Memória, onde estás, quando escondes de mim?

por Nubor Orlando Facure.

Se há uma coisa fugidia são as nossas memórias.
Todos já nos sentimos perdidos quando elas se escondem na hora que mais precisamos.
Mas, se há uma função complexa dentro e fora de nós é justamente a memória.
Digo dentro e fora, porque, sou daqueles que acredita na existência de memórias extracerebrais.

Vamos fazer uma leitura simplificada sobre onde encontrar minhas memórias:

Memória celular
Se memória for a recordação de um fato que aconteceu no passado, podemos dizer que ela existe, inclusive, nos nossos glóbulos brancos e anticorpos.
Eles entram em contato com o vírus do sarampo e constroem uma resposta química para essa invasão.
Um novo ataque, numa epidemia de sarampo, eles reconhecem o invasor e toma medidas para sua expulsão.

Os neurônios e a memória

Neurônio aprende com a repetição do estímulo.
Há dois fenômenos nesse processo.
O primeiro é a “Sensibilização”.
Repetindo um choque o neurônio fica super excitável a cada vez que recebe o estimulo elétrico.
O segundo é a “Habituação”.
De tanto repetir uma picada incômoda, você acostuma.

O cérebro e a memória
Suponha que eu detecte com os olhos a visão de um objeto que passa voando na minha frente.
Observo detalhes e percebo que é um pássaro.
Agora vejo suas cores.
Ele bate as asas.
Voa num vai e vem, ora para um lado ora para o outro.
Peito amarelo, da um piado estridente cantando:
Seria um Bem-te-vi ?

O cérebro tem áreas específicas para cada tarefa:
Para vermos o objeto;
Sabermos onde ele está;
Há outras áreas para percebermos as suas cores e outras ainda para vermos os seus movimentos.
A seguir, todos esses detalhes são comparados com meus arquivos no hipocampo, onde guardo memórias aprendidas.
Ali, nos hipocampos, vejo os pássaros que já vi no passado e os guardo arquivados.
Noto que não era um Bem-te-vi; é totalmente diferente, deve ser um sabiá.
Foi o tamanho do bico.
E o canto sonoro do sabiá.
E a seguir, o que vai ocorrer?
Percorro o caminho inverso:
Do hipocampo para todo cérebro.
Alí confirmo uma a uma as diferenças do sabiá com o Ben – te – vi.

Na verdade, nossas memórias não são arquivadas, ou engavetadas.
Os detalhes de todas coisas do mundo são esparramados por todo meu córtex cerebral.
No futuro, quando passar por mim um pássaro piando, eu saberei quem é.
Já o conheci antes.
Um detalhe aqui, outro ali.
Meu cérebro fica cheio de informações que o mundo vai jogando para dentro de suas conexões.

Mas, vale repetir:
O cérebro não coloca as informações numa gaveta ou numa pasta de arquivos. Ele distribui as peças do quebra cabeça e ocupa várias áreas no córtex.
Isso trás vantagens:
Quando vejo uma cruz na torre, lembro-me logo da igreja matriz.
Quando vejo a ambulância, logo me vem a lembrança do pronto socorro onde trabalhei.
Quando a gente esquece um fato, ele pode ser resgatado com uma pequena pista, as vezes o cheiro de madelaines.
Um sapatinho de cristal me lembra a Cinderela.

O Perispírito e a memória
O perispirito é um corpo de natureza espiritual e fluídica (semimaterial).
As memórias nesse corpo podem se utilizar de dois sistemas.
Um deles se sobrepõe ao cérebro físico, funcionando com a mesma fisiologia dos neurônios e suas conexões, transmissão de impulso elétrico e liberaçao química nas sinápses.
Um outro sistema é decorrente das propriedades “metafísicas” do Perispírito.
Ele é dirigido por ação direta do pensamento; memória no Perispírito é vibração.
Por isso ele se desloca no espaço e no tempo seguindo a força dos nossos desejos.
Ele atua sobre objetos inanimados dando-lhes “propriedades” dos seres vivos.
Vivifica os objetos.
Algumas descrições clínicas podem facilitar nosso entendimento:
Indivíduos hipnotizados podem deslocar sua atividade mental ou mais precisamente, o seu Perispirito para um acidente que participou no passado distante.
Durante o fenômeno hipnótico ele vivencia o passado como se fosse o presente.
Poderá fazer descrições detalhadas do ambiente do desastre que na ocasião não percebera.
O Perispírito não tem limites em sua memória.
Ele nos permite vivenciar de novo os detalhes do passado; repete o momento com se estivesse no presente.
Os obsessores, utilizando os recursos da hipnose, podem manter suas vítimas fixadas na cena de um crime, pepertuando a culpa.
É a memória cristalizada.
Nos fenômenos de sonho lúcido, são descritos que, as percepções se ampliam e as recordaçoes se expandem.
A mente transita com o Perispirito durante esse tipo de sonho.

O Espirito e a memória
Não conhecemos a natureza do Espírito.
Sabemos ser o principio inteligente.
Fonte dos nossos saberes.
Senhor do nosso passado multimilenar.
Numa linguagem física podemos dizer que tudo no Universo é energia; é vibração.
Ensina a filosofia chinesa que qualquer partícula contem em suas vibrações em toda história do Universo.
Mas que “partícula” vibra no Espírito?
Uma centelha do pensamento de Deus.

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Nubor Orlando Facure obrigada, acho que o Sr está citando o Livro dos Médiuns:

“Desde que os sentidos entram em torpor, o Espírito se desprende e pode ver longe, ou perto, aquilo que lhe não seria possível ver com os olhos. Muito frequentemente, tais imagens são visões, mas também podem ser efeito das impressões que a vista de certos objetos deixou no cérebro, que lhes conserva os vestígios, como conserva os dos sons. Desprendido, o Espírito vê nos seu próprio cérebro as impressões que aí se fixaram como numa chapa daguerreotípica. A variedade e o baralhamento das impressões formam os conjuntos estranhos e fugidios, que se apagam quase imediatamente, ainda que se façam os maiores esforços para retê-los. A uma causa idêntica se devem atribuir certas aparições fantásticas, que nada têm de reais e que muitas vezes se produzem durante uma enfermidade.”

É corrente ser a memória o resultado das impressões que o cérebro conserva. Mas, por que singular fenômeno essas impressões, tão variadas, tão múltiplas, não se confundem? Mistério impenetrável, porém, não mais estranhável do que o das ondulações sonoras que se cruzam no ar e que, no entanto, se conservam distintas. Num cérebro são e bem organizado, essas impressões se revelam nítidas e precisas; num estado menos favorável, elas se apagam e confundem; daí a perda da memória, ou a confusão das ideias. Ainda menos extraordinário parecerá isto, se se admitir, como se admite, em frenologia, uma destinação especial a cada parte e, até, a cada fibra do cérebro.

Assim, pois, as imagens que, através dos olhos, vão ter ao cérebro, deixam aí uma impressão, em virtude da qual uma pessoa se lembra de um quadro, como se o tivera diante de si. Nunca, porém, há nisso mais do que uma questão de memória. Ora, em certos estados de emancipação, a alma vê o que está no cérebro, onde torna a encontrar aquelas imagens, sobretudo as que mais o chocaram, segundo a natureza das preocupações, ou as disposições de espírito.”
O Livro dos Médiuns segunda parte cap VI
É isso Dr?

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