Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 -
Número 480 - 2004
31 de agosto
de 2004
Sofrimento
e Evolução
As dificuldades e a dor são causas, sofrimento é efeito.
Não é o sofrimento, a rigor, que faz evoluir. Sequer as
suas causas. Se o Espírito, diante da dificuldade ou da dor,
fica sem ação, imprecando contra Deus ou maldizendo a
vida, de nada valeu a dificuldade ou a dor em sua
evolução. Os Espíritos evoluem quando se
esforçam para superar as dificuldades e quando a dor os
força a meditar sobre a vida, procurando propósitos para
suas ações. A evolução é, portanto,
antes de tudo, um ato de vontade, servindo a dificuldade e a dor como
simples motivações para despertar a vontade de evoluir.
Sendo efeito, por outro lado, o sofrimento é mera
reação emocional. Pode uma pessoa estar com um tumor
maligno em estado de metástase, sofrendo dores incríveis
e, no entanto, ser feliz, não se sentir sofrendo. Outra pode
estar com o corpo saudável, ser rica, sem problema algum de
ordem material e se sentir profundamente infeliz, em grande sofrimento.
Não é raro vermos um trabalhador pobre, ganhando
salário mínimo, com quatro filhos, morando em um barraco,
rindo, brincando e, então, nos perguntarmos, intimamente:
“Está rindo de que, o pobre coitado?” Por outro lado, ao
sabermos que um empresário rico, poderoso e “sem problemas” se
suicidou, logo pensamos: “Como é possível? Ele que tinha
tudo.”
Essas dúvidas e reações não
ocorrerão conosco se entendermos bem a Doutrina Espírita,
conforme acabamos de mostrar.
Saibamos, portanto, aceitar todas as dificuldades e dores que nos
acometem durante a vida com equilíbrio emocional, logrando
sempre concluir qual a finalidade educacional dos mesmos em nosso
caminhar rumo à meta desejada. Que consigamos vibrar sempre de
modo a que os Bons Espíritos, nossos guias e protetores, possam
nos ajudar em tal intento.
Muita paz,
Os Editores
Editor GEAE
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Um
Diálogo Fraterno sobre a Ciência & Espiritismo V
13 ) O que é matéria? O
que é energia?
[Ademir] A
definição de matéria e energia adquire variadas
conceituações dependendo da área específica
da física. Por exemplo, no caso da mecânica
clássica, a matéria é aquilo que tem
extensão e massa, a energia é uma quantidade que se
conserva mas não tem conexão mais íntima com a
matéria, sendo algo como uma "virtude" que a matéria
adquire e que potencializa o movimento (a energia é uma das
constantes associadas a um determinado estado de movimento). Já
com áreas da física mais modernas - e dependendo do
objeto de estudo como no caso das partículas elementares,
energia e matéria se associam intimamente. Há
partículas que não tem massa definida, por exemplo. De
qualquer forma é importante ressaltar a diferença de
interpretação e cuidado que se deve ter ao se utilizar a
palavra "energia" fora de seu sentido próprio que é o
fornecido pela área da física em particular. Fora desse
escopo é possível encontrar as mais variadas
definições que guardam pouca relação com o
significado original.
[Alexandre] É muito
difícil definir de forma precisa os conceitos de matéria
e energia hoje. A resposta do Ademir acima é muito boa e
não há necessidade de repetir. Quero aproveitar o ensejo
da pergunta para dar uma idéia de como as coisas são mais
difíceis do que a gente pensa quando pretendemos fazer a ponte
entre física e espiritismo.
Concordamos que muitos resultados da física moderna corroboram
algumas afirmativas dos espíritos, questões essas
impossíveis de serem testadas ou avaliadas por Kardec com o
conhecimento científico de sua época. Porém
existe, ao meu ver, um excesso de entusiasmo quando se passa a
idéia de que “a ciência está comprovando o
espiritismo” ou “a física dá suporte...” ou “a
física leva ao espiritismo”. Isso pode ser pensado num sentido
filosófico particular mas não no sentido mais profundo.
Eu quero dizer que podemos interpretar alguns desses resultados como
sendo a favor do que os espíritos disseram. Mas do ponto de
vista científico essas afirmativas tem tão pouco valor
quanto aquelas que dizem que Deus não existe, que a alma
não existe, usando, também, conceitos científicos.
O que quero dizer é que nós espíritas facilmente
“julgamos” aqueles que dizem que Deus e o espírito não
existem dizendo que “isso é um preconceito de materialista”. Mas
ficamos muito entusiasmados quando um colega deles, afirma publicamente
que acredita em Deus e nos espíritos. Isso não é
um critério honesto e muito menos científico. Como
mencionado anteriormente, opinião é sempre opinião
seja a favor ou contra.
Vejamos o seguinte exemplo: “a física mostra que a
matéria não existe porque vivemos num mundo de energias”.
Mas o materialista pode muito bem usar a mesma base científica e
dizer que “o mundo de energias é material”. Isto pois quando
usamos a equação de Einstein E=mc^2 para dizer que
a matéria “densa” é energia a relação vale
como m=E/(c^2) o que pode ser interpretado de forma inversa. Na
verdade, o que podemos dizer, como físicos, é que
matéria (massa) e energia são dois “estados” de uma mesma
“coisa”. Infelizmente, cientificamente isso não prova nada com
relação aos fluidos espirituais. Isto não é
um argumento científico forte para dizer que temos um corpo
espiritual que sobrevive à morte do corpo físico.
14) Em que a fisica quântica
muda os conceitos de matéria e energia já consagrados? Em
que a fisica quântica abriria espaço para
interpretações espiritualistas?
[Ademir] Não é
possível nesse espaço responder com suficiente
propriedade a essa questão. Isso porque a mecânica
quântica é um paradigma da física que exige um
tratamento especial, com a inserção de outros conceitos
fundamentais não presentes na física clássica e
que demandariam maior espaço para apresentação.
Há várias referências sobre o assunto que o leitor
pode consultar. Digamos entretanto que noções como
posição no espaço e definição de
estado - o que uma coisa realmente é num determinado momento -
adquirem interpretações bastante peculiares na
mecânica quântica, o que parece ter causado a
impressão de que a mecânica quântica tenha aberto a
possibilidade de conexão com interpretações
espiritualistas. Pelo que sei grande parte do debate gira em torno de
questões de interpretação da teoria. Mas
não a ponto de se tentar extender o paradigma (quântico)
já existente que funciona muito bem. A questão é
saber que extensão (e conexão com conceitos fora da
teoria) poderia trazer a tona um paradigma que funcione melhor que o
existente e que justifique sua adoção. Se isso não
acontecer essas tentativas podem ser enquadradas como meras
especulações.
