Capítulo 03 – O bem e o mal

por Joel Matias

 

CAPITULO III

O BEM  E  O  MAL

Origem do bem e do mal – O instinto e a inteligência – Destruição dos seres vivos uns pelos outros.


Origem do bem e do mal.

    Sendo Deus infinitamente sábio, justo e bom, é evidente que o mal existente não pode NELE ter-se originado. Por outro lado, se existisse um Satanás (personificação eterna do mal), não podendo ser igual, seria inferior a Deus, logo, teria sido criado por ELE, o que implicaria na negação da bondade infinita do Criador.

    Os males tanto físicos como morais pertencem a duas categorias:

    1)- Os que independem da vontade do homem – os flagelos naturais.  Os flagelos se afiguram maus e injustos aos homens, por não poderem compreender a Sabedoria Divina que em cada acontecimento manifesta oportunidade para o progresso da humanidade. Os flagelos permitem ao homem desenvolver sua inteligência ao ponto de preveni-los, amenizar seus efeitos, através das ciências aplicadas a melhoria de condições de vida e bem-estar no planeta. “A dor é o aguilhão que o impele para a frente, na senda do progresso“.

    2)- Os criados pelos vícios, orgulho, egoísmo, ambição, cupidez e por todos os excessos. Apesar da consciência  que lhe foi outorgada pelo Criador, das advertências dos mensageiros quanto ao cumprimento das Leis Divinas que têm por objetivo o bem e o progresso,  insiste o homem em causar guerras, injustiças, opressão do fraco pelo forte, usando assim seu livre-arbítrio para a satisfação de seus vícios e sua vaidade.

    Graças à bondade divina, porém, chega um momento em que o mal moral se torna intolerável, reconhece o homem a necessidade de mudar de vida. Usa então de seu livre-arbítrio para moralizar-se a fim de ser mais feliz.

    “O mal é a ausência do bem” . “Onde não existe o bem forçosamente existe o mal“.  O mal decorre portanto do estado de imperfeição do homem. Existe um limite natural à satisfação das necessidades. Se, por seu livre-arbítrio comete excesso, tem como resultado as enfermidades, a morte, que lhe advirão por sua imprevidência e não por castigo de Deus.

    A alma foi criada simples e ignorante sujeita à Lei do Progresso. Quis Deus que o progresso resulte do próprio trabalho a fim de que lhe pertença o fruto deste como também é de sua responsabilidade o mal que pratique.

    As raízes das paixões e dos vícios se acham no instinto de conservação, intenso nos animais e seres animalizados onde inexiste o senso moral e a vida intelectual.  Com o desenvolvimento da inteligência o instinto se enfraquece, fazendo com que paulatinamente haja o domínio do espírito sobre a matéria. Quanto mais se deixe dominar pela matéria, atrasa seu desenvolvimento identificando-se com o bruto. Assim, as paixões que lhe eram um bem, por que eram necessidade de sua natureza, passam a ser um mal por que se tornam prejudiciais à espiritualização do ser. “O mal é, portanto, relativo e a responsabilidade é proporcional ao grau de desenvolvimento“.

O instinto e a inteligência.

    O instinto é a força oculta que solicita atos espontâneos e involuntários visando a conservação da espécie.

    É pelo instinto que a planta se volta para a luz e dirige as raízes para a água ou terra, que os animais migram conforme a mudança de clima, constroem seus abrigos, armadilhas para caçar seu alimento, que os sexos se aproximam, que a mãe protege seu filho. No início da vida os atos humanos são puramente instintivos. Mesmo no adulto muitos atos são movidos pelos instintos como o de conservação, equilíbrio do corpo, adaptação das pálpebras à luz, etc.

    A inteligência é um atributo da alma e se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados e combinados de acordo com as circunstâncias.

    O instinto é previdente e nunca se engana. A Inteligência, por ser livre, está sujeita a errar. O adulto anda naturalmente, instintivamente, mesmo quando está desatento ao ato de andar. Ao aumentar a velocidade, passa a usar sua inteligência,  podendo por exemplo vir a cair.

    Certa teoria considera os atos instintivos provenientes dos protetores espirituais, que diminuiriam sua ação à medida que seu protegido desenvolvesse sua inteligência. Contraria, entretanto, a unidade de causa que se observa universalmente nos instintos, o que não seria possível se proviessem de cada protetor.

    Se considerar-se todos os seres mergulhados no fluído divino, soberanamente inteligente e previdente, entender-se-á a unidade dos movimentos instintivos que visam ao bem de cada indivíduo, tanto mais ativamente quanto menor for o desenvolvimento da inteligência.

    O  instinto é portanto guia seguro que se enfraquece à medida do desenvolvimento da inteligência.

    As paixões são também forças inconscientes, nascem das necessidades do corpo e dependem do organismo. São individuais, produzem efeitos variados em intensidade e natureza. São úteis até o surgimento do senso moral, quando passam a ser prejudiciais ao progresso do espírito. “O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se“.

Destruição dos seres vivos uns pelos outros.

    A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, não está no invólucro corporal mas sim no princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo.

    Em sua infinita sabedoria o Criador faz com que os seres orgânicos se nutram uns dos outros. No homem materializado domina o instinto animal e mata para se alimentar. Posteriormente ao contrabalançar-se o sentimento moral, luta e destrói para satisfazer sua ambição, orgulho, poder. Ao preponderar o senso moral diminui a necessidade de destruir, tendendo a desaparecer, por se tornar odiosa. Passa então a lutar intelectualmente, contra as dificuldades, não mais contra seus semelhantes.

  Fonte: BOLETIM GEAE | ANO 10 | NÚMERO 427 | JANEIRO DE 2002

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