Ano 15 Número 529 2007



15 de Setembro de 2007
 

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

Acerca da Pureza Doutrinária


       


 ° ARTIGOS

O que seria Pureza Doutrinária segundo o Espiritismo?

 


 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita


          Referências Bibliográficas
   

 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Estudando o Livro dos Espíritos
   

 ° PAINEL

Aniversário do Centro Espírita Verdade e Luz de Rio Claro

V Congresso de Espiritismo do Circuito das Águas   


 ° EDITORIAL

Acerca da Pureza Doutrinária

Amigos,

Nas últimas edições falamos de ética espírita e também da visão espírita sobre a morte. Foram comentários sobre os conceitos espíritas contidos nas obras básicas de Allan Kardec e nas obras complementares que se seguiram ao trabalho da Codificação. Também já chegamos a analisar em edições passadas, comparando-as com os ensinamentos da Doutrina Espírita, outras correntes filosóficas.

Qual é o instrumento para essas análises? Qual a forma pela qual os estudos se desenvolvem dentro do Espiritismo? Como o Espiritismo se desenvolve e ao mesmo tempo se mantém fiel às sólidas bases estabelecidas por Kardec? Esses são os temas do artigo do Alexandre, que analisa o que seria a pureza doutrinária no contexto da Doutrina Espírita.

Cerrar as portas a qualquer desenvolvimento que não esteja contido nos escritos de Kardec seria um erro tão grande quanto, a pretexto de estarmos abertos ao progresso, agregar a Doutrina práticas e teorias sem maiores exames. Por um lado engessaríamos o Espiritismo ao estado do conhecimento humano no século XIX e, pelo outro, correríamos o risco de modificá-lo de tal forma que perderia sua consistência e identidade.

A busca do meio termo, do progresso seguro e fiel as suas raízes, é a preocupação do Alexandre no artigo que encabeça esta edição. 

Que a Paz de Deus esteja com todos,
Os Editores

Índice

 ° ARTIGOS

O que seria Pureza Doutrinária segundo o Espiritismo?

Alexandre Fontes da Fonseca
 


Estudamos a questão sobre a Pureza Doutrinária segundo a própria Doutrina Espírita. Mostramos que a Pureza Doutrinária interpretada, como disse Jesus, em Espírito e Verdade, nada mais seria do que vivenciar o Espiritismo em toda e qualquer circunstância. Apresentamos alguns exemplos de atitudes do próprio Kardec perante algumas novidades de seu tempo, para ilustrar a pureza doutrinária segundo o ponto de vista do codificador. Algumas mensagens recebidas recentemente da Espiritualidade Superior são citadas em apoio às nossas conclusões.


   
1. INTRODUÇÃO: A NECESSIDADE DE CLAREZA DE LINGUAGEM

Um dos maiores cientistas que a humanidade conheceu, Werner Heisenberg (1901-1976), descobridor do princípio de incerteza e um dos criadores de uma formulação matricial da Mecânica Quântica, é dono da seguinte afirmativa1,2: “(a respeito das filosofias de Democritus e Platão) (...) Pelo contrário, a vantagem principal que nós podemos deduzir a partir do progresso da ciência moderna é aprender o quão cautelosos nós temos que ser com a linguagem e com o significado das palavras.” E, falando a respeito das discussões entre Sócrates e seus opositores, Heisenberg diz que2,3: “... Sócrates tinha consciência de quantos equívocos podiam ser engendrados pela falta de cuidado no uso da linguagem; o quão importante é usarem-se termos precisos e elucidarem-se conceitos antes de empregá-los.

A questão sobre a clareza da linguagem também foi analisada por Kardec. O item I da Introdução de "O Livro dos Espíritos"4, a respeito dos vocábulos espírita e espiritismo, apresenta: “Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras.” (Grifos nossos). Os Espíritos superiores também se preocuparam com isso e, em resposta à questão número 28 de "O Livro dos Espíritos"4, disseram que “As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos.” (Grifos nossos). A parte destacada é válida não só para as questões espíritas, mas para todo o tipo de conteúdo doutrinário, filosófico, científico e religioso.

 
Nesse sentido, em busca da clareza da linguagem, vamos iniciar a presente análise pelo significado das palavras que compõem a expressão “Pureza Doutrinária” (PD para simplificar, daqui em diante).
 
O termo pureza expressa, simplesmente, a idéia de “algo” que não apresenta mistura com outras “coisas”. Essa definição, porém, carece de sentido se não definirmos também o significado desse “algo” e das “coisas” que são diferentes do “algo”. Por exemplo, a água destilada pode ser considerada pura no sentido de que ela consiste apenas de um tipo de substância, sem a mistura ou presença de outras substâncias. Mas a água potável também pode ser chamada de pura desde que definamos o grau de pureza da água em termos da qualidade para o consumo. A água potável não é pura se considerarmos o grau de pureza em termos das substâncias contidas nela, assim como a água destilada não seria pura no sentido da qualidade para o consumo. Portanto, o sentido da palavra pureza não pode ser levado em conta de forma dissociada do conceito próprio da “coisa” que se analisa.
 
O conceito de pureza também precisa estar presente num contexto de aplicação. Por exemplo, ao questionarmos se a água que eu estou tomando é pura ou não, estamos introduzindo uma aplicação prática e, portanto, atribuindo um valor ou objetivo para o conceito de pureza. Isso significa que a análise quanto à “pureza” de alguma “coisa” não tem valor pela “coisa” em si (que é pura por natureza), mas sim quando nós a empregamos em nossas vidas. Precisamos ter consciência se aquilo que estamos utilizando é de fato o que se pensa que é.
 
O termo "doutrinária" é um adjetivo que faz referência a “algo" que se relaciona com uma doutrina. A um conjunto de princípios ou práticas ligados a uma determinada doutrina.
 
Adotaremos essas definições em nossa análise por serem bastante acessíveis ao entendimento das pessoas em geral. A expressão pureza doutrinária, portanto, significa a característica de tudo que uma pessoa ou grupo de pessoas usa ou realiza de acordo com uma determinada doutrina. Como conseqüência direta, o significado de pureza doutrinária não pode ser obtido SEM CONHECER o que diz a doutrina em questão.  


2. O QUE ENSINA A DOUTRINA ESPÍRITA?

Se PD depende do que diz a Doutrina Espírita, deduzimos de forma direta que PD nada mais é do que a vivência ou a prática dos ensinamentos contidos na Doutrina Espírita. Mas, então, o que ensina a Doutrina Espírita? Que exemplos, práticas e vivências o Espiritismo ensina? Busquemos NO ESPIRITISMO a resposta. Segundo a questão número 625 de O Livro dos Espíritos4:
   
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
Resposta - “Jesus.”

Kardec: Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhes falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens.
 
Concluímos daqui que o Espiritismo ensina que nossas práticas e vivências devem estar de acordo com os ensinamentos de Jesus.
   
