Um olhar espírita na neurologia

por Nubor Orlando Facure.

 

A visão humana

Estou vendo um passarinho caminhando com dificuldade.
Ele não consegue voar.
Parece ter uma asa machucada por alguma pedrada.
Dá para distinguir suas cores.
É encantador ver sua delicadeza.
Tenho a nítida impressão de que é um sabiá-laranjeira.
Nessa observação, estou conseguindo ver um objeto, sua localização, seus movimentos, sua cor, e o identifico como um pássaro que minhas memórias permitem classificar.
Cada uma dessas funções implica em uma área específica do cérebro que a desempenha.
A visão compromete o trabalho de 30% do cérebro.


Anatomia da visão

A imagem do passarinho foi projetada nos meus olhos, onde atinge a retina, e o estímulo entra no cérebro, percorrendo vários centímetros até alcançar os lobos occipitais, onde adquire nitidez.
Uma imagem mental só é reconhecida quando já a tenho anteriormente registrada nas minhas memórias.
Depois da região occipital, a imagem faz um caminho de volta em três direções, para que se identifiquem suas principais características no lobo parietal e no temporal.


Análise da fisiologia

Na presença do passarinho, recebi um estímulo luminoso e registrei uma sensação visual na retina.
De imediato, construí a percepção de um objeto que surgiu à minha frente.
Pelos meus aprendizados anteriores, fiz uma interpretação imediata:
reconheci tratar-se de um pássaro machucado.
Após atingir as áreas posteriores do cérebro, a imagem será distribuída, e o processo continuará como uma função mental.
Cada um que olhar para esse pássaro fará uma interpretação cultural, pessoal e particular.


Distribuição da imagem

A imagem occipital se projeta em direção ao giro angular, no lobo parietal, onde identificamos a forma e os movimentos do objeto visualizado.
Outra imagem segue até o lobo temporal, onde registramos o que é:
é um pássaro ou uma pessoa?

Mais abaixo, no giro fusiforme — ainda no lobo temporal — identificamos se estamos reconhecendo um rosto de pessoa conhecida ou não.
No meio de tanta gente andando pelos corredores do shopping, vejo que estão vindo em minha direção minha esposa e minha filha.


O elemento espiritual como fenômeno visual
O fenômeno da vidência

Na visão mediúnica, não existe a fase sensorial.
Não precisamos dos olhos nem da retina.
A visão, nesse caso, é mental.
Vamos direto à percepção e à interpretação de suas propriedades.

Nos relatos que descrevem os médiuns, uns apontam ver apenas um rosto; para outros, a imagem está parada e sempre no mesmo lugar; para outros ainda, a imagem é nítida, uma figura completa, que pode ser confundida com a imagem de um encarnado.
As cores podem ser marcantes e, outras vezes, muito tênues — como objetos transparentes.
Enquanto uns descrevem ver pessoas desconhecidas, outros identificam parentes já falecidos.

Na maioria das vezes, a imagem é translúcida e fugaz, vista claramente, abrindo um novo cenário à sua frente.
Entretanto, para outros, é um flash que se desliga ao passar pelo ambiente.


Mecanismos da mediunidade na vidência

Podemos dizer que não é o médium que vê os Espíritos:
são eles que se fazem aparecer ao médium.
É necessário uma combinação dos fluidos do médium e do Espírito que se revela.
Como não é com os olhos físicos que o médium vê, o que podemos presumir é que o Espírito manipula os fluidos e estimula determinada área suscetível de receber o estímulo e registrar o cenário.
Talvez por isso a imagem tenha as características da região anatômica estimulada — tanto em cores, formas, movimento, entorno e identificação.


Mecanismo neurológico na psicografia

Há uma intersecção das redes de conexões motoras.
O médium permanece usando os neurônios corticais do sistema piramidal, e o Espírito comunicante trabalha com os neurônios motores dos gânglios da base, responsáveis pelos nossos gestos automáticos.
Nesse processo motor, todo o trabalho será sempre feito a duas mãos.


Regras superiores

Os Espíritos convivem à nossa volta continuamente.
Atuam nos nossos pensamentos, interferindo frequentemente em nossas decisões.
Esse contato mental se faz por sintonia.
Recebemos interferência daqueles com quem nos permitimos sintonizar — para o bem ou para o mal.

No caso da vidência, isso não ocorre da mesma forma.
Seria uma tormenta incontrolável se os Espíritos tivessem liberdade de se revelarem visualmente para nós a qualquer momento.
As aparições, de qualquer teor, só ocorrem se houver permissão da espiritualidade que nos dirige e protege — embora ainda não saibamos como ela estabelece essas regras de controle.

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