nasce livre e, por toda parte, está acorrentado.” Sempre existe aquele que acredita ser senhor de outros, embora seja ainda mais escravo que eles.
Deus nos criou naturalmente iguais, naturalmente bons, capazes de nos autogovernarmos e essencialmente solitários.
Se a sociedade existe de alguma forma, é porque as pessoas — não Deus ou a natureza — a criaram para sua segurança e benefício mútuos.
E o que o homem fez, o homem pode desfazer.
A sociedade ideal é uma criação consensual, um acordo ou um “contrato social” entre todos os seus membros.
17. “A dialética” de Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770–1831)
Dialética é discurso. Hegel estabelece no discurso três elementos:
Tese – cada situação ou conceito estabelecido.
Antítese – eventualmente levanta um conceito ou uma força conflitante.
Síntese – surge uma coisa nova, ou uma melhor que ambas as anteriores.
Exemplo:
Tese: o oxigênio salva a vida.
Antítese: o oxigênio alimenta o fogo que pode matar.
Síntese: o oxigênio é vital, mas pode ser perigoso e fatal.
18. “Utilitarismo”
Jeremy Bentham (1748–1832) e John Stuart Mill.
“O máximo de felicidade para o máximo de pessoas é a base da ética e das leis.”
“Tudo está bem quando termina bem.”
“Os fins justificam os meios.” (relativismo moral)
19. “Pragmatismo”
Charles S. Peirce (1839–1914) – foi co-inventor da semiótica (ciência dos sinais).
“Se uma ideia não tem efeito, ela não tem sentido.”
Peirce desdenhava a metafísica (estudo do intangível, das realidades abstratas).
William James (fundador da psicologia americana) escreveu no seu Pragmatism (1907):
“Se a hipótese de Deus funciona satisfatoriamente, no sentido mais amplo da palavra, ela é verdadeira.”
“A verdade é apenas aquilo que funciona.”
20. “O mundo consiste de fatos”
Ludwig Wittgenstein (1889–1951)
“O mundo é tudo que acontece.”
“É a totalidade de fatos, não de coisas.”
“Fatos” são afirmações verdadeiras sobre coisas.
É a linguagem que constrói nosso senso do mundo, nosso meio e nossas experiências.
O que não podemos dizer, não podemos conhecer.