Estou sonhando – o que me diz a Neurologia?

por Nubor Orlando Facure.

 

Certa vez uma paciente me disse que o “sonho é a gente mesmo quem faz”.

Parece que ela tem razão.

É uma verdade fácil de conferir.

O nosso cotidiano vai construir boa parte do enredo dos nossos sonhos.

Uma preocupação que nos incomoda durante o dia, repercute no conteúdo anárquico dos sonhos a noite.

A visita surpresa de um parente querido o faz ser personagem do sonho agradável naquela noite.

O jantar pesado ou tenso, povoa o sonho de monstros, brigas, sexo e tragédias madrugada a fora (a maior parte dos nossos sonhos transcorre nas últimas horas da noite – fato confirmado pelo sono REM quando nossos olhos se movimentam ativamente).

Esse tipo de sonho produzido pelas experiências vivenciadas naquele dia, é uma construção mental imaginária que nossos neurônios expressam por várias vezes, a cada noite.

Posso compará-los ao céu no verão.

Cheio de blocos de nuvens brancas como o algodão.

Elas vão se movendo continuamente e criando formas.

A gente vê nelas um ursinho, um pássaro voando, uma criancinha deitada.

O que vai se passando no nosso sonho a gente vai identificando por conta da nossa imaginação os monstros, os animais, as cachoeiras, os personagens e assim por diante.

Até mesmo aquela conversa que tive com um amigo que encontrei no sonho, tudo que ele me fala saiu de mim e não dele. Que decepção! achei que ele estava me inspirando ou me dando em recado. Foi tudo de minha autoria.

A neurologia ensina que, em princípio, os sonhos teriam a função de reposicionar, de distribuir nossas memórias as alocando junto a episódios parecidos que já vivenciamos.

Aquele casarão do meu último sonho se encaixa bem com fotos da família no meu tempo de criança. Os anéis vão se ligando.

Meu passado em Minas e minhas “viagens” durante os sonhos de hoje vão se somar agregando conteúdo ao meu estoque de memórias.

Uma característica marcante e saudável dos sonhos é que a maioria de nós tem amnésia imediata.

As nossas imagens oníricas desaparecem assim que despertamos.

É como se o arquivo dos sonhos não usasse a “tecla de salvar” quando a gente acorda – fisiologicamente, o cérebro não guarda o texto do que imaginou sonhando.

Não é conveniente reter todo conteúdo dos sonhos.

Nossa vida diária iria transitar entre a realidade e o delírio. Mas, existe um fenômeno muito interessante justaposto aos sonhos.

Para algumas pessoas, e até mesmo a maioria de nós, em algumas raras ocasiões, temos preservada a “consciência” em sua total plenitude durante os chamados “sonhos lúcidos”.

Eles são mais comuns justamente naquelas pessoas que habitualmente se lembram facilmente do que sonham.

Pessoas bem treinadas são capazes de movimentar os olhos ou mover os dedos sinalizando que estão cientes de estarem sonhando com lucidez e isso pode ser comprovado por equipamentos de monitoramento num laboratório de sono.

A neurologia já aceita que nossa consciência vivencia vários estados de maior ou menor lucidez. Já se comprovou, por exemplo, que o “sonho lúcido” é uma experiência real da consciência, um tipo de lucidez que costuma ser chamada de “metacognição”.

O que precisamos comprovar, mais claramente, é que existe um outro “ambiente de experiência psíquica” para nossa consciência – uma dimensão extrafísica ou espiritual.

É nesse ambiente que deve ocorrer tanto o “sonho lúcido” como as experiências fora do corpo e as experiências de quase morte – fenômenos fartamente descritos nas últimas décadas.

Entretanto, a maioria dos pesquisadores que falam desses relatos extraordinários, deixa de investigar qual tipo de “corpo” estamos usando durante esses episódios e quais as propriedades desse “ambiente”.

Não somos criaturas valorosas andando num nevoeiro.

O fenômeno em si é muito estruturado.

Há um corpo organizado e um ambiente “material”.

Esse é um campo vasto de especulação que o futuro vai nos revelar com informações surpreendentes identificando o Perispírito e o mundo espiritual fartamente descritos na literatura espírita.

PS.

Já publiquei numa revista médica esse assunto.

“O corpo mental como expressão clínica da mente” disponível na Internet.

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