do "Livro dos Espíritos"
estão em itálico, com as questões em negrito e as notas de Kardec entre
aspas)
Esse
é um tema científico que interessa de perto aos físicos. Entretanto,
como sou leigo nessa área, analiso as coisas com linguagem não técnica,
de forma a me fazer entender pelo número máximo de pessoas. Qualquer
imprecisão ou equívoco na comunicação nesse aspecto, portanto, deve
ser debitado a mim particularmente e não ao ensino dos Espíritos.
29 - A ponderabilidade (aquilo que pode ser medido e pesado) é um atributo essencial da matéria?
Da
matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como
fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido
vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio
da vossa matéria pesada.
"A
gravidade é uma propriedade relativa. Fora das esferas de atração dos
mundos, não há peso, do mesmo modo que não há alto nem baixo." (Allan Kardec).
Os
assuntos, ora tratados nessa primeira obra básica, podem parecer ao
leigo sem importância para a compreensão da questão filosófica e mesmo
religiosa, entretanto, mais tarde solucionaremos o enigma que atormenta
nosso raciocínio. Por isso, atentem para esses detalhes, pois que eles
serão muito úteis mais adiante quando tratarmos de outros assuntos
aparentemente simples, tais como mágoa, paixão, ódio, perdão, tristeza,
felicidade, amor.
Em
1800, John Dalton provou, com a sua teoria atômica, que os diferentes
estados da matéria são o resultado das diferentes uniões de seus
elementos.
Em abril de
1857, foi lançado “O Livro dos Espíritos”, que, além de confirmar
algumas observações científicas, anteviu outras que seriam feitas pela
Ciência dos homens.
Por
exemplo: Einstein provou em 1905, através da célebre equação E=mc2 (a
energia contida em um corpo é igual à sua massa multiplicada pelo
quadrado da velocidade [celeratis, do latim] da luz), que a matéria é
um condensado de energia, sendo esta, matéria em estado diferente. Tal
fenômeno foi descrito em outra linguagem no “Livro dos Espíritos”,
como vimos na questão n. 22.
Respondendo
à questão n. 30, reproduzida abaixo, os Espíritos Superiores insistem
na tese de que os corpos, independente de suas características e
complexidade, são sempre originados da matéria primitiva (FCU), ou
energia cósmica, como a denominam atualmente alguns pesquisadores.
30 - A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?
De
um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são
verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.
Após
o lançamento de "O Livro dos Espíritos", em 18.04.1857, confirmou-se a
tese científica de que o átomo, considerado a princípio como
partícula última da matéria, corpúsculo indivisível, uno, indissecável,
é na realidade um complexo de partículas subatômicas denominadas
prótons, elétrons e nêutrons (só para citar as fundamentais) que se
estruturam em número e modos diferentes, conforme cada elemento
químico, os quais se combinam para dar origem às inúmeras substâncias
existentes no Universo.
O
átomo é tão pequeno que não conseguimos enxergá-lo. Acredita-se [não é
informação oficial] que numa extensão de 1 (um) milímetro caberiam
cerca de 10 milhões de átomos enfileirados e que uma gotinha de água
conteria 6 zettas de átomos (6.000.000.000.000.000.000.000 átomos).
Antes
da virada do século XIX, afirmar ser o átomo divisível constituía
“heresia” maior do que defender, no passado, a tese heliocentrista do
astrônomo Copérnico, que viveu no século XV, de que a Terra não era o
centro do universo. Mas foi exatamente aquilo que os Espíritos
revelaram para surpresa de muitos, como visto nas questões anteriores.
31 - Donde se originam as diversas propriedades da matéria?
São modificações
que as moléculas elementares [partículas atômicas]
sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias.
A
Natureza não é estática como aparenta ser. Tudo está em constante
movimento, não é aleatório nem puramente mecânico. De acordo com as
pesquisas do professor universitário de Física, Carlos de Brito
Imbassahy, observando o “comportamento” do universo microscópico, os
cientistas detectaram que “há uma vida latente dentro de um átomo; ele
não é simplesmente uma partícula inerme dentro de uma porção molecular
de substância. Tudo o que transcende o materialismo está ruindo
gradativamente ante a análise existencial do que se verifica. A matéria
não se resume a substâncias mortas(...).” (In “Arquitetos do Universo.