[Alexandre] Uma das maiores
contribuições que a física moderna (mecânica
quântica e teoria da relatividade) trouxeram foi o que eu
chamaria de “desmaterialização” da matéria. A
matéria tem uma estrutura íntima que em essência
é algo bastante sutil. Isso é um conceito que à
época de Kardec não se tinha. Então isso deveria
sugerir às mentes dos cientistas de que “há mais entre a
terra e o céu do que a vã” ciência já
descobriu.
Mas isso é um passo e faltam muitos até chegarmos
à alguma constatação da existência dos
fluídos por meios da física. Eu tenho estudado um pouco
as interpretações da teoria quântica tentando
analisar as consequências para os conceitos espíritas.
Estou trabalhando numa futura publicação em que discuto
que alguns destes conceitos quânticos trazem conflitos com
princípios espíritas básicos como a questão
da causa e efeito. Portanto, se por um lado a fisica quântica
ajudou a mudar a mentalidade com relação a
matéria, precisamos ter cautela pois ela pode não estar
em completo acordo com o Espiritismo.
E a julgar pelo extenso debate que ainda temos hoje, sobre as
interpretações da mecânica quântica eu
ficaria com o Espiritismo aguardando o desenvolvimento da primeira.
Para dar um exemplo de que a gente tem que ser mais cauteloso com as
nossas conclusões, na revista Nature de 6 de fevereiro de 2004
foi publicada uma nota de divulgação sobre alguns
trabalhos sobre a tentativa de se medir alguma variação
na velocidade da luz em referenciais diferentes. Segundo esta nota, os
cientistas bolaram um experimento altamente preciso cujos resultados
eram coisa do tipo 30 vezes melhor do que já foi feito antes.
Mesmo assim eles mediram que a velocidade da luz não se altera
com a diferença de referencial. Eles comentaram que isso tem
forte implicações nas teorias modernas de supercordas,
por exemplo. Isto pois, segundo essas teorias (supercordas), deve
existir uma diferença pequena na velocidade da luz em
determinados limites. Como as medidas não mostraram essa
diferença isso sugere que essas teorias modernas (frequentemente
usadas para dar ênfase ao espiritismo) ainda não
estão corretas.
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Algumas frases de Chico Xavier
(Fonte: “O Evangelho de Chico Xavier” de
Carlos A. Baccelli - As frases foram enviadas pelo nosso amigo Leo
Strumillo como
parte de uma apresentação em power point homenageando o
grande médium mineiro)
“O Cristo não pediu muita
coisa,
não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem
grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos
amássemos uns aos outros.”
“Nenhuma atividade no bem é insignificante... As mais
altas árvores são oriundas de minúsculas sementes.
A repercussão da prática do bem é
inimaginável... Para servir a Deus, ninguém necessita
sair do seu próprio lugar ou reivindicar condições
diferentes daquelas que possui.”
“Os Espíritos Amigos sempre mostram disposição de
nos auxiliar, mas é preciso que, pelo menos, lhes
ofereçamos uma base... Muitos ficam na expectativa do socorro do
Alto, mas não querem nada com o esforço de
renovação; querem que os espíritos se intrometam
na sua vida e resolvam seus problemas... Ora, nem Jesus Cristo,
quando veio à Terra, se propôs resolver o problema
particular de alguém... Ele se limitou a nos ensinar o caminho,
que necessitamos palmilhar por nós mesmos.”
"Nunca quis mudar a religião de ninguém, porque,
positivamente, não acredito que a religião a seja melhor que a religião b... Nas origens de toda
religião cristã está o Pensamento de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Quem seguir o Evangelho... Se Allan Kardec tivesse
escrito que “fora do Espiritismo não há
salvação”, eu teria ido por outro caminho. Graças
a Deus ele escreveu “Fora
da Caridade”, ou seja, fora do Amor não há
salvação...”
"Devemos orar pelos políticos, pelos administradores da vida
pública. A tentação do poder é muito
grande. Eu não gostaria de estar no lugar de nenhum deles. A
omissão de quem pode e não auxilia o povo, é
comparável a um crime que se pratica contra a comunidade
inteira. Tenho visto muitos espíritos dos que foram homens
públicos na Terra em lastimável situação na
Vida Espiritual...”
“O desespero é uma doença. E um povo desesperado, lesado
por dificuldades enormes, pode enlouquecer, como qualquer
indivíduo. Ele pode perder o seu próprio
discernimento. Isso é lamentável, mas pode-se dizer que
tudo decorre da ausência de educação,
principalmente de formação religiosa.”
“Sem Deus no coração, as futuras gerações
colocarão em risco a Vida no planeta. Por maior seja o
avanço tecnológico da Humanidade, impossível que o
homem viva em paz sem que a idéia de Deus o inspire em suas
decisões.”
"Devemos fazer tudo para evitar uma guerra, que viria sem
dúvida, ser um atraso na marcha progressiva da Humanidade.
Quando surge uma guerra de proporções maiores, quase tudo
se desmantela e, praticamente, tem que ser reiniciado....”
“Gente há que desencarna imaginando que as portas do Mundo
Espiritual irão se lhes escancarar... Ledo engano!
Ninguém quer saber o que fomos, o que possuíamos, que
cargo ocupávamos no mundo; o que conta é a luz que cada
um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo...”
"Sem a idéia da reencarnação, sinceramente, com
todo respeito às demais religiões, eu não vejo uma
explicação sensata, inclusive, para a existência de
Deus.”
"Uma das coisas que sempre aprendi com os Benfeitores Espirituais
é não tolher o livre arbítrio de ninguém;
os que viveram na minha companhia sempre tiveram a liberdade para fazer
o que quiseram...”
"Existem pessoas que se sentem ofendidas, magoadas por qualquer coisa:
à mais leve contrariedade, se sentem humilhadas... Ora,
nós não viemos a este mundo para nos banhar em
águas de rosas... Somos espíritos altamente endividados -
dentro de nós o passado ainda fala mais alto... ... Não
podemos ser tão suscetíveis assim..."
“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse
por elas, eu não teria saído do lugar... As facilidades
nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.”
