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Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 13 - Número 486 - 2004 14 de dezembro de 2004
Editorial |
Artigos |
Tópicos
de pesquisa multidisciplinar entre algumas Ciências e o
Espiritismo.
O método de análise por pares
1. TÓPICOS PERTENCENTES À ALGUMAS CIÊNCIAS E O ESPIRITISMO
Nas aulas anteriores, falamos sobre o caráter científico do Espiritismo e do campo de trabalho puramente espírita. Aqui, vamos iniciar uma série de aulas onde discutiremos o outro campo de trabalho que tem atraído e recebido muita atenção do Movimento Espírita. Trata-se do estudo de tópicos de pesquisas multidisciplinares: assuntos que pertencem ao escopo de alguma ciência ordinária e ao Espiritismo. Não pretendemos apresentar em detalhes cada pesquisa, mas sim divulgar sua existência e a referência para que o leitor interessado busque maiores informações. Nesta aula, apresentaremos exemplos gerais de pesquisas científicas na área de Medicina que estão contribuindo com o Espiritismo.
MEDICINA: Hoje em dia, a disciplina científica que nos parece ser a mais promissora para a introdução de assuntos espíritas e espiritualistas em seus projetos de pesquisa acadêmicos é a Medicina. E, na verdade, isso já vem acontecendo conforme os exemplos que veremos a seguir.
Nosso primeiro exemplo de pesquisa na área médica de interesse espírita é o resultado de um trabalho de revisão sobre diversas experiências sobre os efeitos da prece nos tratamentos de diversos tipos de pacientes [1]. Os autores analisaram estatisticamente os diversos casos publicados na literatura científica e concluíram que se por um lado não se pode confirmar, dentro dos critérios científicos, os efeitos da prece sobre a recuperação de doentes, eles reconhecem que um número significativo de casos positivos incentiva a realização de mais pesquisas nessa área.
Em Psiquiatria temos alguns trabalhos interessantes. Um dos maiores nomes na área de pesquisa relacionada com conceitos espiritualistas é o Prof. Ian Stevenson. Aqui no Brasil, o trabalho mais conhecido de Stevenson é o livro 20 casos sugestivos de reencarnação [2]. É digno de nota dizer que Stevenson não se limitou a escrever, somente, livros divulgando o seu trabalho de pesquisa1. Ele publicou vários artigos científicos em revistas internacionais levantando dúvidas sobre casos “estranhos” que não podem ser explicados nem pela genética nem pelas influências do ambiente [3]. Dentre esses fatos “estranhos” estão as fobias observadas em crianças, marcas de nascimento incomuns, diferenças entre gêmeos monozigóticos2, brincadeiras e comportamento incomuns na infância, etc. No Brasil, o Dr. Hernani G. Andrade repetiu algumas das experiências de Stevenson sobre casos sugestivos de reencarnação [4]. O médico psiquiatra Dr. Alexander de Almeida está trabalhando em um projeto de tese de doutoramento, na Universidade de São Paulo, intitulado “Mediunidade: uma experiência dissociativa num contexto religioso”, tendo já publicado alguns artigos sobre o assunto [5-7].
Esses são alguns exemplos que tem tido repercussão científica. O campo de pesquisa é imenso dentro da medicina e aos poucos novos pesquisadores vão se interessando por esses tópicos de estudo.
Na próxima aula comentaremos a respeito de uma interessante pesquisa em matemática cujos resultados levam a interpretações morais. Abaixo falaremos sobre o chamado método de análise por pares.
2. O MÉTODO DE ANÁLISE POR PARES
Na aula anterior, expomos o formato geral de um artigo científico. Aqui falaremos do coração da atividade de divulgação científica: o método de análise por pares. A palavra “pares” significa “semelhantes”. Cada área do conhecimento é formada por conteúdo e terminologia próprias. O enorme progresso em todas as áreas tornou muito difícil, para não dizer impossível, a uma única pessoa, conhecer profudamente mais de um assunto. Mesmo dentro de uma área do conhecimento, as especializações se desenvolveram a tal ponto que as pessoas levam anos para dominarem um único tópico. Assim, apenas uma pessoa formada em uma área específica pode analisar com segurança as atividades de outras pessoas na mesma área. Somente um “semelhante” ou “par” pode verificar se outros trabalhos, sobre determinado assunto, foram realizados com todo o rigor que se espera nesse campo de estudo.
A comunidade científica adotou, então, um método de análise de artigos onde os “pares”, isto é, outros cientistas especialistas na mema área de que trata o artigo, fazem a análise do mesmo. Isto ocorre, em geral, da seguinte maneira.
Cada revista científica possui um conjunto de editores, geralmente cientistas experientes, que são responsáveis por garantir que os artigos passem pelo método de análise por pares de forma correta e idônea. Os editores, em geral, fazem uma primeira leitura no artigo para verificar se o mesmo pertence ao escopo da revista, isto é, à(s) área(s) de pesquisa para a(s) qual(is) a revista foi criada. Se o artigo estiver dentro do escopo da revista os editores escolhem um ou mais cientistas especialistas no tema do artigo e enviam-lhes uma cópia para que façam uma análise crítica de acordo com o conjunto de critérios da revista. Os autores nunca sabem quem faz a análise de seus artigos. Mas, em alguns casos, aqueles que vão analisar o artigo sabem quem são os autores do mesmo.
Os cientistas convidados a analisarem um artigo, em geral, não possuem vínculo formal com a revista. Isso ajuda a assegurar a imparcialidade no processo de análise do artigo. Essas pessoas são chamadas de “árbitros” (“referees” em inglês) e esse processo é também conhecido como processo de arbitragem. Algumas revistas possuem, também, uma espécie de conselho editorial que colabora na análise dos artigos e na escolha dos “árbitros”. Encontramos, ainda, a denominação de “pareceristas” para os árbitros.
A grande vantagem deste método é a maximazação da imparcialidade na análise dos artigos já que aqueles que a farão não pertencem formalmente à revista ou a sua editora. Revistas científicas de grande impacto costumam enviar os artigos para duas ou mais pessoas de modo a evitar que pareceres desonestos baseados em motivos pessoais (como, por exemplo, a concorrência em pesquisa) possam ocorrer. Desta forma, os leitores terão mais garantia de que os artigos publicados correspondem a resultados de pesquisa realizados de forma séria e criteriosa.
[1] J. A. Austin, E. Harkness e E. Ernest, The efficacy of “distant healing”: a systematic review of randomized trials 2000, Annals of Internal Medicine 132, pp. 903-910.
[2] I. Stevenson, Twenty Cases Suggestive of Reincarnation, University Press of Virginia, 2nd Edition (1974).
[3] I. Stevenson, The phenomenon of claimed memories of previous lives: possible interpretations and importance 2000, Medical Hypotheses 54, pp. 652-659.
[4] H. G. Andrade, Reencarnação no Brasil (Oito Casos que Sugerem Renascimento), Editora Casa Editora O Clarim (1980).
[5] A. M. de Almeida, Cirurgia espiritual: uma investigação 2000, Revista Associação Medica Brasileira 46 (3), pp. 194-200.
[6] A. M. de Almeida, Diretrizes metodológicas para investigar estados alterados de consciência e experiências anômalas 2003, Revista de Psiquiatria Clínica 30 (1), http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/ vol30/n1/21.html
[7] A. M. de Almeida e F. L. Neto, A mediunidade vista por alguns pioneiros da área mental 2004, Revista de Psiquiatria Clínica 31 (3), pp. 132-141.
1 Em aula futura falaremos sobre a diferença de valor científico entre livros e artigos.
2 Isto é, entre gêmeos que possuem o mesmo genoma.
História & Pesquisa |
Três mortes, três acusados, três absolvições e três testemunhos de que a vida continua após a morte. As histórias aconteceram entre 1976 e 1980, em Mato Grosso do Sul e Goiânia, mas chamaram a atenção do mundo mais uma vez para a mediunidade de Francisco Cândido Xavier e para um fato até então inédito na história da Justiça: a absolvição de três acusados de assassinato mediante o depoimento de suas próprias vítimas através de cartas psicografadas, anexadas aos processos.
Os casos foram relembrados em 4 de novembro, no programa "Linha Direta Justiça", da TV Globo, no episódio "As cartas de Chico Xavier", cuja exibição foi anunciada com destaque por diversos jornais, dentre os quais o jornal "Extra", do Rio de Janeiro, em 31 de outubro. A reportagem, das jornalistas Vivianne Cohen e Ana Bárbara Elias, ouviu alguns dos envolvidos, dentre os quais João Marcondes, levado a julgamento após matar com um tiro acidental, em sua casa, em Campo Grande (MS), a esposa Gleide Maria Dutra, Miss Campo Grande 1975.
"Acho que fui um instrumento de Deus para mostrar a todos que existe vida após a morte" – disse Marcondes, que após o acontecido tornou-se espírita e deu o nome de Gleide a uma de suas filhas do segundo casamento. "A personalidade das duas é muito parecida. É como uma volta ao passado" – afirmou.
Antes de Marcondes, contudo, a polêmica quanto ao uso de cartas psicografadas em questões legais já havia se instalado, com o julgamento de dois casos. O primeiro o de Henrique Gregoris, morto em 1976, aos 23 anos, por João França após uma brincadeira de roleta-russa; e o segundo, de Maurício Garcez, de 15 anos, assassinado pelo amigo José Divino Nunes, de 18, por disparo acidental de arma de fogo. A absolvição de Divino veio também pelas mãos do juiz Orimar de Bastos, recebendo confirmação do júri depois que o Ministério Público entrou com recurso.
"Tenho a
convicção de que fiz justiça" – declarou Orimar de
Bastos, que não é espírita e na ocasião
sofreu perseguição dos colegas de profissão. O
juiz, hoje aposentado, contou um fato curioso por ele vivido ao redigir
a primeira sentença.
"Havia batido à
máquina as considerações iniciais e me lembro de
ouvir o relógio da cidade (Piracanjuba) bater 21 horas.
Não sei se entrei em transe, mas, quando dei por mim, estava
escutando as badaladas das 24 horas. E a sentença estava pronta.
Não me recordo de ter redigido nada. Levei um susto. Havia
escrito, além das três páginas das quais me
lembrava, seis sem sentir. E quando a gente batia à
máquina, era comum cometer alguns erros de datilografia, mas nas
últimas folhas não havia nenhum. Fiquei intrigado e
resolvi ir embora. No dia seguinte, ao me sentar no ônibus para
reler a sentença antes de pronunciá-la, acabei dormindo.
Eu havia absolvido o rapaz" – revelou.
A explicação para o fato, inclusive sobre o seu envolvimento nos dois casos, só veio depois, quando se encontrou com Chico Xavier. O médium mineiro psicografou uma mensagem do juiz Adalberto Pereira da Silva, desencarnado em 1951, na qual revelava a Orimar que a sua transferência para Goiânia havia sido planejada pelo Plano Espiritual, para que também pudesse atuar no caso do Divino.
Extraído do Boletim SEI de
Sábado, 20/11/2004 -
número 1912
Questões e Comentários |
(Continuação do Artigo iniciado no Boletim 478)
14) No Evangelho Segundo o Espiritismo [Cap. IV; p.85; §6] Kardec diz ”A idéia de que João Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra se nos depara em muitas passagens dos Evangelhos”. E cita particularmente, para justificar essa tese, os seguintes versículos. Mt 17,10-13 e Mt 11,12-15.
A) No entanto, em Mt 11,14, Jesus diz que João Batista é “o Elias que há de vir”. Neste trecho temos, antes da palavra Elias, a letra “o”, que por mais insignificante que possa parecer, traz muita dificuldade na interpretação, pois um artigo, ao lado de um nome, adjetiva este mesmo nome. Por exemplo, eu posso dizer que Divaldo Pereira Franco é o Allan Kardec brasileiro. Com uma frase como esta, não estou dizendo que Divaldo é Allan Kardec, nem que Divaldo é a reencarnação do mesmo. Estou apenas querendo ressaltar que a função e a importância de Divaldo no Brasil se assemelham à função e à importância de Allan Kardec na codificação mundial.
As provas de que João Batista e Elias são o mesmo Espírito estão abundantemente esclarecidas em várias obras. Ninguém jamais cogitou em dizer o mesmo de Divaldo e Kardec. Mas, de qualquer forma, podemos ainda lhe dizer que não são todas as Bíblias que traduzem da forma como você citou. Por exemplo, as Bíblias protestantes publicadas pelas editoras Mundo Cristão e Novo Mundo não colocam o artigo que você faz questão de mencionar. Daí lhe perguntamos: qual das traduções bíblicas é a verdadeira? Por outro lado, em versículo anterior (10) Jesus relaciona João Batista à profecia de Malaquias 3, 1. Esse mensageiro é identificado no versículo 23: “Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias,...”. A conclusão final é que se Jesus está afirmando que João Batista é “o Elias”, “o profeta Elias” ou simplesmente “Elias”, não faz a menor diferença quando se quer entender. Mas, se desejar algo mais categórico, é só ler Mt 17, 12, que diz: 12. “Mas eu digo a vocês: Elias já veio, e eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do mesmo modo." Na seqüência, ou seja, o versículo 13, diz: “Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista”, isso reforça os nossos argumentos, pois sabemos que em outras ocasiões Jesus demonstrou conhecer o pensamento dos outros. Assim, se não fosse verdadeiro o que pensaram, Jesus teria dito, com certeza.
Veja o quão importante é usarmos a razão. Vamos analisar o contexto em que a frase que você destacou foi dita. Na referida passagem Jesus disse: "Ora, desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos céus é tomado pela violência e são os violentos que o arrebatam; - pois que assim o profetizaram todos os profetas até João, e também a lei. - Se quiserdes compreender o que vos digo, ele mesmo é o EIias que há de vir. - Ouça-o aquele que tiver ouvidos de ouvir.” (Mateus, XI, 12 a 15.)
A expressão
"desde o tempo de João Batista"
parece um grande contra-senso
pois João Batista foi conterrâneo de Jesus (eram primos).
Mais adiante Jesus disse que "se quiserdes compreender o que vos digo"
ou seja, se vocês quiserem esclarecer o aparente contra-senso,
"ele mesmo (o João) é o Elias que há de vir."
Nesse contexto, não temos dúvidas de que Jesus quis dizer
que João era Elias reencarnado.
Se Jesus tivesse pretendido
dizer que João era tão importante quanto foi Elias, ele
não teria dito a expressão "desde o tempo de João
Batista...".
Esse trecho demonstra a ignorância de João quanto à sua natureza como Espírito. Fato que comprova a afirmativa dos Espíritos quanto ao esquecimento do passado (Livro dos Espíritos, perguntas 392 a 399). Essa passagem não tem nada de contraditório com o que o Espiritismo diz.
O fato de que se não lembrarmos de algo das vidas anteriores não quer necessariamente dizer que não tenhamos vivido anteriormente, já que muitos acontecimentos dessa vida atual mesmo, por mais que o queiramos, não conseguimos lembrar e disso não podemos concluir que não os tenhamos vivido.
Além disso, Jesus
não é um Espírito muito mais superior do que
João? Jesus sabia do que estava falando. João não
tinha todo o conhecimento. Nós preferimos aceitar a afirmativa
de Jesus que João é Elias, quem quiser poderá
acreditar em João.
C) Na cronologia bíblica, João batista morre (Mt 14,1-12). Dias depois os discípulos de Jesus têm uma visão de Moisés e Elias, ao lado de Jesus. Se João Batista era Elias reencarnado, o espírito não deveria se mostrar com a aparência da sua última reencarnação? Deve-se considerar ainda que os discípulos conheciam João Batista, pois haviam convivido com ele, fato que não se sucedera com Elias.
Moisés e Elias são pilares do Judaísmo. A presença deles junto a Jesus serviu para corroborar a missão de Jesus como esclarecedor e promotor da Lei de Deus e não seu opositor. Além disso, para os Judeus em geral não era claro que João e Elias eram o mesmo Espírito. Tampouco tinham João como um profeta da envergadura de Elias. Além disso, todo Espírito se identifica não conforme sua última encarnação e sim conforme aquela que foi mais significativa para a sua evolução ou que mais marcará o entendimento em quem o vê. Que Pedro, Tiago e João não conviveram com Elias é um fato incontestável, mas isso não quer dizer que não poderiam identificá-lo. Aliás, a narrativa diz exatamente isso, ou seja, que foi identificado pelos três, já que não está dito que Jesus tenha falado o nome dos que lhe apareciam no momento, observar os versículos 3 e 4. E essa passagem está a prova bíblica incontestável que os mortos se comunicam. Tendo Jesus dito “tudo o que eu fiz, vós podeis fazer e até muito mais” (Jo 14,12), nos libera definitivamente da proibição mosaica de nos comunicarmos com os “mortos”.
O fato de Espíritos evoluídos se apresentarem de modo a serem identificados por quem os vê está registrado uma infinidade de vezes na história da vida dos santos. Estes sempre tiveram visões de Espíritos com os quais nunca tinham convivido mas aos quais nenhuma dificuldade tinham em reconhecer. A quantos se apresentou Jesus? A quantos se mostrou Maria? Qualquer médium de tradição cultural judaica identificará com facilidade seus grandes profetas, disso não resta qualquer dúvida.
15) No Evangelho Segundo o Espiritismo [Cap. IV; p.85] Kardec cita Jo 3,1-12, que é um trecho em que Jesus afirma que “Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.” Kardec interpreta “nascer de novo” como reencarnação. Aqui podemos levantar dois problemas:
A) Jesus começou a frase em sentido
figurado: “Ninguém pode ver o reino de Deus”. Se começou
assim, é lógico supor que vai terminar da mesma forma.
Logo, “nascer de novo” deveria estar, igualmente, em sentido figurado,
mas se interpretamos “nascer de novo” como reencarnação,
estamos, na verdade fazendo uma tradução literal (e
não simbólica) das palavras de Jesus. Não é
uma interpretação incoerente?
Quando Jesus disse que
“ninguém pode ver o reino de
Deus”, ele não estava usando
sentido figurado algum. Ninguém pode ver, mesmo, o reino de Deus
pois não se trata de um reino material, com palácio,
exércitos, etc.. Logo, não há incoerência
alguma ao interpretarmos “nascer de novo” de forma literal.
Mais uma vez você analisa os textos bíblicos "fora" do
contexto. Vamos analisar isso. Nessa passagem Jesus recebe a visita de
um Fariseu, senador dos Judeus. Portanto, Nicodemos era pessoa bastante
esclarecida. Daí Jesus disse a ele: "Ninguém pode ver o
reino de Deus se não nascer de novo".
Qual foi a reação de Nicodemos, que era um homem
inteligente e culto? Ele perguntou a Jesus "Como pode nascer um homem
já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para
nascer segunda vez?" Isso quer dizer que Nicodemos, que esteve
lá com Jesus, entendeu no sentido literal a expressão
"nascer de novo". Isso já indica que, no contexto, Jesus
não estava usando linguagem figurada. Mas continuemos a
análise. Jesus refaz a afirmativa: "Se um homem não
renasce da água e do Espírito, não pode entrar no
reino de Deus. - O que é nascido da carne é carne e o que
é nascido do espírito é Espírito. -
Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que
nasças de novo. O Espírito sopra onde quer e ouves a sua
voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai; o mesmo se
dá com todo homem que é nascido do Espírito."
O que Jesus quis dizer com a expressão "renascer da água
e do Espírito"? O que a água representava para os
Judeus
e para os demais povos daquela época? Segundo Kardec, no mesmo
capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a água era
tida como o elemento gerador da vida. Nicodemos sabia disso pois era
homem culto. Ao dizer que o que é nascido da carne é
carne e do espírito é Espírito, Jesus ressalta os
dois aspectos envolvidos no processo de reencarnação.
Ao dizer para Nicodemos não se admirar "de que eu te haja dito
ser preciso que nasças de novo" Jesus mostra que
não
estava querendo usar linguagem simbólica com
relação ao "nascer de novo". Ao explicar que o
espírito sopra onde quer e ouvimos a sua voz sem saber de onde
vem nem para onde vai, Jesus claramente reafirmou que o Espírito
que animará o novo corpo vem de algum lugar que não
conhecemos e irá embora para outro lugar após a morte.
Isso, junto da idéia de nascer de novo, demonstram, de modo
inequívoco, a Reencarnação.
A evolução é contínua. Em nenhum lugar a
Doutrina ensina que podemos ficar estacionados em uma vida. Podemos
não nos “aproximar de Deus” como você disse, mas
enfrentamos provas e, de provas em provas, vamos aprendendo e
endireitando nosso caminho. Há um comercial, achamos que no
“Cartoon Network”, que mostra muita coisa sobre o que queremos dizer.
Puseram um psicólogo para educar os sentimentos de todos os
malfeitores dos desenhos. Lá para as tantas, após de
explicar a eles um monte de coisas, ele pergunta “O que todos
nós queremos”? E todos, dando prova de não terem prestado
nenhuma atenção ao que o psicólogo tinha dito,
gritam em coro “Conquistar o mundo”. Mais adiante, para
ensiná-los a controlar a raiva, ele pega um papel e faz uma bola
dizendo para eles fazerem o mesmo, para embrulharem sua raiva naquele
papel. A cena acaba em off com o som de todos jogando a bola de papel
encima do psicólogo.
Por que lembramos do comercial do “Cartoon NetworK”? Porque é
exatamente o que ocorre na vida. Alguém tem alguma dúvida
do que teria ocorrido se um santo homem tivesse ido pregar reforma
íntima à Átila, Gêngis Khan, Hitler ou
Stalin? Jesus era sábio demais para achar que em uma
única existência o ser humano pudesse fazer uma reforma
íntima tão profunda a ponto de implantar o Reino de Deus
em seu coração. Sabendo como sabia ser isso
impossível, jamais o teria ensinado.
É um absurdo lógico entender que Jesus era ingênuo
a ponto de julgar possível a reforma íntima de todas as
criaturas em uma única existência. Por outro lado, a
máxima “ninguém pode ver o reino de Deus se não se
submeter à reencarnação”, esta, sim, tem toda a
lógica, pois não estamos falando de uma única
chance a mais, como o irmão certamente sabe e por algum motivo
quis parecer ignorar. Deus, em sua
infinita bondade, dá a seus
amados filhos e filhas toda a eternidade para se voltarem para Ele.
Mas
voltaremos a esse tema mais adiante, utilizando uma analogia.
16) No mesmo capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo [Cap. IV, §4, p.84] Kardec diz “A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição”. No entanto, devemos lembrar do relato bíblico da ressurreição de Lázaro.
A) Jesus afirmou claramente que ele estava morto (Jo 11,14), e não que havia sofrido um ataque de letargia (morte aparente). Portanto, houve, de fato, uma ressurreição! A menos que ponhamos em dúvida as palavras de Jesus, o que seria absurdo e colocaria em cheque um dos livros mais importantes do espiritismo, pois Kardec se utiliza fartamente dos ensinamentos de Jesus. Além do que, Jesus, sendo um Espírito extremamente superior, jamais mentiria. A conclusão aqui seria essa: a palavra ressurreição significava simplesmente ressurreição nos dogmas judeus. Como entender a afirmação de Kardec?
Quem fala que os Fariseus criam na reencarnação é Flavio Josefo em “A História dos Judeus”, uma obra que usam católicos, seguidores de outras crenças cristãs e até historiadores agnósticos como evidência da existência de Jesus na história.
Se os judeus não acreditassem na reencarnação como poderia nos explicar a resposta dada a Jesus quando Ele perguntou o que o povo pensava a respeito dele que diz "Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas" (Mt 16, 13-15). O único que não se enquadra no conceito de reencarnação é João Batista que foi contemporâneo de Jesus, quanto aos outros caberiam como uma luva.
*
Em Jo 11, 1-44
está a passagem sobre a ressurreição de
Lázaro. Vejamos: Versículo 4: Jesus diz: "Essa doença não é
para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho
de
Deus seja glorificado por meio dela”; Versículo 11: "O nosso
amigo Lázaro adormeceu.
Eu vou acordá-lo”;
Versículo 14: Então Jesus falou claramente para eles:
"Lázaro está morto”.
Não lhe parece uma
contradição o versículo 14 com os outros? Leia a
passagem e retire dela os versículos 14 a 16 e veja se ela
continuará coerente ou não.
E ainda quanto à morte de Lázaro, é bom lembrar
que a catalepsia, ao longo dos tempos, fez com que muita gente fosse
enterrada viva. Isso só deixou de ocorrer no final do
século XX quando em quase todo mundo tornou-se necessária
a comprovação de morte cerebral para que alguém
fosse enterrado. Jesus, no primeiro momento, afirmou que Lázaro
“dormia”. Ë evidente, portanto, que o Mestre sabia que
Lázaro não estava realmente morto. No entanto, que
poderia ele dizer? Poderia ele adiantar de 2000 anos um conhecimento
científico? Um ataque cataléptico pode durar de poucos
minutos a alguns dias e é um distúrbio que impede a
pessoa de se movimentar, apesar de continuarem funcionando seus
sentidos e funções vitais (que ficam só um pouco
desaceleradas).Foi certamente isso que Lázaro teve mas a
humanidade teria de esperar mais 2000 anos para saber o que acontecia
nesses momentos e parar de enterrar os pobres doentes ainda vivos.
Voltamos ao que dissemos
acima. Jesus disse o que eles podiam entender. Não disse que
Lázaro estava tendo um ataque cataléptico porque
ninguém entenderia patavina. Se caísse um raio sobre uma
pessoa e dissessem que a pessoa tinha sido castigada por Deus o que
você teria dito se pudesse estar lá com o conhecimento de
hoje? “Não, não foi um castigo de Deus, mas o fato da
umidade relativa do ar estar alta, a atmosfera estar altamente
ionizada, a pessoa estar usando um sapato de sola de couro, não
haver pontos altos na redondeza, etc.”. Olhariam para você e o
taxariam de louco. O melhor que você teria a fazer era concordar
com eles e, depois, com habilidade e paciência, ensinar como eles
deveriam proceder em ocasião de temporal.
Quando lidamos com crianças pequenas é muito comum
usarmos a mesma estratégia. Concordamos com elas em um primeiro
instante para irmos aos poucos introduzindo os conceitos que
permitirão mais tarde uma explicação que lhes seja
possível entender. Os homens eram crianças espirituais
naquelas épocas.
Note, ainda, que Jesus
não saia por aí a ressuscitar mortos antigos, com corpo
completamente decomposto. Já que existe o fenômeno da
letargia que, em certos indivíduos, há
decomposição parcial, é bem possível, sim,
que Lázaro ainda não estivesse morto. Não existe
no Novo Testamento nenhum exemplo de Jesus ressuscitando algum morto
antigo. Um exemplo destes, se houvesse, este sim seria bastante
conclusivo de uma “ressurreição”.
Se os laços entre um Espírito e o corpo se desfazem, eles
não podem ser refeitos. Mas se os laços entre o
Espírito e o corpo estão apenas frouxos, como são
nos casos de letargia, catalepsia e outros estados alterados de
consciência, então eles podem ser reapertados.
Mas, se mesmo assim, alguém desejar empregar a idéia de
que Deus é todo poderoso e que, por isso, Ele pode fazer
ressuscitar qualquer pessoa, esse tipo de argumento pode ser usado em
favor do Espiritismo e da reencarnação pois Deus, sendo
todo-poderoso, criou a possibilidade de reencarnação.
Seria mais inteligente para nós, hoje, em nosso atual
estágio de desenvolvimento intelectual, que analisássemos
as conseqüências morais deste tipo de "concessão"
divina.
Livros
Espíritas abordando Conceitos da Física Quântica,
Marconi, Brasil
Gostaria de
obter informações sobre livros espiritas que abordam os
conceitos da física quântica.
Grato pela atenção!
Marconi
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