O primeiro e mais importante ensinamento de Jesus está contido no Evangelho de Mateus, capítulo XXII, dentre os versículos 34 e 40: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. – Esse é o maior e primeiro mandamento. – E o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás a teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a Lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” Vemos aqui que o Espiritismo ensina a agir em conformidade com a Lei de Amor, mandamento mais importante deixado e exemplificado por Jesus.

Entretanto, de modo a percebermos que amar não significa “aceitar” tudo o que nos chega, vejamos uma outra recomendação de Jesus, (MATEUS 5:37) : “Mas seja o vosso falar: sim, sim; não não”. Para comentar esta passagem chamamos o espírito Emmanuel, em psicografia de Francisco C. Xavier (Cap. 80 da ref. 5): “O ‘sim’ pode ser muito agradável em todas as situações, todavia, o ‘não’, em determinados setores da luta humana, é mais construtivo. Satisfazer a todas as requisições do caminho é perder tempo e, por vezes, a própria vida. Tanto quanto o ‘sim’ deve ser pronunciado sem incenso bajulatório, o ‘não’ deve ser dito sem aspereza. Muita vez, é preciso contrariar para que o auxílio legítimo se não perca; urge reconhecer, porém, que a negativa salutar jamais perturba. O que dilacera é o tom contundente no qual é vazada.”(Grifos nossos). A partir dessa recomendação de Jesus e do comentário de Emmanuel fica claro para nós que o Espiritismo não ensina a concordar sempre com tudo e com todos e que, em nome do Amor e da Fraternidade, podemos sim discordar. Aliás, Bezerra de Menezes recentemente disse6: “A vós, sob inspiração dos Guias Espirituais do Movimento Espírita na Terra, está destinada a tarefa infatigável de porfiar no bem, de exercitar a compaixão e a caridade, mas não conivir, em nome da tolerância, com o erro nem com o crime.”(Grifos nossos). Porém, isso tem que ser feito em tom de respeito, de forma salutar e não em “tom contundente” de quem se crê detentor de toda a Verdade. Isso significa que sempre deve haver diálogo e respeito entre aquele que discorda e aquele que propõe algo diferente.        
 

3. A NECESSIDADE DO ESPIRITISMO
   
Uma questão importantíssima é saber quais os benefícios do Espiritismo para a humanidade. Que tipo de problemas o Espiritismo pode evitar e que tipo de contribuição o Espiritismo pode oferecer ao progresso da humanidade? Responderemos a essas questões utilizando um outro ensinamento de Jesus (JOÃO 8:32): “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. É importante, também, rever alguns trechos do item II da Introdução do "Evangelho Segundo o Espiritismo"7, sobre a “Autoridade da Doutrina Espírita”:

 
(9o. Parágrafo) Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. (Grifos em itálico originais).
 
(2a. frase, 13o. Parágrafo) (Sobre receber comunicações de muitos centros espíritas sérios) Essa observação é que nos tem guiado até hoje e é a que nos guiará em novos campos que o Espiritismo terá de explorar.
 
(14o. Parágrafo) Essa verificação universal constitui uma garantia para a unidade futura do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. Aí é que, no porvir, se encontrará o critério da verdade. (Grifos nossos).  
 
(16o. Parágrafo) O princípio da concordância é também uma garantia contra as alterações que poderiam sujeitar o Espiritismo às seitas que se propusessem apoderar-se dele em proveito próprio e acomodá-lo a vontade.    
 
(19o. Parágrafo) Daí a necessidade da maior prudência em dar-lhes publicidade; e, caso se julgue conveniente publicá-las, importa não as apresentar senão como opiniões individuais, mais ou menos prováveis, porém, carecendo sempre de confirmação. Essa confirmação é que se precisa aguardar, antes de apresentar um princípio como verdade absoluta, a menos que se queira ser acusado de leviandade ou de credulidade irrefletida. (Grifos nossos)

Primeiro Jesus diz que devemos buscar a Verdade porque ela nos libertará, e em seguida vemos que Kardec demonstra que o princípio da concordância universal entre os espíritos é uma garantia para nos encaminharmos à Verdade. Aqui reside uma das coisas mais importantes do Espiritismo: sua divulgação! Notemos que a atitude de prudência, em divulgar idéias que não tenham sido obtidas a partir do critério da concordância universal dos espíritos, é defendida pelo codificador com o apoio dos Espíritos Superiores. Notemos também que Kardec afirma que devemos nos precaver de sermos “acusados de leviandade ou de credulidade irrefletida”. Ninguém diz que Kardec está sendo indelicado, antifraterno ou faltando com a tolerância quando usa essas palavras. É preciso ficar claro que a prudência não é falta de fraternidade ou tolerância, mas sim respeito àquele que busca a casa espírita para conhecer o Espiritismo.

Para não esquecermos nenhum detalhe, vejamos o que está contido no ítem 9 do Cap. XV do "Evangelho Segundo o Espiritismo"7:

 
Fora da verdade não há salvação equivaleria ao Fora da Igreja não há salvação e seria igualmente exclusivo, porquanto nenhuma seita existe que não pretenda ter o privilégio da verdade. (...) (o Espiritismo) não diz: Fora do Espiritismo não há salvação; e, como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: Fora da verdade não há salvação, pois que esta máxima separaria em lugar de unir e perpetuaria os antagonismos. (Os grifos em negrito são nossos).

O Espiritismo não defende a idéia de que o Espiritismo possui o monopólio da Verdade. O nosso dizer deve ser “sim sim, não não” como Jesus ensinou, mas não podemos defender a idéia de que não existem outros caminhos para se chegar à verdade. O Espiritismo diz respeito apenas ao Movimento Espírita. O Espiritismo não pode afirmar nada sobre as outras filosofias, exceto o fato delas serem outras. O Espiritismo NÃO condena o estudo particular de qualquer outra doutrina, mas orienta que estudos são mais apropriados a determinados fins dentro da Casa ou Centro Espírita. Em nome do Espiritismo não se pode expulsar ou criticar o irmão estudioso e interessado nos conceitos de outras doutrinas. Porém, o Espiritismo ensina como discernir a respeito da utilização de idéias e conceitos de outras doutrinas ou filosofias nas atividades espíritas para, assim, não correr o risco dessas idéias desviarem os participantes dos principais objetivos do Espiritismo. Em apoio a isso, vamos transcrever o que os Espíritos ensinaram na questão 628 de O Livro dos Espíritos4:

