"A
ação do homem só tem sentido se for compromissada
com a realidade, uma vez que, diferente do animal, o ser humano
é capaz de reflexão. O homem existe. Está inserido
no mundo. Toma conhecimento deste mundo, sendo até capaz de
modificá-lo.
Esta ação modificadora,
entretanto, torna-se impossível, se ele estiver imerso e
acomodado a este mundo e for incapaz de distanciar-se dele para
admirá-lo e perceber o seu conjunto.
Daí, a necessidade que tem o
homem, de contínua coexistência do "viver a realidade" com
o "distanciar-se dela para refleti-la", a fim de que possa, realmente,
assumir seu compromisso.
Isto é consciência
crítica. E é, a partir desta visão crítica
de realidade, que o homem se torna capaz de modificar o mundo em que
vive. Ao contrário, a consciência ingênua leva a uma
visão distorcida da realidade." - Resumo das idéias do educador Paulo Freire em um texto que nos foi repassado pelo Aureci F. Martins.
Amigos,
O trecho acima com as idéias de Paulo Freire, de um e-mail que
recebemos do Aureci F. Martins, nos chamou a atenção por
conta do
momento em que passamos na vida nacional. Há algumas grandes
questões sendo discutidas, questões que moldarão o
futuro da nação, a médio e longo prazo.
Independente da posição política de cada um, os
espíritas como quaisquer outros cidadãos, tem o direito e
o dever de participar destas discussões.
Vivemos em uma sociedade laica e isto é resultado de uma
evolução muito positiva da civilização.
Longe se vão os tempos em que as pessoas eram perseguidas porque
suas idéias religiosas contradiziam a religião de estado.
Os debates devem se fundamentar nos valores éticos e morais da
sociedade, bem como nas explicações da Ciência e na
busca dos porquês que está no domínio da Filosofia.
O exercício da cidadania nas eleições e pelos
mecanismos representativos fornece o caminho legítimo para que
todas as posições sejam ouvidas e respeitadas. As
instituições democráticas, solidamente
estabelecidas em nossa Pátria, com sua divisão nos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário garantem o pleno
estado de direito.
O exercício da cidadania requer a consciência crítica defendida por Paulo Freire
[1].
E o Espírita não pode se furtar a ter essa visão
crítica da realidade, a Doutrina
Filosófico-Científica que esposa tem consequências
e aspectos religiosos, porém não abre espaço para
o fundamentalismo. Por fundamentalismo entendemos aqui a
observância rigorosa a práticas e crenças sem seu
exame permanente à luz da razão. O discípulo
consciente de Kardec não teme questionar a si mesmo e as suas
crenças, validá-las pelo estudo, confrontá-las com
o estágio atingido pela Ciência e mesmo analisá-las
sobre o prisma de outras visões da vida. A Fé
verdadeira não teme encarar a razão e nem mesmo
questionar-se a si própria. Só teme o questionamento a
Fé mal fundamentada, porquê ela tem medo de
descobrir-se falsa diante dos fatos apresentados na
argumentação.
Por isso, abrimos espaço para o texto do Prof. Antonio Baracat.
Ele se refere a um debate apaixonado entre defensores das
pesquisas com células-tronco e os que se opunham ao uso de
embriões congelados. O debate mobilizou a sociedade e a
mídia, chegando inclusive a levar a esfera mais alta do Poder
Judiciário a se pronunciar.
Pessoalmente não temos uma opinião formada a respeito da
questão. Respeitamos a decisão das autoridades
constituídas e acreditamos que a troca de idéias nos
ajudará a compreender melhor a questão das pesquisas
com células-tronco, permitindo que participemos
com consciência crítica dos debates que surgirem a
partir delas.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Os Editores
__________________________________
[1] Explicação de Paulo Freire do que
é "consciência ingênua" e "consciência
crítica" (Paulo Freire - Educação e
mudança. 6ª ed, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983), citada no texto repassado por Aureci F Martins:
1. Características da consciência ingênua
- Revela uma certa simplicidade, tendente a um simplismo na
interpretação dos problemas, isto é, encara um
desafio de maneira simplista ou com simplicidade. Não se
aprofunda na causalidade do próprio fato. Suas conclusões
são apressadas, superficiais.
