Amigos,
Nos últimos dois editoriais comentamos
a mudança na visão de mundo que foi provocada pelo
avanço da ciência moderna. Também mencionamos que
esta mudança permitiu que preconceitos arraigados fossem
superados. Nossa percepção do mundo ao nosso redor, neste
início de século, é muito mais complexa e
fascinante do que aquela que nossos bisavós poderiam imaginar. A
metáfora do grande relógio cósmico, cujo futuro
dependia apenas da relação de matéria e
forças, não serve mais para descrever o universo em que
estamos inseridos.
Paralelamente aos avanços da
ciência moderna, no Espiritismo, ocorreram avanços
importantes na compreensão
da realidade. Esses avanços iniciaram-se pela curiosidade
despertada por fenômenos estranhos, sem explicação
pelas leis conhecidas da natureza, o que acabou provocando seu estudo
por pessoas sérias e dedicadas.
Os
fenômenos físicos - os primeiros que foram estudados -
consistiam na atuação de forças desconhecidas
sobre a matéria, provocando ruídos e movimentos
insólitos. Sua reprodução, diferentemente de
outros fenômenos estudados pela física e pela
química, estava associada a circunstâncias fora do
controle dos pesquisadores. Aos poucos se descobriu que isto ocorria
porque eram provocados por seres com vontade autônoma, que
através da comunicação inteligente, se declararam
como sendo os espíritos de pessoas que tinham vivido na Terra e
que continuavam vivos em uma nova situação.
Se descobriu
também que estes "espíritos" não eram uma
abstração, que tinham "corpos" e que viviam em um "mundo"
que era continuidade do nosso. Mundo formado por matéria
"sútil" ou "quintessenciada". "Matéria" que interagia com
a matéria do nosso mundo segundo leis especiais. Outra
descoberta importante era a de que esta interação era
facilitada pela presença de algumas pessoas, que passaram a ser
denominadas "médiuns". Estas pessoas, devido a uma
predisposição física diferenciada, supriam
elementos semi-materiais (denominados "fluídos"), que podiam ser
manipulados pelos espíritos e que afetavam a matéria e
energia do mundo físico.
A
combinação da vontade do espírito comunicante com
a necessidade de um médium capacitado a contribuir na
execução dos fenômenos, explica a impossibilidade
de reproduzí-los à vontade do experimentador. Some-se a
estes dois fatos, outra importante constatação, a de que
a afinidade entre os espíritos comunicantes e o grupo onde se
comunicam é fundamental para os resultados dos fenômenos.
Não que os fenômenos só ocorram onde se acredite
neles, muito pelo contrário, mas que os melhores resultados nas
experiências são obtidos quando estas são
realizadas com o apoio de um estudo prolongado, sério e sem o
envolvimento de interesses materiais.
Com o
avanço dos estudos sobre os fenômenos mediúnicos se
desenvolveram outras formas de comunicação, entre elas a
psicografia (a escrita sobre controle do espírito comunicante),
e com ela se promoveu um avanço considerável na
compreensão do mundo espiritual. Ficou patente que a vida neste
mundo espiritual é a normal, sendo interrompida por breves
estadias no mundo material (reencarnações). O objetivo
destas estadias é o desenvolvimento moral e intelectual. Todos
os seres começam sua evolução da mesma maneira,
"simples" e "ignorantes", e através de inumeráveis
existências vão experimentando o mundo material e
através destas experiências ganhando conhecimentos,
equilibrio emocional e as noções de como usar
construtivamente sua capacidade. Aprendem a agir no mundo ao seu redor
e a relacionar-se com seus semelhantes.
A "sociedade
espiritual" é formada por seres em diversos estágios de
evolução, o que se reflete também na humanidade
encarnada, grande parte não é mais inteligente nem mais
desenvolvida moralmente que o homem terrestre mediano. Há
porém espíritos que, por terem percorrido mais
existências ou por terem aproveitado melhor suas
existências, se diferenciam em conhecimento e moralidade. Se
convencionou chamar estes espíritos de evoluídos ou "de
luz" (refletindo a forma como eram vistos pelos médiuns
videntes). Também há espíritos que, por sua
imaturidade espiritual ou por terem desperdiçado oportunidades
de aprendizado, são ainda ignorantes e propensos ao mal. Estes
espíritos "atrasados" - mesmo que algumas vezes pareçam
"cultos" pelo acúmulo de informações que usam sem
sabedoria - não são de natureza diferente dos
demais e como o tempo evoluirão e se modificarão.
