A jornada do Espírito: a Criação, o Tempo e Evolução à Luz do Espiritismo

por Cesar Boschetti.

 

O que segue é apenas um despretensioso ensaio. A ideia é provocar a reflexão e estimular o estudo do espiritismo, “O Grande Desconhecido”, como dizia Herculano Pires [1]. O assunto é complexo e exige profundo estudo e reflexão. Seria mais acertado abordá-lo dentro de um grupo de estudo dedicado e paciente. Mas, como provocação de boa-fé, permito-me um pouco de ousadia. Mostro também que, na falta de um grupo de estudo, podemos usar a IA como auxiliar de estudo.

Perguntas do tipo: Como e quando os espíritos foram criados? Quais foram as etapas iniciais da existência do espírito? O que eram os espíritos nesse início — um princípio espiritual ou algo ainda mais elementar? O que é vida no plano espiritual? E mais uma infinidade de perguntas similares que, somente as perguntas, não caberiam em um livro. Que dizer então das respostas, completamente fora do nosso alcance?

Este é um ponto importante. A questão 17 do LE (O Livro dos Espíritos) deixa claro a existência de limites para o que é permitido ao espírito conhecer. E isso é fantástico e maravilhoso, como veremos mais adiante. Não replicaremos todas as questões e respostas do LE mencionadas em apoio a este ensaio, exceto em casos específicos. Salvo indicação contrária, todas as questões citadas são do LE. A bem da verdade, o LE, em sua totalidade, é leitura obrigatória para quem quiser compreender o espiritismo em toda a sua amplitude. Essa obra possui excelentes referências facilmente acessíveis na internet [2].

Mas o Criador deu a todos os espíritos uma pulsão natural para querer compreender o que são, de onde vieram e para onde vão. Nós, espíritos encarnados neste grão de areia chamado Terra, submetidos a provas e expiações, somos apenas um infinitésimo da população espiritual universal. Essa pulsão natural pelo conhecimento da nossa posição no mundo que nos cerca, mesmo dentro de certos limites, é dádiva do Criador. É o motor da evolução.

Seria pura tolice querermos compreender como as coisas se processaram nas diferentes etapas pelas quais passaram os espíritos, desde a criação até chegarem ao estágio de seres dotados de razão e livre-arbítrio. Igual tolice seria querer compreender as passagens para as etapas seguintes. Contudo, a doutrina espírita nos dá base para especular, se não quanto aos detalhes, ao menos quanto à sucessão de alguns eventos importantes que formam uma linha do tempo para essa fantástica jornada.

Veremos que o simples entrever dessa linha imaginária, representando a jornada do espírito, já basta para nos fazer reconhecer nossa diminuta condição diante da grandeza do Criador e da própria criação da qual fazemos parte. A jornada do espírito inicia-se em um tempo anterior ao do nosso universo material. Aqui surge um ponto importante para refletirmos e ligarmos a ciência espírita à ciência da matéria. Vale repetir – trata-se apenas de um modesto ensaio.

Na questão 13, que trata da eternidade de Deus, de Sua infinita onipotência, soberana justiça e bondade, Kardec, após a resposta dos espíritos, faz a seguinte observação:

“Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.”

Percebemos, a partir dessa observação, que não existe tempo anterior a Deus. Deus não só é eterno como é atemporal. Está acima do tempo, já que o tempo faz parte da criação. Está além de nossa capacidade de compreensão a eternidade e a atemporalidade do Criador. Vamos aceitá-las e evitar nos perder em divagações e conjecturas que não nos levarão a lugar algum. Aqui, como em vários outros pontos, vale o conselho dos espíritos na questão 14:

Deus existe; disso não podeis duvidar, e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber quando, na realidade, nada saberíeis...”

Note que isso não é proibição, mas orientação. Pelo exame das questões 17 a 19, percebemos que, à medida que evoluímos, o véu que cobre os mistérios do universo vai se levantando. Quanto mais nossa ciência progride, mais expandimos a ilha do nosso conhecimento. Mas o oceano desconhecido em volta jamais deixará de existir [3]. E, como já colocado acima, isso é dádiva do Criador.

Contando quase 180 anos da primeira edição do LE, podemos ir um pouco além nessa questão do tempo. Com calma e paciência, vamos apreciar algumas colocações dos espíritos a Kardec para depois refletirmos um pouco sobre elas.