- Há também uma tendência a considerar que o
passado foi melhor. Por exemplo: os pais que se queixam da conduta de
seus filhos, comparando-a ao que faziam quando jovens.
- Tende a aceitar formas gregárias ou massificadoras de
comportamento. Esta tendência pode levar a uma consciência
fanática.
- Subestima o homem simples.
- É impermeável à investigação.
Satisfaz-se com as aparências. Toda concepção
científica para ele é um jogo de palavras. Suas
explicações são mágicas.
- É frágil na discussão dos problemas. O
ingênuo parte do princípio de que sabe tudo. Pretende
ganhar a discussão com argumentações
frágeis. É polêmico, não pretende
esclarecer. Sua discussão é feita mais de emocionalidades
de que de criticidades: não procura a verdade; trata de
impô-la e procurar meios históricos para convencer com
suas idéias. É curioso ver como os ouvintes se deixam
levar pela manha, pelos gestos e pelo palavreado. Trata de brigar mais,
para ganhar mais.
- Tem forte conteúdo passional. Pode cair no fanatismo ou sectarismo.
- Apresenta fortes compreensões mágicas.
- Diz que a realidade é estática e não mutável.
2. Características da consciência crítica
- Anseio de profundidade na
análise de problemas. Não se satisfaz com as
aparências. Pode-se reconhecer desprovida de meios para a
análise do problema.
- Reconhece que a realidade é mutável.
- Substitui
situações ou explicações mágicas por
princípios autênticos de causalidade.
- Procura verificar ou testar as descobertas. Está sempre disposta às revisões.
- Ao se deparar com um fato, faz
o possível para livrar-se de preconceitos. Não somente na
captação, mas também na análise e na
resposta.
- Repele posições
quietistas. É intensamente inquieta. Torna-se mais
crítica quanto mais reconhece em sua quietude a inquietude, e
vice-versa. Sabe que é na medida em que é e não
pelo que parece. O essencial para parecer algo é ser algo;
é a base da autenticidade.
- Repele toda transferência de responsabilidade e de autoridade e aceita a delegação das mesmas.
- É indagadora, investiga, força, choca.
- Ama o diálogo, nutre-se dele.
- Face ao novo, não repele o velho por ser velho, nem aceita o novo por ser novo.
Índice
Tomado pelo bom
senso, com
o voto do Relator
e da sua Presidente,
o Supremo Tribunal
Federal (STF) iniciou a aprovação das pesquisas
com células-tronco embrionárias, conforme previsto na Lei de Biossegurança. Como
se espera, o STF está julgando improcedente
a Ação Direta
de Inconstitucionalidade contra a
autorização legal para
as pesquisas. A partir
do final do julgamento,
os cientistas poderão usar
em seus
experimentos os embriões
congelados a mais de três anos,
precisando apenas da autorização do casal doador. Isso dá um destino útil aos embriões congelados, que
de outra forma
seriam simplesmente descartados.
Evitando-se esta irracionalidade, com algum esforço, os pesquisadores
brasileiros poderão “tirar
o atraso” e acompanhar
o andamento das investigações
mundiais na área. Com
o tempo, os estudos
contribuirão para a descoberta
de meios terapêuticos
para o tratamento
de doenças tidas como
incuráveis, como
o Mal de Parkinson, a Distrofia Muscular, a Paraplegia
e a Doença de Alzheimer, dentre
outras.
Mas a decisão
do STF, embora apoiada pelos que são solidários
aos que sofrem com
doenças ainda
incuráveis, não
alcançou unanimidade. Enfrentou fanática
oposição capitaneada por líderes cristãos, argumentando que
quando um
espermatozóide adentra
um óvulo
em laboratório
já há início
da vida e por
isso o embrião
aí formado não
pode ser usado em
pesquisas e terapias.
O que não
explicam é como o embrião
de proveta vai fazer
para se desenvolver e
tornar-se um ser
humano sem
contar com o acolhimento de um
útero...
Em
O Evangelho
segundo o Espiritismo
(Cap. I, Item 8), Allan Kardec escreveu que “a Ciência
e a Religião são
as duas alavancas da inteligência
humana: uma revela as leis do mundo material e a outra
as do mundo moral”.
Teve razão o Codificador
do Espiritismo em
anotar esta afirmação, pois
do conflito entre
Ciência e Religião
surgiu, em todas as épocas
e lugares, a incredulidade
e a intolerância. Se bem
que a humanidade
neste confronto, entre
idas e vindas,
tem preferido ficar com
a Ciência... O Espiritismo
veio ao mundo
para mediar
este conflito
e induzir o diálogo
produtivo entre
Ciência e Religião,
tanto é que,
sendo uma Religião, tem como postulado que o progresso
da Ciência pode modificar
suas diretrizes
e, assim, não
tem dificuldades em
admitir novidades
como neste caso.
É que o Espiritismo
compreende que a melhoria progressiva da qualidade
de vida que
a Ciência vem proporcionando aos homens não é senão uma cabal manifestação da misericórdia
divina. A Ciência
avança e proporciona maiores recursos
a todos nós
que estamos na Terra
para expiar nossas faltas e experimentar novos aprendizados,
“mas, todos,
sem exceção,
devemos esforçar-nos por abrandar
a expiação dos nossos
semelhantes, de acordo
com a lei
de amor e caridade”.
(O Evangelho
segundo o Espiritismo,
Cap. V, Item 27)
Como espírita
convicto, asseguro que não há qualquer
comunicação mediúnica idônea contendo veto
à pesquisa com
embriões congelados e nenhuma prova de que a estes existem espíritos
reencarnantes associados. Não há possibilidade de advento
de uma criatura humana
a partir de um
embrião que
não seja devidamente
acolhido pelo complexo
materno... Logo,
não tem sentido
fazer agitação
em busca
de notoriedade e dizendo que se
“defende” a vida, quando
a equação “espermatozóide
+ óvulo + útero”
não se formou. Por
outro lado,
mutatis mutandis, a doação de órgãos
de pacientes com
morte encefálica
é acolhida pelo Espiritismo
sem restrições,
já que
não há mais
possibilidade de preservação da vida intelectual
e moral do que
alcançou este estágio.
São duas formas
de doação de órgãos
para o tratamento
de doentes graves:
as células-tronco embrionárias, obtidas por
meios artificiais
antes da formação
de um ser humano, e os demais
órgãos, quando
da constatação da morte
encefálica. Apenas
isto!
Seja como for, convém
que o STF afaste dúvidas
e aprove as pesquisas. Assim se dará um
recado claro
aos que fazem do profissionalismo
religioso meio
de alcançar o conforto da
vida política.
Ficará claro que
o Brasil não se rende ao obscurantismo clerical que
tentam reeditar. A Ciência
continuará avançando em termos éticos para que
brevemente os necessitados se beneficiem de suas descobertas,
principalmente os mais
pobres, que,
caso as pesquisas
não fossem feitas
no Brasil, seriam excluídos de seus benefícios, pois,
diferentemente dos ricos,
não têm como
pagar tratamentos
no exterior e dependem da rede pública de
saúde para a satisfação de suas demandas.
______________________
[1] Antonio Baracat
é Professor
de Filosofia e História
formado pela UFMG, Especialista em Bioética
formado pela UFLA
e Mestre em Filosofia
em formação
pela UFMG. Membro da Fraternidade Espírita
“Casa do Caminho”
de Belo Horizonte.
Índice
Este é um dos mais importantes temas para a compreensão correta da
Doutrina Espírita, porque abrange a
estrutura
teórica
da "Ciência da Alma" ou da "Ciência do Infinito", que
é o Espiritismo. Como este espaço não nos
permite tratar do assunto com profundidade, esboçaremos algumas
noções básicas que estimulem o leitor à
pesquisa.
A Revelação Espírita tem por característica
essencial a verdade e possui natureza dúplice: é divina,
por um lado, porque a sua iniciativa é dos Espíritos
superiores; é científica, por outro,
porque a sua elaboração compete aos homens.
A Doutrina Espírita “
não foi ditada
completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem,
da observação dos fatos que os Espíritos põem sob os olhos e das instruções que
lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele
próprio as ilações e aplicações”.
[i]
“
O Espiritismo não é da
alçada da Ciência”
[ii],
porque
esta refere-se às ciências ordinárias
(Física, Química, Biologia, etc), que estudam os
fenômenos puramente materiais e tratam das
propriedades da matéria, que se pode examinar e manipular
livremente.
O Espiritismo, que tem base científica própria, “
é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos,
bem como de suas relações com o mundo corporal”,
[iii]
cujos fenômenos repousam na ação de inteligências dotadas de vontade própria e
livre-arbítrio, as quais, geralmente, não estão dispostas a se submeterem ao
papel de cobaias nem permanecem ao sabor das exigências e dos caprichos dos
investigadores humanos. Apesar de serem independentes, a Ciência e o
Espiritismo se completam reciprocamente.
Embora tenha surgido em meados do século XIX, após o que houve um
espantoso surto de progresso científico, a Doutrina Espírita não está
desatualizada. A razão disso é que os seus princípios encontram-se muito
próximos do nível fenomênico,
[iv]
havendo atravessado incólume as radicais mudanças de
paradigma[v]
ocorridas nas primeiras décadas do século XX.
Ademais, a revelação é gradual e apropriada ao estágio evolutivo da
humanidade. De Moisés ao Espiritismo, passando por Jesus, temos cerca de 4.000
(quatro mil) anos de saga evolutiva, e ainda não superamos totalmente os
instintos animais que nos prendem à retaguarda, dos quais, muitas vezes,
abusamos, por falta da necessária renovação moral, que exige profundas mudanças
por meio da educação, “
que é o conjunto
dos hábitos adquiridos”
[vi].
Não raro, vemos muitos dos modernos modelos de Física
e de outras ciências sofrerem radicais revisões, todavia, “
a obra de Kardec constitui um genuíno paradigma
científico e esse paradigma representa,
até hoje, a única diretriz segura ao
longo da qual se podem desenvolver pesquisas científicas acerca dos fenômenos
espíritas e do aspecto espiritual do ser humano em geral”.
[vii]
A
Metapsíquica e a
Parapsicologia malograram no seu
propósito de interpretar os fenômenos psíquicos, porque tentaram realizá-lo
fora do paradigma espírita, utilizando metodologia inadequada, pertinente às
ciências ordinárias, mais centradas em aparelhos e em cálculos numéricos e
estatísticas, quase sempre sujeitos a equívocos.
Sem prejuízo da utilização
combinada, pela Ciência Espírita, dos métodos indutivo e dedutivo, preconizados
pelas ciências positivas, a estabilidade dos fundamentos espíritas está
garantida, também, pelo ensino coletivo
concordante dos Espíritos, característica que confere grande autoridade e
força moral à Revelação Espírita, imprimindo-lhe marcantemente o caráter
divino.
Como adverte Ademir L. Xavier Jr., inspirado em André Luiz, “
experimentações
científicas detalhadas no campo
espírita só podem ser feitas com a expressa colaboração do Plano Espiritual
superior que, para isso, exige uma definitiva demonstração desses valores
divinos em nós.”
[viii]
Não dá para fazer Ciência
Espírita sem os Espíritos Superiores.
Ressalvem-se os legítimos
esforços dos pesquisadores espíritas sinceros, que, atentos ao avanço das
ciências, procuram decifrar determinadas indagações que ainda se apresentam
como desafiadores enigmas para os estudiosos em geral, contudo,
“
Pelo fato de o Espiritismo assimilar todas as
idéias progressistas, não se segue que se faça campeão cego de todas as
concepções novas, por mais sedutoras que sejam à primeira vista, com o risco de
receber, mais tarde, um desmentido da experiência e de se expor ao ridículo de
haver patrocinado uma obra inviável.”
[ix]
Por isso, devemos nos espelhar em Kardec, que sempre
se pautou com muita prudência, evitando adotar teses científicas prematuras.
O Espiritismo, não tenhamos dúvida, é chamado a desempenhar imenso papel
na Terra, por meio de seus adeptos conscientes: “
Na gênese dos males que afligem o homem e a Humanidade, permanece a
ignorância” e “
há muita angústia
aguardando a contribuição espírita, e muita loucura necessitada de socorro
espírita.”
[x]
As revelações sempre obedecem a um fim útil, nunca para satisfazer a vã
curiosidade. Sendo assim, é muito importante ter em mente o Conselho de Kardec:
não devemos pedir ao Espiritismo o que
ele não nos pode dar.
[xi]
Serve-nos de grande alerta o caso do “Processo dos Espíritas”,
[xii]
ocorrido logo após a desencarnação de Kardec, que, em virtude da invigilância
de um médium, levou um inocente à prisão, no rumoroso caso das “fotografias
espíritas”.
Eis um meio preventivo excelente para nos livrar das armadilhas da
caminhada, para não sermos vítimas da mistificação, para não sermos ludibriados
por nós mesmos nem pelos falsos profetas encarnados e da erraticidade:
[O fim do Espiritismo]
é o
melhoramento moral da Humanidade; se vos
não afastardes desse objetivo, jamais sereis enganados, porquanto não há duas maneiras de se
compreender a verdadeira moral, a que todo homem de bom-senso pode admitir. Os
Espíritos vos vêm instruir e guiar no caminho do bem e não no das honras e das
riquezas, nem vêm para atender às vossas paixões mesquinhas.[xiii] (Realcei).
Jesus é o nosso paradigma maior. Confiemos nele e sigamos o seu exemplo,
fazendo a nossa parte, e tudo o mais virá por acréscimo. Enfim, atendamos aos
sagrados deveres que ele nos designou para cada hora, perseverando até o fim,
quando então poderemos, jubilosos e de consciência tranqüila, colher os frutos
de nosso trabalho, em consonância com as leis da Criação Divina.
Referências:
[i] KARDEC,
Allan.
A Gênese. 34ª ed., Rio de
Janeiro: FEB, 1991. “Caráter da Revelação Espírita”.
Cap. I, item 13, p. 19-20.
[ii] _____.
O Livro dos Espíritos. 72ª ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1992.
“Introdução”,
item VII, p. 29.
[iii] _____.
O que é o Espiritismo. 37ª ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1995. “Preâmbulo”, p. 50.
[iv] As
teorias fenomenológicas são erigidas a partir da observação empírica direta dos
fatos, gozando, por isso, de alta estabilidade, o que já não ocorre com as
teorias não-fenomenológicas (construtivas), que compõem, por exemplo, a maioria
das teorias da física e da química, cujo alto grau de abstração reduz a
segurança na formulação dos seus princípios.
[v]
Sobre o paradigma e outros temas ligados ao Espiritismo e à Filosofia da
Ciência, indicamos para consulta os seguintes artigos, de autoria do prof.
Sílvio Seno Chibeni, todos publicados na Revista
Reformador (FEB):
O
paradigma espírita, junho de 1994, p. 176-80;
A Excelência Metodológica
do Espiritismo, novembro de 1988, p. 328-33,
e
dezembro de 1988, p. 373-78;
O Aspecto Tríplice do Espiritismo, agosto
de 2003, p. 37-40, setembro de 2003, p. 38-40 e outubro de 2003, p. 39-40; e
Revisão
da Terminologia Espírita? agosto de 1999, p. 30-32; bem como:
Ciência
Espírita, do mesmo autor, pub. na Revista Internacional do Espiritismo,
março de 1991, p. 45-52;
Polissemias no
Espiritismo, de Aécio Pereira Chagas, pub. na
Revista Internacional
do Espiritismo, setembro de 1996, p. 247-9; e
Ciência e Espiritismo: um
alerta de Allan Kardec e André Luiz, de
Alexandre Fontes da Fonseca,
pub. na
Revista Internacional do Espiritismo, outubro de 2003, p. 476.
[vi] KARDEC,
Allan.
O Livro dos Espíritos. 72ª ed.
Rio de Janeiro: FEB, 1992. “Da Lei do Trabalho”. Parte 3ª, cap. III, Questão
685-A. Nota do Codificador.
[vii]
CHIBENI, Sílvio Seno. “O Paradigma Espírita”. Revista
Reformador, junho
de 1994, p. 176-80 (FEB).
[viii] XAVIER JR, Ademir L. “Algumas considerações
oportunas sobre a relação Espiritismo-Ciência”,
Reformador, agosto de 1995, p. 26 (FEB).
[ix] KARDEC,
Allan.
Revista Espírita. Tradução de
Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, julho de 1868. “A
geração espontânea e a Gênese”, p. 286.
[x] FRANCO,
Divaldo P.
Reflexões Espíritas. 1ª
ed. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. Salvador: LEAL, 1991. “Hora da Divulgação
Espírita”. Cap. 28, p. 127-8.
[xi] KARDEC,
Allan.
O Livro dos Médiuns. 61ª ed.
Rio de Janeiro: FEB, 1995. Cap. XXVII. “Das Contradições e das Mistificações”,
item 303, 1ª resposta, p. 405.
[xii] Sobre
o “Processo dos Espíritas”, consulte a obra com o mesmo título, de Madame P.-G.
Leymarie.
Resumo, em Português, de Hermínio C. Miranda (FEB).
xiii]
KARDEC, Allan.
O Livro dos Médiuns.
61ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Cap. XXVII. “Das Contradições e das
Mistificações”,
item 303, 1ª
resposta, p. 405.
Estudando o "Livro dos Espíritos"
Christiano Torchi
(Os textos transcritos
[1] do "Livro dos Espíritos"
estão em itálico, com as questões em negrito e as notas de Kardec entre
aspas)
FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS
44 - Donde vieram para a Terra os seres vivos?
A Terra lhes continha os germens, que aguardavam momento
favorável para se desenvolverem. Os princípios
orgânicos se congregaram, desde que cessou a
atuação da força que os mantinha afastados, e
formaram os germens de todos os seres vivos. Estes germens permaneceram
em estado latente de inércia, como a crisálida e as
sementes das plantas, até o momento propício ao surto de
cada espécie. Os seres de cada uma destas se reuniram,
então, e se multiplicaram.
Como se sabe, os compostos minerais
se formam a partir da combinação dos elementos,
obedecendo, em primeiro lugar, às afinidades existentes entre
eles e decorrentes das estruturas de seus átomos; e, em segundo
lugar, às leis das combinações químicas,
entre as quais sobrelevam a da conservação das massas, de
ANTOINE LAURENT LAVOISIER (1743-1794): numa reação
química que ocorre em ambiente fechado, a massa total antes da
reação é igual à massa total após a
reação, a partir da qual foi cunhada a famosa frase:
“na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma”.
Temos também a
lei das proporções definidas, ou lei de
proporcionalidade, descoberta por JOSEPH LOUIS PROUST (1754-1826): uma
determinada substância pura, qualquer que seja a sua origem,
apresenta sempre a mesma composição em massa ou a
proporção das massas que reagem permanece constante. Ex:
O hidrogênio e o oxigênio têm grande afinidade
química e em condições apropriadas se combinam
para formar água. Ao se combinarem, as suas massas guardam entre
si uma relação invariável (de 1 para 8).
Os compostos
orgânicos apresentam a particularidade de terem todos como
elemento primordial o CARBONO, vindo depois, em importância, o
hidrogênio, o oxigênio e o nitrogênio (azoto) e em
seguida o enxofre, o fósforo, o ferro e outros metais e muitos
outros elementos.
Quanto à
formação dos seres vivos – explicam os
Espíritos –, ela segue as mesmas leis que regulam a
formação das substâncias minerais, isto é,
obediência às afinidades existentes entre seus elementos
constitutivos e às leis das combinações
químicas, acrescidas, porém, do PRINCÍPIO VITAL.
O princípio
vital, também denominado de fluido vital, fluido elétrico
ou fluido magnético, é o elemento que comunica aos
vegetais e aos animais a vida orgânica, possibilitando-lhes o
exercício de todas as funções vitais. Voltaremos a
este tema na questão 60 e seguintes de O Livro dos
Espíritos.
Não é
outro o ensinamento dos Espíritos, como se infere de “A
Gênese”, a quinta obra básica codificada por Kardec:
“6.
A composição e decomposição dos corpos se
dão em virtude do grau de afinidade que os princípios
elementares guardam entre si.” (cap.X, p. 192, FEB). [...]
“8. Tal, em poucas palavras, a
lei que preside à formação de todos os corpos da
Natureza. A inumerável variedade deles resulta de um
número pequeno de princípios elementares combinados em
proporções diferentes.” (cap. X, p. 192, FEB). [...]
“12. A lei que preside à
formação dos minerais conduz naturalmente à
formação dos corpos orgânicos. A análise
química mostra que todas as substâncias vegetais e animais
são compostas dos mesmos elementos que os corpos
inorgânicos. (...) Assim, na formação dos animais e
das plantas, nenhum corpo especial entra que igualmente não se
encontre no reino mineral.” (cap. X, p. 195, FEB). […].
“14. As diferentes
combinações dos elementos, para formação
das substâncias minerais, vegetais e animais, não podem,
pois, operar-se, a não ser nos meios e em circunstâncias
propícias; fora dessas circunstâncias, os
princípios elementares estão numa espécie de
inércia. Mas, desde que as circunstâncias se tornam
favoráveis, começa um trabalho de
elaboração; as moléculas entram em movimento,
agitam-se, atraem-se, aproximando-se e se separam em virtude da lei de
afinidades e, por suas múltiplas combinações,
compõem a infinita variedade das substâncias.
Desapareçam essas condições e o trabalho
subitamente cessa, para recomeçar quando elas de novo se
apresentarem. É assim que a vegetação se ativa,
enfraquece, pára e prossegue, sob a ação do calor,
da luz, da umidade, do frio ou da seca; que esta planta prospera, num
clima ou num terreno, e se estiola ou perece noutros.
15. — O que diariamente se
passa às nossas vistas pode colocar-nos na pista do que se
passou na origem dos tempos, porquanto as leis da Natureza não
variam. Visto que são os mesmos os elementos constitutivos dos
seres orgânicos e inorgânicos; que os sabemos a formar
incessantemente, em dadas circunstâncias, as pedras, as plantas e
os frutos, podemos concluir daí que os corpos dos primeiros
seres vivos se formaram, como as primeiras pedras, pela reunião
das moléculas elementares, em virtude da lei de afinidade,
à medida que as condições da vitalidade do globo
foram propícias a esta ou àquela espécie.” (cap. X, itens 14-15, p. 196-197, FEB). Destaquei.
Os seres vivos nunca
se mostram desde o início de sua existência como os
conhecemos nos indivíduos adultos. Vegetal ou animal, os seres
vivos procedem sempre de um gérmen.
Os germens são
sistemas orgânicos minúsculos, em que potencialidades
funcionais se encontram em estado latente (oculto), à espera de
condições propícias de calor, umidade, meio
nutritivo apropriado, para eclodirem, determinando o crescimento, o
desenvolvimento e a multiplicação celular, de modo que
surja do gérmen o embrião, e do embrião o ser
completo (tomemos a semente, do reino vegetal, como analogia).
Como não
poderia ser diferente, a vida, aí incluída a
espécie humana, apareceu na Terra também a partir dos
germens.
Nas questões seguintes, continuaremos a desenvolver este tema.
________________________
Notas
do GEAE
[1] - Os trechos do "Livro dos Espíritos" foram
transcritos da edição da
Federação Espírita Brasileira. Essa edição está disponível para
download no endereço
www.febnet.org.br/file/135.pdf
Índice
Encontro Estadual de Mediunidade e Atividade na Casa Espírita
Julia Nezu
Data: 13 de abril de 2008 (domingo) - das 8h30 às 12h50
Local: Sede da USE-SP - Rua Dr. Gabriel Piza, 433 - Santana - São Paulo/SP (2 quarteirões do metrô Santana)
Realização: Depto. de Orientação
Doutrinária da União das Sociedades Espíritas do
Estado de São Paulo
Tema Central: A atividade na Casa Espírita
08:00 - 08:30 - Recepção
08:30 - 08:45 - Prece inicial.
08:45 - 09:15 - O Centro Espírita e suas atividades básicas
09:15 - 09:30 - Discussão
09:30 - 10:15 - A recepção na casa espírita
10:15 - 10:30 - Discussão
10:30 - 10:45 - intervalo para café
10:45 - 11:30 - Atendimento fraterno na casa espírita
11:30 - 11:45 - Discussão
11:45 - 12:30 - Práticas mediúnicas - Discussão e questionário
12:30 - 12:45 - Avaliação do questionário
12:45 - 12:50 - Vibração e Prece de encerramento
Bibliografia básica: Livro "Orientação ao Centro Espírita", do CFN da FEB
Equipe: Aylton Paiva, Julia Nezu, Neyde Schneider e Paulo Ribeiro
Inscrições: via e-mail ou telefone. Taxa colaborativa R$5,00 (pagar na entrada).