"Emmanuel sempre me ensinou assim: -“Chico, se as críticas
dirigidas a você são verdadeiras, não reclame; se
não são, não ligue para elas...”
“Graças a Deus, não me lembro de ter revidado a menor
ofensa das inúmeras que sofri, certamente objetivando, todas
elas, o meu aprendizado, e não me recordo de que tenha,
conscientemente, magoado a quem quer que fosse...”
“Emmanuel sempre me disse: - Chico, quando você não tiver
uma palavra que auxilie, procure não abrir a boca...”
“Sabemos que precisamos de certos recursos, mas o Senhor não nos
ensinou a pedir o pão, mais dois carros, mais um avião...
Não precisamos de tanta coisa para colocar tanta carga em cima
de nós. Podemos ser chamados hoje à Vida Espiritual...”
“Tudo que criamos para nós, de que não temos necessidade,
se transforma em angústia, em depressão...”
“A doença é uma espécie de escoadouro de nossas
imperfeições; inconscientemente, o espírito quer
jogar para fora o que lhe seja estranho ao próprio psiquismo...”
“Abençoemos aqueles que se preocupam conosco, que nos amam, que
nos atendem as necessidades... Valorizemos o amigo que nos socorre, que
se interessa por nós, que nos escreve,
que nos telefona para saber como estamos indo... A amizade é uma
dádiva de Deus ... Mais tarde, haveremos de sentir falta
daqueles que não nos deixam experimentar solidão!”
“A caridade é um exercício espiritual... Quem pratica o
bem, coloca em movimento as forças da alma. Quando os
espíritos nos recomendam, com insistência a prática
da caridade, eles estão nos orientando no sentido de nossa
própria evolução; não se trata apenas de
uma indicação ética, mas de profundo significado
filosófico...”
“Tudo o que pudermos fazer no bem, não devemos adiar...
Carecemos somar esforços, criando, digamos, uma energia
dinâmica que se anteponha às forças do mal...
.... Ninguém tem o direito de se omitir”
“Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o
sofrimento: Não julgar, definitivamente não julgar a quem
quer que seja.”
“O exemplo é uma força que repercute, de maneira
imediata, longe ou perto de nós... Não podemos nos
responsabilizar pelo que os outros fazem de suas vidas; cada qual
é livre para fazer o que quer de si mesmo, mas não
podemos negar que nossas atitudes inspiram atitudes, seja no bem quanto
no mal.”
"Sempre recebi os elogios como incentivos dos amigos para que eu venha
a ser o que tenho consciência de que ainda não sou...”
"Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu
ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém
é terrível!...”
“A gente deve lutar contra o comodismo e a ociosidade; caso
contrário, vamos retornar ao Mundo Espiritual com enorme
sensação de vazio... Dizem que eu tenho feito muito, mas,
para mim, não fiz um décimo do que deveria ter feito...”
“A questão mais aflitiva para o espírito no Além
é a consciência do tempo perdido.”
“Confesso a vocês que não vi o tempo correr... Por mais
longa nos pareça, a existência na Terra é uma
experiência muito curta. A única coisa que espero depois
da minha desencarnação é a possibilidade de poder
continuar trabalhando.”
“Devemos aceitar a chegada da chamada morte, assim como o dia aceita a
chegada da noite - tendo confiança que, em breve, de novo
há de raiar o sol...”
“Tudo tem seu apogeu e seu declínio... É natural que seja
assim; todavia, quando tudo parece convergir para o que supomos o nada,
eis que a vida ressurge, triunfante e bela!... Novas folhas, novas
flores, na indefinida bênção do recomeço!...”
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A Pesquisa Qualitativa Entre
a Fenomenologia e o Empirismo-Formal, Jáder dos Reis Sampaio,
Brasil
Resumo
Metodologia e epistemologia
são duas
áreas relacionadas, mas independentes entre si. É muito
comum na pesquisa administrativa brasileira entender-se a pesquisa
chamada de qualitativa a partir de um referencial epistemológico
empirista-formal. Realizou-se uma análise das
contribuições teóricas ao tema por autores
clássicos e contemporâneos. A proposta do presente
trabalho teórico é distinguir a orientação
epistemológica baseada no empirismo-formal da que se fundamenta
na fenomenologia. Aceita esta distinção e o “status”
científico destas duas matrizes de conhecimento, mostra-se que
há implicações metodológicas distintas para
a pesquisa qualitativa, seja com relação ao objetivo,
seja com relação à abordagem do objeto, seja com
relação à construção de construtos e
indicadores. Desta forma, a pesquisa qualitativa não é
uma pesquisa para a qual não se teve fôlego para estudar
um número suficiente de eventos que permitam
generalização, nem está às voltas com um
tipo de objeto que permite apenas uma mensuração
não métrica e muito menos é uma abordagem menor da
ciência porque não consegue estabelecer com fundamento
leis que estabelecem relações determinantes ou
probabilísticas entre eventos. Trata-se de um tipo de pesquisa
própria para a análise em profundidade de fenômenos
onde se pressupõe, ou se busca entender melhor, a singularidade
ou a subjetividade.
Palavras-Chave: Pesquisa
Qualitativa, Metodologia de Pesquisa, Epistemologia
Introdução
Sempre que se discute uma pesquisa
científica, está se optando por uma certa
produção de conhecimento que atende a determinados
parâmetros ou exigências propostos por um determinado grupo
de pesquisadores. Um equívoco que geralmente se comete é
pressupor a existência de uma teoria epistemológica
única que fundamentaria a escolha dos métodos de
investigação.
Em meio ao pensamento administrativo, a
noção de ciência mais difundida filia-se às
escolas derivadas do empirismo. Mesmo nesta tradição,
há muitas escolas epistemológicas concorrentes, como o
empirismo lógico, o empirismo probabilista, o empirismo
crítico e o evolucionista. Em ruptura à
tradição empirista, temos inúmeras escolas de
teoria do conhecimento, como a fenomenológica (e seus
desdobramentos) e a pragmática.
A idéia que o conhecimento científico
é um tipo de conhecimento verdadeiro, e que a
aplicação da metodologia científica conduz
à obtenção da verdade, é um mito de
difícil sustentação se o leitor se dispuser a
analisar atentamente os pressupostos sobre os quais se constrói
uma dada teoria epistemológica.
O Que é Ciência?
Francis Bacon (1561-1626), ao redigir sua obra
“Novum Organum” lançou algumas das bases da ciência
moderna. Propôs que o estudo se voltasse à análise
da natureza, cujos resultados pudessem permitir uma
acumulação sistemática do conhecimento.
