Recusamos admitir sejam da mesma fonte

Por Orson Peter Carrara

 

A diversidade das comunicações – em forma e fundo –, nos tempos primeiros dos fenômenos produzidos pelos espíritos, levou à conclusão que não poderiam ter a mesma origem. Referido critério é totalmente válido também para os dias atuais no processo das comunicações mediúnicas.

Escreveu o Codificador na Introdução – quase no final do item V daquele texto

de O Livro dos Espíritos, que:

“(…) Em certos casos, as respostas revelam tal cunho de sabedoria, de profundeza e de oportunidade; exprimem pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar senão de uma inteligência superior, impregnada da mais pura moralidade. Doutras vezes, são tão levianas, tão frívolas, tão triviais, que a razão recusa admitir derivem da mesma fonte. (…)”.

Sim, e isso por uma razão muito simples que também aprendemos com o estudo da Doutrina Espírita: os espíritos estão em diversos estágios de maturidade, inteligência e moralidade. Isso preserva de decepções e ensina que nem tudo que vem dos espíritos enquadra-se nos critérios de aproveitamento. Justamente porque estamos todos aprendendo e cada um situa-se no degrau que conseguiu alcançar. Então, por conclusão lógica, teremos comunicações banais, frívolas, e mesmo levianas como indicou Kardec. E, por outro lado, em outras ocasiões teremos a alegria de constatar a presença da mais pura moralidade e virtudes em comunicações verbais ou textuais.

Assim como os homens se revelam nos relacionamentos e ações que empreendem, com sua moralidade ou falta dela, com sua experiência ou total ausência desse requisito ou mesmo com maturidade ou imaturidade, gerando quadros de alegria e progresso ou desdobramentos lamentáveis com prejuízos visíveis e agressivos, também os espíritos se revelam pela sua linguagem. Uns são sábios, prudentes, aconselham, auxiliam. Outros são levianos, agressivos ou inconsequentes. Cada um revelando a própria posição. As comunicações espirituais, portanto, sejam de que forma venham, são de origens distintas, no que se refere à sabedoria e bondade ou falta delas.

Aliás, será de muita validade reler a Introdução de O Livro dos Espíritos, riquíssima fonte condensada de informações, que facilita a compreensão deste e de outros detalhes para bem entender os espíritos e sua relação conosco. O precioso documento está composto de 17 itens e não pode ser dispensado para bom entendimento da estrutura doutrinária do Espiritismo.

Voltando ao título da presente abordagem, alguém perguntaria as razões dessa diversidade. É que o progresso, sendo lei natural, incentiva todos a progredirem, mas o aproveitamento das oportunidades é diferente, a depender do esforço ou da negligência de cada um.

Assim como entre nós, os encarnados, nossa maneira de ser nos diferencia, também os espíritos se interessam ou não pelo próprio progresso e pelas oportunidades de aprendizado.

Assim, a negligência ou a indiferença, a omissão, ou o esforço, a dedicação, a busca incessante de aprendizados está nos dois lados da vida. Vai depender da vontade e inciativa de cada um.

Não se assuste, pois, com comunicações agressivas, fraudulentas, maliciosas ou com tentativas dominadoras. Se existem bons espíritos, existem também aqueles que ainda não descobriram os benefícios de melhorar a si mesmos, e permanecem – ainda que temporariamente – estacionados no desinteresse e na preguiça. Enquanto outros avançam pelo esforço continuado de aprende e se melhorar.

Nada mais natural. São, pois, fontes diferentes de informações, que podem ou não serem aproveitadas O critério do bom senso e do discernimento nos ensina o que podemos ou não devemos aproveitar e utilizar.

Nada como o tempo e a experiência para nos ensinar.

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