Rua Dr. Gabriel Piza, 433 - Santana - São Paulo-SP
Fone: 11 - 6950.6554 com Edméia - e-mail:
use@use-sp.com.br -
www.use-sp.com.br
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Palestra: Métodos Contraceptivos à Luz da Doutrina Espírita
CENTRO DE CULTURA, DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA DO ESPIRITISMO - EDUARDO CARVALHO MONTEIRO
www.ccdpe.org.br
PROMOVE:
Palestra em 05 de Abril 2008
TEMA:
"Métodos Contraceptivos à Luz da Doutrina Espírita - Laqueadura e Vasectomia - uma reflexão"
POR:
Valmir Gomes Mirante
Medico -
cirurgião plástico, membro do corpo docente da FEESP;
aulas no segundo básico e terceiro ano do Curso de Expositor.
Médico do ambulatorio da sopa fraterna Frei Fabiano De Cristo.
Palestrante em Centros Espíritas no Reino Unido e na
Itália.
DATA:
05 abril - sábado
das 15h00 às 17h00
LOCAL:
Alameda dos Guaiases, 16 - Planalto Paulista - São Paulo/SP
(travessa da Av. Indianópolis, altura do nº. 1.435)
INFORMAÇÕES:
Márcia Valente – Dir. de Eventos Sociais
Tel: 11- 5072-2211 ou 11-3661-3028
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Casas Espíritas de Matão homenageiam Cairbar Schutel
Orson Peter Carrara
Para comemorar os 140 anos de
nascimento de Cairbar de Souza Schutel, o Bandeirante do Espiritismo,
os espíritas de Matão promovem no dia 21 de setembro de
2008, domingo, em programação a ser divulgada
oportunamente, o ENCONTRO DE ESTUDOS ESPÍRITAS CAIRBAR SCHUTEL,
em evento que se pretende realizar anualmente, unindo os
espíritas de Matão na gratidão ao trabalho
pioneiro de Schutel.
Cairbar nasceu no dia 22 de setembro de 1868 e realizou uma obra
notável em Matão, que se propagou para todo o planeta,
tendo sido cognominado o Espírita nº 1 do Brasil, tendo
sido, inclusive, o primeiro Prefeito da cidade.
Oportunamente serão divulgadas a programação, o
local do evento e demais informações do evento.
A iniciativa, anseio dos espíritas matonenses, visa destacar a
incomparável personalidade numa manifestação de
gratidão ao grande seareiro espírita.
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Site de Evangelização Infanto-Juvenil
Evangelizadores do Grupo Espírita Seara do Mestre - Santo Ângelo - RS
O site de evangelização infanto-juvenil
www.searadomestre.com.br/evangelizacao está com novidades:
Apostilas, com sugestões de aulas para a
Evangelização Espírita Infantil volume II, para
download, separadas por ciclo:
* Maternal e Jardim
* Primeiro Ciclo
* Segundo e Terceiro Ciclos
Encontre também:
* Apostilas com Temas Extracurriculares e Técnicas;
* Novas aulas para a Infância (de acordo com o currículo da FEB );
* Apostilas para capacitação de evangelizadores;
* Dinâmicas para Grupos de Jovens;
* Histórias Inéditas para Evangelização Espírita Infantil (separadas por tema);
* Dicas para Evangelizadores;
* Mensagem aos Evangelizadores (em áudio);
* Material de estudo para Grupos de DAFA (Departamento de Assuntos da Família);
* Informações para realizar o Evangelho no Lar.
Sugerimos, também, uma visita ao site do Grupo Espírita Seara do Mestre:
www.searadomestre.com.br
. Lá você encontra farto material para leitura e
estudo, e poderá conhecer e assinar o periódico
Seara Espírita.
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O
Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do
Grupo
de Estudos Avançados Espíritas