Na questão 21, em que Kardec pergunta se a matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, os espíritos respondem que somente Deus sabe e acrescentam que Ele nunca esteve inativo: cria desde sempre. Essa problemática vai ainda mais longe na questão 27, na qual Kardec indaga se espírito e matéria são os dois elementos constitutivos do Universo. Os espíritos dão uma longa e importante resposta afirmativa (grifos meus):

Sim, e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material tem-se de juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo como elemento material, distingue-se deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o espírito o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inúmeras combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas, da qual apenas conheceis parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as propriedades que a gravidade lhe confere.

Nas questões 84 a 86, em que Kardec questiona sobre a importância relativa dos mundos espiritual e material, os espíritos respondem que o mundo espiritual preexiste e sobrevive a tudo; é o principal. E, na questão 240, afirmam que a compreensão da passagem do tempo é diferente para eles, ao que Kardec acrescenta:

“Os Espíritos vivem fora do tempo como o compreendemos. A duração, para eles, deixa, por assim dizer, de existir. Os séculos, para nós tão longos, não passam, aos olhos deles, de instantes que se perdem na eternidade, do mesmo modo que os relevos do solo se apagam e desaparecem para quem se eleva no espaço.”

Dessas considerações, inferimos que o espírito foi criado em tempo anterior ao da matéria. O tempo do espírito é distinto. Vemos que o mundo espiritual foi criado antes do material e pode continuar existindo independentemente do que aconteça com o mundo material. Fica claro que, para o espírito, não há compreensão do tempo como um rio que flui do passado ao futuro. Passado, presente e futuro pertencem ao mundo material apenas. Naturalmente, tudo depende do grau de evolução do espírito. Os menos evoluídos, ainda muito ligados à matéria, devem ter percepção temporal mais próxima da nossa.

O tempo, embora não paremos para pensar, sempre foi um dos grandes mistérios do universo. Santo Agostinho, um dos espíritos superiores participante da codificação, quando encarnado (353 – 450) foi um dos maiores teólogos da igreja cristã e um dos maiores filósofos do pensamento ocidental. É dele este belo pensamento: “O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei” [4].

A título de curiosidade, para investigar como a IA (Inteligência Artificial) pode ser um bom auxiliar no estudo do espiritismo, perguntei o que Santo Agostinho diria sobre o tempo na codificação? Obtive o seguinte (após ajuste da formatação. Os grifos são da IA):

{Resposta do Copilot (IA da Microsoft)

Dentro da codificação espírita, Santo Agostinho é considerado um Espírito elevado, e suas reflexões sobre o tempo ganham uma dimensão ainda mais profunda. Ele é citado diversas vezes nas obras de Allan Kardec, especialmente em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, como autor de instruções mediúnicas que tratam da moral, da fé e da vida espiritual.

Para Agostinho, o tempo não é algo absoluto, mas uma experiência da alma — vivemos o passado pela memória, o presente pela atenção e o futuro pela expectativa. Essa concepção se alinha com a ideia espírita de que o tempo é relativo ao estado espiritual. Espíritos desencarnados, por exemplo, podem perceber o tempo de forma diferente, dependendo de seu grau de evolução.

Na codificação, Agostinho reforça que o tempo terreno é passageiro, e que o verdadeiro progresso ocorre no tempo da alma, que transcende o relógio humano.

Em suas comunicações mediúnicas, ele também fala sobre:

– A importância de aproveitar o tempo encarnado para o crescimento moral.

– A impermanência da vida física e a continuidade da existência espiritual.

– A necessidade de vigilância interior, pois o tempo é um recurso precioso para a reforma íntima.

Em resumo, Santo Agostinho, dentro da doutrina espírita, nos convida a refletir sobre o tempo como uma oportunidade divina de evolução — não como um inimigo que passa, mas como um aliado que nos transforma.

Referências da IA:

1) https://ceismael.com.br/filosofia/santo-agostinho-e-espiritismo.htm

2) https://espirito.org.br/artigos/expoentes-da-codificacao-santo-agostinho/

Fim da resposta da IA}

É bastante interessante refletirmos sobre as colocações da IA. Elas se harmonizam com nossas considerações neste ensaio e exemplificam como podemos usá-la como ferramenta auxiliar de estudo. Mas retomando nossas reflexões, alguns detalhes merecem atenção mais cuidadosa. Na questão 21, que trata especificamente da matéria, fica claro que Deus cria desde sempre; nunca esteve inativo no que toca à matéria. Na questão 27, afirma-se a trindade: Deus, espírito e matéria, como os três princípios constitutivos do universo (não confundir com a trindade católica), com o fluido universal como veículo da ação do espírito sobre a matéria. E, finalmente, nas questões 84 a 86, enfatiza-se a pré existência do espírito. Isso pode gerar confusão em relação à ordem da criação. Mas Kardec nos traz conforto nas considerações da questão 28, onde observa (grifos meus):

“Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e vemos um princípio inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão dessas duas coisas nos são desconhecidas. Se promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de contato necessários entre ambas; se a inteligência tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo, conforme a opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos. Elas se nos apresentam como distintas; daí admiti-las como formando os dois princípios constitutivos do universo. Vemos, acima de tudo isso, uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por atributos essenciais. A essa inteligência suprema chamamos Deus.”

É muito importante notar que Deus não só é eterno como cria desde sempre. Isso explica a diversidade de espíritos, classes de espíritos e mundos existentes no Universo. E, como Deus está — como sempre esteve e sempre estará — criando espíritos, matéria e fluido cósmico, é simplesmente impossível termos qualquer ideia, mínima que seja, da extensão espaço-temporal da criação.

Nossa ciência terrestre, por sua vez, tem na teoria do Big Bang um modelo cosmológico bem estabelecido e sustentado por enorme quantidade de dados e observações. Segundo esse modelo, nosso universo material surgiu há cerca de 14 bilhões de anos a partir de uma singularidade quântica [5] que deu início a uma formidável expansão de matéria e energia concentradas num ponto menor que um grão de arroz.

Essa expansão inicial não foi exatamente uma explosão, mas o nome Big Bang pegou e permaneceu. Para a cosmologia, nosso tempo material também começou no Big Bang, de modo que não faria sentido perguntar o que houve antes dele. Ainda assim, a especulação existe e é inevitável, dando origem a teorias como a dos multiversos, entre outras. Mas são especulações apoiadas apenas em modelos matemáticos abstratos e carentes de confirmações ou evidências experimentais adicionais.

Vê-se, então, como a pré existência do universo espiritual e o diferente conceito de tempo para o espírito, na doutrina espírita, não entram em choque com a ciência material. Quando nosso universo material surgiu, já havia um universo espiritual pré existente. Provavelmente, outros universos materiais, necessários à evolução dos espíritos, também existiram e talvez desapareceram. Essa hipótese de universos anteriores não é descartada pela ciência material. Faz parte das especulações sobre o que ocorreu antes do Big Bang. Tampouco se pode descartar a existência de outros universos materiais em dimensões de espaço-tempo diferentes e, portanto, inacessíveis aos nossos meios de observação. Não temos informações explícitas dos espíritos nesse sentido, mas, pelas considerações já vistas, tais possibilidades não são absurdas nem ilógicas.

Outro aspecto a considerar é que matéria e espaço-tempo se relacionam entre si, compondo o tecido do cosmo. A matéria, em função de sua concentração, pode curvar o espaço-tempo. Como, no plano espiritual, não existe matéria densa como em nosso mundo, é perfeitamente aceitável inferir que o tempo ou o espaço-tempo ali sejam diferentes. A física que conhecemos não dispõe de ferramentas para abordar a dimensão espiritual.

Dessa forma, podemos considerar que, quando nosso universo começou há 14 bilhões de anos, com certeza já havia espíritos de todas as classes — desde recém-criados, simples e ignorantes, até puros e elevados. Mas não precisamos recuar tanto assim no tempo. Atenhamo-nos ao nosso planeta, com idade estimada em cerca de 4,5 bilhões de anos. Conforme aponta Emmanuel em “A Caminho da Luz” [6], Jesus comandou uma comunidade de espíritos superiores encarregados de supervisar a evolução da Terra, desde a formação da massa ígnea inicial, passando pela agregação da Lua e, posteriormente, dos elementos que gerariam a vida. Se o espírito Jesus foi criado antes ou depois do Big Bang, só ele e Deus sabem. Com certeza, foi criado antes dos eventos que deram origem ao sistema solar e nosso planeta.

