O animismo e as fronteiras da espiritualidade

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por Nubor Orlando Facure.

Animismo:
Diz essa doutrina que a alma é responsável pela sustentação de todas as atividades orgânicas, especialmente das percepções, dos sentimentos e dos pensamentos.

Localizacionismo:
Há mais de um século, a neurologia vem revelando a relação que existe entre áreas do nosso cérebro e as nossas atividades motoras, sensitivas, cognitivas e intelectuais mais complexas.
Hoje, as imagens de ressonância mostram quais áreas cerebrais estão em atividade quando fazemos escolhas, quando optamos por mentir, quando reconhecemos um rosto familiar, quando imaginamos um pássaro voando ou quando nos lembramos da nossa professora do primário.
A neurologia sabe que determinada área do cérebro estará ativa quando realizamos uma tarefa, mas não afirma que é aquela área que executa a atividade testada.

Fenômenos anímicos:
“São fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação.”
Nesses quadros, é o perispírito desdobrado — “fora do corpo físico” — quem atua mobilizando seus recursos, agindo “de fora para dentro”, da dimensão espiritual para a física, na produção de fenômenos motores, sensitivos, intelectuais e visuais, provocando quadros típicos da psicopatologia humana.
Ocorrem alucinações, pseudocrises epilépticas, despersonalização, delírios persecutórios, fala ou escrita automática.


Quadros de uma clínica neurológica:

Dona Aparecida trata comigo há anos de uma epilepsia.
Na sua última visita, diz que a medicação mudou seu padrão de crises.
Ela, agora, quando desmaia, sente-se saindo do corpo e, de uma pequena distância, vê seu corpo físico se debatendo. A sensação é horrível e dolorosa.
O uso de medicamento pode realmente mudar nossa atividade senso-perceptiva, mas o fenômeno do desdobramento que passou a ocorrer com Dona Aparecida é real e revelador dos dois planos da vida.

Seu Luiz me diz que não consegue dormir. Não adianta fechar os olhos: permanece consciente, mas em outro “ambiente”.
Diz que se sente levado para diferentes lugares e ali vê outras pessoas — gente trabalhando, outros sendo socorridos, doentes a quem faltam pedaços do corpo e outros em um estado de torpor profundo.
Demorou para se acostumar com esse cenário.
Fiz uma série de perguntas, e uma coisa muito curiosa ele me contou: já esteve em lugares onde o piso é pegajoso, dificultando a caminhada.

Seu Nicanor conta que vinha bem com o tratamento, mas que, de uns meses para cá, voltou a ter a sensação que há muitos anos o incomoda:
escapa-lhe a sensação de realidade; parece não existir o que percebe.
Para tudo que olha, fica na dúvida se o que vê é aquilo mesmo.
Sofre procurando uma palavra no seu vocabulário para tentar me descrever suas sensações.

A esposa do seu Salomão me conta que enxerga os órgãos doentes das pessoas.
Ela, ao se aproximar de determinadas amigas, sente-se estranha, como se não estivesse mais em seu próprio corpo. Nessa espécie de transe, enxerga no corpo das pessoas manchas e deformações.
Essa senhora, de pouca instrução, não tem nenhum conhecimento de anatomia, só conseguindo apontar onde nota o problema orgânico.

Débora é uma jovem estudante de pedagogia.
Vai e volta de ônibus para a faculdade e, nessas viagens, passa por fenômenos de desdobramento. O ônibus para no sinal vermelho e ela, assentada em seu banco, nota subitamente que foi projetada para fora do veículo, ficando parada na esquina.
O tempo transcorre normalmente, e ela volta ao corpo físico quando o ônibus volta a rodar.

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