Ano 16 Número 535 2008



15 de junho de 2008
 

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

Pesquisas com Células-Tronco


       


 ° ARTIGOS
Aliança da Ciência e da Religião
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, primeiro centro espírita do mundo

O Espiritismo e a Sociedade Sustentável

 


 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita


          Referências Bibliográficas
   

 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Estudando o Livro dos Espíritos
   

 ° PAINEL

Boletins e Sites de Notícias
Congressos e Eventos Espíritas

Centro de Estudios Espíritas de Sevilla   

Grupo Espírita da Noruega
Estudios Espíritas en Quito, Ecuador


 ° EDITORIAL

Pesquisas com Células-Tronco
 
Amigos,

Recebemos vários e-mails em resposta ao artigo sobre as Células-Tronco publicado no Boletim 534 e a sugestão de que preparassemos uma edição do Boletim dedicada ao tema. Estamos estudando a idéia e analisando os textos recebidos. Há naturalmente muita emoção envolvida no debate e nos argumentos usados, mas basicamente ele gira em torno da questão fundamental de quando o espírito se liga ao corpo físico e inicia realmente o processo de reencarnação.

Na época da Codificação Espírita e, inclusive na da publicação das obras de André Luiz, não existia ainda a possibilidade da fertilização dos óvulos fora do útero materno e assim não se precisou esmiuçar se o fator necessário e suficiente para a ligação do espírito reencarnante com a matéria era apenas a fecundação ou se existiriam fatores adicionais que atuariam para a ligação, como por exemplo a interação com o perispírito materno. No primeiro caso, qualquer embrião já teria um espírito ligado a ele, estando ou não o processo de gestação se desenvolvendo normalmente, no segundo caso, o espírito seria ligado apenas quando o processo de reencarnação fosse realmente "ativado".

É uma situação nova que precisa ser estudada. A Ciência e a Religião são instrumentos de Deus para o progresso da humanidade, o Espiritismo veio como uma ponte entre ambas, combatendo o materialismo e a incredulidade ao descortinar as leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo material. Assim, se há uma situação onde há uma aparente impossibilidade da aliança entre as duas, decorre que ela não está bem compreendida ou há aspectos das leis que a regem que ainda não foram desvendados.

Mudando um pouco de assunto, temos uma boa notícia para os amigos que participam do GEAE e tem por lingua materna o espanhol. Relançamos o Mensajero Espírita, agora em edição bimestral. O número 16 já está disponível no site do GEAE e a inscrição para receber o Mensajero Espírita por e-mail pode ser feita na página em espanhol.

Muita Paz,
Conselho Editorial

Índice

 ° ARTIGOS

Aliança da Ciência e da Religião

Allan Kardec

A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se fossem a negação uma da outra, uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade, porquanto Deus não pode pretender a destruição de sua própria obra. A incompatibilidade que se julgou existir entre essas duas ordens de idéias provém apenas de uma observação defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de outro. Daí um conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.

São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm de ser completados; em que o véu intencionalmente lançado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos.

A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres.

Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo. Mas, nisso, como em tudo, há pessoas que ficam atrás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem. É toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezoito séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de prever as conseqüências: acarretará para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei do progresso, que é lei de Deus.

(Trecho de "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Extraído da edição eletrônica disponível no site da FEBwww.febnet.org.br/file/1/26.pdf)


Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, primeiro centro espírita do mundo

Editorial do Jornal Mundo Espírita de Abril de 1998

Uma das providências mais significativas tomadas por Allan Kardec, após descortinar a visão panorâmica do mundo espiritual através de "O Livro dos Espíritos", foi a de procurar estabelecer a melhor maneira de pesquisar esse mundo que se abria diante da humanidade, de estudar os procedimentos para o relacionamento com os desencarnados e de difundir os ensinos dos Espíritos superiores.

Contrariando, pois, os usos da época, em que as manifestações das "mesas girantes" eram práticas de salão das residências burguesas, o Codificador, filho de magistrado e pedagogo de mérito, foi de parecer que as reuniões espíritas deveriam ser levadas a efeito em instituição especialmente criada para esse objetivo, a fim de evitar a frivolidade e a interferência de contingências da vida privada dos participantes.

Assim, no dia 1º de abril de 1858, praticamente um ano após o lançamento do 1º volume da Codificação, ao lado de diversos estudiosos, Allan Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – SPEE.

Conforme consta na página final da Revista Espírita de maio de 1858, Kardec deu ciência da criação da Sociedade, nos seguintes termos: "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Fundada em Paris a 1o de abril de 1858 e autorizada por portaria do sr. Prefeito de Polícia, conforme o aviso de S. Ex. o sr. Ministro do Interior e da segurança geral, em data de 13 de abril de 1858".

