Queridos
amigos:
A
seguir, o mestre de Lyon, no capítulo “Elementos Gerais do Universo”, abre o
título “Espírito
e matéria”, dois elementos independentes/interdependentes que
interagem constantemente, duas faces de uma mesma moeda. Ao estudarmos,
oportunamente, a constituição do ser (corpo, perispírito e espírito), notaremos
como esses elementos estão imbricados e como é necessária e urgente uma visão
holística (integral) das coisas pela ciência.
21
- A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada
por ele em dado momento?
Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve
indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais
distante que logreis figurar o início de sua ação, podereis concebê-lo ocioso,
um momento que seja?
Na
questão 22, Kardec questiona sobre a definição da matéria. Na resposta, os
instrutores do Mundo Maior não se detêm na concepção acadêmica tradicional.
Ensinam que a matéria apresenta estados tão sutis que escapam à observação dos
mais potentes aparelhos humanos, sem deixar, entretanto, de ser matéria, campo em que os
corpos se interpenetram,
o que era inadmissível.
Investigando
cada vez mais o micro, por meio dos estudos da Física Quântica, o homem se
aproxima cada vez mais da fronteira do Espírito, desconhecendo, ainda, onde
termina uma (matéria) e começa o
outro (Espírito). Mas os Espíritos não se detêm aí: vão além, dando uma nova
definição de matéria até então inconcebível para os cientistas da época.
Atentemos para as respostas e a anotação do Codificador, ao final.
22 - Define-se geralmente a matéria como sendo – o que tem extensão, o que é capaz de
nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?
Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que
conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo,
tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é
sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.
Que definição podeis dar de matéria?
A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que
este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.
“Deste
ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário
com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito.” (Allan Kardec).
Na
próxima questão estudaremos a definição de espírito (com “e” minúsculo),
designação dada ao elemento
inteligente universal (fase que antecede o reino “hominal”), que é
distinto de Espírito (com “E” maiúsculo), da questão 76, que trata do ser
extracorpóreo (princípio inteligente elaborado ou individualizado, ou ainda
homem/mulher desencarnado). Nessa
obra monumental, os Benfeitores do Espaço não esgotam o assunto. Cuidam
de lançar as bases - o que já é muita coisa - dos princípios da filosofia
espírita.
Temos,
no entanto, na vasta bibliografia espírita, as obras
suplementares que nos
auxiliam a entender a complexa e incrível teia da vida.
Para
os interessados em aprofundar esse assunto, indicamos, entre tantos
outros, o
livro de autoria de Durval Ciamponi, Ed. Feesp, sob o título
“A evolução do princípio inteligente”,
Ed. Feesp.
23
- Que é o espírito?
O princípio inteligente do Universo.
Qual a natureza íntima do espírito?
Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós,
ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai
sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.
Cuidemos
para não dar interpretação literal às palavras, sempre tão pobres para vestir
idéias tão avançadas e profundas como a que os Espíritos Superiores nos
introduzem lenta e gradualmente. “A letra mata,
o espírito, ao contrário, vivifica” (II,
Coríntios, 3:6).
Na
questão n. 24, Kardec continua interpelando os Espíritos evoluídos sobre a
definição de espírito, sob outros prismas. A resposta dos professores do espaço
não se faz esperar, sempre de forma concisa e objetiva, o que não dispensa a
releitura atenta e a reflexão.
24
- Espírito é sinônimo de inteligência?
A inteligência é um atributo
essencial do espírito. Uma e outro,
porém, se confundem num princípio
comum, de sorte que, para vós,
são a mesma coisa.
25 - O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta,
como as cores o são da luz e o som o é do ar?
São
distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para
intelectualizar a
matéria.
A expressão “intelectualizar
a matéria” tem sido questionada por alguns estudiosos, visto que a sua
interpretação literal induz à crença de que a união desses dois elementos
produziria “inteligência” na matéria,
inteligência essa que é um “atributo essencial
do espírito”, como foi visto na questão anterior, consistente, segundo os
dicionários, na capacidade de entender, de compreender, de aprender e até de
discernir.
De
acordo com as pesquisas realizadas pela equipe da Federação Espírita
Brasileira (FEB), cujos resultados são apresentados à p. 220 do Tomo I (Programa
Fundamental) do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), 1ª ed., 2005
(Módulo VII – Pluralidade dos Mundos Habitados; Roteiro 2 – Elementos gerais do
universo: matéria e espírito), “intelectualizar a
matéria” relaciona-se “à
capacidade ou à habilidade de o princípio inteligente conhecer ou compreender a
matéria, e, quando em contacto com esta, imprime-lhe ajustes e organizações,
tantas quantas forem necessárias”.
Isso talvez
explique a razão pela qual (conclusão
deste comentarista), no decurso dos milênios, com a evolução
intelecto-moral do homem/mulher (Espírito encarnado), os seres pensantes venham
reencarnando em corpos cada vez menos grosseiros, mais aperfeiçoados em seu
funcionamento e esteticamente mais primorosos, de acordo com as necessidades e
o progresso de cada indivíduo.
25a -Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito?
(Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das
individualidades que por esse nome se designam).
É
necessária a vós outros, porque não
tendes organização apta a perceber o espírito sem
a matéria. A isto não são apropriados os vossos
sentidos.
Como
vimos na questão anterior, os Espíritos Superiores deixam implícito que existe
uma certa dificuldade em concebermos a atuação isolada, na Natureza, dos
princípios material e inteligente, visto que ainda não podemos perceber o
espírito sem o concurso da matéria, em virtude de nossa condição evolutiva,
razão pela qual é incessante a correlação entre esses elementos, os quais
reagem constantemente um sobre o outro.
Na próxima questão, os instrutores nos preparam para o
estudo mais à frente de
tema de capital importância, que é a
interação entre o espírito e a matéria, por
meio dos
fluidos.
26 -Poder-se-á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o
Espírito?
Pode-se,
é fora de dúvida, pelo pensamento.
Em resposta à questão 27 de “O Livro dos Espíritos” (LE), seremos
introduzidos num tema revelado pelos Espíritos Superiores que requer atenção
especial. Da sua boa compreensão dependerá o entendimento de outros temas a
serem tratados, mais à frente, tais como a mediunidade.
Trata-se
do fluido
universal, também conhecido como fluido cósmico universal, que
chamaremos pela inicial FCU, de onde se originam os chamados “fluidos espirituais”. Para
aprofundar melhor o assunto, é imprescindível a leitura de outra obra básica
codificada por Kardec – “A Gênese” (GE), fonte em que nos baseamos para
formular os conceitos a seguir expendidos.
RECORDANDO:
Para
entender melhor o ensino dos Espíritos, convém recordar que, no sentido comum,
os fluidos são conhecidos como as substâncias gasosas ou líquidas, a exemplo da
água, do ar, do gás, que são estados
diferenciados ou fases não-sólidas da matéria. Popularmente, os estados
mais conhecidos da matéria são: a) sólido; b) pastoso; c) líquido; d) gasoso;
e) radiante.
Os
Espíritos, utilizando-se de metáfora, designam a
matéria mais densa como sendo “energia congelada” ou
“luz coagulada”, o que nos lembra aquela
formulazinha concebida por Einstein: E = M.C2 (a energia contida
em um corpo é igual à sua
massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz).
A
matéria, segundo os estudiosos encarnados da terra, tem as
seguintes
características:
massa
(quantidade de matéria de um corpo); extensão
(volume ou porção do espaço ocupada pela
matéria); impenetrabilidade (2 porções de
matéria não podem ocupar
simultaneamente o mesmo lugar); inércia
(para um corpo em repouso se movimentar e para um corpo em movimento
repousar
é necessário uma força externa); divisibilidade
(pode ser fragmentada); ponderabilidade
(pode ser medida e pesada); e descontinuidade
(espaços intermoleculares).
O
QUE É O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL?
Ensinam
os Espíritos Superiores que o FCU é a matéria
elementar primitiva, da qual derivam todos os demais tipos de fluidos, seja em que estado for, constituindo,
por isso, a origem de todos os corpos orgânicos e não-orgânicos.
“A Natureza jamais se encontra em oposição a
si mesma. Uma só
é a divisa do brasão do Universo: unidade-variedade.” (“A Gênese”,
cap. VI, item 11).
“Tudo no Universo se liga, tudo se encadeia;
tudo se acha submetido à grande e harmoniosa lei de unidade, desde a mais
compacta materialidade, até a mais pura espiritualidade” (cap. XIV, item
12). “Tudo está em tudo” (LE, q. 33).