A
mediunidade, a capacidade de servir de intermediário para as
manifestações espírituais, se mostrou ser uma
característica humana normal. Todos os seres humanos a possuem,
em menor ou maior grau. Os que a possuem em maior grau, devido a uma
predisposição física particular, são os que
chamamos propriamente de médiuns. Por ser uma
característica humana normal sempre existiu ao longo da
história e este fato esta na base dos mitos e religiões
de todos os tempos da humanidade. Anjos e demonios, fantasmas e almas,
milagres e outras crenças mais ou menos antigas tem sua origem
na comunicação entre encarnados e desencarnados. Na
compreensão mais ou menos perfeita que cada época e
civilização teve da realidade além do mundo
material.
No mundo
espiritual a situação do espírito está
diretamente relacionada com a situação moral. Isto
é fácilmente compreensível pois no mundo
espiritual a "matéria sutil" responde mais prontamente a
ação do espírito, refletindo-lhe o
equilíbrio ou o desequilíbrio. Mentes equilibradas, sem
as perturbações causadas pelo remorso e pelas
consequências de atos equivocados, encontram-se naturalmente em
melhor situação que mentes comprometidas com o mal. O
próprio "corpo espiritual" (perispírito) segue a mesma
relação. Perispíritos mais "densos" (menos sutis,
mais próximos da matéria comum) revestem espíritos
"atrasados", enquanto que espíritos "de luz" apresentam-se com
períspiritos mais sutis, com maior grau de liberdade no mundo
espiritual.
A afinidade
moral entre o experimentador e o espírito comunicante é
assim o fator fundamental na comunicação
mediúnica. Um experimentador movido por propósitos
espirituais menos dignos atrairá natualmente espíritos
com os mesmos propósitos e, caso consiga obter um médium
que se preste a comunicação nestas circunstâncias,
obterá fenômenos de qualidade duvidosa. Muitas vezes
será vítima de enganadores dos dois planos da vida.
Outra
é a situação do experimentador sério,
movido por propósitos enobrecedores, que atrairá o
concurso de espíritos e médiuns bem intencionados.
Assim, enquanto a ciência moderna
descortinou os domínios do muito pequeno (a realidade
quântica) e do muito grande (a relatividade), o Espiritismo
descortinou os domínios do espírito. Mostrou que
além das dimensões percebidas pelos sentidos
físicos, existem outras dimensões de vida, onde o ser
continua a
existir de forma bem mais complexa do que a que imaginávamos.
Apenas começamos a explorar essa
realidade e há muito o que se descobrir ainda a respeito dela.
Mas já podemos dizer que o mundo em que vivemos é
principalmente um mundo onde o espírito é o fator mais
importante. Que sua ação transforma o mundo e o mundo o
transforma. Que nada que fazemos deixa de ter
efeito e que todo efeito está intimamente relacionado
à qualidade moral do ato que o gerou. Que toda vez que agimos
para o bem progredimos e que toda vez que agimos para o mal
estacionamos. Que estacionar significa sofrimento.
Muita
Paz,
Carlos Iglesia
Índice
A
Vibração na Reunião
Mediúnica e no dia-a-dia, Grupo ComCiência, Brasil
Todo ser humano emite
vibrações que estão relacionadas diretamente
à capacidade de pensar. “Pensar é vibrar”, como foi
mencionado no último Informativo ComCiência1,
que tratou dos conceitos básicos sobre vibração2. Como sempre estamos pensando, não
paramos de vibrar. Porém, ainda, na maior parte do tempo,
geramos vibrações baixas, de pensamentos pouco
saudáveis, negativos, que não nos favorecem e nem
auxiliam ao nosso próximo. Portanto, o objetivo desta
matéria é apresentar, no contexto da literatura
espírita e de outras obras auxiliares, informações
que nos permitam entender a importância de cultivar bons
pensamentos, ou seja, boas vibrações, nas reuniões
mediúnicas3 e em todos os momentos
de nossa vida.