Propôs o método indutivo como o caminho para atingir este
objetivo, através da experiência escriturada, que
compreendia a observação sistemática e a
realização de experimentos. O filósofo natural
deveria observar as condições em que um determinado
fenômeno ocorria (tábua de presença), as
condições em que ele não ocorria (tábua de
ausência) e registrar os diferentes graus de
variação do fenômeno a fim de descobrir
possíveis correlações entre as
variações (tábua das graduações).
Feitas as observações o pesquisador procuraria
estabelecer induções amplificadoras
(generalizações) extraindo o que existe de geral em uma
coleção de fenômenos e estendendo por analogia aos
demais nas mesmas condições. Em Bacon já temos uma
distinção entre ciência (fruto da experiência
humana) e especulação ou metafísica (fruto do
raciocínio calcado na “lógica vulgar” ou mesmo da
revelação divina).
Isaac Newton (1642-1727) abriu mão da
análise teórica calcada em uma autoridade (pelo menos
formalmente) para analisar as regularidades físicas, tendo por
parâmetros comparativos os modelos da álgebra. Uma frase
famosa onde ele expõe sua crítica ao emprego de
hipóteses foi: “hypotheses non
fingo” Ele possibilitou uma certa forma de se fazer
ciência, onde se procura o avanço do conhecimento
através da identificação de regularidades
constatadas matematicamente e por indução, ou,
simplesmente, “leis naturais”. Newton, portanto, adiciona as
matemáticas ao método de Bacon.
Uma das dificuldades que este procedimento gerava
envolvia a sucessiva complexificação das teorias
explicativas dos fatos estudados, o que poderia fazer com que os
cientistas se perdessem no “perigo da especulação” a
partir das mesmas. Um filósofo que deu uma
contribuição histórica a este problema foi David
Hume (1711-1776), com sua famosa “investigação acerca do
conhecimento humano”. Ele defende a identificação de
nexos de causalidade dos fenômenos naturais (entendidos como
sucessões temporais entre dois fenômenos percebidos em
bases de uma vinculação necessária, ou seja, para
que o segundo aconteça é necessário que o primeiro
o anteceda) e toma como critério de verdade a possibilidade de
retorno das teorias às bases empíricas que as geraram
(fenômenos sensíveis), ou seja, às
percepções originais. Criticando o pensamento cartesiano,
ele admite a lógica dedutiva apenas para a matemática
(porque consiste em relações entre símbolos),
considerando-a criadora de sofismas e ilusões quando aplicada ao
mundo natural, que necessariamente não se comporta segundo a
lógica.
Seu projeto de construção do
conhecimento foi muito bem sucedido no mundo das ocorrências
físicas, e marcou uma distinção entre as
Físicas e as Metafísicas, que gerou um certo desprezo nos
meios acadêmicos por estas últimas. Ele foi extremamente
influente até o final do século XIX e início do
século XX, quando físicos como Albert Einstein propuseram
teorias que invalidavam a aplicação das leis de Newton a
territórios pouco conhecidos da Física, como as
partículas subatômicas, o que gerou uma
desconfiança na capacidade de generalização das
conclusões obtidas por estes métodos.
Grosso modo, temos então uma
noção de ciência, que seria um método de
produção de conhecimento verificável e
acumulável, que estabelece nexos de causalidade entre
fenômenos, a partir da observação
sistemática e experimentação de fenômenos
naturais com a finalidade de identificarem-se, por
generalização, regularidades (leis) passíveis de
descrição matemática.
Esta definição será quase que
totalmente criticada no século XX. Bachelard e Kuhn criticariam
a cumulatividade do conhecimento científico introduzindo
conceitos como corte epistemológico e mudança de
paradigma, respectivamente. Carnap abriu mão do conceito de
verificabilidade, substituindo-o pelo de confirmabilidade. Popper
estenderia as críticas à indução e à
generalização, questionaria os fundamentos
epistemológicos do probabilismo e proporia a falseabilidade e a
falsificação, assim como a transitoriedade das teorias
científicas aceitas. Todos os autores citados tratam das
chamadas ciências naturais. Evitaremos o desenvolvimento destas
contribuições porque elas nos fazem perder a linha mestra
do presente trabalho.
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III Encontro Nacional da Liga de Historiadores e
Pesquisadores Espíritas
Local: Auditório da
Associação Espírita Célia Xavier
Endereço: Rua Coronel
Pedro Jorge 314 – Prado
Inscrições: Site
Panorama Espírita (www.panoramaespirita.com.br)
e Secretaria da Associação Espírita Célia
Xavier
Inscrição:
4. Receber por e-mail o
comprovante de inscrição contendo o número de
inscrição, local do evento, programação e
informações sobre reservas de hotel.
Programação do III Encontro
Nacional da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas
- Dia 04 de Setembro – Sábado
13:00 – 13:30 – Credenciamento dos
Participantes
13:30 – 14:00 – Mesa de Abertura e
Homenagem a Napoleão Araújo
Eduardo Carvalho Monteiro e Milton B.
Piedade – Coordenadores da LIHPE
Alexandre Zaghetto – Representante da Federação
Espírita Brasileira
José Antônio Balieiro – Representante da União das
Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo
Felipe Estabile – Representante da União Espírita Mineira
Marcos Aurélio Machado – Diretor Administrativo da
Associação Espírita Célia Xavier
Jáder Sampaio – Coordenação Local do ENLIHPE
14:00 – 15:00 – Simpósio:
Preservação da Memória no Movimento Espírita
Miriam Hermeto de Sá Mota – Belo
Horizonte
Jáder dos Reis Sampaio – Belo Horizonte
15:00 – 16:15 – Mesa de
Apresentação de Trabalhos
O Espiritismo no Século XIX –
Eduardo Carvalho Monteiro – São Paulo (SP)
Allan Kardec, Médium – Gil Restani de Andrade – Belo Horizonte
(MG)
Allan Kardec através da Psicografia de Zilda Gama – Milton B.
