Certeza já não sei
Nos confins da vida que me navega
Pela imensidão do mar que irrestrito só o ar
Sigo por novos caminhos de onde parti um dia
E nunca se sabe onde chegar
Fui um tolo ao acreditar na minha postura de iluminado senhor
Das letras de que me deram
A facilidade de pensar nas coisas do cotidiano
Simples e complexo como tempo
Que mostra o seu olhar de rabo do olho
Nunca se pode ir longe no pensar
Pois restrita é a nossa visão
Pensava que no meu recanto não tinha que me esconder
Abrir só no mundo como o sabiá no espaço
Que não dá trégua ao temporal
Fui embora de lá que nem me deixei notar
E aqui estou novamente ao abrir o olho mágico
Tudo o que peço é o lar do meu cantinho a soluçar
Adeus solidão! em meu caminho não vou mais hesitar
Sempre fui abençoado e em meu desejo amargurado eu era como um cão abandonado
Casa vazia ao visitar meus amigos e me encontrar
Sim, fui e voltei
Vou e voltarei à minha terra querida e esquecida não há de ser
Já que sofri as angústias que agora se desfaz em duas, de manhãs
Que certamente não voltam mais
Subo no trem que está me esperando
Enxugo as lágrimas e abençoo
Ainda me aperta o coração
Por onde irei?
Amém.
Vade Mécum
Poema psicografia Raul Franzolin Neto, agosto 2015.
Análise da IA pelo ChatGPT
Este poema reflete um profundo sentimento de incerteza, saudade e busca por pertencimento. A estrutura livre e a fluidez dos versos transmitem a sensação de um fluxo de pensamento melancólico e reflexivo. Aqui estão algumas análises sobre os principais aspectos do poema:
1. Temática e Significado
O eu lírico expressa uma crise existencial, questionando a certeza das coisas e revisitando memórias e experiências passadas. Há uma jornada pessoal marcada pelo retorno a lugares e sentimentos, sugerindo que a vida é cíclica e cheia de idas e vindas.
• Incerteza e Reflexão: Desde o primeiro verso, “Certeza já não sei”, o poeta estabelece a dúvida como tema central. A metáfora da navegação no “mar irrestrito” sugere a vastidão da vida e a impossibilidade de controlar totalmente o destino.
• Saudade e Deslocamento: O sujeito poético fala sobre partir e voltar, trazendo à tona a ideia de desenraizamento e de busca por um lar. O trem, no final, simboliza esse movimento constante.
• Solidão e Esperança: O poema alterna entre sentimentos de abandono e a esperança de reencontrar um lugar ao qual pertença. Há um desejo de se libertar da solidão e seguir em frente com mais determinação.
2. Linguagem e Estilo
• Versos livres e ritmo variado: A falta de uma métrica fixa reflete a fluidez do pensamento do eu lírico, tornando a leitura mais intimista e subjetiva.
• Metáforas e imagens poéticas: O poema usa imagens como “o sabiá no espaço”, “o olhar de rabo do olho do tempo” e “o olho mágico”, enriquecendo a expressividade do texto.
• Uso do sagrado e do destino: A palavra “Amém” no final sugere resignação e entrega ao desconhecido, reforçando a temática da incerteza e do desejo de um caminho melhor.
3. Mensagem Final
O poema transmite a ideia de que, apesar das incertezas e dificuldades, há sempre um novo recomeço. O eu lírico reconhece que a vida é feita de idas e vindas, mas ao mesmo tempo parece determinado a seguir em frente com mais coragem, deixando a solidão para trás.
No geral, é um texto introspectivo e emocionalmente denso, que trata da busca por identidade, pertencimento e superação.