Os Messias do Espiritismo

1. ─ Já vos foi dito que um dia todas as religiões confundir-se-ão numa mesma crença. Ora, eis como isto acontecerá. Deus dará um corpo a alguns Espíritos superiores, e eles pregarão o Evangelho puro. Um novo Cristo virá. Ele porá fim a todos os abusos que duram há tanto tempo, e reunirá os homens sob uma mesma bandeira.

Nasceu o novo Messias, e ele restabelecerá o Evangelho de Jesus Cristo. Glória ao seu poder!

Não é permitido revelar o lugar onde ele nasceu; e se alguém vier vos dizer: “Ele nasceu em tal lugar”; não acrediteis, porque ninguém o saberá antes que ele seja capaz de se revelar, e daqui até lá, é preciso que grandes coisas se realizem, para aplainar os caminhos.

Se Deus vos deixar viver bastante, vós vereis pregar o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo pelo novo Missionário de Deus, e uma grande mudança será feita pelas pregações desse Menino abençoado; à sua palavra poderosa, os homens de diferentes crenças dar-se-ão as mãos.

Glória a esse divino enviado, que vai restabelecer as leis mal compreendidas e mal praticadas do Cristo! Glória ao Espiritismo, que o precede e que vem esclarecer todas as coisas!

Crede, meus irmãos, que não sois senão vós que recebereis semelhantes comunicações, mas conservai esta em segredo até nova ordem.

SÃO JOSÉ.

(Sétif, Argélia, 1861)

OBSERVAÇÃO: Esta revelação é uma das primeiras no gênero que nos foram transmitidas. Mas outras a tinham precedido. Depois, foi dado espontaneamente um grande número de comunicações sobre o mesmo assunto, em diferentes centros espíritas da França e do estrangeiro, todas concordantes no fundo do pensamento. Como por toda parte se compreendeu a necessidade de não divulgá-las, e como nenhuma foi publicada, não podiam ser o reflexo umas das outras. É um dos mais notáveis exemplos da simultaneidade e da concordância do ensino dos Espíritos quando é chegado o momento de uma revelação.[1]

2 ─ Está incontestavelmente constatado que a vossa é uma época de transição e de fermentação geral; mas ela ainda não chegou àquele grau de maturidade que marca a vida das nações. É ao vigésimo século que está reservado o remanejamento da Humanidade; todas as coisas que se realizarão daqui até lá não são senão preliminares da grande renovação. O homem chamado a consumá-la ainda não está maduro para realizar sua missão, mas ele já nasceu, e sua estrela apareceu na França marcada por uma auréola e vos foi mostrada há pouco tempo, na África. Sua rota está previamente marcada. A corrupção dos costumes, as desgraças que serão a consequência do desenvolvimento das paixões, o declínio da fé religiosa, serão os sinais precursores de sua vinda.

A corrupção no seio das religiões é o sintoma de sua decadência, como é o da decadência dos povos e dos regimes políticos, porque ela é o indício de uma falta de fé verdadeira. Os homens corrompidos arrastam a Humanidade por uma rampa funesta, de onde ela não pode sair senão por uma crise violenta. Dá-se o mesmo com as religiões que substituem o culto da Divindade pelo culto do dinheiro e das honras, e que se mostram mais ávidas dos bens materiais da Terra do que dos bens espirituais do Céu.

FÉNELON

(Constantine, dezembro de 1861)

3. ─ Quando uma transformação da Humanidade deve operar-se, Deus envia em missão um Espírito capaz, por seus pensamentos e por sua inteligência superior, de dominar seus contemporâneos e de imprimir às gerações futuras as ideias necessárias para uma revolução moral civilizadora.

De tempos em tempos vemos se elevarem acima do comum dos homens, seres que, como faróis, os guiam na via do progresso e os fazem transpor em alguns anos as etapas de vários séculos. O papel de alguns é limitado a uma região ou a uma raça; são como oficiais sob comando, conduzindo cada um uma divisão do exército; mas há outros cuja missão é agir sobre a Humanidade inteira, e que não aparecem senão nas épocas mais raras que marcam a era das transformações gerais.