O Outro Lado da Física à luz da Ciência Espírita”, ed. DPL, p. 32,
2002). O referido estudioso, na mesma obra, à pág. 13, avalia que se
“deu início a uma nova forma de estudo físico que se propõe a
demonstrar que, para que exista a matéria, é preciso que haja um agente
externo (agente estruturador ou frameworker) ao nosso universo atuando
sobre ele, capaz de modular sua energia, condensando-a.” (Destaques
meus).
Observações desse
jaez, segundo minha humilde opinião de leigo, talvez tenham contribuído
para a concepção da teoria do “princípio da incerteza” formulada por
Heisenberg, fundada na indefinição das posições e da velocidade das
partículas subatômicas, pondo em xeque a teoria do “determinismo
científico” de Laplace, o mesmo fenômeno que teria dado origem à
célebre frase atribuída a Einstein de que “Deus não lança a sorte com
dados”, dando surgimento à “teoria da variável escondida”.
32
- De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores,
o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de
modificações de uma única substância primitiva?
Sem
dúvida e que só existem devido à
disposição dos órgãos destinados a
percebê-las.
"A
demonstração deste princípio se encontra no fato de que nem todos
percebemos as qualidades dos corpos do mesmo modo: enquanto que uma
coisa agrada ao gosto de um, para o de outro é detestável; o que uns
vêem azul, outros vêem vermelho; o que para uns é veneno, para outros é
inofensivo ou salutar." (Allan Kardec).
É
incrível saber que todas as substâncias existentes no Universo, com
toda sua complexidade, provieram de elemento único, cujas
transformações, porém, dependem de inúmeras outras variáveis.
Tratando sobre a matéria, no cap. VI de outra obra básica ("A Gênese"), Kardec assinala:
“
Entretanto,
podemos estabelecer como princípio absoluto que todas as substâncias,
conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer
do ponto de vista da constituição íntima, quer pelo prisma de suas
ações recíprocas, são, de fato, apenas modos diversos sob que a matéria
se apresenta; variedades em que ela se transforma sob a direção das
forças inumeráveis que a governam. (...)
Ora,
assim como só há uma substância simples, primitiva, geradora de todos
os corpos, mas diversificada em suas combinações, também todas essas
forças dependem de uma lei universal diversificada em seus efeitos e
que, pelos desígnios eternos, foi soberanamente imposta à criação, para
lhe imprimir harmonia e estabilidade.
A Natureza jamais se encontra
em oposição a si mesma. Uma só é a divisa
do brasão do Universo: unidade-variedade.” (Obra citada, FEB, p. 107 e 111-112).
Com essas considerações, passamos à questão
n. 33, abaixo reproduzida, que trata exatamente desse tema.
33
- A mesma matéria elementar é suscetível de
experimentar todas as modificações e de adquirir todas as
propriedades?
Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo.
"Este
princípio explica o fenômeno conhecido de todos os MAGNETIZADORES e que
consiste em dar-se, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à
água, por exemplo, propriedades muito diversas: um gosto determinado e
até as qualidades ativas de outras substâncias. Desde que não há mais
de um elemento primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos
são apenas modificações desse elemento, o que se segue é que a mais
inofensiva substância tem o mesmo princípio que a mais deletéria.
Assim,
a água, que se compõe de uma parte de oxigênio e de duas de hidrogênio,
se torna corrosiva, duplicando-se a proporção do oxigênio.
Transformação análoga se pode produzir por meio da AÇÃO MAGNÉTICA
dirigida pela vontade." (Allan Kardec).
O magnetismo, “considerado
em seu aspecto geral, é a utilização, sob o nome de fluido, da força
psíquica por aqueles que abundantemente a possuem. O magnetismo não se
limita unicamente à ação terapêutica: tem um alcance muito maior...” (“O Espiritismo de A a Z”. Rio: Feb, p. 297).
MAGNETIZADOR
era o nome comumente empregado no século XIX para designar as pessoas
que produziam a AÇÃO MAGNÉTICA, propriedade do Espírito ou alma,
atualmente conhecido no meio espírita como “passe”. Conhecido
também como reiki e jorei em outras denominações religiosas, embora
utilizando técnicas diferenciadas, o passe é uma transferência de
forças psíquicas (fluidos ou energias vitais) de um Espírito para
outro, geralmente (não necessariamente) pela imposição das mãos sobre o
paciente, que pode ocorrer de encarnado para desencarnado, de
desencarnado para encarnado, de desencarnado para desencarnado e de
encarnado para encarnado. É um processo semelhante à transfusão de
sangue, em que se tem por objetivo substituir energias doentes por
energias sadias. “Passe” vem da expressão movimentar ou passar as mãos
sobre alguém, ou alguma coisa, sem necessidade de tocá-lo.
Kardec
não inventou o mundo espiritual, os médiuns e a mediunidade. Apenas os
investigou, colocando-os ao alcance da humanidade. Médium é todo aquele
que pode entrar em contato com os chamados “mortos”, que somos nós
mesmos, quando despidos do corpo carnal. Toda pessoa que sente, em
um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por isso mesmo, é médium.
É uma faculdade inerente ao homem, não se trata de privilégio algum,
visto que a base do fenômeno mediúnico repousa no pensamento.
Tecnicamente, porém, médium é aquela pessoa que tem faculdades
ostensivas, patentes, de se comunicar com o mundo invisível, por meio
da escrita (psicografia), da fala (psicofonia), da vidência, da
clariaudiência etc. Voltaremos a esse assunto em momento oportuno,
devido à sua grande importância, e que tem tudo a ver com a ação dos
fluidos.
Dando seqüência
ao estudo das propriedades da matéria, reproduzimos a nota de Kardec,
feita ao pé da questão n. 33, essa analisada ontem, em complemento à
idéia de que mesmo os corpos considerados simples são derivados do FCU
ou matéria cósmica primitiva (energia cósmica). Confira:
“O
oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que
consideramos simples são meras modificações de uma substância
primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a
não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para
nós verdadeiros elementos e podemos, sem maiores conseqüências, tê-los
como tais, até nova ordem.” (Allan Kardec).
Na
seqüência, o mestre de Lion, formulando subpergunta à questão n. 33,
continua indagando dos Espíritos Superiores sobre as propriedades da
matéria. Anotem.
33A
- Não parece que esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria
senão duas propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo
que todas as demais propriedades não passam de efeitos secundários, que
variam conforme a intensidade da força e à direção do movimento?
É
acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme à
disposição das moléculas, como o mostra, por exemplo, um corpo opaco,
que pode tornar-se transparente e vice-versa.
Vocês
já devem ter percebido a extensão e a profundidade de nosso estudo e
como as revelações vindas do espaço, em harmonia com os avanços
científicos da atualidade, abalam as estruturas do materialismo, dando
uma nova dimensão da realidade em que vivemos, o que põe em xeque o
modelo mecanicista newtoniano (de Newton, considerado o pai da Física
clássica).
Em artigo
publicado no Caderno de Ciência do diário “Jornal do Brasil”, de
10.5.1987, sob o sugestivo título “A ciência descobre o espírito, a
intuição e a emoção”, a jornalista Terezinha Costa narra que o físico
austríaco, radicado nos EUA, Fritjof Capra, PhD na Universidade de
Viena, fez pesquisas sobre FÍSICA DE ALTA ENERGIA em várias
universidades européias, até que resolveu se dedicar às implicações
filosóficas da ciência moderna. Reportando-se aos livros de Capra (“O
Tao da Física” e “Ponto de Mutação”), a articulista assinalou:
“Quando
os físicos do século 20 começaram a investigar o interior das
partículas materiais (o átomo), descobrindo as partículas subatômicas
(elétrons, nêutrons e uma infinidade de outras que continuam a serem
descobertas) e a estudar seu comportamento, foram surpreendidos com
fenômenos que não podiam ser explicados à luz da concepção clássica.”
E conclui, citando Capra:
“Na
física moderna, o universo é experimentado como um todo dinâmico e
inseparável. Nessa experiência, os conceitos tradicionais de espaço e
tempo, de objetos isolados, de causa e efeito perdem seu significado.”
É essa concepção do universo – integrada,
holística (do gr. holos = totalidade) – que o
físico Capra defende.
Antes
de prosseguir com nosso estudo, é oportuno, senão indispensável,
lembrar as palavras do Codificador, inspiradas no ensino dos Espíritos
Superiores, contida no item 13, cap. I, de “A Gênese”, a quinta e
última obra da Codificação Espírita, lançada em 1868:
“
Por
sua natureza, a REVELAÇÃO ESPÍRITA tem duplo caráter: participa ao
mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica.
Participa
da PRIMEIRA, porque foi providencial o seu aparecimento e não o
resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem;
porque os PONTOS FUNDAMENTAIS da doutrina provêm do ensino que deram os
Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de
coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que
lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las.
Participa
da SEGUNDA, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas
ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e
os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação
e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio;
porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado;
enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença
cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos
fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe
dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele
próprio as ilações e aplicações.
Numa
palavra, o que caracteriza a revelação espírita é ser divina a sua
origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua ELABORAÇÃO fruto do
trabalho do homem.” (FEB).
Lembramos aos amigos que, na
época em que foram realizadas estas perguntas aos Espíritos, a Ciência
não estava tão desenvolvida quanto hoje.
Por isso, é natural que
nos deparemos, nas obras básicas, com uma linguagem diferente da
terminologia técnica atual, o que não invalida a revelação dos
Espíritos, visto que a essência da idéia continua a mesma, sem embargo
de que o Espiritismo, sendo uma doutrina progressiva, “
jamais
será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar
em erro acerca de ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se
uma verdade nova se revelar, ele a aceitará” (item 55, cap. I, “A Gênese, FEB).
Lendo
a questão sob comento, tem-se a impressão de que o Codificador
utilizou na sua pergunta a expressão “molécula elementar” para
designar o ÁTOMO propriamente dito (parece-nos que a palavra átomo
[nome dado por DALTON ao elemento químico, no início do século 19,
segundo o pesquisador brasileiro, engenheiro Hernani Guimarães Andrade]
ainda não estava tão difundida como hoje) e “moléculas secundárias”
para designar a aglomeração de partículas.
Portanto, na época do
lançamento de “O Livro dos Espíritos”, prevalecia a tese científica de
que o átomo (do grego, aquilo que é indivisível), era a partícula
última da matéria. Inicialmente (cerca de 1808), acreditava-se, com
JOHN DALTON (1766-1844), que o modelo do átomo seria o de uma bolinha
ou esfera maciça indivisível.
Somente em 1897, portanto, 40 anos
após o lançamento de o “Livro dos Espíritos”, foi descoberto, por Sir
JOSEPH JOHN THOMSOM (1856-1940), o elétron: uma partícula elementar do
átomo.
Portanto, a resposta dada pelos Espíritos à questão n. 34
(“o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar”) já
deixava entrever que o átomo não era uno, mas sim um complexo de
partículas subatômicas que se estruturam em número e modos diferentes,
conforme cada elemento químico, os quais se combinam para dar origem às
inúmeras substâncias existentes no Universo.
Indicamos como
bibliografia complementar a obra “Psi Quântico”, do eminente
pesquisador espírita brasileiro, desencarnado em 25.04.2003, Hernani
Guimarães Andrade, fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas
Psicobiofísicas, com prefácio de Hermínio Corrêa de Miranda, ed. Didier.
34 - As moléculas têm forma determinada?
Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá-la.
34-A - Essa forma é constante ou variável?
“Constante
a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas
secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras.
Porque, o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar.”