Quando desejamos o bem,
verdadeiramente, à outra pessoa, dentro ou fora da casa
espírita, produzimos uma vibração. Um sorriso
amigo, um abraço ou um simples aperto de mão carinhoso
são exemplos de situações cotidianas, nas quais
partem de nós raios, ou ondas4, que
atingem o nosso próximo positivamente, como ilustra a figura a
seguir, na qual um pessoa vibra em benefício de outra que se
encontra em dificuldades. O mesmo acontece quando ouvimos atentamente
uma súplica, desejamos um “bom dia” sincero ou lançamos
um olhar compreensivo e respeitoso a alguém. Isto sem mencionar
a prece, ou oração, que pode gerar
vibrações sublimes e vigorosas, se for feita de
coração, como exemplificado pelos seguidores de Jesus em Atos dos Apóstolos 4:31: “E,
tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos”
Já um pensamento ruim
como o de raiva, mágoa, julgamento, inveja ou desprezo,
também produz ondas que seguirão em direção
daquele ou daqueles que se tornaram nossos alvos. Assim podem
prejudicá-los muito, caso não estejam vigilantes, sem uma
boa vibração, e, portanto, desprotegidos. Para isso basta
de nós, por exemplo, uma reação agressiva no
trânsito, uma irritação qualquer ao aguardar numa
fila de espera, um olhar sutil de reprovação, uma palavra
de desânimo ou um comentário preconceituoso.
Poderíamos imaginar que
devemos vibrar somente nas reuniões mediúnicas. Mas,
não serão úteis as nossas vibrações,
também em grupos de estudo, em tarefas assistenciais ou mesmo em
reuniões profissionais? Segundo Allan Kardec entendemos que sim,
e podemos, inclusive, sentir facilmente a vibração nestes
ambientes. Eis as palavras do Organizador da Doutrina Espírita,
na Revista Espírita de
Dezembro de 1864:
"O pensamento age sobre os fluídos
ambientes, como o som sobre o ar; esses fluidos nos trazem o
pensamento, como o ar nos traz o som. (...) Uma assembléia
é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma
orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz a sua nota. (...)
Mas, assim como há raios sonoros harmônicos ou
discordantes, há pensamentos harmônicos ou discordantes.
Se o conjunto for harmônico a impressão é
agradável; se for discordante, a impressão será
penosa. (...) Tal é a causa do sentimento de
satisfação que se experimenta numa reunião
simpática; aí como que reina uma atmosfera salubre, onde
se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque
aí nos impregnamos de eflúvios salutares. Assim
também se explicam a ansiedade, o malestar indefinível
dos meios antipáticos, onde pensamentos malévolos
provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs."
Percebemos que o pensamento
é vibração que age sobre os fluidos5
do ambiente no qual estamos. Os pensamentos de todos os presentes se
integram com harmonia ou desarmonia, o que podemos sentir. Por exemplo,
após uma reunião de trabalho na qual os participantes se
mostrem pouco amistosos, desconfiados, se comportando como
juízes uns dos outros, nos sentimos cansados e desanimados.
Já numa reunião amistosa, com muito respeito e pouco
julgamento, a sensação, durante e depois, é
agradável e motivadora. A união de pensamentos para um
fim comum, já era pregada por Jesus e seus apóstolos como
podemos observar nos versículos bíblicos a seguir.
"Ainda vos digo mais: Se dois de vós
na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes
será feito por meu Pai, que está nos céus".
Jesus em Mateus 18:19.
"Rogo-vos, irmãos, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que (..) antes sejais unidos no
mesmo pensamento e no mesmo parecer". Paulo em 1o.
Coríntios 1:10
"Pois onde se acham dois ou
três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles".
Jesus em Mateus 18:20.
A maioria de nós
não pode ver as vibrações presentes em um ambiente
e ainda não compreendemos plenamente a importância destas
ondas. Mas, através da literatura encontramos relatos que podem
nos esclarecer bem, como o apresentado no livro Missionários da Luz,
capítulo primeiro, descrevendo os participantes encarnados de
uma reunião mediúnica:
"(...) os dezoito companheiros encarnados
demoravam-se em rigorosa concentração do pensamento,
elevado a objetivos altos e puros. Era belo sentir-lhes a
vibração particular. Cada qual emitia raios luminosos,
muito diferentes entre si, na intensidade e na cor. Esses raios
confundiam-se à distância aproximada de sessenta
centímetros dos corpos físicos e estabeleciam uma
corrente de força bastante diversa das energias de nossa esfera.
Essa corrente não se limitava ao círculo movimentado. Em
certo ponto, despejava elementos vitais, à maneira de
fonte miraculosa, com origem nos corações e nos
cérebros humanos, que aí se reuniam. As energias dos
encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso
plano de ação, congregados em vasto número,
formando precioso armazém de benefícios para os
infelizes, extremamente apegados às sensações
fisiológicas."
