Análise sobre os tormentos da mente

por Nubor Orlando Facure.

 

Os pais de Amelinha dormem tranquilos quando gritos de desesperos os acordam no meio da noite.

A filha, que dorme no quarto ao lado, repete mais um episódio com gritos aterrorizantes e pânico que seus médicos diagnosticaram como terror noturno.

Esses episódios já duravam dois anos sem que os remédios conseguissem remissão.

A menina iniciou esse quadro aos 13 anos mudando radicalmente seus comportamentos.

Vez por outra, a mãe a vê conversando sozinha.

Nas consultas com profissionais competentes, os diagnósticos variavam desde a esquizofrenia ao TOD (transtorno opositor desafiante) e ao autismo.

Depois que entrou na faculdade aos 19 anos, os estresses de provas frequentes os desvios de conduta perturbavam tremendamente o ambiente familiar.

Amelinha passava horas isolada no quarto.

Recusava a alimentação e deixava de cuidar de sua higiene.

Fazia referências à perseguição por parte de certos professores e assédio dos colegas de classe.

O quadro foi surpreendendo cada vez mais o psiquiatra que cuidava de Amelinha. Ela passou a ter surtos de agressividade e transformações estranhas em sua conduta. Ficava falante, leviana, sem modos diante das pessoas estranhas, provocativa, palavreado vulgar e gostos exóticos incompatíveis com seu padrão social.

Há três meses Amelinha e os familiares estão frequentando, assiduamente, uma Casa Espírita, atendida por um médium amável e generoso. Hoje, ao final da leitura do Evangelho, o médium psicografa uma carta esclarecedora: nas últimas três encarnações Amelinha está em conflito com Djalma M., uma paixão, que sem o equilíbrio emocional necessário, acaba, frequentemente, em adultério e morte. Ambos já viveram como religiosos piedosos, mas um ciúme psicótico destruiu a confiança mútua, acabando a vida dos dois em suicídio doloroso. Na experiência pelas fazendas de Minas, a escravidão fez com que se tornassem patrões agressivos e assassinos. E, na penúltima encarnação, num lar cristão, abortou Djalma numa gravidez não programada. Desde então, o quadro psiquiátrico de Amélia muda de apresentação conforme a imposição perturbadora de Djalma.

Dessa forma, como lição de casa, a obsessão espiritual, com sua apresentação multiforme de sintomas, surpreende a psiquiatria humana, perturbando o diagnóstico e o tratamento. Mesmo no meio espírita, a obsessão ainda é vista com uma certa superficialidade. São situações que frequentemente se arrastam por uma sequência imprevista de encarnações. Uma, após a outra.

E sua solução definitiva demanda uma luta inabalável de reconciliação com predisposição para atender às lições de Jesus – perdoar e amar os inimigos. As palavras de ordem são:

Reconciliar.

Reeducar o Espírito.

Recomeçar com o trabalho em benefício do próximo.

Crer na Justiça Divina que oferece a misericórdia e a oportunidade.

São ferramentas para construirmos um novo futuro. Mas, é nossa a disposição de assumir a charrua para arar a terra.

 

Casos espíritas – tormentos da mente. Novembro de 2023.

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