B o l e t i m ############################################### .--- .-- .--. .-- GRUPO DE ESTUDOS AVANCADOS ESPIRITAS / __ /_ /__/ /_ _____________________________________________ / / / / / / `---' `--/ / `-- 10 (211) 96 22 Outubro 96 ################################################################### ************************INDICE************************ JESUS, O HOMEM (PARTE III continuacao) O CRISTO E OS ESSENIOS COMENTARIOS DA ANA PRATA: DUVIDA SOBRE O SACRIFICIO DE JESUS DO CARLOS: RESPONDENDO A ANA PRATA DO CARLOS: SOBRE A TRADUCAO DE AMOR OU CARIDADE ****************************************************** JESUS, O HOMEM (continuacao do boletim 207) por Albino Antonio Castro de Novaes QUANDO NASCEU O CRISTIANISMO? Como doutrina nasceu com os primeiros ensinamentos de Jesus. O nome CRISTAO foi sugerido por Lucas a Paulo numa de suas viagens a Antioquia, pois, nao concordava com o nome "Caminho" ja que caminhos existem muitos. (Atos:11-26) Segundo RENAN os primeiros textos contendo anotacoes acerca dos ensinamentos de Jesus, surgiram a partir do ano 75. Foram escritos em SIRIACO-CALDAICO, compreendida abusivamente com Hebraico - era a mesma lingua falada por Jesus. · O Apocalipse de Pedro assim descreve os cristaos catolicos: "aqueles que incorreram num nome errado, caindo nas maos de um homem maligno e sagaz, com um ensinamento numa multiplicidade de formas, permitindo-se serem governados hereticamente". "(...) blasfemam a verdade, proclamam ensinamentos nocivos e difamam-se uns aos outros (...) muitos outros (...) que se opoem aa verdade e sao os mensageiros do erro (...) instituiram o seu erro (...) contra a pureza de meus pensamentos." · A GNOSE: se distingue como trabalho de busca interior e auto iluminacao que nada tem a ver formalmente com as instituicoes religiosas. GNOSTICISMO: e a denominacao atribuida ao movimento Gnostico que ocupa a historia do cristianismo; espaco de tempo que vai de 120 a 240 anos depois de Cristo (notadamente). Os Gnosticos nao se consideravam cristaos. O inusitado vigor com o qual a igreja primitiva deu combate ao gnosticismo constitui seguro indicio da importancia desse movimento e, consequentemente, dos riscos a que expunha as estruturas do pensamento cristao da epoca. O Gnosticismo assentou-se no conceito basico de que a libertacao do ser das amarras limitadoras da materia e do erro tinha de ser alcancada por intermedio do conhecimento ou mais especificamente do auto-conhecimento. A VULGATA LATINA · O Papa Damaso, em 382, encarregou Geronimo de uma revisao da traducao existente, a VETUS LATINA. O que ele fez para o Novo Testamento. O Velho Testamento ele o traduziu diretamente do Hebraico. O trabalho so foi considerado oficial apos sucessivas adulteracoes, no Concilio de Trento, realizado entre 1545 e 1563. · GUTEMBERG publicou em 1456 sua Biblia em alemao. Vejamos uma pequena cronologia da historia biblica: VETUS LATINA 384 VULGATA LATINA Geronimo (monge) - por determinacao do Bispo Damaso I (Bispo de Roma entre 366 e 384) -Manuscritos gregos -Antigas versoes latinas (Vetus) -Septuagita -Textos em hebraico -So foi concluida em 404 e causou muita polemica na epoca 1546 APROVACAO DA VULGATA LATINA Oficializacao- Concilio de Trento 1590 A VULGATA LATINA e considerada insuficiente e erronea. Sixto V (Papa entre 1585 e 1590) ordena sua revisao e alteracao Por ordem de CLEMENTE VIII e novamente modificada 1592 Desde entao passou a se chamar VULGATA SIXTO CLEMENTINA "Mostre-me a pedra que os construtores rejeitarma- Ela e a pedra angular" ETEPHEN LANGTON, Arcebispo de Cantuaria, Inglaterra, em 1214, foi o primeiro a repartir o livro em capitulos. Em 1527 foi feita a divisao dos capitulos em versiculos pelo dominicano: SAINTES PAGNINO nos livros do Velho Testamento. Posteriormente, em 1551, o impressor frances ROBERTO ETIENE estende-a tambem ao Novo Testamento. OUTRAS POLEMICAS Nao se tem certeza de que foi Paulo de Tarso o autor dos "ATOS" e a grande maioria dos pesquisadores admitem mesmo que tais epistolas nao foram escritas por ele, por isso sao chamadas de pseudo-paulinas ou ainda DEUTEROPAULINAS- provavelmente foram escritas no ano 100 da era Crista por um outro escriba. Muito possivelmente, Paulo tambem nao escreveu as cartas: 1. I e II TIMOTEO O TITO 2. Aos EFESIOS 3. Aos COLOSSENSES 4. A segunda aos TESSALONICENSES Das treze cartas atribuidas a Paulo (excluida aquela escrita aos Hebreus) somente oito podem ser consideradas legitimas. Somente a partir do ano 70 e