628. Por que a verdade não foi sempre posta ao alcance de toda gente?
 
Resposta - “Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado. Jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão completas e instrutivas como as que hoje lhe são dadas. Havia, como sabeis, na Antigüidade alguns indivíduos possuidores do que eles próprios consideravam uma ciência sagrada e da qual faziam mistério para os que, aos seus olhos, eram tidos por profanos. Pelo que conheceis das leis que regem estes fenômenos, deveis compreender que esses indivíduos apenas recebiam algumas verdades esparsas, dentro de um conjunto equívoco e, na maioria dos casos, emblemático. Entretanto, para o estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia, nenhuma tradição, nenhuma religião, que seja desprezível, pois em tudo há germens de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até agora se vos afiguraram sem razão alguma e cuja realidade está hoje irrecusavelmente demonstrada. Não desprezeis, portanto, os objetos de estudo que esses materiais oferecem. Ricos eles são de tais objetos e podem contribuir grandemente para vossa instrução.”(Grifos nossos)
 
Notem que os bons Espíritos, ao mesmo tempo que afirmam que as diferentes doutrinas espiritualistas possuem “acessórios sem fundamento”, que as fazerm parecer “contraditórias entre si”, dizem que o estudo delas não deve ser desprezado, pois elas também contém “verdades esparsas. Mas, isso não significa que devemos importar práticas de outras doutrinas já que, como os bons Espíritos também disseram na mesma questão acima, que “a ciência sagrada (...) dentro de um conjunto equívoco e, (...), emblemático ...”, e que esses sistemas das filosofias antigas “(...) facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá (...)”. Se o Espiritismo, como eles disseram, contém comunicações mais “completas e instrutivas”, qual a vantagem de utilizarmos conceitos e práticas oriundas de outras doutrinas espiritualistas que se acham dispersos e “em meio de acessórios sem fundamento”? Por acaso um médico opera um paciente utilizando os procedimentos do Séc XV só porque algumas verdades eram conhecidas na época?

 
4. O QUE SERIA PUREZA DOUTRINÁRIA SEGUNDO O ESPIRITISMO?
 
Podemos agora responder à questão apresentada no título deste artigo. Pureza Doutrinária, dentro do Movimento Espírita, nada mais é do que agir de acordo como ensina o Espiritismo.
 
Não faz sentido verificar se a Doutrina Espírita é pura, pois isso é redundante. Não há necessidade de defender algo que já é bem constituído. PD não tem, portanto, efeito sobre a Doutrina Espírita em si. PD se aplica ao Movimento Espírita porque este representa a atitude das pessoas que o constituem e que precisam ter consciência se aquilo que estudam, praticam e vivenciam reflete os ensinamentos da Doutrina Espírita. Mas, como vimos nas sessões anteriores, o Espiritismo não condena estudos e práticas só por serem diferentes, mas pede discernimento e estudo para que tenhamos consciência do que estamos fazendo. Diante de novidades, é importante primeiro investigá-las de modo cuidadoso e profundo para não corrermos o risco de assimilarmos algo que não corresponda à verdade.
 
Apesar disso parecer simples, a falta da clareza da linguagem (vide Introdução) levou a entendimentos equivocados a respeito da PD. Em decorrência disso, críticas se levantam à PD e, diante do exposto até aqui,  a PD é justamente a solução dos questionamentos dos que a defendem e a combatem.
 
A explicação para os equívocos realizados em nome da PD pode ser deduzida do que o Espiritismo ensina. No ítem 5 do Cap. VI do "Evangelho Segundo o Espiritismo"7, o Espírito de Verdade assim se expressa com relação ao Cristianismo:  No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram.” Da mesma forma, são de origem humana os erros que se têm cometido em nome da PD. O erro não está em defender PD, pois PD significa agir em conformidade com os ensinamentos espíritas que, por sua vez, são a expressão mais pura do Evangelho. Os companheiros que defendem a PD podem agir em desacordo com o seu real significado e os companheiros que consideram a PD um excesso de zelo prejudicial ao desenvolvimento do Movimento Espírita, assim o pensam em razão de equívocos e, talvez, abusos realizados em nome da PD. Como o Espiritismo nos ensina que não devemos julgar, em nome da PD também não se pode julgar. A Bondade Divina nos situou nas posições em que melhor podemos progredir e o erro, muitas vezes, faz parte do processo, não nos cabendo o julgamento do próximo. O que nos cabe é a defesa do que nós entendemos ser o correto, de acordo com o Espiritismo, e por isso devemos defender uma PD com amor, com vivência real do Evangelho à luz do Espiritismo.


5. EXEMPLOS DE KARDEC
 
Nessa seção apresentaremos dois exemplos significativos de Kardec sobre sua postura doutrinária, como espírita, perante algumas novidades. Esses exemplos servem como referência de PD segundo o Kardec.

Primeiro, vamos citar a reação de Kardec ao ler as obras de Roustaing, "Os Quatro Evangelhos". Kardec, em matéria na "Revista Espírita" de junho de 18668, assim se expressa quanto à sua apreciação geral: “É um trabalho considerado, e que tem, para os Espíritas, o mérito de não estar, sobre nenhum ponto, em contradição com a doutrina ensinada por O Livro dos Espíritos e o dos médiuns.” Esse comentário é importante, pois mostra a imparcialidade de Kardec frente às novidades ao mesmo tempo que revela o exemplo de leitura crítica sem desrespeito.

 
Adiante, ele demonstra sua prudência dizendo que: “Conseqüente com o nosso princípio, que consiste em regular a nossa caminhada sobre o desenvolvimento da opinião, não daremos, até nova ordem, às suas teorias, nem aprovação, nem desaprovação, deixando ao tempo o cuidado de sancioná-las ou de contradizê-las. Convém, pois, considerar essas explicações como opiniões pessoais aos Espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas, e que, em todos os casos, têm necessidade da sanção do controle universal, e até mais ampla confirmação não poderiam ser consideradas como partes integrantes da Doutrina Espírita.” Esse comentário é um exemplo de aplicação da PD perante o novo assunto: ao invés de lançar anátema, Kardec se abstém de aprovar ou não, aguardando o desenvolvimento futuro em que os Espíritos poderiam confirmar ou não o conteúdo das obras de Roustaing.


Kardec esclarece que, se de um lado "Os Quatro Evangelhos" não se afastam dos princípios contidos em "O Livro dos Espíritos" e "O Livro dos Médiuns", diferente se dá com as aplicações desses princípios a certos fatos. Daí Kardec cita o detalhe a respeito da proposta, contida na obra de Roustaing, de que o corpo de Jesus não era de carne, mas sim fluídico. Kardec, sobre isso, então diz: “Sem dúvida, não há aí nada de materialmente impossível para quem conhece as propriedades do envoltório perispiritual; sem nos pronunciar pró ou contra essa teoria diremos que ela é ao menos hipotética, e que, se um dia ela fosse reconhecida errada, a base sendo falsa, o edifício desmoronaria.” Notem a honestidade de Kardec em reconhecer que a proposta não é de todo impossível. Mas, ao mesmo tempo, reconhece a importância dessa questão para todo um conjunto de explicações a respeito dos fenômenos realizados por Jesus. Apesar de conhecer objeções a essa proposta, e de considerar que ela é desnecessária para explicar os fatos realizados por Jesus, Kardec não a prejulga ou condena e propõe que se aguarde o futuro. Além disso, ele deixa claro que a obra contém outros pontos bons e que pode ser “consultada proveitosamente pelo Espíritas sérios.”

