por Nubor Orlando Facure
(Opiniões pessoais do autor Nubor Orlando Facure)
Trecho (Mediunidade: um ensaio clínico)
1 – Ao descrever as funções da pineal a partir do plano espiritual, André Luiz (pelo médium Chico Xavier) nos revela outro paradigma fisiológico. Para mim, esse modelo de interação descrito por André Luiz introduz uma nova compreensão dos fenômenos de ação da mente sobre o cérebro.
2 – Sugeri o nome de “fenômenos espírito-somáticos” a um grupo de fenômenos em que a atuação do fluido mental (derivado do “fluido cósmico universal”, segundo Allan Kardec) tem papel preponderante, com particularidades que estão muito acima das limitações, por exemplo, dos neurotransmissores.
3 – Organismos inferiores, como uma bactéria, não precisam “renascer” como bactéria. Seu material genético “espiritual” pode ser incorporado a outros seres vivos, mais ou menos complexos. Afinal, nosso corpo físico transita carregando, em suas vísceras, trilhões de micro-organismos.
4 – Creio que os centros de força (chacras) atuariam no cérebro por meio de vias anatômicas (feixes nervosos) que os neurologistas chamam de “sistemas difusos” de atividade cerebral.
O chacra cerebral, de localização frontal, estaria ligado ao sistema dopaminérgico. O chacra coronário, ao sistema endócrino, à pineal e ao eixo hipotálamo-hipofisário (hormônios).
Os chacras plexuais (plexos nervosos) laríngeo, gástrico, esplênico e genésico estariam ligados ao sistema nervoso autônomo (acetilcolina e noradrenalina).
5 – Para mim, a mediunidade é um automatismo cerebral complexo, com a participação orquestrada de duas mentes interdependentes. Os núcleos da base e o lobo frontal seriam as principais áreas desses automatismos.
6 – André Luiz aponta a sintonia, o condicionamento, a aceitação e a sugestão como indispensáveis ao fenômeno mediúnico. Eu incluiria o aprendizado. Todo automatismo passa, antes, por um treinamento.
7 – Nos médiuns pintores, o aprendizado cria, nos centros de automatismo cerebral (núcleos da base e região pré-frontal), um programa específico para a capacidade de pintar.
O Espírito pintor traz pronta a tela, que é resgatada para o plano físico dentro desse programa automático — como o PowerPoint resgata as imagens da nossa câmara fotográfica.
No que concerne à mistura das tintas e sua expressão na tela, deve ocorrer um fenômeno do tipo mediunidade de “efeitos físicos”, que obriga a tinta a “obedecer” às misturas que a mente do pintor determinou.
8 – Diversas situações clínicas, como a histeria, a hipnose, a narcolepsia, o membro fantasma, a anorexia nervosa, podem expressar a existência de um “corpo mental” que obedece a uma fisiologia distinta da que ocorre com o corpo físico.
9 – Na literatura, a definição de mente costuma ser complexa, discordante e contraditória. Frequentemente, é interpretada como sendo a própria consciência. André Luiz tem a mente como sinônimo de Espírito.
Para mim, consciência é uma propriedade da mente, que nos permite identificar e interagir com o meio interno e externo que nos atinge.
Essa propriedade vai se constituindo com a progressão da evolução dos seres vivos.
Assim como um elemento simples, como o oxigênio ou o carbono, tem determinadas propriedades, esses mesmos elementos, à medida que se combinam compondo substâncias cada vez mais complexas — como, por exemplo, proteínas — se enriquecem com outro padrão de propriedades.
A consciência implica, então, na aquisição de uma organização mais ampla e complexa de um mesmo elemento.
10 – Nossas memórias são eternas.
No mundo físico, aprendemos que “nada se perde, tudo se transforma”.
No mundo mental, pensamentos e ideias vibram para sempre.
11 – André Luiz ensina que o Espírito produz o pensamento e o transfere ao cérebro físico, atuando sobre os corpúsculos de Nissl.
A neurologia esclarece que esses corpúsculos correspondem ao retículo endoplasmático rugoso, que está encarregado de transcrever proteínas que participam da membrana celular e enzimas que participam da química dos neurotransmissores.
Parece, então, que podemos sugerir que o próprio Espírito tem em suas mãos o poder de construir o tipo de neurônio que lhe convém.
12 – A reencarnação não se processa numa trajetória linear.
As ideias de “vidas sucessivas e o progresso constante do átomo ao arcanjo” parecem sugerir isso.
Assim como ocorre em qualquer organismo vivo, onde, do ponto de vista material, o que interessa é levar adiante os seus genes, para o “Princípio Espiritual”, o que interessa é ocupar um corpo qualquer para viver.
O próprio material genético já conquistado não nos deixaria retroceder. As aquisições são progressivas.
Aptidões, habilidades, instintos e conhecimentos estão aprimorando genes. A trajetória que eles vão seguir é ascendente, mas seguramente tortuosa.
13 – Acreditamos haver no cérebro a “via do bem-estar”, da mesma maneira que existe o circuito do estresse, que nos faz reagir diante das agressões físicas ou psicológicas.
Numa situação de perigo, o cérebro põe em ação todo um sistema de alerta que nos favorece a luta ou a fuga imediata.
Esse processo, mediado por cortisol e adrenalina, é altamente destrutivo para o organismo.
A reação de bem-estar que estamos propondo incluiria a pineal e centros talâmicos, como o núcleo accumbens, ligado à sensação de recompensa.
Os mediadores químicos seriam a melatonina e a dopamina.