por Nubor Orlando Facure.
O contato entre dois neurônios é feito na fenda sináptica.
É aqui que ocorre a conversa química entre os neurônios pré e pós-sinápticos —
contato esse que se soma em trilhões:
uma verdadeira tempestade química em milésimos de segundos,
onde, em sua superfície, navega a Mente.
1 – Do primeiro neurônio, chega uma corrente de íons (sódio e potássio) que conduzem a despolarização.
No fiozinho do seu abajur, percorrem elétrons na velocidade da luz (300 mil km por segundo).
Aqui, nos neurônios, alternam-se íons a 300 km por hora.
Na extremidade dos axônios, essa despolarização, que possui um potencial de ação, abre os canais para entrada do cálcio, que penetra no terminal sináptico.
2 – Dentro desse ambiente celular, o cálcio promove a abertura das vesículas, de onde saem os neurotransmissores: serotonina, dopamina, acetilcolina, noradrenalina, GABA e peptídeos.
3 – O neurotransmissor liberado se difunde pela fenda sináptica.
Como regra geral, cada neurônio produz um único neurotransmissor.
4 – O neurotransmissor vai se ligar a receptores nas membranas do segundo neurônio (chamado de pós-sináptico).
Temos dois tipos principais de receptores:
- Canais iônicos, por onde passam sódio, potássio, cálcio;
- Receptores acoplados a proteínas G.
Alguns desses receptores são bem estudados:
- Receptores alfa e beta (lembre-se dos medicamentos alfa ou beta-bloqueadores, de uso extremamente comum);
- Receptores nicotínicos no músculo esquelético e muscarínicos no músculo cardíaco — ambos respondem à acetilcolina;
- Receptores AMPA e NMDA, ligados ao glutamato, com efeito excitatório;
- Receptores GABA, de efeito inibitório.
5 – Esses “portões” receptores possuem canais de íons que, na presença dos neurotransmissores, se abrem, permitindo a entrada de íons que desencadeiam um potencial excitatório no segundo neurônio — e assim por diante.
Aqui existe uma das regras da aprendizagem:
“Neurônios que se estimulam juntos, permanecem juntos.”
6 – Quando o limite de excitação é atingido, os canais de sódio são ativados, dando sequência ao potencial de ação no neurônio pós-sináptico.
Lembrando que o cérebro possui 80 bilhões de neurônios, sendo que cada um deles pode se unir, por meio de sinapses, a centenas de outros neurônios.
Cada neurônio produz um único neurotransmissor.
Por isso dizemos que são colinérgicos, adrenérgicos ou dopaminérgicos, conforme o neurotransmissor que liberam.
Mas um neurotransmissor pode agir sobre diversos tipos de receptores.
No cérebro, as funções mentais decorrem dessa orquestra de conexões.