Além da
descrição bastante interessante, observamos que a
vibração presente na reunião é composta de
energias dos encarnados e dos desencarnados, unidas, de forma que
poderiam ser utilizadas para beneficiar os pacientes que ali seriam
tratados. Uma informação importante é que estes
pacientes, mesmo desencarnados, estavam ainda muito ligados ás
sensações da matéria e, por isso, havia uma
semelhança entre as vibrações deles com a dos
companheiros encarnados, ou seja, havia sintonia vibratória.
Esta sintonia é que permite o uso das energias pelos
irmãos atendidos.
Outro relato nos é trazido por André Luiz6
no livro Nos Domínios da
Mediunidade, capítulo segundo, no qual fazem uso de um
aparelho chamado psicoscópio que segundo eles “destina-se
à auscultação da alma, com o poder de definir-lhe
as vibrações em torno da matéria” e “funciona
à base de eletricidade e magnetismo, utilizando-se de elementos
radiantes, análogos na essência aos raios gama”. Eis a
descrição de André Luiz:
"Chegada a minha vez de usá-lo,
assombraram-me as
peculiaridades do aparelho. (...) Detive-me na contemplação dos
companheiros encarnados que agora apareciam mais estreitamente associados
entre si, pelos vastos
círculos radiantes que lhes nimbavam as cabeças de opalino esplendor. (...) Reparei que
sobre cada um deles se
ostentava uma auréola de raios quase verticais (...) Sobre essas coroas que se
particularizam, de
companheiro a companheiro, caíam do Alto abundantes jorros de luminosidade (...).
Admirado, porém, com
os irmãos da esfera física, a se revelarem tão afins, na onda
brilhante em que se reuniam,
perguntei, entusiástico: - Áulus amigo, os companheiros que visitamos são, porventura,
grandes iniciados na
revelação divina? O interpelado estampou um gesto de bom-humor e respondeu: - Não.
Achamo-nos ainda muito longe
de semelhantes apóstolos. Vemo-nos aqui na companhia de quatro irmãs e seis
irmãos de boa-vontade.
Naturalmente, são pessoas comuns. (...) no entanto, trazem a mente voltada para os ideais
superiores da fé
ativa, a expressar-se em amor pelos semelhantes. Procuram disciplinar-se, exercitam a
renúncia, cultivam a
bondade constante e, por intermédio do esforço
próprio no bem e no
estudo nobremente conduzido, adquiriram elevado teor de radiação
mental."
Observamos, inicialmente, uma
descrição de imagens belíssimas das
vibrações emitidas pelos participantes encarnados
ampliadas pelos raios provenientes de planos superiores do Universo. E,
André Luiz, admirado, imagina que os membros do grupo sejam
espíritos muito evoluídos. Mas, Aulus, um mentor
espiritual, mostra que são pessoas comuns que se comportam como
verdadeiros cristãos, nos dando um exemplo de conduta diante das
tarefas mediúnicas.
Recentemente, tivemos a dúvida de como são as
vibrações, vistas por pessoas encarnadas que possuem esta
capacidade. Então, perguntamos a uma médium que relata
seus desdobramentos7 ocorridos durante uma
das reuniões mediúnicas, da Fraternidade Espírita
Irmãos Jacó e Mateus, em Belo Horizonte: - “Quando você diz que a
vibração era direcionada para o espírito,
você vê esta vibração, vê os raios? O
que você vê?”. E ela com muito carinho respondeu:
"-
Muitas coisas também não ficam claras para mim. Mas, na minha percepção, as
vibrações parecem fachos radiantes, talvez filamentos com
diâmetro variável. Talvez a intensidade do brilho mude, mas
não tenho certeza.
Quando os filamentos chegam ao paciente se fundem formando uma atmosfera uniforme de luz em
torno de alguma parte do
corpo ou envolvendo-o por inteiro."
Em outra oportunidade,
relatando um desdobramento ocorrido durante uma reunião, disse a
mesma médium:
"- Uma coisa que eu pude perceber é
que no início da reunião eu vejo a vibração
como se fosse pequenos fachos de luz que vão saindo das pessoas.
Isso varia muito de acordo com a condição que trazemos.
No início da reunião vi poucos fachos chegando até
ele (o espírito que estava se manifestando no momento) e o que
eu entendi foi o seguinte: muitas vezes, no início da
reunião, é mais difícil auxiliar a um irmão
porque às vezes a gente ainda está ligado a algum
problema em casa, enfim, com coisas externas à reunião;
com isso fica mais difícil para que os irmãos sejam
amparados. (...) Essas vibrações foram aos poucos sendo
colocadas, introduzidas nele, até que ele fosse perdendo a
consciência, e aí então pudesse ser encaminhado
para tratamento. (...) E por último eu queria comentar que,
quando a <nome da mulher desencarnada> se manifestou e foi feita
a prece, a vibração era tamanha que eu não
consegui divisar quem estava vibrando. Era como se fosse um pano
grande, que você não diferenciava, era tudo
contínuo. E realmente, pela minha visão tinha bastante
luz e ela foi envolta com estas vibrações."
A citação
anterior de André Luiz e os relatos de nossa companheira de
tarefa reforçam o papel daqueles que se prestam à
vibração dentro ou fora das reuniões
mediúnicas. Pudemos observar quão maravilhosos podem ser
os resultados de uma reunião séria e composta de
companheiros imbuídos no bem.
Muitas vezes colocamos a
espiritualidade distante de nós, como espíritos elevados
que tudo sabem e tudo podem. Então nos consideramos muito
inferiores, somente necessitados de auxílio e incapazes de
colaborar com o plano espiritual. Mas, dia-a-dia, nos são
trazidas informações que demonstram a importância
de nossa participação consciente e responsável nas
tarefas dirigidas pelos espíritos amigos. E cada vez mais
tomamos conhecimento de que a espiritualidade que nos dirige, têm
suas necessidades, suas dificuldades e muitas vezes busca em nós
os recursos necessários para o amparo a tantos encarnados e
desencarnados que necessitem.
Concluímos esta
matéria, sobre a vibração dentro e fora das
reuniões mediúnicas, citando o Livro dos Médiuns,
capítulo 25:
"Não
imaginais o que se pode obter numa reunião séria, de onde
se haja banido todo sentimento de orgulho e de personalismo e onde
reine perfeito o de mútua cordialidade."
____________________________
1 - GRUPO
COMCIÊNCIA. Informativo ComCiência. Belo Horizonte, 2006.
Número 3, Ano 1, Março-Abril-2006.
2 - Segundo Borges, em Doutrina Espírita
no Tempo e Espaço, a vibração “consiste na
reunião de algumas pessoas que, em prece e pela
ação da vontade, emitem pensamentos benevolentes para uma
pessoa que esteja, física ou moralmente doente, ou mesmo
sã, mas atravessando período de dificuldades”.
3 - Uma reunião mediúnica é
aquela na qual ocorrem comunicações de espíritos
desencarnados através de médiuns.
4 - De acordo com as referências HECHT e
OXFORD, podemos definir onda (propagante) como sendo um
distúrbio ou perturbação periódica e
auto-sustentável que se propaga em um meio material ou no
espaço, capaz de transferir energia de um lugar a outro por meio
de vibrações.
5 - Fluído, de acordo com o entendimento
espírita, é matéria em uma forma mais sutil, sendo
difícil ou talvez impossível observá-la com nossos
equipamentos atuais. Por exemplo, o ar é matéria bem mais
sutil que a água, e os fluídos espirituais são
mais sutis que o próprio ar.
6 -
André Luiz é o autor espiritual de uma série de
dezesseis livros psicografados por Chico Xavier no qual relata, em
detalhes, diversos assuntos a respeito da vida no plano espiritual e
sua relação com o plano físico.
7 - O
desdobramento acontece quando o espírito do encarnado, com o
perispírito, desprende-se do corpo físico e pode
transitar pelo plano espiritual conservando um certo grau de
consciência e memória do que acontece. O
perispírito é o envoltório do espírito, de
natureza semi-material, isto é, mais sutil que a matéria
conhecida atualmente. É o que dá forma ao espírito
e, quando encarnado, o liga ao corpo físico.
Índice
Proposta
de Associações Municipais de Creches Espíritas,
Jáder Sampaio, Brasil
Publicado
no “Correio Fraterno” em Março/Abril de 2006.
Se
no cenário atual do movimento espírita brasileiro
são
poucas as escolas de ensino fundamental e médio mantidas pelas
instituições espíritas, o mesmo não se
pode dizer das creches, que são organizações
responsáveis pela chamada educação fundamental.
Embora não haja números disponíveis, pode-se
afirmar que a grande parte das creches espíritas são de
caráter assistencial e foram construídas para atender
as populações de baixa renda de nosso país.
É
relativamente recente a legislação que atribui às
prefeituras o encargo de manter as creches. Até 1996 o poder
público municipal tinha a obrigação de cuidar
exclusivamente do ensino fundamental, então chamado de escolas
de primeiro grau. Nesta data, publicou-se a Lei de Diretrizes e Bases
que estabelece a educação infantil como
atribuição
das prefeituras. Como a demanda de vagas é enorme, os
prefeitos das cidades de médio e grande porte optaram por
fazer convênios ou celebrar termos de compromisso com as
creches comunitárias e filantrópicas já
existentes, mesmo porque a construção de creches é
morosa e a contratação de servidores está
limitada pela lei de responsabilidade fiscal. Cada prefeitura tem
políticas próprias de ação e condutas
para o intercâmbio, mas tradicionalmente as
instituições
espíritas brasileiras têm atuado no vácuo da
ação
dos órgãos de estado, e este tipo de parceria é
um desafio e uma fonte de aprendizagem para os dois lados.
Como
fonte importante de recursos, o poder público passa a ter uma
grande capacidade de influência nas deliberações
da creche. Das secretarias de educação emanam portarias
e deliberações que se tornam obrigações a
serem cumpridas, muitas vezes sob a ameaça de interromper-se o
repasse de recursos ou o convênio. A creche, parceira no
discurso, pode tornar-se uma mera extensão do
órgão
público, o que reduz a governabilidade da
organização
espírita que a fundou e a vem mantendo e que, certamente, tem,
ou deveria ter, um projeto instituicional a ser implementado.
Nas
cidades que têm um número significativo de creches
espíritas, uma associação de creches
espíritas
teria um poder de interlocução um pouco maior com o
poder público, que as creches individualmente. Contudo este
não seria o único motivo para que tal tipo de
organização fosse criado.
Há
algumas atividades que são muito próprias de uma creche
e que demandam um conhecimento e reflexão próprios. O
serviço pedagógico, por exemplo. Há muitas
creches que apenas contratam um profissional de pedagogia, que redige
um projeto político pedagógico e faz um acompanhamento
em tempo parcial das atividades realizadas pelos monitores. Uma
associação de creches espíritas poderia, com a
contribuição financeira de seus participantes,
constituir um serviço pedagógico que, além de
desenvolver este campo do conhecimento na encruzilhada entre o
Espiritismo e a Educação, prestar serviços
pedagógicos à rede de creches, dar cursos de
qualificação para os diferentes trabalhadores das
creches, agregar profissionais qualificados e comprometidos com o
projeto e pensar o entrecruzamento entre o serviço
voluntário
e o projeto e funcionamento das creches.
Muitas
outras possibilidades de ação seriam próprias a
uma associação de creches espíritas cujos
membros fossem dirigentes das instituições
participantes:
- articular do trabalho voluntário para as creches,
- constituir de equipe multidisciplinar para a
elaboração de projetos educacionais, assistenciais e
culturais a serem efetivados com recursos financeiros junto ao Fundo
Municipal da Criança e do Adolescente e da Comissão
Nacional de Incentivo à Cultura,
- realizar campanhas nas sociedades espíritas para
que as pessoas jurídicas doem 1% do imposto de renda devido e as
pessoas físicas doem 6% do valor devido do imposto de renda para
este fundo,
- acompanhar a prestação de contas do conselho
municipal da criança e do adolescente, referente ao emprego dos
recursos do fundo já citado,
- incentivar a melhora da qualidade dos serviços
prestados pelas entidades participantes
- divulgar as realizações das entidades
participantes junto ao movimento espírita e à sociedade
- dar visibilidade às necessidades dos associados e
possibilitar a ajuda mútua destes
- captar recursos nacionais e internacionais para a
consecução de seus objetivos.
As
associações seriam mantidas por
contribuições
financeiras dos associados e poderiam funcionar em espaços
cedidos pelas federativas. Elas não necessitam mais que uma
sala mobiliada e um espaço para reuniões para iniciar
suas atividades e iriam crescendo na medida em que estabelecessem os
seus serviços.
As
associações seriam entidades sem fins lucrativos,
beneficiárias dos incentivos e imunidades fiscais
próprias
a este tipo de organização e sua diretoria não
seria remunerada. É fundamental que seus membros sejam os
diretores das creches e não pessoas indicadas pelas
federativas, para que se reduza o risco de se tornarem espaços
institucionais sem conexão com as entidades efetuadoras.
É
uma oportunidade ímpar de amadurecimento das
instituições
espíritas.
Índice
Fenômenos
psico-físicos de natureza espiritual, Nubor Orlando Facure,
Brasil
1ª Parte
A doutrina espírita contém em seus
fundamentos uma série de informações que nos
permitem identificar uma “classe especial de fenômenos” que
sugerimos tratar-se de fenômenos “psico-físicos de
natureza espiritual”. Correspondem ao processo de atuação
da Alma no corpo físico.
É
muito fácil reconhecermos os fenômenos da realidade
física e da esfera psicológica que fazem parte de toda
nossa vida. Queremos, no entanto, pôr em destaque, uma outra
classe de fenômenos que só a atuação do
Espírito é capaz de explicá-los.
No mundo físico conhecemos a natureza da
matéria e os
processos que regem seu movimento e suas combinações.
No mundo psicológico identificamos os mecanismos
inconscientes que impõem nossos comportamentos e aprisionam
nossos desejos.
No domínio espiritual, a literatura, especialmente, de
Kardec, André Luiz e Emmanuel, já nos indica mecanismos
interessantes que atuam na interface corpo/alma.
O paradigma atual da Medicina, embora tenha esclarecido
grande
parte da anatomia e da fisiologia do organismo humano, não tem
abrangência suficiente para perceber ou interpretar o complexo
mecanismo de atuação do Espírito sobre o corpo.
Essa será, possivelmente, a maior descoberta da Ciência.
Um modelo interessante para exemplificar a
extensão dessa
dificuldade é visto na glândula pineal. Conhecemos sua
anatomia minúscula, sua relação com os ritmos
biológicos, sua sensibilidade à luz, sua precária
ligação com o cérebro, sua produção
química modesta e sua expressão clínica pouco
significativa.
É por isso que causaram surpresa os relatos que
nos chegaram
da espiritualidade, apontando expressivas atividades da glândula
pineal, que ultrapassam o que até hoje fomos capazes de
constatar com nossos estudos macro ou microscópicos.
Precisamos deixar claro que o que enxergamos “do lado
de cá”,
é apenas a expressão anátomo-funcional da
glândula. Por não termos os instrumentos de acesso ao
mundo espiritual, não sabemos como é que se processa
sua atividade na interação cérebro/mente.
Podemos identificar as células da pineal e sua
microestrutura, registrarmos suas trocas metabólicas,
identificarmos as secreções dos humores e a
transmissão
dos influxos nervosos. Entretanto, no domínio da atividade
espiritual, os possíveis componentes e como atuam, são
ainda indetectáveis pelos nossos instrumentos. Extrapolar
nosso conhecimento “daqui para lá” ainda permanece no
campo da metafísica.
Não
seria prudente imaginarmos que “por aqui” poderemos um dia
conhecer toda extensão desse fenômeno que chamamos de
“psico/físico de natureza espiritual”. Pressupondo, de
antemão, que “do lado de lá”, a dinâmica
espiritual do fenômeno é muito mais ampla e
significativa do que nossa anatomia pode registrar.
Aprendemos
com a Doutrina Espírita que existem três elementos
fundamentais que direcionam a fisiologia dos processos orgânicos
que nos condicionam a vida: o Espírito, o Perispírito e
os Fluidos que intermedeiam a intercessão corpo/alma.
Parece-nos ser desnecessário anotar os detalhes
já bem
conhecidos dos três. Os livros básicos da Doutrina
são
suficientes. Nosso propósito será o de apontar alguns
fenômenos que nos parecem ilustrativos para a
apresentação
da fisiologia metafísica que estamos interessados em estudar.
- A fixação
do pensamento
- A coesão da população celular
- Os Centros de força
- A corrente sangüínea e a energia vital
- A glândula pineal e sua fisiologia espiritual
- A ectoplasmia
- A respiração restauradora
Nossa sugestão é que fenômenos desse tipo sejam
rotulados de “fenômenos Espírito-somáticos”.
Seu estudo abrange uma grade de fenômenos que pode nos levar
conhecer Leis gerais da fisiologia que integra o corpo à Alma.
Índice