 
Passados dois anos, Kardec publica "A Gênese"9 (1868) que retoma o assunto, agora, com mais estudo e conhecimento sobre a questão. No Cap. XV, itens de 64 a 67, sob o título “Desaparecimento do Corpo de Jesus”,  Kardec mostra que, além de desnecessária, a hipótese do corpo fluídico de Jesus não condiz nem com os fatos nem com a análise moral da situação. Reproduziremos apenas a conclusão de Kardec ao final do item 66 do referido capítulo: “Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência.”

        
O segundo exemplo que queremos mencionar decorre apenas de um comentário de Kardec sobre a proposta de alguns médicos de sua época de que a Homeopatia poderia curar males morais. Kardec, no artigo do mês de março de 1867 da "Revista Espírita" expõe longo argumento sobre o assunto. Novamente, em resposta a uma carta de um médico homeopata, no número de dezembro de 1867, Kardec expõe seu argumento. Entretanto, ao final dessa matéria, Kardec diz que “Como em tudo, os fatos são mais concludentes do que as teorias, e são eles, em definitivo, que confirmam ou derrubam estas últimas, desejamos ardentemente que o Sr. o doutor Grégory publique um tratado especial prático da homeopatia aplicada ao tratamento das moléstias morais, a fim de que a experiência possa se generalizar e decidir a questão.”(Grifos nossos). Sabemos que nos dias de hoje, diversos grupos espíritas realizam a prática de terapias alternativas dentro do centro espírita. Realmente, o Espiritismo não trata de terapias alternativas nem mesmo de Homeopatia, mas o comentário de Kardec acima contém implicitamente uma orientação segura e de acordo com o caráter progressivo do Espiritismo para quem deseja se dedicar à prática de tais terapias dentro do Movimento Espírita. O destaque em negrito resume a orientação de Kardec: ao invés de simplesmente usar tais terapias alternativas, aqueles que se interessam por elas devem buscar realizar trabalhos sérios de pesquisa, buscando “publicar tratados práticos” sobre as mesmas, que possam ser analisadas por outros estudiosos permitindo que a “experiência possa se generalizar e decidir” sobre sua validade como prática dentro do contexto das atividades espíritas. Acreditamos que tem faltado ao Movimento Espírita um pouco do espírito investigativo de Kardec e que se manifesta claramente na colocação acima. Se ele fosse contrário à pesquisa, ele não diria que os fatos é que poderiam decidir sobre a validade de uma questão.

No caso específico da Homeopatia, cumpre esclarecer que Kardec apenas questionou a idéia dela poder curar males morais, o que estaria em desacordo com a mensagem do Evangelho de que somos responsáveis pelos nossos atos. Isso não significa que, em si, a Homeopatia não pudesse ser usada pelos bons Espíritos no trabalho de ajuda à saúde das pessoas. A Homeopatia é um tipo de terapia alternativa à alopatia, que é aceita pelos conselhos de medicina no Brasil e no mundo, tem sido pesquisada de modo sério perante as ciências ortodoxas e tem o apoio da Espiritualidade através do fato de que muitos centros espíritas contam com trabalhos de receituário mediúnico. Acreditamos que a generalização do uso de outras terapias ou práticas dentro do Movimento Espírita requer semelhante trabalho de pesquisa (material e espiritual), para que elas não se tornem práticas místicas, isso é, feitas sem saber por que, como e para que.

Entretanto, diante do fato de que poucas pessoas conhecem os requisitos de um trabalho de pesquisa mais profundo (Kardec os conhecia muito bem), sugerimos àqueles que se interessam pelas terapias alternativas que contactem pesquisadores profissionais que sejam espíritas e que possam orientar um trabalho de pesquisa genuíno e que possa gerar os resultados de valor científico. Quem quiser conhecer uma introdução ao trabalho de pesquisa científica, pode consultar as aulas de Ciência e Espiritismo10 publicadas entre os Boletins do GEAE de 483 a 500, especialmente as aulas de número 14 a 18. A realização desse tipo de trabalho investigativo (que enfatizamos ter sido um dos fortes exemplos de Kardec perante as novidades) não só estaria em sintonia com o Espiritismo, mas removeria a capa de misticismo em que muitas dessas práticas se envolvem. E, se ao final de vários trabalhos de pesquisa, concluir que determinadas terapias não são necessárias dentro do contexto de atividades espíritas, não há nada do que se envergonhar em reconhecer e modificar atitudes.

Ainda servem de exemplos interessantes, a postura prudente e imparcial de Kardec com relação ao surgimento de romances espíritas11,12 e o artigo de Kardec “Espiritismo Independente”, no número de abril de 1866 da "Revista Espírita".

 
6. CONCLUSÃO
 
Para ajudar no entendimento do que seria pureza doutrinária, segundo o próprio Espiritismo utilizamos ao longo do texto a expressão “o Espiritismo” com destaque em negrito e no formato itálico. Isso foi feito com o propósito de realizar o seguinte teste: O significado de pureza doutrinária pode ser entendido bastando substituir a expressão “o Espiritismo” pela expressão “pureza doutrinária”. Esse seria, ao nosso ver, a melhor forma de entendermos o significado de pureza doutrinária, segundo o Espiritismo.

De modo a percebermos a preocupação da Espiritualidade com a fidelidade doutrinária, transcrevemos abaixo uma recomendação de Bezerra de Menezes6: “Enfrentais no momento dificuldades que se multiplicam. Tendes pela frente desafios inumeráveis. Lobos vestem-se de ovelhas para ameaçarem o rebanho. Permanecei vigilantes como estais demonstrando, a fim de passarmos às gerações do futuro a Doutrina dos Espíritos na pulcritude e nobreza com que a recebemos de Allan Kardec e dos Mensageiros que a compuseram.” (Grifos nossos). Outras mensagens recentes da espiritualidade têm chamado a atenção para o cuidado com o Espiritismo como, por exemplo, a recente mensagem chamando os Espíritas à “fidelidade aos projetos do Espírito de Verdade”13.
 
Se PD significa agir de acordo com o Evangelho, vamos incentivar a PD em nossas atividades espíritas. Os equívocos em torno do conceito de PD podem ser resumidos em duas palavras: orgulho e egoísmo. Orgulho e egoísmo estão por detrás das afirmativas em tom “rude”, do desrespeito e desprezo por quem pensa diferente e, também, ocorre com quem recebe críticas contrárias às suas idéias e não se dispõe a meditar sobre elas e discui-las de modo saudável. Propomos a criação de uma campanha pela DEFESA DA PUREZA DOUTRINÁRIA COM AMOR (isso é redundante, mas ajuda a entender o objetivo principal). Não precisamos abrir mão da Doutrina Espírita para sermos fraternos uns com os outros e nos mantermos cada vez mais unidos.
        