"A extensão por assim dizer universal que tomam diariamente as crenças espíritas faziam desejar vivamente a criação de um centro regular de observações. Esta lacuna acaba de ser preenchida. A Sociedade cuja formação temos o prazer de anunciar, composta exclusivamente de pessoas sérias, isentas de prevenções e animadas do sincero desejo de esclarecimento, contou, desde o início, entre os seus associados, com homens eminentes por seu saber e por sua posição social. Estamos convictos de que ela está chamada a prestar incontestáveis serviços à constatação da verdade. Sua lei orgânica lhe assegura uma homogeneidade sem a qual não haverá vitalidade possível; está baseada na experiência dos homens e das coisas e no conhecimento das condições necessárias às observações que são o objeto de suas pesquisas. Vindo a Paris, os estranhos que se interessam pela doutrina espírita terão um centro ao qual poderão dirigir-se e comunicar suas próprias observações".

O Estatuto (regulamento) dessa entidade, o primeiro Centro Espírita regularmente constituído no mundo, estava normatizado por 29 artigos que tratavam dos objetivos e fins, da constituição, dos sócios, da administração, das sessões e de outras disposições (inserido no Capítulo XXX de "O Livro dos Médiuns").

As reuniões, em seu primeiro ano de funcionamento, eram realizadas às sextas-feiras, na Rua de Valois, nº 35 – Bairro Palais-Royal, em Paris.

A partir de 20 de abril de 1860, conforme consta na biografia de Kardec, de autoria de Francisco Thiesen e Zeus Wantuil, a Sociedade ficou definitivamente instalada num imóvel alugado na Rua Sainte Anne, nº 59, para onde, dois meses depois, foi transferida a redação da Revista Espírita.

De acordo com o relatório de abril de 1862, publicado no mencionado periódico, a Sociedade experimentou considerável crescimento nesses dois anos de funcionamento, com 87 sócios efetivos pagantes, contando entre os membros: cientistas, literatos, artistas, médicos, engenheiros, advogados, magistrados, membros da nobreza, oficiais do exército e da marinha, funcionários civis, empresários, professores e artesãos. O número de visitantes chegava a quase 1500 pessoas por ano.

Kardec, que desempenhava o cargo de presidente desde a criação da entidade, fatigado com o excesso de trabalho e aborrecido com as querelas administrativas, por várias vezes, externou o desejo de renunciar. Instado, porém, pelos mentores espirituais, continuou no exercício da presidência até a data de sua desencarnação.

O Codificador era rigoroso no cumprimento das disposições estatutárias e na disciplina na condução das atividades aí realizadas. Exigia de todos os participantes extrema seriedade e isso contribuiu para dar muita credibilidade à instituição e aos seus pronunciamentos acerca dos assuntos tratados. Era extremamente prudente e austero nos pareceres exarados e nunca permitiu que a Sociedade se tornasse arena de controvérsias e debates estéreis.

As atividades levadas a efeito, na época, podem ser apreciadas pela leitura do "Boletim", usualmente inserido na Revista Espírita.

Embora tenha sido a SPEE a primeira entidade espírita oficialmente constituída, ela nunca teve sobre outras quaisquer vínculos de ascendência, filiação ou solidariedade material, e os laços que as unia eram apenas de identidade de objetivos e de troca de experiências.

Conforme mencionado na citada biografia, "a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas se viu sujeita a muitas vicissitudes" ... "Sobrepôs às calúnias e maledicências de toda sorte, firmou-se, cresceu e veio a ser modelo para numerosas associações de estudo e propaganda da Nova Revelação, posteriormente criadas na França e em várias outras partes do mundo, inclusive no Brasil".

(Versão eletrônica do texto no site Portal do Espíritowww.espirito.org.br/portal/artigos/mundo-espirita/sociedade-parisiense.html)



O Espiritismo e a Sociedade Sustentável

Carlos A. Iglesia Bernardo

Max Weber em seu livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” estudou a relação entre o pensamento protestante e o desenvolvimento do Capitalismo nos países que o adotaram. A rígida ética do trabalho, da vida sóbria e da acumulação de capital como uma forma de realização na Terra da graça divina para com seus escolhidos, foram fatores que contribuíram decididamente para a economia capitalista.

Da mesma forma, porém em bases filosóficas e religiosas diferentes, o Prof. Ricardo Mário Gonçalves propôs em sua obra “A Ética Budista e o Espírito Econômico do Japão” que o pensamento Budista foi um dos fatores que contribuiu na transformação do Japão do século XIX. Alguns filósofos budistas enfatizavam a correta observância dos deveres cotidianos como um instrumento para a realização espiritual. Através de uma vida de diligência no trabalho, afastamento dos excessos e compreensão da realidade que o rodeia, o homem poderia atingir a iluminação que o afastaria do ciclo interminável de existências insatisfatórias. Tal espírito vinha de encontro às necessidades da época de transformação que tiraram o Japão do atraso feudal e em poucas décadas o transformaram em uma potência.

Colocado assim que não é uma idéia estranha que as bases filosóficas e morais de uma sociedade sejam de importância crucial para seu desenvolvimento em todas as dimensões culturais, inclusive no da economia, não deixa de ser natural que se pense que tipo de sociedade se construiria sobre o pensamento espírita.

