O valor da amizade

por Vera Meira Bestene .

 

“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho­-vos como amigos porque tudo o que ouvi de meu Pai tenho vos dado a conhecer”. (Jô 15.15)

A amizade sincera é verdadeiro campo onde podemos caminhar por entre as flores que nos faz repousar e seguir feliz nesta vida, em jornada de aperfeiçoamento.

É uma verdadeira bênção que suaviza os momentos difíceis, é segurança de um ombro companheiro que partilha nossas alegrias e tristezas.

É saber dar sem receber. É abstrair o orgulho e o egoísmo nas relações interpessoais, no relacionamento de um com o outro.

A amizade é, sobretudo, bênção, pois a partir dela as pessoas realizam suas verdadeiras ações de benevolência e caridade, buscando a aplicação da fraternidade no sentido mais amplo.

Ela ampara e ajuda, trabalha junto, compreende, perdoa. É o serviço que assegura a vitória do bem.

Jesus, quando da máxima acima reproduzida, assegura ser o amor recíproco o caminho para o reconhecimento daqueles que realmente desejam demonstrar que seguem seus ensinamentos.

A amizade fraterna exige amor recíproco porque é via de mão dupla e existe para se dar, amar, semear carinho, promover concórdia, aplicar união.

Muitas vezes na tarefa espírita esquecemos que estamos juntos para nos tornarmos uma família, uma grande e fraterna família. Não raro nossas atividades do cotidiano nos levam ao egoísta processo do “não tenho tempo”. Outras tantas vezes não nos dispomos a, simplesmente, olhar para o irmão que, tantas vezes necessita tanto de nosso amparo porque também ele, irmão e trabalhador espírita, está nesta passagem para aprender, amar, viver e, consequentemente, passar por problemas que nem sempre os tornam sementeiras da alegria. Esquecemos de observar nosso irmão. Aquele que está do nosso lado e que parece­-nos sempre um amparo, mas que nunca precisa de um ombro.

Kardec já dizia: “colocamos os fatos acima dos princípios”, desta forma alerta­mos para que não deixemos de considerar um ideal comum, pois esta atitude nos afastaria dos ensinamentos do Mestre.

A amizade não é mero sentimento. A amizade não pode ser considerada como letra morta.

Ela é fraternidade ativa e somente com o exercício desta fraternidade e com a ação sem esperar retribuição é que podemos ter a emoção de não necessitar que o trabalhador espírita, o irmão, o companheiro, fale ou peça auxílio, mas sim que adivinhemos, pela atenção que lhe devemos dispensar, que está precisando de nós, pois ele também tem problemas.

Estas advertências nos valem não só para os companheiros de labor, mas, especialmente, para os companheiros de jornada, pois quando procuramos assistir o próximo, reconhecemos a necessidade do trabalho em prol do outro.

Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa nas horas mais amargas da vida.

Ser amigo é ser um pouco Deus pois faz do amor fraterno a verdadeira lição de vida.

Mas o que é que faz com que uma amizade solidifique e se torne profunda é quando se é marcado por momentos de grande dor que fazem com que se descubra e firme uma sólida amizade.

A chave, portanto, é passar por um grave problema juntos. Esta é uma situação em que se descobre a amizade, entretanto ela há de existir com sinceridade nos corações envolvidos para que se possa obter frutos saudáveis, amorosos e fraternos.

A amizade leal é a mais formosa modalidade do amor fraterno, que santifica os impulsos do coração.

Quem sabe ser amigo verdadeiro é, sempre, o emissário da ventura e da paz.

“Serve à fraternidade e refletir­-lhe­-ás a glória imperecível. Exalta a fé pura e converter-te­-ás em base de confiança. Teus mais íntimos pensamentos são imãs vigorosos trazendo­-te ao roteiro as forças que procuras”.   Emmanuel, trecho da mensagem “Escolha”, do livro “Irmão”, médium Francisco Cândido Xavier, FEB


Fonte: Boletim GeaE, Ano 18, Número 543, 30/07/2010

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