 O autor agradece aos Profa. Dra. Maristela Olzon D. de Souza, Prof. Dr. Sylvio D. de Souza, e ao Amigo Carlos A. Iglesia Bernardo (Editor do GEAE) pela leitura crítica deste trabalho e por valiosas discussões e sugestões.

Referências
 
[1] Frase original em inglês obtida do capítulo IV da referência [2]: “On the contrary, the chief profit we can derive in these problems from the progress of modern science is to learn how cautious we have to be with language and with the meaning of the words.

[2] K. Wilber, Quantum Questions, Shambhala Publications, Boston, (2001).


[3] Frase original em inglês obtida do capítulo IV da referência [2]: “...
Socrates was aware of how many misunderstandings can be engendered by a careless use of language, how important it is to use precise terms and to elucidate concepts before employing them.

[4] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76a. Edição, (1995).


[5] Emmanuel, Psicografia de Francisco C. Xavier, Pão Nosso, Editora FEB, 18a. Edição (1999).


[6] B. de Menezes, Psicofonia de Divaldo P. Franco, Reformador, Dezembro pp. 446-447 (2005).


[7] A. Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Editora FEB, 112a. Edição (1996).


[8] A. Kardec, Os Evangelhos Explicados, Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos Junho p. 19 (1866).


[9] A. Kardec, A Gênese, Editora FEB, 36ª Edição (1995).


[10] A. F. Da Fonseca, Aulas de Ciência e Espiritismo, Boletim do GEAE ns. 483 a 500 (2004-2005). Internet:

http://www.geae.inf.br/pt/boletins

[11] A. Kardec, Os Romances Espíritas, Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos Dezembro p. 3 (1865).

[12] A. Kardec, Notícias Bibliográficas, Espírita, Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos Março p. 17 (1866).


[13] Camilo, Psicografia de Raul Teixeira, Reformador, Janeiro pp. 30-31 (2006).



Índice

 ° HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita

(Compilação de datas significativas  para o Movimento Espírita iniciada no Boletim 505)


Lista de Eventos

1867

Janeiro de 1867
Paris, França

É lançado o livro "Ecos Poéticos D´Além Tumba" trazendo poesias de poetas franceses famosos psicografadas pelo médium L. Vavasseur. Vavasseur era membro da "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas" e trechos das poesias que recebia já tinham sido publicados na "Revista Espírita".  O lançamento do livro foi anunciado na "Revista Espírita" de janeiro de 1867 e, conforme Kardec observou,  "ao mérito da versificação, aliam o de refletir, sob graciosa forma poética, as consoladoras verdades da doutrina, e que, a esse título, elas terão um lugar de honra em toda a bibliografia espírita."

KARDEC, 1973
VAVASSEUR, 2001

Junho de 1867

Marmande, França  

A "Revista Espírita" traz um artigo que parece ser a primeira referência ao tratamento terapêutico regular em um grupo espírita. O artigo "Grupo Curador de Marmande" faz referência a consultas espirituais e ao emprego dos passes magnéticos.     

KARDEC, 1973
WANTUIL e THIESEN, 1979

Setembro de 1867

Paris, França
  
A "Revista Espírita" nas noticias bibliográficas o lançamento do novo livro de Camille Flammarion (1842-1925), "Deus na Natureza". O livro, segundo as palavras do autor, procura "representar o estado atual dos nossos conhecimentos precisos, sobre a Natureza e o homem". 

FLAMMARION, 1979
KARDEC, 1973


Índice

Referências Bibliográficas


FLAMMARION, CAMILLE. Deus na Natureza. Trad. M. Quintão. 4.a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979.

KARDEC, Allan. Obras Completas de Allan Kardec. Trad. Julio Abreu Filho. São Paulo: EDICEL, 1973.

WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1979.

VAVASSEUR, L. Ecos Poéticos D´Além Tumba. Trad. Dr. Nereu Mello. São Paulo: Edições LFU, 2001.

Índice
 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Estudando o "Livro dos Espíritos"

Christiano Torchi

PROPRIEDADES DA MATÉRIA

(Os textos transcritos[1] do "Livro dos Espíritos" estão em itálico, com as questões em negrito e as notas de Kardec entre aspas)

Esse é um tema científico que interessa de perto aos físicos. Entretanto, como sou leigo nessa área, analiso as coisas com linguagem não técnica, de forma a me fazer entender pelo número máximo de pessoas. Qualquer imprecisão ou equívoco na comunicação nesse aspecto, portanto, deve ser debitado a mim particularmente e não ao ensino dos Espíritos.


29 - A ponderabilidade (aquilo que pode ser medido e pesado) é um atributo essencial da matéria?
    
Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.

"A gravidade é uma propriedade relativa. Fora das esferas de atração dos mundos, não há peso, do mesmo modo que não há alto nem baixo." (Allan Kardec).

Os assuntos, ora tratados nessa primeira obra básica, podem parecer ao leigo sem importância para a compreensão da questão filosófica e mesmo religiosa, entretanto, mais tarde solucionaremos o enigma que atormenta nosso raciocínio. Por isso, atentem para esses detalhes, pois que eles serão muito úteis mais adiante quando tratarmos de outros assuntos aparentemente simples, tais como mágoa, paixão, ódio, perdão, tristeza, felicidade, amor.

Em 1800, John Dalton provou, com a sua teoria atômica, que os diferentes estados da matéria são o resultado das diferentes uniões de seus elementos.

Em abril de 1857, foi lançado “O Livro dos Espíritos”, que, além de confirmar algumas observações científicas, anteviu outras que seriam feitas pela Ciência dos homens.

Por exemplo: Einstein provou em 1905, através da célebre equação E=mc2 (a energia contida em um corpo é igual à sua massa multiplicada pelo quadrado da velocidade [celeratis, do latim] da luz), que a matéria é um condensado de energia, sendo esta, matéria em estado diferente. Tal fenômeno foi descrito em outra linguagem no “Livro dos Espíritos”, como vimos na questão n. 22.

Respondendo à questão n. 30, reproduzida abaixo, os Espíritos Superiores insistem na tese de que os corpos, independente de suas características e complexidade, são sempre originados da matéria primitiva (FCU), ou energia cósmica, como a denominam atualmente alguns pesquisadores.


30 - A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?

De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.


Após o lançamento de "O Livro dos Espíritos", em 18.04.1857, confirmou-se a tese científica de que o átomo, considerado a princípio como partícula última da matéria, corpúsculo indivisível, uno, indissecável, é na realidade um complexo de partículas subatômicas denominadas prótons, elétrons e nêutrons (só para citar as fundamentais) que se estruturam em número e modos diferentes, conforme cada elemento químico, os quais se combinam para dar origem às inúmeras substâncias existentes no Universo.

O átomo é tão pequeno que não conseguimos enxergá-lo. Acredita-se [não é informação oficial] que numa extensão de 1 (um) milímetro caberiam cerca de 10 milhões de átomos enfileirados e que uma gotinha de água conteria 6 zettas de átomos (6.000.000.000.000.000.000.000 átomos).

Antes da virada do século XIX, afirmar ser o átomo divisível constituía “heresia” maior do que defender, no passado, a tese heliocentrista do astrônomo Copérnico, que viveu no século XV, de que a Terra não era o centro do universo. Mas foi exatamente aquilo que os Espíritos revelaram para surpresa de muitos, como visto nas questões anteriores.


31 - Donde se originam as diversas propriedades da matéria?
   
São modificações que as moléculas elementares [partículas atômicas] sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias.


A Natureza não é estática como aparenta ser. Tudo está em constante movimento, não é aleatório nem puramente mecânico. De acordo com as pesquisas do professor universitário de Física, Carlos de Brito Imbassahy, observando o “comportamento” do universo microscópico, os cientistas detectaram que “há uma vida latente dentro de um átomo; ele não é simplesmente uma partícula inerme dentro de uma porção molecular de substância. Tudo o que transcende o materialismo está ruindo gradativamente ante a análise existencial do que se verifica. A matéria não se resume a substâncias mortas(...).” (In “Arquitetos do Universo. O Outro Lado da Física à luz da Ciência Espírita”, ed. DPL, p. 32, 2002). O referido estudioso, na mesma obra, à pág. 13, avalia que se “deu início a uma nova forma de estudo físico que se propõe a demonstrar que, para que exista a matéria, é preciso que haja um agente externo (agente estruturador ou frameworker) ao nosso universo atuando sobre ele, capaz de modular sua energia, condensando-a.” (Destaques meus).

Observações desse jaez, segundo minha humilde opinião de leigo, talvez tenham contribuído para a concepção da teoria do “princípio da incerteza” formulada por Heisenberg, fundada na indefinição das posições e da velocidade das partículas subatômicas, pondo em xeque a teoria do “determinismo científico” de Laplace, o mesmo fenômeno que teria dado origem à célebre frase atribuída a Einstein de que “Deus não lança a sorte com dados”, dando surgimento à “teoria da variável escondida”.

A propósito, sugiro como leitura o artigo sob o título “Deus joga dados?”, de Stephen W. Hawking, publicada no site:

    http://www.str.com.br/Scientia/dados.htm (traduzido para a língua portuguesa).

   
32 - De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva?

Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las.

"A demonstração deste princípio se encontra no fato de que nem todos percebemos as qualidades dos corpos do mesmo modo: enquanto que uma coisa agrada ao gosto de um, para o de outro é detestável; o que uns vêem azul, outros vêem vermelho; o que para uns é veneno, para outros é inofensivo ou salutar." (Allan Kardec).

 
É incrível saber que todas as substâncias existentes no Universo, com toda sua complexidade, provieram de elemento único, cujas transformações, porém, dependem de inúmeras outras variáveis.

Tratando sobre a matéria, no cap. VI de outra obra básica ("A Gênese"), Kardec assinala:

Entretanto, podemos estabelecer como princípio absoluto que todas as substâncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer do ponto de vista da constituição íntima, quer pelo prisma de suas ações recíprocas, são, de fato, apenas modos diversos sob que a matéria se apresenta; variedades em que ela se transforma sob a direção das forças inumeráveis que a governam. (...)

Ora, assim como só há uma substância simples, primitiva, geradora de todos os corpos, mas diversificada em suas combinações, também todas essas forças dependem de uma lei universal diversificada em seus efeitos e que, pelos desígnios eternos, foi soberanamente imposta à criação, para lhe imprimir harmonia e estabilidade.

 A Natureza jamais se encontra em oposição a si mesma. Uma só é a divisa do brasão do Universo: unidade-variedade.” (Obra citada, FEB, p. 107 e 111-112).

Com essas considerações, passamos à questão n. 33, abaixo reproduzida, que trata exatamente desse tema.


33 - A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades?
 
Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo.

"Este princípio explica o fenômeno conhecido de todos os MAGNETIZADORES e que consiste em dar-se, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito diversas: um gosto determinado e até as qualidades ativas de outras substâncias. Desde que não há mais de um elemento primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos são apenas modificações desse elemento, o que se segue é que a mais inofensiva substância tem o mesmo princípio que a mais deletéria.

Assim, a água, que se compõe de uma parte de oxigênio e de duas de hidrogênio, se torna corrosiva, duplicando-se a proporção do oxigênio. Transformação análoga se pode produzir por meio da AÇÃO MAGNÉTICA dirigida pela vontade." (Allan Kardec).

O magnetismo, “considerado em seu aspecto geral, é a utilização, sob o nome de fluido, da força psíquica por aqueles que abundantemente a possuem. O magnetismo não se limita unicamente à ação terapêutica: tem um alcance muito maior...” (“O Espiritismo de A a Z”. Rio: Feb, p. 297).

MAGNETIZADOR era o nome comumente empregado no século XIX para designar as pessoas que produziam a AÇÃO MAGNÉTICA, propriedade do Espírito ou alma, atualmente conhecido no meio espírita como “passe”. Conhecido também como reiki e jorei em outras denominações religiosas, embora utilizando técnicas diferenciadas, o passe é uma transferência de forças psíquicas (fluidos ou energias vitais) de um Espírito para outro, geralmente (não necessariamente) pela imposição das mãos sobre o paciente, que pode ocorrer de encarnado para desencarnado, de desencarnado para encarnado, de desencarnado para desencarnado e de encarnado para encarnado. É um processo semelhante à transfusão de sangue, em que se tem por objetivo substituir energias doentes por energias sadias. “Passe” vem da expressão movimentar ou passar as mãos sobre alguém, ou alguma coisa, sem necessidade de tocá-lo.

Kardec não inventou o mundo espiritual, os médiuns e a mediunidade. Apenas os investigou, colocando-os ao alcance da humanidade. Médium é todo aquele que pode entrar em contato com os chamados “mortos”, que somos nós mesmos, quando despidos do corpo carnal. Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por isso mesmo, é médium. É uma faculdade inerente ao homem, não se trata de privilégio algum, visto que a base do fenômeno mediúnico repousa no pensamento. Tecnicamente, porém, médium é aquela pessoa que tem faculdades ostensivas, patentes, de se comunicar com o mundo invisível, por meio da escrita (psicografia), da fala (psicofonia), da vidência, da clariaudiência etc. Voltaremos a esse assunto em momento oportuno, devido à sua grande importância, e que tem tudo a ver com a ação dos fluidos.

Dando seqüência ao estudo das propriedades da matéria, reproduzimos a nota de Kardec, feita ao pé da questão n. 33, essa analisada ontem, em complemento à idéia de que mesmo os corpos considerados simples são derivados do FCU ou matéria cósmica primitiva (energia cósmica). Confira:


“O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são meras modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para nós verdadeiros elementos e podemos, sem maiores conseqüências, tê-los como tais, até nova ordem.” (Allan Kardec).