Piedade – São Paulo (SP)
16:15 – 16:45 – Lanche
16:45 – 18:00 – Mesa de Apresentação de Trabalhos
Resgate Histórico do Magnetismo
Animal – Paulo Henrique de Figueiredo – São Paulo (SP)
Um Médium de Cura da Época de Allan Kardec – Jorge Damas
Martins- Rio de Janeiro (RJ)
Perfil de Dois Batalhadores da Causa Espírita – Alexandre Rocha
– Niterói (RJ)
18:00 – 19:00 – Mesa de Autores e
Tradutores
História da Radiodifusão
Espírita – Eduardo Carvalho Monteiro – São Paulo (SP)
Bezerra de Menezes: o 13o. Apóstolo – Jorge Damas Martins – Rio
de Janeiro (RJ)
Dr March em Dois Planos – Alexandre Rocha – Niterói (RJ)
O Aspecto Científico do
Sobrenatural – Jáder R. Sampaio (Tradutor) – Belo Horizonte (MG)
19:00 – 20:00 – Noite de
Autógrafos e Café Mineiro
20:00 – 20:30 – A Vida Depois da Vida (Filme)
20:30 – 22:00 – As Mesas Girantes – (Peça Teatral da Companhia
Espírita Laboro)
- Dia 05 de Setembro – Domingo
8:30 – 9:30 – Simpósio: Pesquisa
Espírita no Brasil
Jáder dos Reis Sampaio – Belo
Horizonte
Alexandre Fontes da Fonseca – Brotas (SP)
9:30 – 10:45 – Mesa de
Apresentação de Trabalhos
Ética Espírita: Um
Esforço para sua Delineação – Jomar T. Gontijo –
Divinópolis (MG)
Controle do Caos e Influência dos Espíritos na Natureza –
Alexandre Fontes da Fonseca – Brotas (SP)
Ciência, Tecnologia e Sociedade à Luz do Espiritismo –
Thelma Virgínia Rodrigues – Poços de Caldas (MG)
10:45 – 11:15 – Lanche
11:15 – 12:45 – Mesa Institucional: Trabalhos e Projetos de
Preservação da Memória e Desenvolvimento da
Pesquisa Espírita
Federação Espírita
Brasileira – Alexandre Zaghetto
União Espírita Mineira – Felipe Estabile Moraes (Diretor
do Departamento de Assuntos de Unificação da União
Espírita Mineira)
União das Sociedades Espíritas do Estado de São
Paulo – José Antônio Balieiro (1o. Vice-Presidente da
USE-SP) e Eduardo Carvalho Monteiro (Diretor da Assessoria
Pró-Memória da USE-SP)
Projeto de Criação do Centro Cultural de Espiritismo –
Eduardo Carvalho Monteiro e Paulo Henrique de Figueiredo
12:45 – 13:00 – Mesa de Encerramento
das Atividades e Momento Musical
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Questões
Intrincadas sobre o Espiritismo III
(Continuação do Artigo iniciado no Boletim 478)
4)
Por que usar sempre a lógica da “justiça de Deus” para
explicar a reencarnação? A reencarnação
é tratada dentro do espiritismo como uma peça
lógica para preencher a lacuna da justiça, para explicar,
por exemplo, porque alguns nascem pobres e/ou doentes, outros ricos
e/ou saudáveis. Mas essa é a única possibilidade
de explicação justa e lógica? O que é
justiça? Quem somos nós para avaliar a justiça de
Deus? Por que temos necessidade de saber se esse ou aquele fato
é justo e simplesmente não confiamos em Deus?
Nossa compreensão
das leis de Deus é certamente limitada pelo nosso estágio
evolutivo. No entanto, uma coisa sabemos: que qualquer virtude que
possa ser atribuída a Deus há de ser mais perfeita que
aquela que existe na Terra. Ora, um pai justo dá
privilégio a um filho em prejuízo de outro? Certamente
que não. Se um pai coloca um filho no melhor colégio, o
veste com as melhores roupas e o alimenta com as mais requintadas
iguarias, estará sendo justo se colocar o outro no pior,
vesti-lo com farrapos e dar-lhe a comida que sobra na mesa? Basta olhar
para a sociedade humana e vermos que não pode haver
justiça em uma única existência. A
reencarnação pode não ser a única
explicação lógica para uns nascerem assim e
outros, assado, mas é a única que foi apresentada
até agora. Sinceramente, você conhece alguma outra para
nos apresentar?
*
A
reencarnação é a única forma de
verificarmos que Deus não é somente justo mas,
também, bom e sábio. Mas a reencarnação
não possui como base apenas tais conceitos. A
reencarnação tem também como base a idéia
de progresso. Segundo os Espíritos superiores, e isso é
bastante racional, o nosso objetivo final é o progresso tanto em
amor quanto em conhecimento. Como atingir grau máximo em uma
só encarnação? Precisamos de muitas
encarnações para aprender uma fração muito
pequena das coisas.
*
Você nos pergunta
“O que é justiça?”. A noção de
justiça parece ser inata no ser humano. Experimente distribuir
diferentemente brinquedos ou guloseimas entre as crianças (mesmo
com menos de 2 anos de idade) para notar como a mente infantil percebe
a incoerência de justiça. A Justiça é um
princípio da vida. Na natureza nada existiria se não
houvesse justiça. Por exemplo, se os elementos químicos
parassem de obedecer às leis químicas e
bioquímicas, não estaríamos aqui debatendo esse
assunto. Se os corpos celestes fizessem "greve" contra as leis da
gravitação, nem imaginamos o que ocorreria, em seguida. O
que acontece quando as pessoas desrespeitam as leis da sociedade? A
vida se torna algo muito difícil e, se os corpos da natureza
não tem livre-arbítrio para fugir às suas leis, os
seres humanos criaram tribunais onde as pessoas são julgadas com
relação aos atos em desacordo com a lei.
E, com relação a Deus? Deus não criou leis para o
universo? Deus só criou leis para a matéria? O que
fizeram Moisés, Jesus e muitos outros senão traduzir em
linguagem e exemplos humanos a Lei Divina? Se existe Lei, então
existe Justiça. Logicamente que nossas
imperfeições impedem que a compreendamos de forma
absoluta. Mas ela existe. E isso é tão patente que em
todos os tempos as religiões sempre atribuíram valores de
punição e recompensa futuras pelos atos cometidos. Ainda
hoje, a idéia das penas eternas ou do paraíso eterno nada
mais é do que aplicação da Justiça.
Já imaginou se quem faz o bem e acredita em Deus vai para o
inferno e quem peca vai para o céu? Cadê a justiça?
Perguntaríamos!
