por Raul Franzolin
No final de 2000, tive a oportunidade de ir a Uberaba-MG. No hotel fui informado que me encontrava num dia em que o nosso querido irmão Chico Xavier iria estar presente no Centro Espírita da Prece, como o fazia rotineiramente naquele dia da semana. Creio que era uma sexta-feira. Após várias paradas para perguntar o caminho a ser percorrido, cheguei no Grupo Espírita da Prece, onde já se encontravam centenas de pessoas. Eram cerca de 19 horas. Entrei na fila e fiquei aguardando ansioso o desenrolar dos acontecimentos, conversando com algumas pessoas.
Após algum tempo, o Chico chegou acompanhado de seu filho e outras pessoas. Houve uma prece de abertura, seguida de uma palestra. Saí da fila que estava na parte externa do Centro e cheguei até a janela, de onde pude avistar o nosso ilustre iluminado, sentado junto à mesa dos trabalhos [tirei uma foto].
Continuei aguardando, e finalmente, por volta das 23 horas, entrei no salão e aguardei sentado num longo banco com demais visitantes [outra foto].
Fiquei observando atentamente o movimento no salão, refletindo e emocionado que nem notava o avançar do tempo. De repente, chegou a vez do meu banco e as pessoas se levantaram e seguimos em direção ao Chico que cumprimentava a todas individualmente. Acompanhei a fila sentindo ali pequenino, emocionado e feliz. Chegou a minha vez, caminhei lentamente em sua direção e ao me aproximar tive a oportunidade de bater outra e emocionante foto que ficou carinhosamente registrada na minha mente. Peguei-lhe em sua mão e olhando em seus olhos disse-lhe: —Deus lhe abençoe; ele me fitou com seu olhar meigo e humilde e me respondeu —obrigado. Senti um arrepio em todo corpo. A emoção aumentou e pude sentir de perto toda a sua humildade e bondade. O fluido de alta vibração vindo de seu nobre espírito e da espiritualidade superior circulava em todo ambiente e facilmente pude senti-lo. Algumas pessoas choravam emocionadas. Saí em silêncio e muito feliz. Comprei alguns livros e fui embora.
Fiquei pensando comigo: Chico Xavier me agradeceu pessoalmente, assim como a milhares de pessoas que também tiveram a oportunidade de visitá-lo. Quanta humildade! Nós é que lhe agradecemos por tão belo exemplo de vida em favor da humanidade
Sabemos que Chico pautou a sua vida naquele que os Espíritos Superiores identificaram como o maior modelo de perfeição moral para servir de guia: Jesus Cristo [questão 625 de O livro dos Espíritos – Allan Kardec].
Durante a participação de Chico Xavier no programa Pinga-fogo da antiga TV Tupi em 1971, um telespectador se identifica e faz a seguinte pergunta:
— O nosso irmão Chico Xavier, do qual sou admirador, afirmou que a única salvação, é Jesus Cristo. Eu sou cristão. No entanto, eu perguntaria a ele e aqui presente mesmo eu reconheço a presença de muitas pessoas que não são cristãs, são de várias religiões, aqueles do mundo, da humanidade, que não são cristãs, então, não alcançarão a salvação? Assim como por exemplo 800 milhões de chineses e outros tantos? A salvação só está em Jesus Cristo?.
Chico Xavier responde:
— Há tempos uma senhora nos procurou e alegou que o esposo não tinha religião, que era um homem reto e bom, mas na condição de companheira dele ela sentia falta da religião no marido e pedia ao nosso Emmanuel que se externasse com respeito ao assunto, já que ela desejava fosse o marido portador da fé cristã. Então disse o nosso Emmanuel que a Providência Divina tem pressa de que o homem seja bom, mas acreditar, isso fica para quando o homem possa realizar em si mesmo o campo da sua própria fé. Deus é pai de misericórdia. Não deserda filho algum e nós precisamos adaptar a nossa fé cristã às dimensões do mundo de hoje, em que nós todos aceitamos como filhos de Deus, para termos uma vida de respeito recíproco. Temos as nossas idéias díspares, os nossos pontos-de-vista tradicionais em religião, o conceito de salvação sofre no mundo de hoje uma certa diferença. Quando dizemos: O navio foi salvo. Foi socorrido e foi salvo. A casa foi salva do incêndio pelo Corpo de Bombeiros. A casa foi salva para ser novamente habitada. O navio foi salvo para trabalhar. A salvação quer dizer reequilíbrio, reestruturação da nossa vida em Cristo Jesus, para que nós possamos servir a Cristo, servindo-nos uns aos outros. Agora, o Senhor naturalmente que não tem os pensamentos de crítica nem de vingança contra nós, quando nós não possamos ter uma fé. Se nós nos amarmos nós teremos realizado o prodígio da felicidade humana, com a benção dele. E amando-nos nós vamos descobri-lo em nós mesmos. [Francisco Candido Xavier/ Emmanuel. Chico Xavier – dos hippies aos problemas do mundo, LAKE, 2a. ed., 1973].
Ressalta-se nessa passagem, que reestruturar a nossa vida em Cristo Jesus, significa caminhar nos ensinamentos deixados pelo Mestre, ou seja, com base no princípio “amar e respeitar ao próximo como a ti mesmo“. Seguir no caminho do bem e do amor, independentemente da fé religiosa, é ir ao rumo da felicidade eterna.
Homem iluminado, Espírito da paz. Um marco na história da evolução espiritual do planeta Terra. Muita gente ainda não se deu conta do nível evolutivo que o Chico se encontra e muitas gerações futuras irão reverenciar essa época de reencarne de um Espírito Crístico entre nós, ou seja, aquele que segue a rigor os passos de Cristo.
São muitos anos e anos de evolução, de reencarnação em reencarnação, em vários mundos, frente a seara do bem. O exemplo de vida humilde o coloca na condição, não apenas de o Mineiro do Século, mas do Espírito da Paz e da fraternidade universal.
A sua humildade foi tamanha que até mesmo milagres foram programados para serem humildes e discretos. Caso desejasse, e se assim fosse os desígnios maiores, ele poderia ter “movido montanhas”. Mas isso não se fez necessário e fundamental. Os tempos são outros. A evolução é sempre progressiva e infinita. A sua reencarnação fez parte do projeto Terra regenerada, cujo processo foi realizado com êxito e sucesso plenos.
O espiritismo no Brasil certamente não seria o mesmo sem a vinda desse nosso irmão iluminado, definido pela Espiritualidade Maior sob a coordenação de Jesus e, graças a isso, os ensinamentos espíritas se expandem no mundo todo, promovendo o apoio necessário a todo aquele que procura consolação de suas aflições com a reestruturação de sua vida na melhor jornada terrena a ser seguida, aquela que é capaz de maximizar a felicidade e minimizar o sofrimento.
Foram anos de trabalho mediúnico e de solidariedade com a prática da caridade no Brasil como exemplo para toda humanidade com muito esforço, dedicação, superação e amor imensuráveis, cuja capacidade cabe a tão poucos espíritos iluminados que passaram pela Terra. O trabalho foi profícuo, tanto quantitativa quanto qualitativamente, de ação direta, com seu esforço pessoal na assistência social e atendimento particular, como de ação indireta por meio de sua publicação servindo de elo condutor da espiritualidade. Quem teve a oportunidade de ler qualquer obra deixada por Chico, compreende a sua importância na busca do equilíbrio necessário a vida neste planeta. Não nos esqueçamos que o Mestre Jesus nos informou que iria rogar ao Pai para que enviasse o Consolador — Doutrina Espírita — e com ele os anjos santos — Espíritos Superiores—.
Rendamos graças ao Divino Pai pelas benções de ter enviado Chico Xavier em nosso planeta e em nosso Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, que foi concretizada conforme as Suas Leis dentro dos ajustes que se fizeram necessários.
Finalmente, agradeço também a Deus pela oportunidade de estar vivenciando esta nova era aqui, contemporizado junto ao HOMEM DA PAZ; paz verdadeira que haverá de existir em todo o planeta, cuja edificação foi semeada por Cristo e amparada com o cultivo cuidadoso e dedicado de Chico Xavier.
Só lamento não poder ter tido a capacidade de me expressar o pequeno raio de luz que representa o real estado de luminosidade da estrela maior que é CHICO XAVIER.
Que Deus o abençoe!
Fonte: revisado e adaptado de “Chico Xavier, Homem da Paz” – Boletim GeaE, n. 441, 30/07/2002