Na seqüência, o mestre de Lion, formulando subpergunta à questão n. 33, continua indagando dos Espíritos Superiores sobre as propriedades da matéria. Anotem.

   
33A - Não parece que esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria senão duas propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as demais propriedades não passam de efeitos secundários, que variam conforme a intensidade da força e à direção do movimento?

É acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme à disposição das moléculas, como o mostra, por exemplo, um corpo opaco, que pode tornar-se transparente e vice-versa.


Vocês já devem ter percebido a extensão e a profundidade de nosso estudo e como as revelações vindas do espaço, em harmonia com os avanços científicos da atualidade, abalam as estruturas do materialismo, dando uma nova dimensão da realidade em que vivemos, o que põe em xeque o modelo mecanicista newtoniano (de Newton, considerado o pai da Física clássica).

Em artigo publicado no Caderno de Ciência do diário “Jornal do Brasil”, de 10.5.1987, sob o sugestivo título “A ciência descobre o espírito, a intuição e a emoção”, a jornalista Terezinha Costa narra que o físico austríaco, radicado nos EUA, Fritjof Capra, PhD na Universidade de Viena, fez pesquisas sobre FÍSICA DE ALTA ENERGIA em várias universidades européias, até que resolveu se dedicar às implicações filosóficas da ciência moderna. Reportando-se aos livros de Capra (“O Tao da Física” e “Ponto de Mutação”), a articulista assinalou:

Quando os físicos do século 20 começaram a investigar o interior das partículas materiais (o átomo), descobrindo as partículas subatômicas (elétrons, nêutrons e uma infinidade de outras que continuam a serem descobertas) e a estudar seu comportamento, foram surpreendidos com fenômenos que não podiam ser explicados à luz da concepção clássica.

E conclui, citando Capra:

Na física moderna, o universo é experimentado como um todo dinâmico e inseparável. Nessa experiência, os conceitos tradicionais de espaço e tempo, de objetos isolados, de causa e efeito perdem seu significado.

É essa concepção do universo – integrada, holística (do gr. holos = totalidade) – que o físico Capra defende.

Antes de prosseguir com nosso estudo, é oportuno, senão indispensável, lembrar as palavras do Codificador, inspiradas no ensino dos Espíritos Superiores, contida no item 13, cap. I, de “A Gênese”, a quinta e última obra da Codificação Espírita, lançada em 1868:

Por sua natureza, a REVELAÇÃO ESPÍRITA tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica.

Participa da PRIMEIRA, porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem; porque os PONTOS FUNDAMENTAIS da doutrina provêm do ensino que deram os Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las.

Participa da SEGUNDA, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações.

Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua ELABORAÇÃO fruto do trabalho do homem.” (FEB).

Lembramos aos amigos que, na época em que foram realizadas estas perguntas aos Espíritos, a Ciência não estava tão desenvolvida quanto hoje.

Por isso, é natural que nos deparemos, nas obras básicas, com uma linguagem diferente da terminologia técnica atual, o que não invalida a revelação dos Espíritos, visto que a essência da idéia continua a mesma, sem embargo de que o Espiritismo, sendo uma doutrina progressiva, “jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará” (item 55, cap. I, “A Gênese, FEB).

Lendo a questão sob comento, tem-se a impressão de que o Codificador utilizou na sua pergunta a expressão “molécula elementar” para designar o ÁTOMO propriamente dito (parece-nos que a palavra átomo [nome dado por DALTON ao elemento químico, no início do século 19, segundo o pesquisador brasileiro, engenheiro Hernani Guimarães Andrade] ainda não estava tão difundida como hoje) e “moléculas secundárias” para designar a aglomeração de partículas.

Portanto, na época do lançamento de “O Livro dos Espíritos”, prevalecia a tese científica de que o átomo (do grego, aquilo que é indivisível), era a partícula última da matéria. Inicialmente (cerca de 1808), acreditava-se, com JOHN DALTON (1766-1844), que o modelo do átomo seria o de uma bolinha ou esfera maciça indivisível.

Somente em 1897, portanto, 40 anos após o lançamento de o “Livro dos Espíritos”, foi descoberto, por Sir JOSEPH JOHN THOMSOM (1856-1940), o elétron: uma partícula elementar do átomo.

Portanto, a resposta dada pelos Espíritos à questão n. 34 (“o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar”) já deixava entrever que o átomo não era uno, mas sim um complexo de partículas subatômicas que se estruturam em número e modos diferentes, conforme cada elemento químico, os quais se combinam para dar origem às inúmeras substâncias existentes no Universo.

Indicamos como bibliografia complementar a obra “Psi Quântico”, do eminente pesquisador espírita brasileiro, desencarnado em 25.04.2003, Hernani Guimarães Andrade, fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, com prefácio de Hermínio Corrêa de Miranda, ed. Didier.


34 - As moléculas têm forma determinada?

Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá-la.

34-A - Essa forma é constante ou variável?

“Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras. Porque, o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar.”

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Notas do GEAE
 
[1] - Os trechos do "Livro dos Espíritos" foram transcritos da edição da Federação Espírita Brasileira. Essá edição está disponível para download no endereço http://www.febnet.org.br/file/135.pdf

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° PAINEL

Aniversário do Centro Espírita Verdade e Luz de Rio Claro

No ano de 1930, um grupo de espíritas pertencentes ao Centro Espírita Fé e Caridade[1], ao sentir o grave problema do viajor pobre que chegava a Rio Claro, com destino a outras localidades como Analândia, Corumbataí, São Pedro, Piracicaba, e não tendo mais naquele dia trens ou ônibus para continuar sua viagem, e por não terem o dinheiro suficiente para pernoitar numa pensão, dormiam com suas famílias, mulheres, crianças, nos bancos e mesmo no chão da estação ferroviária da Companhia Paulista (hoje Fepasa), expostos ao mau tempo e ao frio, esperando a próxima condução no outro dia.
 
Foi então que o grupo liderado por Policarpo Guilherme, Ignácio Siqueira e outros resolveram procurar um lugar para socorrer essas pessoas necessitadas. Inicialmente, desejavam instalar junto ao centro espírita, mas, por falta de espaço procuraram outros meios, sem perguntar se era ou não da responsabilidade dos poderes públicos a solução do problema social.
 
Policarpo Guilherme, simples funcionário das oficinas da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, resolveu instalar um albergue noturno, num terreno com uma casa velha de sua propriedade na av. 2 nº.745, iniciando assim o atendimento material aos viajores pobres e pessoas carentes necessitadas com alimentação, pouso, banho, roupas, e principalmente orientação espiritual.
 
Como o movimento era intenso e exigia uma estrutura jurídica, a 10 de setembro de 1934, fundaram o Centro Espírita Verdade e Luz no prédio da avenida 2, nº. 745.
 