Se somos verdadeiramente justos, devemos punir conforme a gravidade do
delito e não o contrário. Agora, é sempre
possível imaginar que Deus puniria o justo e presentearia o que
faz pouco ou nenhum caso da lei. A maior contradição que
existe à noção de justiça (Divina) é
a idéia de inferno que pune com rigor absoluto (eterno) uma
falha finita e limitada no tempo. Na forma como é ensinada
é uma idéia falsa que afasta muitos da religião,
pois experimentalmente sabemos que não existe nada como uma
região física de suplícios eternos, o que existe
é a sobrevivência do ser além da morte e seu
suplício íntimo, vitimado talvez, por uma
consciência culpada, de difícil
reconciliação imediata com o que é certo. Mas esse
suplício está longe de ser eterno e faz parte da
experiência de vida dessa alma antes de angariar novos vôos
em direção a melhor compreensão das leis morais
que regulam a relação entre os seres humanos e deles com
Deus.
*
A sua pergunta "Quem
somos nós para avaliar a justiça de Deus?" possui um erro
lógico fundamental. Ninguém tem dúvida de que
somos criaturas ainda longe da perfeição e que não
podemos nos comparar a Deus, Inteligência Suprema, Causa
Primária de Todas as Coisas. Mas dentro de nossa
posição evolutiva relativa, temos o dever de avaliar o
que é justo ou não, que está intimamente ligado ao
que é bom ou não, para nós e para nosso
próximo. Como vamos pautar nossas ações se
não pudermos avaliá-las? Como vamos ser
responsáveis por atos que não avaliamos e, por
conseguinte, como vamos para o "céu" ou para o "inferno" se
não temos condições de avaliar a justiça de
Deus? Como pode ver, amigo, Deus nos deu a inteligência para a
usarmos não somente na transformação material do
nosso planeta, mas também para compreendermos alguns de seus
desígnios.
Note, ainda, que Jesus mesmo fez avaliações da
justiça de Deus. Quando lemos a parábola do bom
samaritano, por exemplo, vemos que Jesus está nos dando um
exemplo de como avaliar a justiça de Deus. Se nossos atos forem
bons para com o próximo, independentemente da sua crença
ou raça, estarmos de acordo com a Justiça Divina. Jesus
também afirmou que "a cada um segundo suas obras" (Mateus 16,
27) e não “segundo suas crenças”. Essa é uma
afirmativa clara e não
simbólica.
Continua
no próximo Boletim
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Comentários sobre
Questões Intrincadas..., Mattos, Brasil
Prezado Editor do GEAE:
Lendo o artigo sobre "Questoes
Intrincadas" (
#479),
vi a frase:
"Definitivamente, e assim nos ensinou Kardec, aceitamos as
revelações pela lógica do conteúdo. E
é pela lógica do conteúdo que sabemos que elas
vieram de Espíritos superiores."
Reconheço a validade desse
critério para separar a
Verdade da Falsidade (com o uso da Lógica), e sempre tenho-o
usado. Aliás, foi exatamente isso que me aproximou de Kardec,
quando encontrei nele muito mais lógica do que em várias
religiões. Por exemplo, no Cristianismo e no Islamismo, um
espírito pode ser condenado eternamente ao fogo do inferno, o
que contraria frontalmente suas mesmas explicações sobre
a infinita bondade e justiça do Criador. Kardec resolveu-me essa
contradição, mostrando que ninguém é criado
simples e ignorante para ser depois condenado ao fogo eterno (seria um
sadismo...). Ao contrário, depois de "pagar as contas", todos
estarão condenados - isto sim - ao Paraíso, em perfeita
coerência com a Infinita Bondade do Criador.
Mas... no século XX, alguns cientistas começaram a por em
dúvida a validade absoluta da Lógica, mostrando que ela
também pode nos levar a "becos sem saída". Em particular,
o famoso "Teorema da Incompletude" (Incompletness Theorem) de Kurt
Gödel (1906-1978), provou ser impossível se ter uma
descrição completa e consistente da realidade, devido a
falhas internas da própria Lógica. Ele provou que, se
tentarmos construir uma teoria totalmente lógica e coerente,
fatalmente iremos cair em contradições e em
conclusões sem-pé-nem-cabeça.
A descoberta de Gödel causou um desmoronamento na
fundação das ciências, ao mostrar que elas
não estavam assentadas em bases sólidas. Muitos livros
surgiram a partir dai. Eis alguns:
-- "O Fim da Ciência", de John Horgan (Cia das Letras, 1996,
traduzido de "The End of Science")
-- "Mathematics, The Loss of Certainty", de Morris Kline (Oxford
University Press, 1980)
-- "The Logic of Failure", de Dietrich Dorner (Rowohlt Verlag, 1996)
-- "Grandezas e Misérias da Logistica", de Mário Ferreira
dos Santos (Ed Matese, 1966)
Assim, embora não tenhamos no momento outra ferramenta material
que não a Lógica, devemos usá-la com parcimonia e
conhecer-lhe as limitações. Afinal, essa é mais
uma Questão Intricada, não do Espiritismo, mas do nosso
próprio pensamento!
Não sem razão, e com muita sapiência, ja dizia
Kardec: "Fé
inabalável é somente aquela que pode encarar a
razão, face a face, em todas as épocas da humanidade"
Pax Vobis
Mattos, de S.Paulo
Ola Mattos,
Concordo totalmente com você.
Diriamos que a lógica
ordinária, a que usamos no dia-a-dia é mais que
suficiente para extrairmos uma visão "consistente" da realidade
e erigirmos teorias sobre o mundo, o Espiritismo sendo uma delas. As
limitações da lógica, acredito eu, devem-se, como
você coloca, a nossa própria limitação como
Espíritos em evolução. Certamente existem
fundamentos mais absolutos para o conhecimento e de como ele pode ser
manipulado. Mas, no momento, nossa lógica é limitada.
Como você mesmo coloca, é preferível ter alguma
lógica - como no caso da Doutrina Espírita - a não
ter nenhuma. Parece que nos seus primeiros passos na
direção do raciocínio, o Espírito deve
aprender a usar da lógica, no começo, no seu dia-a-dia e,
finalmente, aplicá-la as grandes questões da vida.
Assim somos como as
crianças que aprendem
paulatinamente o uso da lógica, muito embora a lógica que
aprendem na infância será suplantada por formas mais
avançadas de raciocínio e de manipulação de
pensamento. Essa lógica maior, por hora e enquanto
criança, ela nem sonha em utilizar.
Muita paz,
Ademir
Sim, Ademir!
É exatamente a essa "Lógica Maior" que ainda não
temos acesso, em nossa carreira evolutiva.
