Dando
seqüência ao estudo de “O Livro dos
Espíritos” iniciaremos novo tópico denominado
Espaço universal, ainda dentro do capítulo II (Elementos
Gerais do Universo).
Antes
de ler a pergunta 35 e a correspondente resposta, convém dar uma olhadinha nos
comentários que fizemos sobre a questão
n. 2. Nela,
os Espíritos Superiores afirmaram que o infinito é “o que
não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito”. Este
tema novamente é trazido à baila na questão
n. 35, agora sob um enfoque específico: o espaço universal.
Alguém
disse, alhures, que “o INFINITO é uma coisa tão grande quanto se
queira”.
Consta
que o eminente pesquisador espírita francês, engenheiro
GABRIEL DELANNE
(1857-1926) nasceu em lar espírita e, segundo seus
biógrafos, teria sido, juntamente com LEON DENIS (1846-1927), o
discípulo
mais próximo de ALAN KARDEC (1804-1869).
No
livro de sua autoria, denominado “O
Fenômeno Espírita: testemunho dos sábios”, cap. 3, p. 101, DELANNE
identificou o infinito
como sendo “uma abstração puramente ideal, acima e
abaixo do que é concebido pelos sentidos” (apud “O
Espiritismo de A a Z”, ed. FEB, p. 256).
35 - O Espaço universal é infinito ou limitado?
Infinito.
Supõe-no limitado: que haverá para lá de seus
limites? Isto te confunde a razão, bem o sei; no entanto, a
razão te diz que não pode ser de outro modo. O mesmo
se dá com o infinito em todas as coisas. Não é na pequenina esfera em que vos achais que podereis
compreendê-lo.
"Supondo-se
um limite ao Espaço, por mais distante que a imaginação o coloque, a razão diz
que além desse limite alguma coisa há e assim, gradativamente, até ao infinito,
porquanto, embora essa alguma coisa fosse o vazio absoluto, ainda seria Espaço." (Allan Kardec)
36 - O vácuo absoluto existe em alguma parte no Espaço universal?
“Não,
não há o vácuo. O que te parece vazio está
ocupado por matéria que te escapa aos sentidos
e aos instrumentos.”
A
resposta negativa nos remete à revelação, pelos Espíritos Superiores, do FCU
(Fluido Cósmico Universal), imperceptível aos nossos grosseiros sentidos e aos
mais potentes instrumentos inventados pelo homem.
O FCU
também recebe o nome de éter,
na quinta obra básica “A Gênese”, como se vê no item 10 do cap. VI (As Leis e as Forças):
“10.
— Há um fluido etéreo que enche o
espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora
do mundo e dos seres. São-lhe inerentes as FORÇAS que presidiram às METAMORFOSES
DA MATÉRIA, as leis IMUTÁVEIS e necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas
forças, indefinidamente variadas segundo
as combinações da matéria, localizadas segundo as MASSAS, diversificadas em
seus MODOS DE AÇÃO, segundo as CIRCUNSTÂNCIAS e os MEIOS, são conhecidas na
Terra sob os nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo,
eletricidade ativa. Os movimentos vibratórios do agente são conhecidos
sob os nomes de som,
calor, luz, etc. (...)
Ora,
assim como só há uma substância simples, primitiva, geradora de todos os corpos,
mas diversificada em suas combinações,
também TODAS ESSAS FORÇAS DEPENDEM DE UMA LEI UNIVERSAL DIVERSIFICADA EM SEUS
EFEITOS e que, pelos desígnios eternos, foi soberanamente imposta à criação,
para lhe imprimir HARMONIA e ESTABILIDADE.” (Destaques
meus).
Deflui-se,
do quanto exposto, que o FCU, encontrado em todo o Cosmos, preside a “grande lei da unidade” do Universo.
Não
existe barreira para essa força, pois tal fluido interpenetra todos os corpos,
sólidos ou não, preenchendo, inclusive, o espaço conhecido como vácuo, fora da atmosfera do nosso
Planeta.
Finalizando
estes modestos apontamentos, permito-me fazer fugaz reflexão sobre o ASPECTO
TRÍPLICE DA DOUTRINA ESPÍRITA. Não há dúvida de que o conhecimento humano, na
atualidade, luta para se desvencilhar das escolas
materialistas, seguindo o inevitável caminho do progresso, que impulsiona
os pesquisadores para as mais altas conquistas.
Como
assevera Emmanuel, os enigmas profundos
que cercam as ciências terrenas são os mais nobres apelos à realidade
espiritual e ao exame das fontes divinas da existência (O Consolador, q. n. 2).
Nos
últimos tempos, há muitas instituições e pessoas bem intencionadas, propugnando
pela união entre a religião e a ciência.
O próprio Kardec iniciou a construção de uma ponte entre estes dois segmentos,
como se vê no cap. I, de “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, sob o título “Aliança da ciência e da religião”, cuja
leitura atenciosa recomendamos, com ênfase.
Graças
a essa dicotomia entre a fé e razão, temos hoje os “doutores mortes” da vida, que defendem o
extermínio de bebês deficientes e de
idosos enfermos, conforme noticiado na Revista Eletrônica Veja on-line, de 24 de julho de 2002.
O
Espiritismo, cuidando principalmente da natureza, da origem e do destino dos
Epíritos, bem como de suas relações com o mundo corpóreo, não se detém
simplesmente na análise empírica das coisas.
O
estudo de assunto tão grave e tão complexo não dispensa a abordagem científica,
filosófica e religiosa – aspectos muitas
vezes entrelaçados –, o que empresta à Doutrina Espírita uma visão
profunda, imparcial e ampla do seu objeto de investigação, projetando-a como um
sublime campo de conhecimentos, como
sói ocorrer com outros setores da atividade intelectual, que têm por escopo o
aperfeiçoamento da humanidade.
Se
analisarmos a Doutrina Espírita com desprezo dessa tríplice visão, fatalmente
amesquinharemos a sua grandeza, o que muito contribuirá para que seja mal
estudada, mal compreendida e mal vivenciada.
Apesar
dessa enorme abrangência, a Doutrina Espírita tem
condições de ser assimilada
por qualquer pessoa, mesmo que não seja dotada de muita
instrução. Para nossa
reflexão, invocamos a memorável frase publicada no
“Jornal Lavoura e Comércio”, de 2 de julho de 2002,
p. B-3,
mencionada na Revista “Reformador”, da FEB, de julho de
2002 (edição especial),
atribuída ao médium Francisco Cândido Xavier, a
personificação da humildade, da
bondade e da sabedoria:
“Não sou homem de ciência... Respeito
profundamente os homens de ciência, mas sou um homem de fé. Nada sei do átomo e
do Cosmo... Sei que precisamos de Deus no coração, pois, caso contrário, vamos
incendiar a Terra...”
Tudo
vai depender da habilidade pedagógica dos divulgadores encarnados, que são os
grandes responsáveis pela multiplicação adequada e eficiente da mensagem
espírita, em concurso com os Espíritos superiores, que sempre se comunicam de
maneira clara e objetiva, por mais complexo seja o tema.
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Quando estas questões foram
discutidas no grupo de estudos pela Internet, o Alexandre Fontes da
Fonseca, que é Fisico, nos enviou os seguintes
comentários:
"
Oi Christiano,
Um comentário à
questão 36. A
ciência já reconhece (e a um bom tempo já) que o
Universo não contém
simplesmente "vazio". Além da existência de
radiação
(luz e ondas eletromagnéticas de diversas frequências),
temos o que os cientistas chamam de raios cósmicos
que abrange também, dentre outras coisas que eu mesmo não
sei, diversos tipos
de partículas a viajarem a altíssimas velocidades como
por exemplo o neutrino. Bilhões de neutrinos atravessam o
planeta Terra (incluindo nosso corpo) sem fazer nenhum tipo de
"cócegas", como se fossemos totalmente "transparentes" a esse
tipo de partícula. E, sendo um tipo de partícula
elementar, é matéria.
Assim, a resposta dos Espíritos à questão 36
adianta
quase um século os resultados de pesquisas como a descoberta do
neutrino.
Isso sem contar com a recente (de poucas décadas para cá) descoberta de que o
nosso Universo é formado por um tipo de matéria "diferente" batizada
de matéria escura e
mais recente ainda (menos de uma década para cá), a descoberta de um tipo de
"energia"
(ainda não se sabe direito o que é) que está promovendo uma aceleração na
expansão do Universo, energia essa batizada de "energia
escura" ou "quintessência".
Para quem se interessar, eu já escrevi duas matérias espíritas sobre essas duas
"coisas" novas presentes no universo, discutindo suas possiveis
relações com o FU ou com os fluidos espirituais.
Os links para elas são:
Um abraço,
Alexandre"
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