Em 1945, sobre a presidência do dr. Jose Martins da Silva e grande numero de espíritas, ampliaram o prédio construindo dois pavimentos para dar mais comodidade ao atendimento as pessoas carentes.
 
Com a evolução social e suas conseqüências (o desemprego, exodo rural, migração), o atual Albergue Noturno tornou-se pequeno para um atendimento integral que pudésse dar oportunidades de reabilitaçao ao migrante e carente, procurando tirá-los da mendicância com mulheres e crianças pelas ruas da cidade.

Por ser uma obra prioritária e urgente, a atual diretoria iniciou a construção da Casa Transitória na avenida 5, nº. 1415, que muito veio beneficiar a cidade de Rio Claro e região no setor assistencial.
 
A area construida, tem dormitórios masculinos, femininos e infantis, refeitórios, cozinha, secretaria, portaria, sala de reuniões, sala para estudos, sala para reuniões espirituais, salão para palestras, sala de diretoria, banheiros, sendo uma área coberta de 745 m2 e a área do terreno de 1.230 m2.
 
Temos certeza, absoluta, de que Policarpo Guilherme entendeu perfeitamente a recomendaçao de Jesus exarados no Evangelho de Mateus:
 
Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes."
Mateus, 25:35-45
 
Por esse entendimento, ele foi capaz de construir o Centro Espírita Verdade e Luz destemidamente, numa época em que a prática espírita era realizada apenas por pessoas de garra, de fibra e de coragem que não temiam nem mesmo as ações violentas das próprias polícias que atendiam as pressões da religião católica, chamada “oficial”, para coibir o avanço do espiritismo na cidade de Rio Claro.
   
Policarpo Guilherme não fez uma instituiçao espírita que sabe apenas ser teórica, mas pautada na assistência social, com diversos departamentos e estruturas de verdadeiro “amor e de caridade aplicada”.
   
Sem esquecer todos os trabalhadores da primeira hora, suas lutas e dificuldades primeiras, endereçamos-lhes a gratidão pela estrutura dessa casa, que visa exclusivamente a caridade.
    
Queremos registrar também nosso pleito de gratidão a todos os trabalhadores encarnados e desencarnados, do passado e do presente. No decorrer destes 73 anos de trabalho, quantas criaturas foram aqui atendidas, quantos espíritos não foram esclarecidos, quantas feridas cicatrizadas, quantas esperanças não se tornou realidade, quantas caridades recebidas...
     
Ao longo destes 73 anos o Centro Espírita Verdade e Luz[2], tem orientado e auxiliado a muitos, a tornar mais leves as suas caminhadas. Essa casa tem oferecido o pão que alimenta o corpo e, as palavras consoladoras que preenchem o espírito sedento de amor e fraternidade. Os anos passaram, mudanças aconteceram, novas oportunidades, muito trabalho desses pioneiros até a diretoria atual, onde nos sentimos abrigados e felizes. Hoje já somos um grupo considerável de trabalhadores, unidos com um só ideal: a caridade.
   
Senhor Jesus, queridos mentores espirituais, todos nós freqüentadores e trabalhadores desta casa espírita, agradecemos a oportunidade que nos foi dada, ensinando-nos a perceber, no espelho da verdade, tudo aquilo que nos é imprescindível para a conquista da felicidade...
   
Aqui encontramos o conhecimento, aqui desfrutamos de paz, agasalhados que nos sentimos nos braços protetores de nossos amigos espirituais.
 
Que esta instituição continue a ser como frondosa árvore, a agasalhar todos os peregrinos aflitos que necessitam de alimento e agasalho para o corpo, proteção e consolo para suas almas.
     
João Paoleschi
Presidente
_______________________________________________________

[1] - Fundado em 05/agosto/1907

[2] - Centro Espírita Verdade e Luz,  Avenida 5, 1415 - Jardim Claret, Rio Claro. CEP 13503-360.  Telefone: (19) 3526-7289
        Assistência Espiritual:
  • Departamento Assistencial “Policarpo Guilherme”
  • Núcleo Abrigo Emergencial Casa Transitória Verdade e Luz
  • Núcleo Serviço Social do Migrante
  • Núcleo População de Rua
  • Núcleo Família
  • Núcleo Geração de Renda                                                                       
        Programação Semanal: 
  • Segunda feira - 20h: Estudo do livro “Nosso Lar” – André Luiz 
  • Terça feira - 20h: Estudo do livro “Entre o Céu e a Terra” – André Luiz
  • Quinta feira - 20h: Teoria e prática do passe
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V Congresso de Espiritismo do Circuito das Águas   

SERRA NEGRA SERÁ SEDE DO V CONGRESSO DE ESPIRITISMO DO CIRCUITO DAS ÁGUAS

Ocorrerá nos dias 20 e 21 de Outubro de 2007, sábado e domingo, o 5º Congresso de Espiritismo do Circuito das Águas (CONEC). O evento terá lugar no Centro de Convenções e é uma realização da U. S. E. (União das Sociedades Espíritas) do Circuito das Águas – Departamento da U.S.E. do Estado de São Paulo e que coordena o movimento de unificação das casas espíritas localizadas nas cidades de Amparo, Águas de Lindóia, Jaguariúna, Monte Alegre do Sul, Monte Sião (MG), Lindóia, Pedreira, Pinhalzinho, Serra Negra e Socorro.

Trata-se de um evento popular, que deverá mobilizar não somente espíritas, mas também simpatizantes, ante a abrangência de sua programação.
 
O tema central do Congresso é: AMOR: A ESSÊNCIA DA FELICIDADE.

Abaixo programação completa do Conec:
 
Sábado (dia 20/10):
9h30 - coral Veredas
10h00 - 12h00 – Francisco do Espírito Santo Neto - Tema - Amor: a religião de Jesus.
12h00 - 13h30 - almoço
13h30 - 14h00 - teatro
14h30 - 15h00 - apresentação musical - Priscila Beira
15h00 - 19h00 - Raul Teixeira - Tema - Amor ao próximo: um princípio ético.
Domingo (dia 21/10):
08h30 - coral Sol Maior
09h00 - 12h00 - Plinio Oliveira - Tema - O amor e a felicidade.
12h00 - 13h30 - almoço
13h30 - 14h15 - CONCAFRAS14h00 - 17h00 - José Medrado
A entrada será totalmente gratuita para toda a programação.

Espera-se uma participação de mais de mil pessoas de nossa região e de todo o Brasil, uma vez que o Congresso está sendo divulgado através de diversos periódicos espíritas e não espíritas com penetração nacional.

O Conec já disponibilizou um site específico para o evento, com muitas informações e que pode ser acessado pelo seguinte endereço:

www.usecircuitodasaguas.com.br
Ronaldo Parpinelli
Equipe de Divulgação
 
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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS
 
O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição pelo site do GEAE

O Cancelamento pode ser feito pelo site do GEAE ou por e-mail a editor@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins