Amor de mãe

por Nubor Orlando Facure.

 

Inspirado num belo texto do Dr. Mário Tamassia

Nas plantações de arroz da China antiga, um jovem camponês, toda tarde, levava o fruto do seu trabalho até o castelo de uma rica família.
Ali morava uma linda princesa, que ele via passeando solitária pelo jardim, irradiando sua delicadeza.

Um dia ele pergunta ao seu mestre:
— Tenho chance de um dia ser rico e ter seu amor?

— Melhor tentar agora,
Enquanto a juventude é seu maior tesouro.
O amor tem segredos que não seguem qualquer lógica humana.

Ao se dirigir até o castelo, um clarão na estrada por onde caminhava lhe fez ver um Mestre, que lhe dirige a palavra nesses termos:

— A princesa está às vésperas da morte com uma doença incurável. Seria inútil caminhar até lá.

— O que posso fazer por ela? — perguntou o jovem apaixonado.

— Você pode dar metade de sua vida, e eu a levo para salvá-la.
Vocês dois compartilharão o que lhe resta.

O jovem aceita a divisão da sua vida, mas volta à sua aldeia para ouvir os mais velhos do povoado — isso era o costume do seu povo.

Alguns, porém, lhe plantaram uma dúvida:
— Será que ela lhe será fiel para sempre?

O jovem foi, então, ouvir os mais experientes:

— Exija no contrato de casamento que, se ela te trair, ela morrerá.

O casamento foi feito com as festas habituais.

Dias depois, os negócios na China exigem viagens prolongadas do nosso jovem.

Nove meses depois, ele volta e se choca com uma grande surpresa na entrada de casa:
sua amada está morta, sendo velada na sala, pranteada pelos parentes e amigos.

Depois de muito sofrer e chorar, nosso jovem acha oportuno perguntar a um velho sábio ali presente:

— Com quem ela me traiu?

— Meu jovem, você viajou deixando sua princesinha grávida.
E hoje, depois de nove meses, seu filho estava para nascer.
Foi tudo muito difícil.
O trauma do parto deixou sua princesa num dilema.
Os médicos tinham duas opções: ou salvavam ela, ou seu filho.
E a princesa fez a opção de salvar o filho.

Ela, como mãe abnegada, deu a vida inteira — a vida que lhe restava — para o filho.

Enquanto os amantes dão só metade para quem dizem amar.

 

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