que os Evangelhos comecam a ser escritos (aceito oficialmente). Nao existem provas apostolicas dos documentos considerados canonicos. Podem ter sido deliberadamente destruidos. No Seculo IV, Eusebio de Cesareia, com sua obra "Vida de Constantino" afirmava que para tornar o Cristianismo mais atrativo aos gentios, os sacerdotes adotaram as vestimentas exteriores e os ornamentos utilizados no culto pagao (ou seja houve um sincretismo com o culto pagao). Em 1073 a denominacao "PAPA", por decreto de GREGORIO VII", passou a se denominar exclusivamente o Bispo de Roma. Como vimos, a partir do momento que Jesus foi crucificado, surgiram os desvios e as contradicoes. Resultaram todas do egoismo, da ignorancia, do orgulho, da prepotencia, do fanatismo, do materialismo e de outras viciacoes humanas. E nao tem parado de surgir: basta olharmos ao redor e logo vamos constatar mais de 2500 denominacoes diferentes, que se afirmam cristaes, a se degladiarem pelos dizimos dos fieis, praticando o profissionalismo da fe e se distanciando cada vez mais das verdades de Jesus de Nazare. "(...) Mudaram-se as epocas e permanecem os mesmos vicios. As criaturas retornaram em espirito, envergando indumentaria diferente sem alterarem o comportamento intimo" (continua no boletim 215) O CRISTO E OS ESSENIOS Muitos seculos depois da sua exemplificacao incompreendida, ha' quem o veja entre os essenios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e de redencao. As proprias esferas mais proximas da Terra, que pela forca das circunstancias se acercam mais das controversias dos homens que do sincero aprendizado dos espiritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opinioes contraditorias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas. O Mestre, porem, nao obstante a elevada cultura das escolas essenias nao necessitou da sua contribuicao. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longinquos do principio. (Trecho enviado pelo Carlos Iglesia, extraido do capitulo XII - A vinda de Jesus - do livro A Caminho da Luz, Emmanuel, psicografado por Francisco Candido Xavier, FEB) ######################################### C O M E N T A R I O S ######################################### DA ANA PRATA: DUVIDA SOBRE O SACRIFICIO DE JESUS Prezados amigos, Tomei a liberdade de escrever-lhes, embora nao saiba se e'atraves deste endereco eletronico que voces poderiam me ajudar. Sei que voces devem ter diversos assuntos a resolver, e aproveito para dizer que adoro o boletim de voces, e'muito esclarecedor para os estudiosos da doutrina. Eu nao frequento nenhum grupo de estudos (ainda) mas considero-me espirita por identificar-me com as ideias e o ideal de Kardec. Ja'li quase todas as obras da Codificacao, excetuando-se o Livro dos Mediuns. Tenho um amigo que e'profundamente revoltado com a ideia do sacrificio de Jesus em prol da humanidade. Ele nao admite que Deus, nosso Pai, possa enviar um filho Seu ao sacrificio, marcando com sangue e dor o inicio da semeadura da ideia crista entre os homens. Ele nao entende, e discutiu o assunto comigo. Fiquei impressionada com a sua revolta. Acho que esta e'uma questao teologica demais e bem acima de meus poucos conhecimentos. Sempre senti e aceitei Deus e Jesus, e procuro nao questionar seus designios. O que poderia falar para ele? Ele me perguntou como o Espiritismo explica o sacrificio de Jesus? Ele nao entende este tipo de amor, ou de renuncia profunda e esquecimento total de si mesmo, como foi o caso do Mestre. Espero que voces possam me ajudar neste assunto, se nao for incomodo. Muito obrigado, de qualquer maneira e parabens pelo belo trabalho que voces apresentam. Ana Paula Prata DO CARLOS: RESPONDENDO A ANA PRATA Cara Ana, Na minha opiniao, a visao que seu amigo tem da missao de Jesus, em que o "tema" principal e' o sacrificio na cruz, e' equivocada e consequentemente leva a revolta contra a sabedoria divina. Jesus ensinou e vivenciou uma doutrina, que passados 2 milenios, ainda nao conseguimos vislumbrar toda sua extensao. A "salvacao" ou nao da humanidade nao esta' no sacrificio de Jesus e sim na compreensao e pratica do que ele ensinou. A sua morte na cruz nao foi nenhuma "oferta" ao criador, como a matanca dos pobres animais no Templo em Jerusalem, muito menos se constituiu em alguma "expiacao" por um suposto pecado original herdado pela raca humana. O desfecho da crucificacao foi mais uma licao que Jesus nos deixou: do desapego a este mundo, da fidelidade aos ideais ate' a