Boa síntese, a sua!
Aliás, embora eu não tenha comentado (para não
tornar meu texto muito comprido), Marx e Engels, com base em Hegel (um
padre católico), também desenvolveram (nos tempos de
Kardec) uma outra Lógica, a "Lógica Dialética",
para tentar explicar aquilo que nossa lógica não
explicava, na área política-econômica. Nessa
Lógica, a contradição não só
é válida, como também faz parte do
raciocínio que explica a História, a
evolução da sociedade, e o progresso em geral.
Essa tentativa ajudou, mas não resolveu todos os problemas.
Mais recentemente (anos 60s), também foi criada, pelo prof.
Lotfi Zadeh, da Universidade da Califórnia - Berkeley, a
"Lógica Aproximada" que (talvez) venha a se impor, ao
rechaçar o apenas "certo ou errado" da Lógica Comum
(binária), e admitir escalas contínuas que vão
desde o Errado até o Certo, mas passando pelo "Menos Errado",
"Meio Certo", "Quase Certo" etc. Ver, a respeito, "Fuzzy Logic, The
Revolutionary Computer Technology That is Changing our World", de
Mcneill e Freiberger (Ed Simon & Schuster, 1993).
Como você vê, meu caro Ademir, a Humanidade continua
procurando a (sua) Lógica Maior!
Pax Vobis
Mattos
Prezado Mattos,
Estou longe de conhecer a fundo o Teorema de Gödel e suas
implicações.
Mas seus comentários me fizeram lembrar de uma conversa com um
amigo matemático (também espírita) que foi quem
primeiro comentou esse assunto comigo.
Eu me lembro muito bem que ele me disse algo só um pouquinho
diferente do que o sr. colocou.
Ele me disse que o Teorema de Gödel afirma sim que a lógica
é insuficiente para dar conta de explicar todo um sistema. Mas o
que o meu amigo destacou é que isso significa que precisamos de
"algo mais" ou "algo externo ao sistema" para que seja usado como base
para completá-lo ou explicá-lo.
Por exemplo, os postulados de uma teoria física constituem esse
"algo mais" que o próprio sistema não explica. Einstein
postulou que as leis da física tinham que ser as mesmas em todos
os referenciais inerciais e isso foi o princípio que resultou
nos resultados de sua teoria. Outro exemplo: ninguém sabe por
quê ao nível microscópico a matéria somente
troca energia em pacotes finitos (os quanta). Mas é assim que a
natureza funciona e Max Planck foi o que primeiro percebeu isso.
Eu estou longe de ter estudado mais profundamente as questões
sobre o fim da ciência. Mas o que eu vejo é que a
ciência está muito longe de um fim ainda mais agora que os
cientistas perceberam que a multidisciplinaridade é algo
necessário para se entender diversos campos da natureza ainda
não explorados como o fenômeno (físico) da vida.
Portanto, em meu entender, o Teorema de Gödel não
desvaloriza nenhuma conquista científica e o Espiritismo
também não tem nada a temer dos seus resultados. Talvez
até pelo contrário: se os sistemas são
"incompletos" sempre necessitaremos de um "algo mais" como "causa
primeira" e isso não é um argumento ruim para nós
espíritas.
Agradecemos pelos seus comentários que muito tem enriquecido as
discussões no GEAE.
Um grande abraço fraterno,
Alexandre
Meu caro Alexandre:
O titulo "O Fim da Ciência" (livro que eu citei), obviamente
é sensacionalista e objetiva as vendas. Postular o "fim da
ciência" é postular a volta à ignorância (e
note que Espiritismo também é uma Ciência, embora
não oficial nem ortodoxa). E, pelos ensinamentos de Kardec,
não há retrocesso evolutivo, como bem a História
tem mostrado ad nauseam.
Dessa forma, o "fim da ciência" só pode significar "o fim
da ciência convencional". Jamais poderia eu conceber uma volta ao
caos cognitivo e anárquico, como ocorria em priscas eras.
Em verdade, como diria Marx, estamos (isto sim) em um processo de
mudança - qualitativa - no conhecimento científico, onde
o novo nega o velho e o suplanta, para depois ser novamente negado pelo
novíssimo, prosseguindo assim a evolução.
O Ademir, do GEAE, me enviou um email a propósito (mandei c/c p/
você), onde (ele) sintetisou (brilhantemente) o que eu queria
dizer: Caminhamos para uma Logica Maior!
Nesse mesmo email para o Ademir, eu complementei minhas
ponderações, mostrando que (de fato) a Humanidade
continua procurando formas mais aprimoradas de raciocinio. Dê uma
olhada nele (no email).
Eu sempre me preocupei com esse assunto (a Lógica), pois todas
as ações humanas (racionais) são advindas desse
"software" que recebemos ao nascer: nossa Lógica Interna. Assim,
se o "programa" de nosso cérebro tem "bugs" (falhas),
então podemos seguir caminhos errados (como nos "crashes" dos
computadores). E, como mostrou Gödel, de fato, nosso software
material tem bugs!
Talvez por isso, muitas vezes, os espíritos tenham dito para
Kardec (quando ele não entendia alguns conceitos): "Voces
precisam primeiro se entender com a linguagem que voces usam". Achei
muito _profunda_ essa colocação de nossos amigos
invisíveis, pois mostraram quão limitados são
nossos instrumentos materiais (nossa Lógica e nossa Linguagem),
impedindo-nos de entender assuntos mais profundos e intrincados.
Aliás, nossa linguagem é mesmo muito limitada e falha.
Veja (por exemplo) a frase: "João foi com Pedro em sua casa". Ou
entao esta outra: "Eu estou mentindo". Os espiritos têm
razão!
Quanto à sua menção aos "pacotes de energia",
lembrei-me de uma noticia que enviei por estes dias para o GEAE,
citando uma descoberta recente sobre o teletransporte de
matéria, tema bem discorrido por Kardec há 150 anos. Por
relevante, remeto-o novamente aqui embaixo.
Assim, meu caro Alexandre, como você vê, estamos totalmente
de acordo, malgrado nossa limitada linguagem não nos tenha
permitido ser totalmente claros.
Pax Vobis
Mattos, de Sao Paulo
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Livraria Espírita Ambulante
Diz um velho ditado popular que "se Maomé não vai
a montanha, a montanha vai a Maomé" e dele nos recordamos quando
encontramos estacionado em uma praça do Tatuapé, aqui em
São Paulo, o
ônibus com a "Livraria Espírita Ambulante Chico Xavier" -
afinal, nos
pareceu que, com esta iniciativa, se as pessoas não vão
aos livros
espíritas, eles vão até elas !