A Doutrina Espírita, como os mestres budistas estudados pelo Prof. Ricardo, dá grande importância ao trabalho como instrumento de realização espiritual. Através do esforço cotidiano, o espírito se aperfeiçoa e a correta vivência das oportunidades profissionais o faz avançar intelectual e moralmente. Da mesma forma, o Espiritismo valoriza uma vida equilibrada, longe dos excessos. O mundo material é transitório, nosso estágio educativo aqui deve ser bem aproveitado e uma vida equilibrada, afastada dos vícios e dos excessos dos prazeres, permite que as oportunidades sejam aproveitadas ao máximo. Diferentemente talvez do Protestantismo e mais próximo do pensamento budista, o Espiritismo não condena que o homem tenha uma vida alegre e prazerosa, apenas mostra que os excessos e abusos têm sérias conseqüências.

Como as doutrinas filosóficas orientais, o Espiritismo acredita em um ordenamento moral do Universo que se expressa através da lei de Causa e Efeito. Todas as nossas ações têm repercussões e a qualidade moral delas implica no tipo de repercussão que terão. Uma ação que traz o sofrimento de outros seres traz em conseqüência infelicidade para aquele que a praticou e, da mesma forma, toda ação que liberte do sofrimento ou diminua o sofrimento de outros seres traz a felicidade para seu agente. A conhecida palavra “Karma” significa justamente “ação” em sânscrito e traz embutido o conceito de que somos responsáveis por nossas ações ao colhermos inevitavelmente seus resultados.

Desta forma, antes de tudo, o Espírita é um indivíduo consciente de que sua situação presente é de sua inteira responsabilidade, resultante de todas suas ações no passado, e que seu futuro depende de como agir agora. Seja na sua vida particular, seja na sua atuação profissional, seja no exercício de algum cargo público ou voluntário, ele é ciente de que é responsável pelo que faz e que seu currículo de vida é bem mais do que a listagem dos títulos e posições conseguidos. Seu currículo espiritual, que o acompanhará através desta vida e das próximas, lhe conferirá as credenciais para galgar novas etapas de crescimento ou ficar preso na reparação das ações incorretas que efetuou.

O Espírita sabe que retornará a este mundo em novas reencarnações e a sociedade que encontrará será justamente aquela que contribui para formar nas suas existências passadas. Não há como no Protestantismo a visão de que nossa salvação independe de nossos atos e que por escolha divina seremos eleitos para a morada dos justos. Pelo contrário, teremos que conquistar o direito a essa morada, construindo-a pouco a pouco dentro de nós e ao redor de nós pelas nossas ações. Também não é a fé que salva o espírita, pelo contrário, na visão espírita aquele que tem fé na Doutrina e não a vivencia está em situação pior do que aquele que não a conhece. A qualidade das ações está atrelada ao conhecimento do que se está fazendo e aquele que age mal sabendo que está agindo mal é pior do que aquele que não sabe o que faz.

Assim o espírita tende a engajar-se em causas que melhorem o mundo. Nas relações econômicas valoriza a ética profissional e busca relações sustentáveis, em que todas as partes sejam beneficiadas. No exercício dos cargos públicos o espírita tende a buscar a justiça social e ao desenvolvimento de programas que tragam o progresso da sociedade. É um filho do Iluminismo e acredita que a educação e o bem-estar material estão ligados, que a sociedade humana caminha para estágios mais civilizados.

A sustentabilidade é uma causa naturalmente esposada pelos espíritas, pois é uma conseqüência natural das leis morais que mencionamos. Só uma ação consciente para o bem pode gerar resultados satisfatórios duradouros e ao pensar em relações econômicas que preservem o meio ambiente, que busquem a satisfação de todos os participantes dos processos econômicos, se está justamente deixando de lado o egoísmo e trabalhando para o bem de todos.

Portanto nada mais lógico do que se concluir que uma sociedade apoiada no pensamento espírita será uma sociedade sustentável. Uma sociedade em que seus atores sociais ajam de forma a maximizar os benefícios para todos a curto, médio e longo prazo. Uma sociedade em que as relações interpessoais visem o aperfeiçoamento constante e a criação permanente de meios que a tornem sempre melhor e com maior qualidade de vida.

Ao fugir dos excessos esta sociedade sustentável permitirá um manejo mais adequado dos recursos naturais e um aproveitamento mais igualitário dos bens produzidos.  Esta sociedade também fugirá dos excessos das ideologias, pois o espírita crê que a evolução do pensamento é constante e não há como evitar que o tempo mude os cenários humanos, inclusive as verdades estabelecidas pelo homem para a estruturação de sua vida intelectual. Toda forma de crença sincera é respeitável aos olhos do espírita e a pesquisa científica é a fundamentação mesma de sua fé racional. O debate, a busca do consenso através da troca fraterna das idéias será o veículo natural para que esta sociedade se sustente no longo prazo sem os choques ideológicos e extremismo que muitas vezes põem a perder os esforços pacíficos de gerações.

Enfim, acreditamos firmemente que o Espiritismo tem um papel importante a desempenhar no pensamento humano e que sua influência será sentida à medida que mais e mais suas idéias forem difundidas na sociedade. Sem dúvida alguma, a sociedade do futuro será plural, as religiões atuais, longe de desaparecerem, amadurecerão e se influenciarão mutuamente. Possivelmente os postulados espíritas, por sua lógica interna, por seu respaldo na comprovação científica dos fatos que lhes dão sustentação, aos poucos encontrarão ecos em outras correntes religiosas e as várias divisões do espiritualismo do futuro serão por causa de preferências individuais em questões de detalhes, não no antagonismo ou na disputa pela posse exclusiva da verdade. Neste novo mundo, nesta nova sociedade sustentável, o Espiritismo será uma das fontes de inspiração para o homem continuar a melhorar a si mesmo.

Bibliografia

Andrade, Geziel. Capital e Trabalho à Luz do Espiritismo. Capivari – SP: EME Editora, 1994.
Cassirer, Ernst. The Philosophy of the Enlightenment. Traduzido do alemão por Fritz C. A. Koelln e James P. Pettegrove. New Jersey (EUA): Princenton University Press, 1979.
Gonçalves, Ricardo Mario. A Ética Budista e o Espírito Econômico do Japão. Prefácio de Heródoto Barbeiro. São Paulo: Elevação, 2007.
Kardec, Allan. Obras Póstumas. Volume XIX das Obras Completas de Allan Kardec. São Paulo: EDICEL, 1973.
Weber, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 10.a Ed. Tradução de M. Irene de Q. F. Szmrecsányi e Tomás J. M. Szmrecsányi. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1996.

Índice

 ° HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita

Carlos A. Iglesia Bernardo

(Compilação de datas significativas  para o Movimento Espírita iniciada no Boletim 505)


Lista de Eventos

1872

Paris, França

O tradicional artigo de início de ano da Revista Espírita, "Aos Assinantes da Revista - Visão Retrospectiva", começa relembrando as dificuldades pelas quais os parisienses passaram em 1870 e 1870 e informando que apesar delas a tiragem foi mantida. A correspondência recebida é grande refletindo o interesse pelo estudos dos fenômenos mediúnicos. O artigo comenta que na América e no Reino Unido se prefere a designação "espiritualista" e há uma rejeição a idéia da reencarnação. Observa o autor que a rejeição se faz sem que os adversários da idéia tenham estudado as obras de Kardec. As experiências de Crookes são mencionadas e também a divulgação do Espiritismo na América do Sul.

REVUE SPIRITE, 1872

Madrid, Espanha

A edição número 9 de 1872 do periódico "El Critério Espiritista" traz o primeiro artigo espírita escrito por Amália Domingo Soler com o título "La Fe Espiritista".

BERNARDO, 2007
SOLER, 1990
Tarrasa, Espanha

Miguel Vives y Vives (1842-1906), com um grupo de amigos, funda o centro de estudos espíritas "Fraternidad Humana". Foi neste centro em que ele desenvolveu a maior parte de sua atividade mediúnica e foi seu presidente por trinta anos.

VIVES, 2004

Madrid, Espanha

Antonio Torres-Solanot y Casas, Vizconde de Torres-Solanot (1840-1902), presidente da Sociedad Espíritista Española, passa a dirigir o periódico "El Critério Espiritista". orgão de divulgação desta sociedade.

FEE, 2008
RODRIGUEZ, 2003

Fevereiro de 1872
Paris, França


A Revue Spirite de fevereiro traz um artigo comentando o fenômeno das "fotografias de espíritos" (Spirit Photography - Photographie des Esprits) que na época causava grande sensação nos Estados Unidos. O artigo se refere aos contatos feitos pelo Sr. Bloche, correspondente da Revue Spirite em viagem pela América, com os editores do periódico "Banner of Light" de Boston e com o fotógrafo William Mumler que popularizou o fenômeno. No encontro o fotógrafo tirou uma foto do Sr. Bloche na qual apareceu um espírito que se parecia muito com um conhecido seu já desencarnado.A foto foi enviada para a Revue Spirite e sua reprodução podia ser adquirida na livraria espírita.

Na época Leymarie era o responsável pela Revue Spirite e o fenômeno tinha lhe chamado a atenção. Um artigo anterior do final de 1871 já tratava do fenômeno e a Revue Spirite estava incentivando seu estudo e a tentativa de reproduzí-lo. Era o inicio da sequência de fatos que levaria ao famoso "Processo dos Espíritas" de 1875.

LEYMARIE, 1976
REVUE SPIRITE, 1872

3 de março de 1872
Rio de Janeiro, Brasil

O discurso do Padre Almeida Martins, saudando a Lei do Ventre Livre, inicia a crise entre o governo imperial brasileiro e a Igreja Católica que ficou conhecida como a "Questão Religiosa". O sermão utilizava termos maçons e o padre foi suspenso pelo Bispo do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda. Na época o Catolicismo era a religião de estado e o governo imperial nomeava os sacerdotes e pagava seus salários. Mesmo as bulas papais só tinham efeito com a aprovação do Imperador. A origem da crise foi a diferença de posição sobre a maçonaria. Para a Igreja a maçonaria é incompativel com a fé católica e o Império posicionou-se a favor dos católicos maçons.

Agravou a situação o fato do incidente ter ocorrido pouco depois da declaração da "Infabilidade Papal" (1870) e da unificação da Itália. A Igreja buscava reafirmar sua autoridade e culpava a maçonaria e as modernidades liberais pelos problemas que enfrentava. 

A crise se estendeu até março de 1875, com vários desdobramentos, como a ordem de prisão para os Bispos do Pará e de Olinda por suas medidas contra os maçons e o recuo posterior do Império, com a anistia para os dois. Esta foi a primeira de uma série de crises que terminou por abalar a imagem do regime imperial, tanto por mostrar os problemas da união entre a Igreja e o Trono, como por não ter chegado a uma solução satisfatória.

BESOUCHET, 1993
IGLÉSIAS, 1989
WIKIPEDIA, 2008

Referências Bibliográficas

BERNARDO. Carlos Alberto Iglesia. Amalia Domingo Soler.  In: GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS - Biografias. Disponível em: www.geae.inf.br/pt/biografias/amalia-soler.php. Último acesso em 2 de outubro de 2007.

BESOUCHET, Lídia. Pedro II e o Século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

FEE. Vizconde de Torres-Solanot. In: Federación Espírita Española. Disponível em: www.espiritismo.cc/modules.php?name=Sections&op=viewarticle&artid=201. Último acesso em 1 de maio de 2008.

IGLÉSIAS, Francisco. História Geral e do Brasil. São Paulo: Ed. Ática, 1989.

LEYMARIE, Madame P. G. Processo dos Espíritas. Introdução em português por Hemínio C. Miranda. Rio de Janeiro: FEB, 1976.

REVUE SPIRITE. Quinzième Année – 1872. In: Biblioteca Espírita Virtual – Obras Raras. Disponível em: http://www.bibliotecaespirita.com. Último acesso em 16 de março de 2008. 

RODRIGUEZ, Oscar M. Garcia. Origenes del Periodismo Espirita en España. Flama Espírita nº 109. Barcelona: Centre Barcelonés de Cultura Espírita, 2003. Disponível em: http://www.espiritismo.cc/modules.php?name=News&file=article&sid=125. Último acesso em 2 de outubro de 2007.

SOLER, Amalia Domingo. Memorias de una Mujer. Barcelona: Editora Amelia Boudet, 1990.

VIVES, Miguel Vives y. Guía Práctica del Espiritista. Versão digitalizada pela Federação Espírita Espanhola em 2004. In: Federación Espírita Española. Disponível em www.espiritismo.cc/modules.php?name=Downloads&d_op=getit&lid=144. Último acesso em 29 de março de 2008.

WIKIPEDIA. Questão religiosa. In: Wikipedia, A Enciclopédia Livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Quest%C3%A3o_Religiosa. Último acesso em 22 de abril de 2008.

Índice

 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Estudando o "Livro dos Espíritos"

Christiano Torchi

(Os textos transcritos[1] do "Livro dos Espíritos" estão em itálico, com as questões em negrito e as notas de Kardec entre aspas)

45 - ONDE estavam os elementos orgânicos, antes da formação da Terra?
Achavam-se, por assim dizer, em estado de FLUIDO no Espaço, no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da Terra para começarem existência nova em novo globo.[2]

“A Química nos mostra as moléculas dos corpos inorgânicos unindo-se para formarem cristais de uma regularidade constante, conforme cada espécie, desde que se encontrem nas condições precisas. A menor perturbação nestas condições basta para impedir a reunião dos elementos, ou, pelo menos, para obstar à disposição regular que constitui o cristal.

Por que não se daria o mesmo com os elementos orgânicos? Durante anos se conservam germens de plantas e de animais, que não se desenvolvem senão a uma certa temperatura e em meio apropriado. Têm-se visto grãos de trigo germinarem depois de séculos. Há, pois, nesses germens um princípio latente de vitalidade, que apenas espera uma circunstância favorável para se desenvolver. O que diariamente ocorre debaixo das nossas vistas, por que não pode ter ocorrido desde a origem do globo terráqueo? A formação dos seres vivos, saindo eles do caos pela força mesma da Natureza, diminui de alguma coisa a grandeza de Deus? Longe disso: corresponde melhor à idéia que fazemos do seu poder a se exercer sobre a infinidade dos mundos por meio de leis eternas. Esta teoria não resolve, é verdade, a questão da origem dos elementos vitais; mas, Deus tem seus mistérios e pôs limites às nossas investigações.”[2]

O JOÃO CARLOS, monitor do ESDE no campo experimental do Centro Espírita Discípulos de Jesus, igualmente tem a sua contribuição a nos dar. Seguem, abaixo, alguns comentários, feitos com muito carinho e dedicação por ele, sobre as questões 44 e 45 de "O Livro dos Espíritos":

No texto kardequiano, percebam que aqui há duas questões entrelaçadas: uma relativa à formação do ser vivo; e a outra, quando ocorreu a formação do ser vivo em relação à formação da própria Terra. Comecemos com a primeira, depois falemos da segunda, separadas indevidamente e somente para fim de estudo.

A primeira pode ser resumida em:
1)Os princípios orgânicos não congregados por atuação de uma força que os afastava é o que existia primeiramente.

2)Cessada a força de afastamento, ele iniciou sua congregação.

3)Posteriormente o princípio orgânico, agora, com certo grau de congregação, formou o gérmen dos seres vivos.

Pergunta: qual o grau de afastamento ou o de não congregação do princípio orgânico, preliminarmente? Pois, em grau bem elevado, a que se pode chegar pelo raciocínio, esse afastamento pode implicar uma divisão extrema que os levaria aos átomos, por exemplo, ou às partículas subatômicas atuais (quarks e outras), ou ainda a alguma espécie do FCU. Daí esse termo: “princípio orgânico” usado por Kardec seria ou o átomo ou as partículas subatômicas ou uma espécie do FCU, ou algo próximo a eles, um pouco mais congregados, quem sabe? Ou menos ainda? Note-se que um átomo ou suas sub-partículas são elementos inorgânicos dos mais primários.

Perceba que ele fala em ”força”, logo fica ratificada essa interpretação, pois, no mundo subatômico, a ciência atual já identifica quatro forças: a forte, a fraca, a gravitacional, a magnética.

Ora, outra ratificação é que a ciência afirma que a Terra formou-se do Sol, no que essa é ratificada por Emmanuel em A Caminho da Luz, p.18: ”(...) verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar (...)”. E o Sol de hoje, o que deve ser igual ou a evolução do de ontem emite partículas bem pequenas, radiações mesmo, portanto, tão inorgânicas quanto se possa inferir, melhor, no grau máximo de “inorganicidade” (neologismo).

Ainda, quando se usa a palavra ”princípio”, e esse termo pode ser tão diminuído que implica aproximar uma coisa do que a linguagem humana crer ser justamente o seu oposto. Assim, não vejo problema em interpretar que os “princípios orgânicos” são justamente inorgânicos.

O equívoco que podemos cometer está na inferência de se crer que o que é como grande o é em pequeno, isto é, que as características do grande são as mesmas da do pequeno. Esse raciocínio é equivocado, apesar de comum, mas já superado de há muito pela própria química, física ou filosofia. Como no exemplo no caso em questão, o princípio orgânico está mais próximo do inorgânico do que do orgânico. Esse ponto é justamente a ratificação do conceito de átomo que perdurou por dois mil anos e foi superado com as idéias de Rutherford (1871 ?1937) e J.J. Thompson (1856 - 1940).

Essa interpretação, cujos parágrafos anteriores buscam esclarecer ou inferir, faz concórdia entre todos os seríssimos Espíritos de escol citados a seguir, que, na interpretação ligeira de alguns dos textos kardequianos, colocam-nos em um pólo oposto, justamente, ao do magnânimo Kardec. Já eu, particularmente, prefiro uni-los, vejam:

1) André Luiz, Evolução em Dois Mundos, p.35: “Das cristalizações atômicas e dos minerais, dos vírus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais do período pré-cambriano aos fetos e às licopodiáceas (...) o princípio espiritual atingiu espongiários e celenterados da era paleozóica, esboçando a estrutura esquelética (..)”

2) Leão Tolstoi por Yvonne A Pereira, Ressurreição e Vida, p.60, editora: FEB: “(...) E contemplou, enternecido a profusão de transições nos três reinos da Natureza, ou seja, o mineral movimentando-se para o vegetal; o vegetal caminhando para o animal (...)”

3) Emmanuel, o Consolador, p.26: “Na conceituação dos valores espirituais, a lei é de evolução para todos os seres e coisas do Universo. As individuações químicas possuem igualmente a sua rota para obtenção das primeiras expressões anímicas (...)”. A palavra “coisas” é referente ao inorgânico, ou no mínimo, o contém, perceba reforço à essa interpretação, pois a existência da palavra “seres”, faz-se referência aos orgânicos. Ora a última frase na citação de Emmanuel, em negrito, não deixa dúvida da evolução do inorgânico ao orgânico. Na mesma obra, p.25, Emmanuel diz que o hidrogênio é um exemplo de ”individuação química”.

Crer que o orgânico não se formou do inorgânico é assumir posição contrária e simultânea a todos esses Espíritos de escol. Supor que tal interpretação está embasada em Kardec, é, em verdade, não dar a esse a interpretação devida. Prefiro uma interpretação que os una a outra que os distancie.

Ainda, crer que inorgânico não gera o orgânico é o mesmo que supor que há uma descontinuidade entre os reinos mineral e vegetal, (ver fala de Tolstoi acima), pois o mineral é inorgânico, e o vegetal representa os primeiros da classe de seres orgânicos. Ora, a descontinuidade implica injusta, pois a justiça necessariamente está atrelada a esse princípio matemático de continuidade.

Ora, se não formos tão rigorosos com a linguagem, mas também sem dela descuidar, ou seja, dentro de um equilíbrio sadio, podemos usar como sinônimo da palavra “congregado” a palavra: “formado” em Kardec. Isso nos permite ainda mais aproximar as afirmações de todos os que querem nos instruir, escrevendo que “Os princípios orgânicos se formaram, desde que cessou a atuação da força que os mantinha afastados.”

Mas, se não nos dermos por satisfeitos, aproximemo-los ainda mais com o que segue: se observarmos bem, somos ainda constituídos de átomos e de outras partículas subatômicas menores. Assim, o orgânico por maior ou menor estruturado que seja, do vírus ao homem é ainda constituído do inorgânico. Ou seja, o orgânico é formado do inorgânico, e com esse possui similitude, e, portanto, não são de todo contrários, logo, o mais simples origina o mais complexo.

Outra semelhança notória é a morte, a qual transforma o orgânico em inorgânico. Portanto, do inorgânico ao orgânico é o caminho contrário da equação química, justamente na encarnação.

***

À segunda questão (inferida de Kardec lá em cima) relativa à formação do ser vivo em relação à formação da própria Terra, diremos (...) busquemos, preliminarmente, imaginar duas retas paralelas, uma para a formação do ser vivo, e a outra para a formação da Terra. Façamos essas duas retas movimentarem-se paralelamente uma a outra em velocidades distintas, ou ainda, uma para trás e outra para frente, alternadamente. Especificar um ponto de parada para uma e outra, no intuito de se buscar uma posição relativa entre elas é, justamente, encontrar a resposta à segunda questão. Mas, percebamos que estamos dando um tratamento muito rigoroso ao caso, pois nem a evolução em cada reta (do ser vivo e do planeta estão bem definidas ao homem atual). Logo, seria demais tentar encontrar a posição relativa de ambas, pois elas remontam a bilhões de anos.

Os Espíritos, nem um pouco se demonstraram preocupados em nos dar o que a ciência ainda deve descobrir, e apenas disseram: 'A Terra lhes continha os germens, que aguardavam momento favorável para se desenvolverem (...).”

Ora, a formação da Terra dá-se em prazo contínuo e ininterrupto e ainda não tem termo, haja vista os fenômenos da natureza que ainda hoje a afligem. Todavia, depois de determinado intervalo de tempo já passado, é que se pôde chamar ao conglomerado em formação, o qual partiu do Sol, de Terra, e a partir daí, os seres vivos em germens estavam nela contidos.

Isso não explicita o que ocorrera antes, isto é, o que ocorrera com os seres vivos e com a Terra antes dessa ter recebido essa denominação, ou seja, sobre o período de desenvolvimento do germe e da própria Terra em trechos simultâneos e não simultâneos de tempo nada foi esclarecido, nem é deles preocupação. É ainda algo a se descoberto pela ciência, portanto, escrever mais sobre isso é improdutivo, desvario mesmo, já que antevemos a impossibilidade de se chegar a um fim útil. (Logo, vou parar por aqui, antes que os amigos queiram me internar, sorriso).

***
Conforme André Luiz, evoluímos em dois planos, não é necessário aqui citar a fonte, pois o título de sua obra muito conhecida já ratifica tal afirmação.

Ora, essa expressão: “elemento orgânico em estado fluídico” parece ser justamente o princípio inteligente, trazido ao planeta, para começar a existência aqui.

Note-se que o princípio inteligente pode também estar encarnado em outro planeta. Logo, não há prejuízo a tal interpretação o trecho em que Kardec se refere a “outros planetas”, pelo contrário, as idéias somam-se pela noção da reencarnação já posta nesta questão ainda inicial do LE.
Outro ponto é que o princípio inteligente tem necessariamente que desencarnar de um planeta para encarnar em outro, ou seja, entre as encarnações deve tornar-se “fluídico” necessariamente, ou estar no “meio dos Espíritos”, como diz Kardec.

Essa vinda para cá do princípio espiritual sempre ocorreu, independentemente do grau evolutivo desse, pois até mesmo em estado já evoluído, como o do homem ou do hominídeo, o princípio inteligente foi compelido a sair de onde estava para vir a Terra, recordemos de Capela. O que ratifica a interpretação acima de sinonímia aos termos princípio inteligente e “elemento orgânico”.

Logo, nada impede que os Ministros Angelicais tenham trazido para cá princípios inteligentes em diversos graus de evolução para iniciar à vida, conforme o grau de madureza da Terra, daí a existência de diversas espécies registradas pela geologia e pela biologia. Nova ratificação.

Acabou, mas sigamos com outras coisas que o pensamento quer escrever.

Conjecturas:

1) Em período anterior ao de vinda dos de Capela para cá, houve prazo em que eles aqui não sobreviveriam, logo, não foram trazidos. As condições do planeta ainda não lhe permitiriam sobreviver. Mas, outros seres sim, como bactérias em período mais remoto ainda. Note-se que a vinda é do princípio inteligente com seu corpo espiritual indissociável, não é da matéria de cada orbe que esse reveste quando encarnado, creio.

2) Da Terra, Espíritos sairão compelidos para reencarnar em outro lugar. Esse intercâmbio, realizado pelos Ministros Angelicais, sob o manto de Jesus, é contínuo e ininterrupto, podemos inferir, portanto.

3) Alguém pode perguntar: mas como é que se transporta um princípio inteligente evoluído? Não é ele distinto do princípio inteligente mais elementar? O princípio inteligente necessita recapitular (retornar ao princípio) para encarnar ou reencarnar, independentemente do grau evolutivo em que esteja, (ver André Luiz, Missionários da Luz, p.215). Esse retorno ao grau primeiro de onde iniciou sua caminha evolutiva, implica semelhança entre todos os princípios inteligentes, mesmo que em graus distintos de evolução. (A identidade de embriões de diferentes espécies ratifica essa afirmação). Logo, o trabalho de transportar compelidamente, de um planeta a outro, um princípio inteligente em um grau ou em outro de evolução é, provavelmente, o mesmo. É uma inferência.

4) Depois de tudo isso, faço a conjectura de que é o princípio inteligente ao encarnar é que transforma o inorgânico da Terra em uma estrutura mais organizada que lhe possa ser útil durante a estada. Ou seja, o inorgânico transforma-se em orgânico sob o comando do princípio inteligente. A essa estrutura material mais organizada é que chamamos de “elemento orgânico”, o qual passa a ser o corpo físico do princípio inteligente, que possui um corpo espiritual ou perispiritual, se se quiser. Aquele imita esse (André Luiz, Evolução em Dois Mundos, p.27). Esse grau de definição (agora com certa distinção) a que chegamos para o elemento orgânico e para o princípio inteligente parece melhor que o que acima utilizamos, mas veja que a similitude permanece.

5) No início do desenvolvimento do princípio inteligente na Terra, essa congregação de elementos inorgânicos em orgânicos para a existência da vida no orbe, ocorrera “fora” do comando (do corpo espiritual) do princípio inteligente, mas sob a égide dos Ministros Angelicais. Hoje em dia, isto está incorporado, talvez por instinto (recordemos da aula sob instinto) ao patrimônio do princípio inteligente, e a reencarnação ocorre no interior do corpo físico do princípio inteligente mais evoluído, desde o leptótrix, com o aparecimento das qualidades magnéticas positivas e negativas, talvez por mudança na estrutura perispirítica que implicou uma organização atômica com elementos que possuem essas qualidades, sob determinadas circunstâncias, como o átomo de magnésio e de ferro, por exemplo (ver André Luiz, Evolução em Dois Mundos, p.49). Ora, não é tanto de se estranhar que tenhamos adquiridos, após milênios esses instintos de reprodução, pois, se questão remonta a estruturas atômicas, essas existem fora ou dentro do corpo. Mas também não parece muito simples. (Paremos por aí, senão, novamente, quererão os amigos internar-me, sorriso).

6) Retornemos as citações de André Luiz, Tolstoi e Emmanuel supracitadas, e deles busquemos seguir a diante com conjecturas: então ... tudo é vida em certo grau? Talvez? Vejamos o que diz André Luiz sobre as células, em Evolução em Dois Mundos, p.43: “Com o transcurso dos evos, surpreendemos as células como princípios inteligentes de feição rudimentar, a serviço do princípio inteligente em estágio mais nobre nos animais superiores e nas criaturas humanas, renovando-se continuamente, no corpo físico e no corpo espiritual, em modulações vibratórias diversas, conforme a situação da inteligência que as senhoreia, depois do berço ou depois do túmulo. (...) Animáculos infinitesimais, que se revelam domesticados e ordeiros na colméia orgânica, assumem formas diferentes, segundo a posição dos indivíduos e a natureza dos tecidos em que se agrupam, obedecendo ao pensamento simples ou complexo que lhes comanda a existência (...)” Então não somos assim tão donos de nós mesmos, e a vida auxilia a vida, e o que vale mesmo é ser um Espírito.

7) Percebam que a estrutura do carbono é um tetraedro, um dos mais belos exemplos de simetria na matemática. Parece que essa simetria participa da formação da vida, pois, a maioria (a totalidade?) dos organismos vivos tem simetria, vejam a si próprios, por exemplo.
 
________________________
Notas do GEAE
 
[1] - Os trechos do "Livro dos Espíritos" foram transcritos da edição da Federação Espírita Brasileira. Essa edição está disponível para download no endereço www.febnet.org.br/file/135.pdf

[2] Destaques feitos pelo Chistiano

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Amigos,
 
Brasileiros procuram Casas Espíritas quando estão fora do Brasil. Gostaríamos de divulgar o CENTRO DE ESTUDIOS ESPIRITAS DE SEVILLA, calle Constancia num 5 , bajo izquierda.  Sevilla - tel 650481839. Entrar em contato com Genoveva Mallo Pestana e certamente serão recebidos com muita fraternidade.
   
Pode-se ter uma idéia das atividades desenvolvidas visitando sua linda página na Internet, no endereço a seguir:
   
www.cesevilla.divulgacion.org/
   
Vejam que eles estão "antenados" e discutindo (foro) temas atuais com visão espírita, como é o caso da utilização de células tronco embrionárias (no Brasil, inclusive).
   
A confreira Genoveva solicita que esta divulgação seja repassada para brasileiros, de modo que o endereço do Centro de Estudos Espíritas de Sevilha seja colocado na mala.
 
Caso queiram fazer contato prévio escrevam para “Geno” no endereço
 
cerdeirua@hotmail.com
 
A todos deixa o seu agradecimento.
 
Saúde e paz,
Ramon


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Se pide a las personas residentes en Quito, Ecuador, interesadas en participar en reuniones regulares de estudio de 'El Evangelio según el Espiritismo', de Allan Kardec, la gentileza de entrar en contacto con Simoni Privato Goidanich por la dirección electrónica: simoniuruguai@yahoo.com
   
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