“A Química nos
mostra as moléculas dos corpos
inorgânicos unindo-se para formarem cristais
de uma regularidade constante, conforme cada espécie, desde que se encontrem
nas condições precisas. A menor perturbação nestas condições basta para impedir
a reunião dos elementos, ou, pelo menos, para obstar à disposição regular que
constitui o cristal.
Por
que não se
daria o mesmo com os elementos orgânicos? Durante anos se
conservam germens de plantas e de animais, que
não se desenvolvem senão a uma certa temperatura e em
meio apropriado. Têm-se visto grãos de trigo germinarem
depois de séculos. Há, pois, nesses germens um
princípio latente de vitalidade, que
apenas espera uma circunstância favorável para se
desenvolver. O que
diariamente ocorre debaixo das nossas vistas, por que não pode ter ocorrido
desde a origem do globo terráqueo? A formação dos seres vivos, saindo eles do caos pela força
mesma da Natureza, diminui de alguma coisa a grandeza de Deus? Longe
disso: corresponde melhor à idéia que fazemos do seu poder a se exercer sobre a
infinidade dos mundos por meio de leis eternas. Esta teoria não resolve, é
verdade, a questão da origem dos elementos
vitais; mas, Deus tem seus mistérios e pôs limites às nossas
investigações.”[2]
O JOÃO CARLOS, monitor do ESDE no campo
experimental do Centro Espírita Discípulos de Jesus, igualmente tem a sua
contribuição a nos dar. Seguem,
abaixo, alguns comentários, feitos com muito carinho e dedicação por ele,
sobre as questões 44 e 45 de
"O Livro dos Espíritos":
No texto kardequiano, percebam
que aqui há duas questões entrelaçadas: uma
relativa à formação do ser vivo; e
a outra, quando ocorreu a formação do ser vivo em
relação à formação da própria
Terra. Comecemos com a primeira, depois falemos da segunda, separadas
indevidamente e somente para fim de estudo.
A primeira pode ser resumida
em:
1)Os princípios orgânicos
não congregados por atuação de uma força que os afastava é o que existia primeiramente.
2)Cessada a força de
afastamento, ele iniciou sua congregação.
3)Posteriormente o princípio
orgânico, agora, com certo grau de congregação, formou o gérmen dos seres
vivos.
Pergunta: qual o grau de
afastamento ou o de não
congregação do princípio orgânico, preliminarmente? Pois, em grau bem elevado,
a que se pode chegar pelo raciocínio, esse afastamento pode implicar uma
divisão extrema que os levaria aos átomos, por exemplo, ou às partículas
subatômicas atuais (quarks e outras),
ou ainda a alguma espécie do FCU. Daí esse termo: “princípio
orgânico” usado por Kardec seria ou o
átomo ou as partículas subatômicas ou uma espécie do FCU, ou algo próximo a
eles, um pouco mais congregados, quem sabe? Ou menos ainda? Note-se que um
átomo ou suas sub-partículas são elementos inorgânicos
dos mais primários.
Perceba que ele fala em ”força”, logo fica ratificada essa interpretação, pois, no mundo
subatômico, a ciência atual já identifica quatro forças: a forte, a fraca, a
gravitacional, a magnética.
Ora, outra ratificação é que
a ciência afirma que a Terra formou-se do Sol, no que essa
é ratificada por Emmanuel em A Caminho da Luz, p.18:
”(...) verificou-se quando o orbe
terrestre se desprendia da nebulosa solar (...)”. E o Sol de
hoje, o que
deve ser igual ou a evolução do de ontem emite
partículas bem pequenas,
radiações mesmo, portanto, tão inorgânicas
quanto se possa inferir, melhor, no
grau máximo de “inorganicidade” (neologismo).
Ainda, quando se usa a
palavra ”princípio”, e
esse termo pode ser tão diminuído que implica aproximar uma coisa do que a
linguagem humana crer ser justamente o seu oposto. Assim, não vejo problema em
interpretar que os “princípios
orgânicos” são justamente inorgânicos.
O equívoco que podemos
cometer está na inferência de se crer que o que é
como grande o é em pequeno,
isto é, que as características do grande são as
mesmas da do pequeno. Esse
raciocínio é equivocado, apesar de comum, mas já
superado de há muito pela
própria química, física ou filosofia. Como no
exemplo no caso em questão, o princípio orgânico
está mais próximo do inorgânico do que do
orgânico.