A importância do livro - da
palavra escrita - para a Doutina Espírita é
imensa, não só sua base são os livros de Allan
Kardec, principalmente o
"Livro dos Espíritos", como toda a sua divulgação
e desenvolvimento tem
tido o livro como principal veículo. Veja-se, por exemplo, a
obra de
Chico Xavier desde o Parnaso de Além-Tumulo até os
trabalhos de
Humberto de Campos, André Luiz, Emmanuel, etc ...
O livro é também o
veículo por excelência das mensagens de consolo e
conforto, afinal, quem já não buscou nas mensagens de
além-tumulo o
consolo para a perda de entes queridos ? Quem não buscou nos
textos
mediunicos as respostas para o problema do ser, do destino e da dor ?
Quem não buscou saber o destino da grande viagem para o
além-tumulo, a
qual nos todos nós seremos obrigados a fazer, mais cedo ou mais
tarde ?
Assim, não foi sem grande
curiosidade que entramos no ônibus,
curiosidade em ver como essa preciosidade - que é o conhecimento
espírita - é levada a circular pelos bairros paulistanos.
E não ficamos
decepcionados, ali encontramos uma vasta seleção de obras
espíritas,
das mais procuradas - os romances mediunicos - até as mais
profundas,
como o livro de Hernani Guimarães Andrade sobre a
história da
Parapsicologia.
O onibus que roda em São Paulo
é parte de um
trabalho mais amplo. Tudo começou há cerca de 30 anos
quando Adjair
Fernandes de Faria, da cidade de Uberlândia (MG), passou
por uma grave
doença e, mesmo desenganado pelos médicos, conseguiu se
recuperar ao
encontrar a Doutrina Espírita. O encontro se deu através
de um amigo
espírita que lhe levou o "Livro dos Espíritos" e o
"Evangelho Segundo o
Espiritismo" para ler quando estava acamado. Com a
recuperação veio o
envolvimento cada vez maior com a Doutrina e a abertura de uma livraria
espírita para ajudar na sua divulgação (a livraria
está completando 17
anos).
Com o desenvolvimento do trabalho
veio o primeiro ônibus espírita - por
volta de 1990 - para circular pelos bairros de Uberlândia e,
após um
curioso incidente, um onibus maior para circular pelo Brasil. Esta
segunda "Livraria Ambulante" veio substituir um automóvel novo
que
havia sido roubado e encontrado - de forma totalmente inesperada em
Araguaia - assim que a familia tinha se decidido por trocá-lo
por um
ônibus caso fosse recuperado. Neste ônibus o Adjair
já circulou por
621 cidades.
A terceira Livraria Espírita
Ambulante, a que circula agora pelos
bairros de São Paulo, surgiu há cerca de três anos.
Fernanda, filha de
Adjair, é quem cuida desta livraria. Foi ela quem nos recebeu ao
visitarmos o onibus e - enquanto orientava alguns outros visitantes na
seleção dos livros - nos contou a história deste
trabalho. A propósito,
não poderiamos deixar de observar que o trabalho da Fernanda -
segundo
ela na linha definida por seu pai - é de verdadeira
orientação a pessoa
interessada em conhecer o Espiritismo. Ela, com grande
atenção, procura
entender o que cada pessoa busca ao entrar no onibus e a direciona para
o livro que atenda melhor a suas necessidades de conhecimento.
Neste trabalho, que é interrompido apenas de três em
três meses quando
a familia volta a se reunir em Uberlândia, Fernanda teve
oportunidade
de passar por diversas experiências. Existiram mesmo casos de
irmãos de
outras religiões - ainda presos a concepções
bastante limitadas da
verdade - que vieram até a porta do onibus dizer que ela estava
a
serviço do "demônio". Casos em que foi necessária
muita paciência e
jeito para esclarecê-los sobre o que é realmente o
Espiritismo. E a
proteção espiritual também nunca lhes faltou em
todas as andanças em
prol da Doutrina.
"A gente agradece a Deus por ele nos dar esta tarefa, de estar
divulgando a Doutrina, onde a gente aprende muito. Isto aqui é
uma
benção." (Fernanda).
A "Livraria Ambulante Chico Xavier" ficou na Praça do Bom Parto
até o
dia 10 de julho e dai vai para outros locais aqui da cidade,
normalmente escolhidos pela intuição, com a
condição de que ofereçam um
local de movimento sem atrapalhar o comércio local. O onibus
é
instalado com autorização da prefeitura e a devida
regularização na
Eletropaulo (energia elétrica) e nas autoridades de transito.
Para
saber a localização atual dos onibus com a "Livraria
Ambulante" basta
enviar um e-mail para
"vendas@livrariachicoxavier.com.br"
ou ligar para (11) 9757-3209.
Amigos, fiquei bastante impressionado com o trabalho realizado por esta
familia e recomendo que tendo oportunidade não deixem de visitar
uma
das Livrarias Espíritas Ambulantes. No minimo terão uma
visão
completamente nova da importância de se colocar o livro
espírita ao
alcance dos leitores !
Muita Paz,
Carlos Iglesia
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ao Índice
Site Espírita em Sueco, Nils Hansson,
Suécia
Caros amigos
É com imensa
alegria que comunicamos o lancamento do site
espírita ANDARNA(Os Espíritos) http://www.andarna.se
na cidade de Estocolmo – Suécia. O site é
bilíngüe(Sueco e Inglês) e tem o
objetivo de divulgar a doutrina espírita junto a
população sueca e traduzir
obras para o sueco. O site já conta com várias
páginas, mas muito ainda estar
por preencher. Estamos colocando novidades todos os dias. Teremos
livros
on-line, livraria virtual, página infantil etc. O presidente
é o médico geriatra
Franklin
Santana Santos(MD,
PhD)
no momento cursando o pós doutorado no Instituto Karolinska e
trabalhando com a
doutrina espírita há 20 anos.
Address: Killinggränd, 27 - 175 45 - Järfälla
Tel: + 46 (0) 08 580
17463
e-mail: ord@andarna.se
President: Franklin Santana Santos
Language: Swedish,
English and Portuguese
Ficaremos gratos caso possam divulgar
essa informação
Abraço Fraterno
GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português -
http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" -
http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins