Reencarnação: Benção Divina ou um Castigo?
Warley Wanderson do Couto
Introdução
Nos dias de hoje, em meio a tanta violência, concorrência
no mercado de trabalho e a conseqüente falta de tempo em que a
maioria das pessoas se encontram, as pessoas estão se vendo na
necessidade da busca da origem do SER, ou melhor, estão
começando a dar mais valor às questões espirituais.
Dados secundários apontam que o Espiritismo tem aproximadamente
30 milhões de simpatizantes no Brasil, a maioria praticante de
alguma outra religião.
A doutrina da reencarnação, talvez pelo mistério
em que a maioria das pessoas a enxergam, é o tema que mais
desperta a curiosidade das pessoas.
Buscando não dar espaço para o desenvolvimento de
conhecimentos incompletos a respeito da Doutrina da
Reencarnação, é que este artigo foi escrito.
Desenvolvimento
JUSTIFICATIVAS para existência da reencarnação
Vamos admitir que, de acordo com a crença vulgar, a alma nasce
com o corpo, ou o que vem a ser o mesmo, que antes de encarnar
só dispõe de faculdades negativas nos surgem as seguintes
questões:
- Por que a alma mostra aptidões tão diversas e
independentes das idéias que a educação lhe fez
adquirir?
- De onde vem a aptidão extra normal que muitas
crianças revelam, para essa ou aquela parte, para essa ou aquela
ciência, enquanto outras se conservam inferiores durante toda a
vida?
- De onde, em alguns, as idéias inatas ou intuitivas, que em outros não existem?
- De onde, em certas crianças, o instituto precoce que
revelam para os vícios ou para as virtudes, os sentimentos
inatos de dignidade ou de baixeza, contrastando com o meio em que
elas nasceram?
- Por que, abstraindo-se da educação, uns homens são mais adiantados do que outros?
- Por que há selvagens e homens civilizados?
A questão 166 do livro dos espíritos nos esclarece que a
vida da alma é anterior a criação do corpo e
diante da necessidade de progredir o espírito, este retorna a
vida na matéria quantas vezes forem necessárias ao seu
desenvolvimento.
Mesmo assim, um grande número de pessoas acredita que a
Reencarnação é invenção dos
espíritas. Isso não é verdade. De acordo com os
ensinamentos dos espíritos, o Espiritismo constitui uma lei da
Natureza e há de ter existido desde a origem dos tempos e sempre
nos esforçamos por demonstrar que dele se descobrem sinais na
Antigüidade mais remota.
Pitágoras, como se sabe, não foi o autor do sistema da
metempsicose - ele o colheu dos filósofos indianos e dos
egípcios, que o tinham desde tempos imemoriais. A metempsicose
pressupõe o retorno do ser humano numa condição
animal, como numa espécie de castigo por conseqüência
de uma vida pretérita desregrada. O ensinamento dos
espíritos condena veementemente essa possibilidade. A Doutrina
Espírita é explicitamente evolucionista, progredir
sempre, retroceder jamais.
RESISTÊNCIAS a idéia da Reencarnação
O MEDO
Acredito que o medo do desconhecido é uma das principais causas
para as pessoas continuarem resistindo a essa realidade. Dois
fatores contribuíram para o nascimento desse MEDO nas pessoas,
são eles:
1º - Temor da morte (Primeira Parte Cap.II, O Céu e o Inferno, Allan Kardec)
O homem, seja qual for a escala de sua posição social,
desde selvagem tem o sentimento inato do futuro; diz-lhe a
intuição que a morte não é a última
fase da existência e que aqueles cuja perda lamentamos não
estão irremissivelmente perdidos. A crença da
imortalidade é intuitiva e muito mais generalizada do que a do
nada. Entretanto, a maior parte dos que nele crê, nos apresentam
possuídos de grande amor às coisas terrenas e temerosos
da morte! Por quê?
Esse temor é um efeito da sabedoria da Providência e uma
conseqüência do instinto de conservação comum
a todos os viventes. Ele é necessário enquanto não
se está suficientemente esclarecido sobre as
condições da vida futura, como contrapeso à
tendência que, sem esse freio, nos levaria a deixar
prematuramente a vida e a negligenciar o trabalho terreno que deve
servir ao nosso próprio adiantamento. Assim é que, nos
povos primitivos, o futuro é uma vaga intuição,
mais tarde tornada simples esperança e, finalmente, uma
certeza apenas atenuada por secreto apego à vida corporal.
2º - A Sede de Poder pela Igreja durante o Império Romano
Apesar da profunda lógica que a reencarnação
sempre refletiu, sabe-se que essa idéia não agradou muito
os defensores da lei nos primórdios do cristianismo. A
idéia era aceita e até ensinada por muitos como
Orígenes e Clemente de Alexandria (que foram procurados e
torturados pela sede de poder da Igreja no Império Romano).
Essa sede de poder era tão grande, ao mesmo tempo a nossa
supervalorização pelas coisas materiais, que deixamos de
lado o conhecimento inato da imortalidade da alma e passamos ao da
morte, que ainda tanto nos aflige. Esse poder de persuasão foi
tamanho, que até hoje temos irmãos pregando que a
Bíblia não se refere à Reencarnação.
Algumas Passagens Sobre a Reencarnação na Bíblia
Velho Testamento
Gênesis 15:15 - E tu, irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.
Gênesis 15:16 - E a quarta geração, voltarão
para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus
não está ainda cheia.
Moisés nos dá a certeza de que a vida continua e que a
Morte não existe e ainda afirma sobre a necessidade da
reencarnação
Jó nos dá indícios de que o conhecimento da
Reencarnação fazia parte do cotidiano das pessoas naquele
tempo.
Jó 1:20 - Então Jó se levantou, e rasgou o seu
manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e
adorou;
Jó 1:21 - E disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e
nu tornarei para lá. O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito
seja o nome do Senhor.
Isaias reconhece, por óbvio, que é possível
consultar os mortos (não os demônios, anjos que caem do
céu para alguns, haja vista que não fala neles mas, de
seres humanos que se foram, que já não fazem mais parte
do mesmo plano físico em que estamos).
Isaías 8:18 Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor; como
sinais e maravilhas em Israel da parte do Senhor dos exércitos,
que habita no monte de Sião. 8:19 Quando vos disserem:
Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos,
que chilreiam e murmuram, respondei: Não recorrerá um
povo ao seu Deus? Acaso a favor dos vivos se interrogarão os
mortos?
E no versículo 20 “se eles não falarem nada que edifique, não os ouça !!!”
Nos alertando que, da mesma forma que temos seres em
evolução aqui, também temos no plano espiritual.
Que devemos saber identificar os espíritos que realmente querem
nos ajudar com bons conselhos, daqueles que querem apenas brincar e
zombar da nossa cara.
Novo Testamento
Os apóstolos também nos dão à certeza de
que a Reencarnação era vista e encarada com
tranqüilidade não só entre os sábios, mas
também entre os humildes de conhecimento.
Mateus 16:13 - E chegando Jesus às partes de Cesárea de
Felipo, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os
homens ser o Filho do homem?
Mateus 16:14 - E eles disseram: Uns João Batista; outros Elias; e outros Jeremias ou um dos profetas.
Em João - Quando encontram o cego de nascença, Jesus nos
dá a certeza e o consolo de que nem sempre os defeitos
físicos que trazemos conosco são conseqüência
do passado, muitas vezes podem ser para que as obras de Deus se
realizem em nós, através do milagre ou até mesmo
para desenvolvermos outras qualidades como o amor, por exemplo.
João 9:2 - Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
João 9:3 - Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.
Eles acreditavam então na possibilidade da
reencarnação e na possível preexistência da
alma. Sua linguagem fazia mesmo crer que essa idéia estava
difundida entre o povo, e Jesus parecia autorizá-la, em vez de
combatê-la; Ele fala ainda das numerosas moradas de que se
compõe à casa do Pai.
No diálogo com Nicodemus, Jesus nos ensina sobre a necessidade do nascer de novo da água
João 3:1 - Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
João 3:2 - Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi,
sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode
fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
João 3:3 - Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo
que se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus.
João 3:4 - Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer,
sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua
mãe, e nascer?
João 3:5 - Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que
se alguém não nascer da água e do Espírito,
não pode entrar no reino de Deus.
João 3:6 - O que é nascido da carne é carne, e o
que é nascido do Espírito é espírito.
João 3:7 - Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.
Conclusão
Após tantas indicações sobre a
Reencarnação, sem argumentos, alguns afirmam sua
inexistência se apoiando no fato de não se lembrarem das
existências anteriores.
Ora, que proveito poderíamos tirar das existências
anteriores para melhoria da atual? Nenhuma! Se muitas vezes achamos, o
fardo que carregamos pesado demais, imagina se tivéssemos
conhecimento de tudo que já fizemos? Quanto não seria
nossa humilhação pensando no que fomos!
A providência divina nos poupou de mais torturas e DEUS nos
mostra que, para o nosso adiantamento, tais lembranças
são inúteis. Durante cada existência damos um passo
adiante.
DEUS não poderia ser mais justo em tornar o homem árbitro
de sua própria sorte, pelos esforços que pode fazer para
se melhorar. Como ele é justo e bom não poderia condenar
seus filhos a tortura infinita pelos seus erros sem lhes dar os meios
de se purificar.
Pela reencarnação, o futuro está nas mãos
de cada um. Leva-se muito tempo, é claro, por isso sofremos as
conseqüências. Mas é a suprema justiça, a
esperança que jamais nos é
obstruída.
Santo Agostinho já adverte que “a cada um segundo suas
obras”. Que possamos aproveitar ao máximo nossa estadia
nessa grande escola chamada TERRA, desenvolvendo cada dia mais as
qualidades que possamos levar conosco ao partir para a nossa verdadeira
morada no plano espiritual.
Sigamos então os conselhos de Emmanuel: “não perca
tempo”. Os dias voltam, mas os minutos são outros.
Referência Bibliográfica
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Parte Segunda,
capítulo IV Da pluralidade das existências. 76ª
edição. FEB, 1995.
Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo IV
Ninguém poderá ver o reino de DEUS se não nascer
de novo. 112ª edição. FEB, 1996.
Kardec, Allan. O Céu e o Inferno, Primeira Parte,
capítulo II Temor da Morte. 40ª edição. FEB,
1995.