Fica evidente, portanto, que é total­mente impossível localizar o ponto inicial do espírito. A extensão espaço-temporal da jornada é tão vasta e inalcançável pelos nossos recursos intelectuais que, na verdade, pouco importa esse ponto inicial. Do mesmo modo, pouco importa saber se existe ponto de chegada. O que realmente conta é a beleza do caminho. O tempo — na compreensão material — não importa. Em nossa jornada, precisamos deixar de lamentar o passado e de ansiar pelo futuro. Devemos viver o presente da melhor forma possível, dando o melhor de nós mesmos, amando e prestando auxílio ao próximo e ao nosso lar comum. Santo Agostinho deixa isso claro quando diz que o verdadeiro progresso ocorre no tempo da alma, que transcende o relógio humano.

Os limites impostos pelo Criador ao que podemos conhecer — limites que, como vimos, estão sendo constantemente afastados, mas nunca superados — convidam-nos a caminhar sempre em frente, ampliando a extensão de nossa ilha sem nos preocuparmos com o oceano desconhecido que a cerca. Deus não nos criaria para, após longa e fantástica jornada, chegando ao estado de espíritos puros, fôssemos entregues ao ócio perene e à falta de atividade. Não! Isso seria duvidar da infinita sabedoria, justiça e bondade do Criador. Com certeza, os espíritos puros devem ter muito mais atividade e perspectivas de progresso que nós pobres espíritos habitantes deste grão de areia chamado Terra.

Além do mais, como colocado na questão 97, onde Kardec pergunta se as ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado? Os espíritos respondem (grifos meus):

São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais . . .”

Complementando a questão acima, vemos na questão 113 que os espíritos puros (ouso dizer – devem ter infinitos níveis de pureza a serem conquistados), encontram-se em permanente atividade como colaboradores do Criador, para auxílio aos espíritos inferiores espalhados pelo infinito espaço-tempo. Diante de tudo isso, só resta nos curvarmos diante da maravilha da criação e da oportunidade de sermos parte dela. Só nos resta bendizer as palavras do Espírito de Verdade:

Espíritas, amai-vos: eis o primeiro ensinamento. Instrui-vos: eis o segundo.

REFERÊNCIAS

[1] Pires, José Herculano. Curso Dinâmico de Espiritismo – O Grande Desconhecido. 1.a edição: Junho de 1979. Editora Paideia Ltda. Acesso em 30 de julho de 2025.

https://drive.google.com/file/d/0B9CFzVtKHMeYdERQWDBCQWg4ZG8/view?pli=1&resourcekey=0-acchtcz6gnICL1lAbLYzvA

 

[2] Kardecpédia. O livro dos espíritos por Allan Kardec. Versão online completa. Acesso em 30 de julho de 2025.

https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos

 

[3] Repliquei aqui uma metáfora empregada pelo físico Marcelo Gleiser em seu livro, “A Ilha do conhecimento”. Uma leitura não espírita, de caráter filosófico científico muito enriquecedora. Acesso em 30 de julho de 2025.

https://www.amazon.com.br/ilha-conhecimento-limites-ci%C3%AAncia-sentido/dp/8501052779

 

[4] de Oliveira, Ranis Fonseca (Mestre em Filosofia pela PUC/SP) em papeando com a psicologia, 2012.  Acesso em 31 de julho de 2025

https://grupopapeando.wordpress.com/2012/04/10/santo-agostinho-e-sua-reflexao-sobre-o-tempo/

 

[5] Em física, chama-se singularidade a um ponto onde as condições se tornam tão severas que as leis conhecidas deixam de existir. O termo quântica se aplica porque os efeitos gravitacionais (da teoria da relatividade geral) e os efeitos microscópicos (da mecânica quântica) se misturam na singularidade dando margem a saltos (mudanças bruscas) e incertezas próprios da mecânica quântica. Uma referência básica sobre o tema pode ser visto aqui: https://www.todamateria.com.br/teoria-do-big-bang/

[6] Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, pelo espírito Emmanuel. Cópia da 1ª edição de 1939. Acesso em 30 de julho de 2025.

https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TX/Acl/Acl01.htm

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