renuncia da propria vida. Apos a crucificacao vem a ressureicao. A uma aparente derrota segue-se a gloria da vida eterna. Jesus vivo apos o calvario e' o grande climax do Evangelho. Ana, quando seu amigo levantar o tema da revolta diante do sangue derramado no calvario, faca-o lembrar que o Cristianismo alastrou-se no Imperio Romano levado pelo impacto que essa ressureicao causou. A impressao nos primeiros Cristaos foi tao forte, tao alem da nossa compreensao atual, que eles enfrentaram as maiores dificuldades sem temor. Qual de nos hoje em dia, por mais escudado na certeza da vida espiritual, caminharia cantando para o centro de um circo com Leoes ou permaneceria impavido atado a um poste prestes a ser incendiado. Essa coragem inabalavel mudou o mundo. Seculos de "obscurecimento" da mensagem original, por diversos motivos e interesses, acabaram desfigurando a compreensao do evangelho. Jesus de Nazare foi substituido por Jesus Cristo, uma missao de amor e esclarecimento virou um mito, onde o conteudo do evangelho passou a ser tratado como um pano de fundo para um "sacrificio ritual" . E' comodo, deixa-se de enfatizar os ensinamentos, nao se precisa mais justificar o motivo de nao serem praticados. Este mundo e' uma escola, todos somos espiritos em evolucao. Estamos aprendendo em vidas sucessivas a "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao proximo como a si' mesmo". Dores e dificuldades sao transitorios e consitituem recursos didaticos do nosso estagio atual. Jesus, trazendo ao homem a licao principal, nao poderia deixar de demonstrar que ela e' valida nas circunstancias mais dificeis. Ele nao so' nasceu e viveu modestamente, como aproveitou ate' mesmo uma execucao terrivel - os romanos normalmente usavam a crucificacao para criminosos e escravos - para a licao maior, a de que a vida e' indestrutivel e triunfa sobre a morte. Atenciosamente, Carlos Iglesia DO CARLOS SOBRE A TRADUCAO DE AMOR OU CARIDADE Uma pequena contribuicao a questao do uso da traducao "AMOR ou CARIDADE" levantada no boletim 208. Sem querer me imiscuir em problemas de traducao de textos biblicos, gostaria apenas de repassar uma observacao que ja' me fizeram a respeito: As duas palavras que utilizamos atualmente, AMOR e CARIDADE, sao herancas do Latim, com seus significados ligeiramente alterados com o correr dos seculos. A palavra AMOR tinha um significado ligado a paixao, enquanto que CARIDADE denotava uma afeicao mais espiritual. Uma traducao da epistola de Sao Paulo para o Latim utilizaria de preferencia o termo CARIDADE para evitar erros de interpretacao. Provavelmente a traducao utilizada por Allan Kardec seguiu ou um texto em Latim ou aplicou no Frances o mesmo raciocinio (desconheco se nessa lingua existe essa diferenciacao entre as duas palavras): Da BIBLIA VULGATA (Biblioteca de Autores Cristianos - La Editorial Catolica S.A.) 13 Si linguis hominum loquar, et angelorum, _charitatem_ autem non habeam, factus sum velut aes sonans, aut cymbalum tinniens. .... Na traducao apresentada pelo Marcos: 1 CORINTIOS 13 1 Ainda que eu falasse as linguas dos homens e dos anjos, e nao tivesse _amor_, seria como o metal que soa ou como o cimbalo que retine. Consultando o dicionario LATIM-PORTUGUES (PORTO EDITORA): AMOR, ORIS 1. Amizade, afeicao 2. Amor (licito ou ilicito), paixao, vivo desejo CARITAS, ATIS 1. Amor, afeicao, ternura Em resumo: Na traducao utilizada por Allan Kardec, CARIDADE expressa um sentimento de AMOR mais espiritualizado, que nao e' uma "paixao" ou "vivo desejo". O outro sentido algumas vezes utilizado para a palavra CARIDADE, de simples ajuda material, nao encaixa no texto biblico nem no contexto do Evangelho Segundo o Espiritismo. Atenciosamente, Carlos Iglesia .--- .-- .--. .-- / -, /- /__/ /- `--' `--/ / `-- GRUPO DE ESTUDOS AVANCADOS ESPIRITAS G-------------------'''''--''--'''''''--'''''''''--'''''''''-------G E Envie seus dados para dgeae@kholosso.di.fct.unl.pt E A Nome: Endereco: Fone: A E E-mail: Profissao: E G ---------------------------------------------------------------- G E Envie seus comentarios diretamente para o GEAE. E A Editado por: Sergio Freitas, Raul Franzolin, Jose Cid e A E Carlos Iglesia Bernardo - E-mail : dgeae@kholosso.di.fct.unl.pt E G Pagina Espirita na WWW - http://zen.di.fct.unl.pt/~saf/geae.html G E Edicoes anteriores do Boletim, Instituicoes Espiritas em E A diversos paises, Livros e Revistas Espiritas e muito mais! A EgeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeE