por Nubor Orlando Facure
Quando criança, meu pai, seu Nubor Facure, nos contava várias histórias.
A do cabritinho que tapeou a onça fazia o maior sucesso (Viriato Correia).
Ele também cantarolava musiquinhas:
“O pato casou com a pata…”
E uma delas falava das árvores frutíferas, que quero me utilizar para nosso estudo.
Era assim:
Pé de laranja sempre deu laranja.
Pé de goiaba sempre deu goiaba.
O que eu me implico é com o pé de eucalipto,
que nunca deu e nem dará jaboticaba.
Usando essa metáfora, quero propor exatamente isso:
a loucura é específica para cada mente, para cada pessoa,
assim como cada árvore tem o seu próprio fruto.
Para os que já nascem ansiosos, repetem-se neles crises de pânico, uma atrás da outra.
Umas certas pessoas produzem delírios persecutórios.
Outras, delírio de referência.
Outras têm delírios de ciúmes, pois que a vida toda foram ciumentas.
As mais graves abrem o leque das psicoses, farto em alucinações.
Em outros, se exacerbam os pensamentos rígidos e inflexíveis da paranoia.
Cada um de nós enlouquece com o material que sempre teve na mente.
Cada um de nós é portador de uma matriz psíquica que mantém nossa integridade mental — principalmente o juízo, a consciência, as funções executivas e a capacidade de fazer escolhas e tomar decisões.
Quando ocorre um estímulo externo ou um desarranjo interno, o colorido da loucura terá as mesmas cores-padrão do seu modo de ser.
Cada um enlouquece com o que tem na própria mente para dar conteúdo ao enredo.
Lição de casa:
A propriedade dos seus pensamentos é legitimamente — ou pelo menos aparentemente — sua.
Mas, na loucura, você é o inquilino.