Esse ponto é justamente a ratificação do conceito
de átomo que perdurou por
dois mil anos e foi superado com as idéias de Rutherford (1871
?1937) e J.J.
Thompson (1856 - 1940).
Essa interpretação, cujos
parágrafos anteriores buscam esclarecer ou inferir, faz concórdia entre todos
os seríssimos Espíritos de escol citados a seguir, que, na interpretação
ligeira de alguns dos textos kardequianos, colocam-nos em um pólo oposto,
justamente, ao do magnânimo Kardec. Já eu, particularmente, prefiro uni-los,
vejam:
1) André Luiz, Evolução em Dois Mundos, p.35:
“Das
cristalizações atômicas e dos minerais, dos vírus e
do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais do período
pré-cambriano aos fetos e às licopodiáceas (...) o princípio espiritual atingiu
espongiários e celenterados da era paleozóica, esboçando a estrutura
esquelética (..)”
2)
Leão Tolstoi por Yvonne A Pereira,
Ressurreição e Vida, p.60, editora: FEB: “(...)
E contemplou, enternecido a profusão de transições nos três reinos da Natureza,
ou seja, o mineral movimentando-se para o vegetal; o vegetal caminhando para o
animal (...)”
3)
Emmanuel, o Consolador, p.26:
“Na conceituação dos valores
espirituais, a lei é de evolução para todos os
seres e coisas do Universo. As
individuações químicas possuem igualmente a sua
rota para obtenção das
primeiras expressões anímicas (...)”. A palavra
“coisas” é referente ao
inorgânico, ou no mínimo, o contém, perceba
reforço à essa interpretação, pois
a existência da palavra “seres”, faz-se
referência aos
orgânicos. Ora a última frase na citação de
Emmanuel, em negrito, não deixa
dúvida da evolução do inorgânico ao
orgânico. Na mesma obra, p.25, Emmanuel diz que o
hidrogênio é um exemplo de
”individuação
química”.
Crer que o orgânico não se
formou do inorgânico é assumir posição contrária e simultânea a todos esses
Espíritos de escol. Supor que tal interpretação está embasada em Kardec, é, em
verdade, não dar a esse a interpretação devida. Prefiro uma interpretação que
os una a outra que os distancie.
Ainda, crer que inorgânico
não gera o orgânico é o mesmo que supor que
há uma descontinuidade entre os reinos mineral e vegetal, (ver
fala
de Tolstoi acima), pois o mineral é inorgânico, e o
vegetal representa os
primeiros da classe de seres orgânicos. Ora, a descontinuidade
implica injusta,
pois a justiça
necessariamente está atrelada a esse princípio
matemático de continuidade.
Ora, se não formos tão rigorosos com a linguagem, mas
também sem
dela descuidar, ou seja, dentro de um equilíbrio sadio, podemos
usar como
sinônimo da palavra “congregado” a palavra:
“formado” em Kardec. Isso nos permite ainda mais
aproximar as afirmações de todos os que querem nos
instruir, escrevendo que “Os princípios orgânicos se
formaram, desde que
cessou a atuação da força que os mantinha
afastados.”
Mas, se não nos dermos por
satisfeitos, aproximemo-los ainda mais com o que segue: se observarmos bem,
somos ainda constituídos de átomos e de outras partículas subatômicas menores.
Assim, o orgânico por maior ou menor estruturado que seja, do vírus ao homem é
ainda constituído do inorgânico. Ou seja, o orgânico é formado do inorgânico, e
com esse possui similitude, e, portanto, não são de todo contrários, logo, o
mais simples origina o mais complexo.
Outra semelhança notória é a
morte, a qual transforma o orgânico em inorgânico.
Portanto, do inorgânico ao
orgânico é o caminho contrário da
equação química, justamente na
encarnação.
***
À segunda questão (inferida
de Kardec lá em cima) relativa à formação
do ser vivo em relação à formação da
própria Terra, diremos (...) busquemos, preliminarmente,
imaginar duas retas
paralelas, uma para a formação do ser vivo, e a outra
para a formação da Terra.
