por Eduardo do Couto e Silva.
Isso é ridículo!
Este é com certeza o comentário de muitas pessoas ao lerem o título desta mensagem. Todavia, não creio que esta postura se adequa a realidade do nosso mundo moderno.
O avanço tecnológico e científico nas diversas partes do globo terrestre tem favorecido o relacionamento entres os povos, bem como uma profunda melhoria na qualidade de vida. Um exemplo simples é o desenvolvimento dos meios de comunicação e a sua importância no intercâmbio entre as mais variadas culturas.
É claro que muitos podem insistir que existe toda uma pesquisa destinada à produção de armamentos e equipamento bélico em geral. Isso é um fato inegável. A questão recai então sobre a utilização do equipamento. As experiências com fontes radioativas podem propiciar o desenvolvimento de medicamentos e “marcadores biológicos” ou o desenvolvimento de bombas letais aos seres vivos.
O Espiritismo assim como a ciência tem avançado. O enfoque da literatura espírita dia após dia se aproxima mais e mais das necessidades da nossa vida diária. Veja por exemplo os livros do espírito “Luis Sergio”, que trazem informações valiosas sobre o perigo dos tóxicos. Atenção, com isso não quero dizer que a codificação da obra espírita tenha sido incompleta! Mas é natural que as comunicações espíritas sejam mais apropriadas aos “males” do nosso mundo contemporâneo. E gostaria agora de relembrar uma passagem no Evangelho Segundo o Espiritismo em que o assunto “Duelo” é abordado. Há a preocupação em mencionar que embora não existam duelos como antigamente, o ensinamento pode ser atualizado ao se fazer analogia com os nossos “duelos internos” e assim por diante. Mais uma vez vem a presença de um agente externo (seja o espírito encarnado ou desencarnado), adequando a mensagem ao linguajar mais apropriado ao tempo em que vivemos. Enfim, o relevante é que a mensagem espírita deve estimular o congraçamento entre os povos, o amor e sobretudo a caridade. A informação religiosa seja espírita ou não, pode ser manipulada das formas mais macabras possíveis, levando ao fanatismo, à loucura e por vezes até à morte. Em um paralelismo com a ciência percebe-se que o agente é extremamente responsável pelo decorrer dos fatos, e é de um agente bem especial que quero falar agora: o cientista espírita.
É necessário que o meio científico perca a inibição (podem chamar de vergonha se quiserem), para pesquisar os fenômenos até então sem uma resposta satisfatória da nossa “ciência convencional”. A vantagem do cientista espírita é a vontade de explicar os fatos sem ter a necessidade de prová-los! Isso é crucial. Você que lê essa mensagem acredita na existência dos espíritos, se alguém por acaso lhe descrever a estrutura “molecular” do perispírito e a sua interação coma matéria, você vai achar interessante, mas isso não é essencial para a sua crença nos espíritos. Sem jamais esquecer os imperativos que devem mover o espírita, é hora de um estudo mais detalhado com as técnicas ao nosso alcance.
Infelizmente muitas das experiencias realizadas perdem a credibilidade devido ao despreparo do pesquisador em lidar com o a informação. Não se pode querer dizer que o “espiritismo’ é científico se não se sabe utilizar bem os conceitos. Uma palavra muito empregada é energia. Geralmente os debates mais “sofisticados” acabam por envolver conceitos sobre a energia, fontes de energia, magnetismo etc. Um exemplo: a materialização. É fato (eu enfatizo, é um fato) que materialização ocorre. Vamos tentar explicar (me perdoem os físicos pela simplicidade do meu argumento), de uma forma bem superficial como isso ocorre. Einstein propôs que Energia pode ser convertida em matéria e vice-versa. Uma formula simples é Energia=massa x velocidade da luz x velocidade da luz. Para um objeto de 70 kg se ‘materializar” seria necessária uma energia da ordem de 40000000000000000000000000000000000000 elétron Volts, isto significa, o número 4 acompanhado de 37 zeros. Para dar uma ideia da dimensão disso, pode-se fazer uma comparação com os tubos de televisão (chamados tubos de raios catódicos), a energia deles é da ordem de alguns elétrons Volts. O maior acelerador de partículas do mundo (SSC) projetado para o ano 2000 nos EUA, deverá produzir reações na energia de 20TeV, ou seja, 20 acompanhado de 12 zeros em unidades de elétron Volts. Claro que os casos de materialização não ocorrem com objetos de70 Kg, às vezes é uma flor, uma mão, de qualquer forma você pode tranquilamente dividir esses números por 100 ou 1000 que não fará a mínima diferença!
Agora que eu já fiz a crítica é melhor que eu ofereça a solução. Sem querer desapontar ninguém, eu não a tenho. Mas é para buscá-la que devemos discutir essas ideias. Tinha um grupo de amigos na Universidade de Brasília aberto a esses assuntos e chegamos a discutir alguns experimentos. Algo viável seria o estudo do crescimento de bactérias ou plantas com água fluidificada, magnetizada. Talvez um físico de tivesse o equipamento disponível para estudar as propriedades magnéticas dessa água, ou mesmo de remédios homeopáticos (Ressonância Magnética Nuclear). Mesmo achando que não vai se encontrar nada, vale a pena tentar! Perdoem-me os cientistas sociais, mas como não entendo muito dessa área é melhor que eu não fale nada ao invés de falar besteiras. Mas estou certo de que boas sugestões devam existir. Talvez um trabalho interessante deva ser feito no campo da comunicação. Explicar o porquê de um trabalho desse para um leigo em espiritismo pode ser muito difícil se se escolhe as palavras erradas, ou se não as definem bem.
Enfim, devemos buscar as respostas e seremos muito responsáveis se não formos suficientemente críticos para analisarmos os resultados com a luz cientifica. Se o nosso equipamento não é suficientemente sensível ou se nos falta a explicação, que sejamos humildes em assumir, mas que não desistamos. Na verdade o que realmente importa é aquilo que se pode fazer para tornar este mundo mais justo e digno, aonde reine o amor e a caridade.
Fonte: Boletim GeaE, Ano 01, Número 03, outubro de 1992
OBS: Na época da publicação original desse artigo, o autor estava desenvolvendo programa de doutorado em Física de Altas Energias na Universidade de Indiana, EUA.