por Raul Franzolin.
Durante nossas vidas, experimentamos grande variedade de sentimentos, desejando e repelindo ações. Para cada etapa, diferentes sentimentos vão sendo modificados. Para alguns, orgulho, vaidade e ódio são sentimentos comuns. Para outros, humildade, respeito e amor são nutrientes para a vida.
De fato, tudo caminha para o aprimoramento pessoal, substituindo os sentimentos negativos pelos mais puros. É a evolução perpétua do espírito. Alguns odeiam, enquanto outros são indiferentes. Há quem tolere, mas felizmente há muitas pessoas que amam e abraçam a solidariedade e a fraternidade continuamente. Não há pessoa que nasça e permaneça eterna no mesmo estágio espiritual. Criados e perante Deus, somos todos iguais, sem desvantagem ou privilégio algum a qualquer criatura, e seguimos transformando nossos sentimentos através da luta pessoal, passo a passo, um por um, derramando lágrimas nas zonas turbulentas e sorrindo nos momentos felizes.
O amor, portanto, é o estágio final da felicidade eterna. Assim, não podemos sentir o amor pleno, sem antes transformar todos os sentimentos existentes nas esferas inferiores do ser, desde o seu verdadeiro nascimento, ou seja, da criação do Espírito.
O amor é algo sublime. É dedicação, humildade, compreensão, trabalho no caminho do bem e da fraternidade e, ausência de quaisquer sentimentos negativos.
O amor entre duas pessoas não é diferente do amor individual. A única ressalva é a vida existente na época. Quanto maior a capacidade de amar de cada um dos envolvidos, maior a força do vínculo entre eles. A união gerada pelo amor mútuo, aumenta a felicidade, surgindo o desejo crescente de se prolongar no tempo. Este estágio, no entanto, não é feito de um dia para o outro. É uma longa e árdua jornada ao longo das muitas reencarnações.
O amor entre dois indivíduos é como uma orquestra com dezenas de instrumentos, cada um desempenhando um papel importante na execução da música. Não há dois instrumentos igualmente tocados, pois há diferenças nos sentimentos de cada músico que se move ao som de sua melodia. A bela e sublime música deve ser ouvida em toda a sua plenitude de cada instrumento afinado e tocado por cada músico com amor, como o sentimento perfeito do compositor. Um único instrumento desafinado pode gerar a desarmonia geral que só poderá ser notada por aqueles que já estão num estado superior capaz de sentir a harmonia de um único instrumento desafinado. Outros nem percebem a falta até mesmo de vários instrumentos desafinados e quanto maior a quantidade de tais instrumentos, menor é a beleza da melodia.
De maneira semelhante, o amor verdadeiro entre duas pessoas surge com a harmonia de sentimentos puros entre elas. Colocado diante da eternidade, o amor pleno não resulta apenas entre dois, mas entre muitos, dependendo da convivência infinita, pois sempre vivemos em comunidade, onde quer que estejamos.
Essa analogia não é suficiente, pois há a influência material em nosso verdadeiro entendimento. Mas, de qualquer forma, precisamos afinar todos os nossos instrumentos pessoais, ou seja, todos os nossos sentimentos, e são muitos. No entanto, para afinar cada um deles é preciso conhecê-los e burilá-los com a experiência da vida afinando-os um a um, passo a passo. Cada vez em que somos bem-sucedidos, o amor pulsará mais forte, gerando mais felicidade ao Espírito até que a felicidade plena e eterna seja alcançada.
Em busca desse nosso autoconhecimento, esperamos seguir a vida da melhor forma possível nessa jornada aqui na Terra, gerando fraternidade universal, sob as Mãos de Deus.
Fonte: adaptado do livro Vivendo e aprendendo a viver de Raul Franzolin, Editora Viseu