Façamos essas duas retas movimentarem-se paralelamente uma a
outra em
velocidades distintas, ou ainda, uma para trás e outra para
frente,
alternadamente. Especificar um ponto de parada para uma e outra, no
intuito de
se buscar uma posição relativa entre elas é,
justamente, encontrar a resposta à
segunda questão. Mas, percebamos que estamos dando um tratamento
muito rigoroso
ao caso, pois nem a evolução em cada reta (do ser vivo e
do planeta estão bem
definidas ao homem atual). Logo, seria demais tentar encontrar a
posição
relativa de ambas, pois elas remontam a bilhões de anos.
Os Espíritos, nem um pouco
se demonstraram preocupados em nos dar o que a ciência ainda deve descobrir, e
apenas disseram: 'A Terra lhes continha os germens, que
aguardavam momento favorável para se desenvolverem (...).”
Ora, a formação da Terra
dá-se em prazo contínuo e ininterrupto e ainda não
tem termo, haja vista os fenômenos da natureza que ainda hoje a
afligem. Todavia, depois de determinado intervalo de tempo já
passado, é que se
pôde chamar ao conglomerado em formação, o qual
partiu do Sol, de Terra, e a partir daí, os seres
vivos em germens estavam nela contidos.
Isso não explicita o que
ocorrera antes, isto é, o que ocorrera com os seres vivos e com
a Terra antes dessa ter recebido essa
denominação, ou seja, sobre o período de
desenvolvimento do germe e da própria
Terra em trechos simultâneos e não simultâneos de
tempo nada foi esclarecido, nem é deles
preocupação. É ainda algo
a se descoberto pela ciência, portanto, escrever mais sobre isso
é improdutivo,
desvario mesmo, já que antevemos a impossibilidade
de se chegar a um fim útil. (Logo, vou parar por aqui, antes que
os amigos
queiram me internar, sorriso).
***
Conforme André Luiz, evoluímos em dois planos, não é
necessário aqui citar a fonte, pois o título de sua obra muito conhecida já
ratifica tal afirmação.
Ora, essa expressão: “elemento
orgânico em estado fluídico” parece ser justamente o princípio inteligente, trazido
ao planeta, para começar a existência aqui.
Note-se que o princípio inteligente pode também estar
encarnado em outro planeta. Logo, não há prejuízo
a tal interpretação o trecho em que Kardec se refere a
“outros
planetas”, pelo contrário, as idéias somam-se pela
noção da reencarnação já
posta nesta questão ainda inicial do LE.
Outro ponto é que o princípio inteligente tem
necessariamente que desencarnar de um planeta para encarnar em outro, ou seja,
entre as encarnações deve tornar-se “fluídico” necessariamente, ou estar
no “meio dos Espíritos”, como diz Kardec.
Essa vinda para cá do princípio espiritual sempre ocorreu,
independentemente do grau evolutivo desse, pois até mesmo em estado já
evoluído, como o do homem ou do hominídeo, o princípio inteligente foi
compelido a sair de onde estava para vir a Terra, recordemos de Capela.
O que ratifica a interpretação acima de sinonímia aos termos princípio inteligente e “elemento
orgânico”.
Logo, nada impede que os
Ministros Angelicais tenham trazido para cá princípios inteligentes em diversos graus de evolução
para iniciar à vida, conforme o grau de madureza da Terra, daí a existência de
diversas espécies registradas pela geologia e pela biologia. Nova ratificação.
Acabou, mas sigamos com outras coisas que o pensamento quer
escrever.
Conjecturas:
1) Em período anterior ao de
vinda dos de Capela para cá, houve prazo em que eles aqui
não sobreviveriam, logo, não foram trazidos. As
condições do
planeta ainda não lhe permitiriam sobreviver. Mas, outros seres
sim, como
bactérias em período mais remoto ainda. Note-se que a
vinda é do princípio
inteligente com seu corpo espiritual indissociável, não
é da matéria de cada
orbe que esse reveste quando encarnado, creio.
2) Da Terra, Espíritos sairão compelidos para reencarnar em outro
lugar. Esse intercâmbio, realizado pelos Ministros Angelicais, sob o manto de
Jesus, é contínuo e ininterrupto,
podemos inferir, portanto.
3) Alguém pode perguntar: mas como é que se transporta um princípio
inteligente evoluído? Não é ele distinto do princípio inteligente mais
elementar? O princípio inteligente necessita recapitular (retornar
ao princípio) para encarnar ou reencarnar, independentemente do grau evolutivo em que esteja, (ver André
Luiz, Missionários da Luz, p.215). Esse retorno ao grau primeiro de onde
iniciou sua caminha evolutiva, implica semelhança entre todos os princípios
inteligentes, mesmo que em graus distintos de evolução. (A identidade de
embriões de diferentes espécies ratifica essa afirmação). Logo, o trabalho de
transportar compelidamente,
de um planeta a outro, um princípio inteligente em um grau ou em outro de
evolução é, provavelmente, o
mesmo. É uma inferência.
4) Depois de tudo isso, faço a conjectura de que é o
princípio inteligente ao
encarnar é que transforma o inorgânico
da Terra em uma estrutura mais organizada que lhe possa ser útil
durante a
estada. Ou seja, o inorgânico transforma-se em orgânico sob
o comando do princípio
inteligente. A essa estrutura material
mais organizada é que chamamos de “elemento
orgânico”, o qual passa a ser o corpo
físico do princípio
inteligente, que possui um corpo espiritual ou perispiritual, se se
quiser. Aquele imita esse (André Luiz, Evolução em
Dois Mundos, p.27). Esse
grau de definição (agora com certa
distinção) a que chegamos para o elemento orgânico
e para o princípio inteligente parece
melhor que o que acima utilizamos, mas veja que a similitude permanece.
5) No início do desenvolvimento do princípio inteligente na Terra,
essa congregação de elementos inorgânicos em orgânicos para a existência da
vida no orbe, ocorrera “fora” do comando (do corpo espiritual) do princípio
inteligente, mas sob a égide dos Ministros Angelicais. Hoje em dia, isto está
incorporado, talvez por instinto (recordemos da aula sob instinto) ao
patrimônio do princípio inteligente, e a reencarnação ocorre no interior do
corpo físico do princípio inteligente mais evoluído, desde o leptótrix, com o
aparecimento das qualidades magnéticas positivas e negativas, talvez por
mudança na estrutura perispirítica que implicou uma organização atômica com
elementos que possuem essas qualidades, sob determinadas circunstâncias, como o
átomo de magnésio e de ferro, por exemplo (ver André Luiz, Evolução em Dois
Mundos, p.49). Ora, não é tanto de se estranhar que tenhamos adquiridos, após
milênios esses instintos de reprodução, pois, se questão remonta a estruturas
atômicas, essas existem fora ou dentro do corpo. Mas também não parece muito
simples. (Paremos por aí, senão, novamente, quererão os amigos internar-me,
sorriso).
6) Retornemos as citações de André Luiz, Tolstoi e
Emmanuel
supracitadas, e deles busquemos seguir a diante com conjecturas:
então ... tudo é vida em certo grau? Talvez?
Vejamos o que diz André Luiz sobre as células, em
Evolução em Dois Mundos, p.43: “Com o
transcurso dos evos, surpreendemos as células como
princípios inteligentes de
feição rudimentar, a serviço do princípio
inteligente em estágio mais nobre nos
animais superiores e nas criaturas humanas, renovando-se continuamente,
no
corpo físico e no corpo espiritual, em modulações
vibratórias diversas,
conforme a situação da inteligência que as
senhoreia, depois do berço ou depois
do túmulo. (...) Animáculos infinitesimais, que se
revelam domesticados e
ordeiros na colméia orgânica, assumem formas diferentes,
segundo a posição dos
indivíduos e a natureza dos tecidos em que se agrupam,
obedecendo ao pensamento
simples ou complexo que lhes comanda a existência (...)”
Então não somos assim tão donos de nós
mesmos, e a vida auxilia a
vida, e o que vale mesmo é ser um Espírito.
7) Percebam que a estrutura do carbono é um tetraedro, um dos
mais belos exemplos de simetria na matemática. Parece que essa
simetria participa da formação
da vida, pois, a maioria (a
totalidade?) dos organismos vivos tem simetria, vejam a si
próprios, por
exemplo.