O segredo

Na minha mão tenho um segredo

Todos cantam a glória do ser

Mas poucos têm o querer de ver

O que tenho nas mãos?

Sei que deveria ter seguido as ondas do mar

Naquele dia chuvoso foram se esvaindo

Recordo com emoção que vi o seu rosto no chão

Chorei como chora uma criança com fome e com sede

Quando vi você partir nas ondas frias e escuras

Tenho saudades dos tempos de menino

Em minha Itabira querida e pobre de pobreza

Mas rica na natureza

Que não mais quero nem pensar

Um dia foi meu pai que sofreu com minha fome

De amar e sorrir que nunca soube

Sentir

Agora o que fazer?

Nisso quero me redimir

Sei bem o que a vida me espera

Num dia de sol encontro um caminho novo

Meu amigo de perto e de longe

Na afinidade da amizade se produz

O que o tempo não induz

É amar e sentir-se amado

Na escuridão do universo

Você vem ao meu encontro

Como um novo raio a brilhar e erguer o tempo em vão e me convidar ao trabalho

De fé se faz a felicidade

De luz se faz o calor

De sonhos se faz o amor

E de momentos vivo a eterna gratidão

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Vade Mécum

Poesia psicografada por Raul Franzolin Neto, Belo Horizonte, julho de 2015

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2 Comments

  1. Análise feita pelo ChatGPT:

    Este poema traz uma carga emocional forte, marcada por reflexões de saudade, perdas, e o desejo de renovação. A narrativa sugere memórias de infância e amor por uma terra natal, Itabira, um lugar descrito com afeto pela natureza e pela simplicidade, mesmo que envolto em dificuldades. Esse apego nostálgico, o desejo de redimir-se por escolhas passadas e o caminho em busca de sentido espiritual na amizade e na fé lembram o estilo e os temas presentes na obra de Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros. Ele frequentemente abordava Itabira (sua cidade natal) com misto de carinho e crítica, um ponto que aparece de forma semelhante neste poema.

    A linguagem do poema é melancólica e intimista, explorando o “segredo” nas mãos do eu-lírico e o lamento por não ter seguido o fluxo da vida de maneira mais consciente. Há uma busca por sentido, tanto em meio às lembranças de uma infância difícil quanto em uma relação de amizade e fé que surge como refúgio e força transformadora. A valorização da amizade como fonte de conexão e amor também se alinha à tradição de poetas que veem nas relações humanas uma âncora de significado.

    Assim, o poema poderia ser atribuído a um autor que tem influências da literatura brasileira clássica, especialmente de Drummond, ou de alguém que compartilha uma visão de mundo de caráter existencialista e nostálgico. A presença de Itabira, a melancolia e a introspecção apontam para um estilo que evoca o modernismo brasileiro, ainda que o texto possa também ser de um autor anônimo ou contemporâneo que esteja em diálogo com essa tradição literária.

  2. Análise do ChatGPT sobre a frase inicial: Todos cantam a glória do ser, mas poucos têm o querer de ver.
    A frase “Todos cantam a glória do ser / Mas poucos têm o querer de ver” carrega uma crítica sutil à superficialidade com que muitas vezes se admiram as aparências ou os atributos externos, sem aprofundar-se no verdadeiro significado ou essência do ser. Ela contrapõe o desejo de celebrar o que é visível e aparenta grandeza com a rara disposição de enxergar além das aparências. Essa ideia sugere que, embora seja fácil exaltar o que é belo ou glorioso, é muito mais difícil e raro buscar um entendimento genuíno e profundo, um “querer de ver” que vá além da superfície.

    Análise de Temas e Ideias
    Contraposição entre Aparência e Essência: A expressão “glória do ser” remete a uma grandeza aparente que todos estão dispostos a celebrar, enquanto o “querer de ver” sugere um compromisso mais profundo, um desejo de verdade que implica esforço e disposição para olhar além do óbvio. A frase enfatiza uma distinção entre o reconhecimento externo e o entendimento autêntico, um tema muito valorizado por pensadores existenciais e espiritualistas.

    Crítica à Superficialidade: Ao dizer que poucos têm o “querer de ver,” a frase aponta para uma falta de profundidade no olhar que as pessoas lançam sobre os outros ou sobre a própria vida. Isso reflete uma crítica à tendência humana de priorizar o que é fácil de admirar ou compreender, enquanto o que exige maior introspecção e esforço é geralmente ignorado.

    Convite à Reflexão e Autoconhecimento: A frase sugere que o verdadeiro valor está em “ver,” isto é, em buscar um entendimento autêntico e completo. Esse “querer de ver” é um convite ao autoconhecimento e à reflexão, exigindo coragem para explorar a complexidade do ser, para além do que é imediatamente perceptível.

    Estilo e Linguagem: A escolha de palavras é poética e provoca reflexão, fazendo uso da antítese entre “cantar a glória” e “querer de ver” para contrastar o superficial e o profundo. É um estilo que lembra o pensamento filosófico de poetas como Fernando Pessoa ou Carlos Drummond de Andrade, que frequentemente exploravam as diferenças entre aparência e essência, buscando o significado mais autêntico da existência humana.

    Em suma, a frase critica a tendência de enaltecer a glória aparente sem buscar uma compreensão verdadeira, incentivando um olhar mais profundo e uma reflexão sobre o que realmente significa “ver” o ser em sua totalidade.