Enfim,
o FCU
é a matéria-prima que serve de geração dos mundos e dos seres, imprimindo
harmonia e estabilidade no Universo.
Não
nos esqueçamos, entretanto, que o FCU é uma criação
de Deus e não emanação Dele.
PROPRIEDADES
PRINCIPAIS DO FCU:
As
propriedades principais conhecidas do FCU são a imponderabilidade, a penetrabilidade e a
maleabilidade.
O
FCU é
encontrado em todo o Cosmos. Não existe barreira para essa força, pois tal
fluido interpenetra todos os corpos, sólidos ou não, preenchendo inclusive o
espaço conhecido como vácuo, fora da atmosfera do nosso Planeta.
PARA
QUE SERVE O FCU?
O
FCU, além
de constituir o veículo do pensamento
dos Espíritos, atua como intermediário
entre o espírito e a matéria, por demais grosseira para que o Espírito possa
exercer ação sobre ela.
Em
função disso, o FCU
proporciona constante comunicação
entre os Espíritos, sendo o perispírito (elemento fluídico semimaterial,
igualmente penetrável, que reveste os Espíritos e serve de molde ao corpo físico,
constituindo-se em subproduto do FCU). Trataremos do perispírito mais
especificamente na questão n. 93 de “O Livro dos Espíritos”.
Os
Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não os
manipulando como os homens
manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os
Espíritos, o pensamento e a vontade são o que a
mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem aqueles fluidos tal ou qual direção, aglomerando,
combinando ou dispersando,
e organizando com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma
forma, uma
coloração determinada; mudam-lhes as propriedades como
um químico muda a dos
gases ou de outros corpos, combinando-os, segundo certas leis. É
a grande oficina ou laboratório da vida
espiritual.
Graças à essa versatilidade, os bons pensamentos sublimam os fluidos espirituais,
assim como os maus pensamentos corrompem-nos.
O
QUE É FLUIDO VITAL E PARA QUE SERVE?
O
fluido vital, também chamado de fluido
magnético ou fluido elétrico
animalizado, é um derivado do FCU (mãe de todos os
fluidos). Ele é o princípio que comunica a vida
orgânica aos vegetais, aos animais
e ao homem, possibilitando-lhes o exercício de todas as
funções vitais. É a
força motriz
dos corpos orgânicos.
Esse
princípio será tratado mais detalhadamente no Capítulo IV (questão 60 e
seguintes).
27
- Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?
Sim
e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus,
espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade
universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o FLUIDO UNIVERSAL, que
desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais
grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.
Embora,
de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo (fluido
universal) com o elemento material, ele distingue-se
desse por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente
matéria, razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está
colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como
a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com essa
e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de
que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido
universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se
utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de
divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.
Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?
Dissemos
que ele é suscetível de inúmeras
combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido
magnético,
são modificações do fluido
universal, que não é, propriamente
falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se
pode considerar
independente.
Na
questão subseqüente, Kardec, fazendo jus ao seu espírito científico e de
pedagogo e considerando que o espírito
é alguma coisa, indaga dos Professores Siderais sobre a viabilidade de se
dar ao princípio inteligente um nome que o distinga mais claramente do
princípio material para evitar confusões.
A
resposta da Espiritualidade Maior, além de deixar bem claras as
enormes dificuldades que a pobreza da linguagem humana impõe aos
homens, para exprimir as coisas do mundo espiritual, indica que
é
exclusivamente nossa a responsabilidade pela escolha dos nomes das
coisas ou pela
verbalização dos preceitos doutrinários que nos
são revelados.
Confira:
28
- Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não
seria mais exato e
menos sujeito a confusão dar aos dois elementos gerais as
designações de – matéria inerte e
matéria inteligente?
As
palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de
maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não
vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por
ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que
não vos fere os sentidos.
"Um fato domina
todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e
vemos um princípio inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão
destas duas coisas nos são desconhecidas. Se promanam ou
não de uma só fonte; se há pontos de contacto entre ambas; se a inteligência
tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo,
conforme a opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos. Elas se nos
mostram como sendo distintas;
daí o considerarmo-las formando os dois
princípios constitutivos do Universo.
Vemos acima de
tudo isso uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se
distingue delas por atributos essenciais. A essa
inteligência suprema é que chamamos Deus." (Allan Kardec)