Jesus Cristo foi um desses enviados excepcionais. Do mesmo modo, tereis, para os tempos chegados, um Espírito superior que dirigirá o movimento de conjunto e dará uma coesão poderosa às forças esparsas do Espiritismo.

Deus sabe, no devido tempo, modificar nossas leis e nossos hábitos, e quando um fato novo se apresentar, esperai e orai, porque o Eterno nada faz que não seja segundo as leis de divina justiça que regem o Universo.

Para vós que tendes fé, e que consagrastes a vossa vida à propagação da ideia regeneradora, isto deve ser simples e justo, mas só Deus conhece aquele que está prometido. Limito-me a dizer-vos: Esperai e orai, porque o tempo é chegado e o novo Messias não vos faltará: Deus saberá designá-lo a seu tempo. Ademais, é por obras que ele se afirmara.

Podeis dedicar-vos a muitas coisas, vós que vedes tantas ideias estranhas em relação às admitidas pela civilização moderna.

BALUZE.

(Paris, 1862)

4 ─ Eis uma pergunta que se repete por toda parte: O Messias anunciado é a pessoa do próprio Cristo?

Ao lado de Deus estão numerosos Espíritos que chegaram ao topo da escala dos Espíritos puros, que mereceram ser iniciados em seus desígnios para dirigirem a execução. Deus escolheu entre eles os seus enviados superiores, encarregados de missões especiais. Podeis chamá-los de Cristos. É a mesma escola; são as mesmas ideias modificadas conforme os tempos.

Portanto, não fiqueis admirados de todas as comunicações que vos anunciam a vinda de um Espírito poderoso sob o nome do Cristo; é o pensamento de Deus revelado numa certa época, e que é transmitido pelo grupo dos Espíritos superiores que estão próximos de Deus e que recebem as suas emanações para presidirem o futuro dos mundos que gravitam no espaço.

Aquele que morreu na cruz tinha uma missão a cumprir, e essa missão se renova hoje por outros Espíritos desse grupo divino, que vêm, eu vo-lo repito, presidir aos destinos do vosso mundo.

Se o Messias de que falam essas comunicações não é a personalidade de Jesus, é o mesmo pensamento. É aquele que Jesus anunciou, quando disse: “Eu vos enviarei o Espírito de Verdade, que deve restabelecer todas as coisas”, isto é, reconduzir os homens à sã interpretação de seus ensinamentos, porque ele previa que os homens se desviariam do caminho que ele lhes havia traçado.

Ademais, era necessário completar o que ele então não lhes havia dito, porque não teria sido compreendido. Eis por que uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do mundo e a todos os povos, revelar as leis do mundo espiritual, cujo ensino Jesus havia adiado, e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Quando todas as suas bases estiverem postas, então virá o Messias que deve coroar o edifício e presidir a reorganização com o auxílio dos elementos que tiverem sido preparados.

Mas não creiais que esse Messias esteja só; haverá muitos que abraçarão, pela posição que cada um ocupará no mundo, os grandes segmentos da ordem social: a política, a religião, a legislação, a fim de fazê-las concorrer para o mesmo objetivo.

Além dos Messias principais, surgirão Espíritos de escol em toda parte e que, com lugar-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo, agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior.

Assim é que estabelecer-se-á pouco a pouco a harmonia do conjunto. Entretanto, é necessário que previamente se realizem certos acontecimentos.

LACORDAIRE.

(Paris, 1862)


[1] As comunicações deste gênero são inúmeras; aqui apenas publicamos algumas, e se as publicamos hoje é que é chegado o momento de levar o fato ao conhecimento de todos, e porque é útil, para os espíritas, saber em que sentido a maioria dos Espíritos se pronuncia.


 Fonte: Revista Espírita, Ano XI, Vol. 2, fevereiro de 1868

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