Ano 14 Número 519 2006



30 de Julho de 2006


"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

Mediunidade





 ° ARTIGOS

Nenhuma Nuvem Obscure a Luz, Rogério Coelho, Brasil


A Utilidade e Necessidade da Vibração, Informativo ComCiência, Brasil


Sinal Combinado para Confirmar Contato com os Mortos, Paulo da Silva Neto Sobrinho, Brasil




 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita










 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

A visão espírita sobre o PRECONCEITO




 ° PAINEL

1a Caminhada espírita de alerta contra o Suicídio, Clínica Psicológica Integrare, Brasil

1a Jornada Espírita de Rio das Ostras, Geisa Lauro Reis, Brasil






 ° EDITORIAL

Mediunidade

A mediunidade tem um papel importante no Espiritismo. É através dela que o contato com o mundo espiritual se torna possível e o estudo mais aprofundado do problema do ser, do destino e dor viável. Exercida de forma responsável é fonte inesgotável de luz.

É esse o foco dos artigos desta edição. Rogério, em seu artigo, toca na questão da exploração da mediunidade. Nossos amigos do grupo ComCiência trazem um estudo da "Vibração" e o Paulo conta um caso bastante interessante de comunicação mediúnica.

Também trazemos os eventos de 1858, ano em que Kardec iniciou a Revista Espírita, importante veículo para a divulgação das idéias espíritas e ao mesmo tempo laboratório para seu desenvolvimento. Nela foram desenvolvidos estudos e publicadas comunicações mediúnicas que posteriormente dariam base a outras obras da Codificação Espírita.

A biografia estudada nesta edição é a de Ermance Dufaux, médium que participou da criação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas no mesmo ano de 1858. Foi uma das primeiras médiuns a receber textos mais extensos, como a "Vida de Joanna D´Arc por ela mesma", e através dela começou a comunicar-se o espírito São Luiz, que se tornaria importante auxiliar na obra de Kardec.

Muita Paz e Boa Leitura,
Carlos Iglesia
editor@geae.inf.br


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 ° ARTIGOS


Nenhuma Nuvem Obscure a Luz, Rogério Coelho, Brasil

"Mas aquele Consolador que o Pai enviará em
 meu nome, esse vos ensinará todas as coisas”.
Jesus.  (Jo., 14:26.)


Afirma o Espírito de Verdade1:

(...) Não há campo onde não cresçam as ervas más, cuja extirpação cabe ao lavrador.

As doutrinas errôneas são uma conseqüência da inferioridade do vosso mundo. Se os homens fossem perfeitos, só aceitariam o que é verdadeiro. Os erros são como as pedras falsas, que só um olhar experiente pode distinguir. Precisais, portanto, de um aprendizado, para distinguires o verdadeiro do falso. Pois bem! As falsas doutrinas têm a utilidade de vos exercitarem em fazerdes a distinção entre o erro e a verdade”.

Jesus alertou-nos acerca desta questão: (Mt., 24:11 e 24.)

Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas, e que farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos”.

Mas também ofereceu-nos a pista para reconhecê-los, dizendo: (Mt., 7:15 a 20.)

Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças?

Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons.

Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo”.

Devido ao exposto, não nos deve surpreender a proliferação de inúmeras seitas salvacionistas, cujos líderes – falaciosamente - prometem “mundos e fundos”, desde que os incautos fiéis – impreterivelmente – compareçam com os seus dízimos.

Jesus também fez menção a esses comerciantes do Evangelho: (Mt., 15:14.)

(...) Deixai-os: são condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”.

João, o Evangelista, também alerta: (Epístola 1ª, 4:1.)

Meus bem-amados, não creiais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.

Vemos, assim, que não é por falta de avisos que existirão os embaidos...

Estejamos, porém, atentos, pois mesmo o movimento espírita não está infenso a esses despautérios, vez que já testemunhamos a exploração dos potenciais extrafísicos (sonambulismo) por uma pessoa que se dizia presidente de Centro Espírita, cuja filha em estado de sonambulismo “adivinhava” o número da carteira de identidade dos circunstantes. Quando apareceram em alguns canais de tv deram um número de telefone, e então “choveram” as consultas, e evidentemente, o dinheiro...

Os Benfeitores Amigos já deixaram2 bem claro que o Espiritismo não é para ser servido em espetáculo nos teatros de feiras, e também disseram3 que serão severamente punidos os que do Espiritismo fazem objeto de divertimento.

Entanto, fica pendente uma questão:

Como saber qual a doutrina que prevalecerá por estar - de fato - alinhada com a verdade?

Ninguém melhor do que o próprio Espírito de Verdade para responder4:

Nenhuma nuvem obscurece a luz mais pura; o diamante sem mácula é o que tem mais valor; julgai, pois, os Espíritos pela pureza de seus ensinos. A unidade se fará do lado onde ao bem jamais se haja misturado o mal; desse lado é que os homens se ligarão, pela força mesma das coisas, porquanto considerarão que aí está a Verdade.

Notai, ao demais, que os princípios fundamentais são por toda parte os mesmos e têm que vos unir numa idéia comum: o amor de Deus e a prática do bem.

Qualquer que seja, conseguintemente, o modo de progressão que se imagine para as Almas, o objetivo final é um só e só há um meio de alcançá-lo: fazer o bem. Ora, não há duas maneiras de fazê-lo. Se dissidências capitais se levantam, quanto ao princípio mesmo da Doutrina, de uma regra certa dispondes para as apreciar, esta: a melhor doutrina é a que melhor satisfaz ao coração e à razão e a que mais elementos encerra para levar os homens ao bem. Essa, eu vo-lo afirmo, a que prevalecerá.”

Obviamente, entendemos com Jesus que as demais doutrinas não produzindo os sazonados frutos da Caridade e da fé raciocinada, terão o destino de toda árvore infrutífera: Serão – indubitavelmente - cortadas e lançadas ao fogo.

1 - Kardec, A. “O Livro dos Médiuns” – 2ª parte, Capítulo XXVII, item 301, 10ª questão.

2 - Kardec, A. “O Livro dos Médiuns” – 2ª parte, capítulo XXVIII, item 308

3 - Kardec, A. “O Livro dos Médiuns” – 2ª parte, capítulo XXVII, item 303, 2ª questão (in fine).

4 - Kardec, A. “O Livro dos Médiuns” – 2ª parte, capítulo XXVII, item 302.



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A Utilidade e Necessidade da Vibração, Informativo ComCiência, Brasil

(Do Informativo ComCiência Ano 1 n° 5, Julho/Agosto de 2006, http://br.groups.yahoo.com/group/comcienciaespirita/)

Na literatura espírita encontramos diversos exemplos que mostram a importância da vibração nas tarefas dirigidas pela espiritualidade. O termo “vibração”, embora muito utilizado atualmente, tem sido expresso de diferentes maneiras tais como “forças mentais”, “raios mentais”, “energias psíquicas”, “raios vitais”, “raios ectoplásmicos”, “forças ou energias ectoplásmicas”, “magnetismo humano”, “forças magnéticas”, “raios”, “ondas”.


Com relação à utilidade geral das vibrações, importantes esclarecimentos são dados no livro Missionários da Luz. Já, no primeiro capítulo, André Luiz1 relatando uma reunião mediúnica diz que “As energias dos encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de ação, congregados em vasto número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes, extremamente apegados às sensações fisiológicas”. Seguindo no capítulo 17, nos informam que “Com os raios de energia, de variada expressão emitidos pelo homem encarnado, podemos formar certos serviços de importância para todos aqueles que se encontrem presos ao padrão vibratório do homem comum”.

Percebemos que a vibração dos encarnados é importante, e é utilizada pelos trabalhadores do plano espiritual para o tratamento de irmãos necessitados, principalmente aqueles que estejam num padrão vibratório semelhante ao nosso. Outro relato que reforça a importância da vibração nos foi dado pela espiritualidade dirigente da reunião de Ectoplasmia2, no Grupo Espírita de Fraternidade Albino Teixeira, em Belo Horizonte. Eis:

Nós agradecemos a cada mente presente, a cada coração (...) que bateu mais forte; a cada um que fez a prece. Temos certeza de que muitos receberam preces direcionadas a seres distantes, encaminhadas àqueles que sofrem; preces direcionadas a diversos enfermos de todas as espécies (...) aguardando essas vibrações (...) para seu fortalecimento, para que possam prosseguir em sua jornada, conquistando seu equilíbrio, conquistando a sua lucidez, conquistando   seu reerguimento e do seu perispírito, muitas vezes prejudicado, por atos impensados, por vícios insanos (...) recuperando a cada um, em suas dores mais profundas.

Um uso importante da vibração é na adaptação de espíritos ao plano espiritual. Muitos irmãos, ao desencarnar, trazem um padrão vibratório muito baixo e não conseguem se adaptar facilmente ao novo ambiente. Seria comparável a uma pessoa que nunca escalou montanhas altas e, ao fazer isso pela primeira vez, tivesse enormes dificuldades com o ar rarefeito e a baixa pressão. As vibrações dos encarnados beneficiam esta adaptação, conforme poderemos observar no relato a seguir, do livro Os Mensageiros, no capítulo 48:

Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal “saudade do rebanho”. Para fortalecer as possibilidades de adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro é mais eficiente, ao contacto das forças magnéticas dos irmãos que ainda se encontram envolvidos nos círculos carnais. (...) E, designando a grande assembléia de necessitados, continuou: — Os irmãos, nas condições a que me refiro, ouvem-nos a voz, consolam-se com o nosso auxílio, mas o calor humano está cheio dum magnetismo de teor mais significativo, para eles. Com semelhante contacto, experimentam o despertar de forças novas.

Em uma reunião de desobsessão na Fraternidade Espírita Irmãos Jacó e Mateus, em Belo Horizonte, segundo o relato de uma médium, ela foi levada, em desdobramento, para um outro andar da casa, no plano espiritual. Lá, havia muitas pessoas com as mentes cristalizadas, fixadas, na condição que possuíam enquanto encarnadas e não queriam despertar para a nova realidade. As vibrações de todos eram direcionadas para aquelas pessoas.

Ainda na reunião citada antes, a equipe espiritual disse à médium que cada tipo de vibração era utilizado em diferentes casos. A médium teve a impressão de que a espiritualidade filtrava as vibrações enviadas para o tratamento daqueles irmãos. No livro Nos Domínios da Mediunidade encontramos informações que reforçam a idéia da existência de tipos diferentes de energias liberadas pelos encarnados e que servem, portanto, para variados fins. É mencionado no livro que “Todas as criaturas, porém, guardam-nas consigo, emitindo-as em freqüência que varia em cada uma, de conformidade com as tarefas que o Plano da Vida lhes assinala”.

Luiz Gonzaga Pinheiro, no livro O Perispírito e Suas Modelações, relata no capítulo 43 a necessidade de que a espiritualidade filtre as energias provenientes dos encarnados, pois, muitas vezes, se encontram comprometidas devido ao “regime alimentar excessivamente carnívoro, ao uso de alcoólicos, temperos picantes e outros vícios mentais e materiais”.

A vibração possui variadas aplicações que não poderíamos detalhar em um único artigo. Concluímos esta matéria citando alguns outros usos a seguir: Materialização de espíritos, de quadros e de objetos acessórios no plano espiritual, em auxílio ao trabalho de desobsessão; Auxílio direto aos pacientes desencarnados e encarnados e, em alguns casos, inclusive aos tarefeiros da equipe espiritual; Reestruturação dos perispíritos das entidades comunicantes, que se apresentavam mutilados, feridos e até sem a forma humana.

_____________________

1 - André Luiz é o autor espiritual de uma série de dezesseis livros psicografados por Chico Xavier no qual relata, em detalhes, diversos assuntos a respeito do plano espiritual e sua relação com o físico.

2 - O objetivo de uma reunião de Ectoplasmia é o tratamento físico e espiritual do paciente através da doação de energia, chamada de ectoplasma que é “recurso peculiar não somente no homem, mas a todas as formas da Natureza” como bem explicado em Nos Domínios da Mediunidade, capítulo 28. Este tipo de reunião se realiza com base na vibração dos participantes.

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Sinal Combinado para Confirmar Contato com os Mortos, Paulo da Silva Neto Sobrinho, Brasil

Se não escutam a Moisés nem aos Profetas,
mesmo que alguém ressuscite dos mortos,
não se convencerão” (Lc 16,31).

Introdução

Essa frase é a célebre resposta dita por Abraão ao rico que lhe pedia para enviar Lázaro, o espírito que, com dignidade, suportou até o fim sua vida de miséria, a fim de advertir a seus irmãos, que ainda se encontravam vivos, sobre seus atos de forma a evitar-lhes o mesmo destino que ele teve depois da morte. Evidente é aqui a possibilidade, admitida no texto bíblico, da comunicação entre os dois planos da vida; mas a questão é: será que isso pode ocorrer?


Sempre nos apresentam como um argumento contrário à realidade da comunicação com os mortos o seguinte: “ninguém nunca comprovou esses contatos usando senhas ou sinais combinados anteriormente quando a pessoa estava viva”. Acreditamos que muitos conseguem realizar tal empreendimento; entretanto, por falta de registros, tudo fica perdido, induzindo a essa falsa idéia de que isso não ocorre.


Ao ler o livro Fazendo Contato de John Edward, médium norte-americano, nos ocorreu que, por mais que muitos não queiram, a verdade da comunicação com os chamados “mortos” é um fato incontestável. Sabemos de pretensos parapsicólogos que, teatralmente, dizem defender a ciência, quando, na verdade, acastelam-se nos dogmas de sua igreja. Esses parapsicólogos “da carochinha” alardeiam que toda e qualquer mensagem recebida pelos médiuns é produto do próprio inconsciente deles mesmos, quando não o é de algum dos presentes. Entrementes, nunca apresentaram qualquer prova científica disso, apesar de a exigirem de nós, evidenciando a incoerência em que se apóiam para sustentar suas idéias.


Vamos ver fatos ocorridos com John Edward que nos remetem à realidade do fenômeno como sendo mesmo produto do inconsciente, mas de um inconsciente que agora vive na dimensão espiritual, por ter deixado, aos vermes, sua carcaça física.


Os fatos probantes


Em abril de 1989, a mãe de John ouviu de seu médico o diagnóstico de que ela tinha câncer pulmonar. Ao aproximar o 21º aniversário do filho, resolve dar-lhe um presente; um anel de ouro com um bracelete de brilhantes, dizendo que não estaria mais entre os vivos quando chegasse a data certa do natalício. Conversaram muito sobre a morte e combinaram três sinais com os quais ela se identificaria se houvesse possibilidade de enviar-lhe alguma mensagem do plano espiritual. Os sinais foram os nomes: Princesa (apelido da mãe); Pooh (ursinho) e último Guiding light (luz guia) (programa de TV que gostava).


Um fato interessantíssimo ocorreu; deixemos o próprio John narrá-lo:


Minha mãe partiu às quatro da manhã, rodeada pela família. Alguns segundos após seu último suspiro, saí do seu quarto, fui para o meu e comecei a conversar com ela, tentando ajudá-la a fazer a transição para o outro lado. Disse-lhe que ela estaria bem, que logo iria encontrar seu pai e tio Carmine. Então pedi a ela que me desse um rápido sinal de que tinha chegado, de que aquilo era algo bem diferente do nosso mundo, mas de uma maneira jubilosa e abençoada, como eu pensava. Eu não estava pedindo um dos sinais que tínhamos combinado, os quais ela precisava transmitir por intermédio de outro médium. Algo tangível, que eu pudesse ver. Pedi-lhe que me mostrasse um pássaro branco. E tinha que ser pessoal, não apenas um pássaro branco qualquer voando no céu. Tinha de ser óbvio que era para mim. Eu tinha de saber que existia verdadeiramente um outro lado e que ela tinha chegado lá a salvo. Uma onda de incerteza que todo mundo sente. Eu disse à minha mãe para ir na direção da luz. E que me informasse que estava a salvo. (p. 58).

Será que John Edward recebeu de sua mãe este sinal, ver um pássaro branco, que foi um pedido de última hora? Sim. E, aliás, em condições inusitadas, conforme veremos na seqüência da narrativa:


Na tarde do último dia de velório, meu primo Anthony veio me confortar. “Quantas flores”, disse ele. “As suas são as que mais chamam a atenção. Aqueles pássaros brancos lindos”. Cheguei perto e vi que ali havia dois pássaros de plástico com plumas brancas aninhados num arranjo colorido. Eu os havia ignorado por três dias.

"Por que você disse que são minhas flores?”, perguntei a meu primo.

Não sei”, ele respondeu. “Roseanne e Joey as escolheram para você”.

Perguntei a meus primos se eles tinham pedido os pássaros. Eles disseram que não. Telefonei ao florista e perguntei por que havia pássaros no meu arranjo de flores. “Ah, desculpe, essas são para confirmações”, falou. “Nós estávamos muito ocupados ontem. Uma das garotas deve tê-los colocado ali por engano. Sinto muito mesmo”. Não precisava se desculpar, falei. Eles eram lindos. (p. 58).

Por que não poderia ser uma comunicação? Somente porque alguns cientistas não aceitam, dizendo não haver provas? Ou porque alguns religiosos dogmáticos dizem que não? Mas, e as provas das comunicações ocorridas através de computador, no qual se usa um programa comum de gravação de voz? Nesses casos a voz paranormal é gravada no lado reverso e simultaneamente com a do lado normal, ou seja, fora dos conhecimentos tecnológicos atuais. Isso não vale nada? Devemos jogá-las ao lixo porque ainda o preconceito impera no meio acadêmico e, por incrível que pareça, também no meio religioso?


Vamos seguir adiante. John passou a procurar vários outros médiuns, objetivando entrar em contato com sua mãe, que agora vivia no plano espiritual. Mas nada acontecia, fazendo-o perder o ânimo. Entretanto, a programação espiritual disso iria acontecer; somente o momento apropriado é que era aguardado.


Vejamos como aconteceu o primeiro sinal:


Comecei a marcar encontros com outros médiuns que eu conhecia ou de quem ouvia falar. Mas o primeiro sinal veio durante uma consulta que meu primo Joey teve com um médium não muito longe de casa. Joey queria se comunicar com meu tio Carmine, seu pai. Mas, durante a consulta, foi uma tia cujo nome começava com a letra P que se manifestou. Joey, que era próximo de minha mãe, não acreditou e praticamente desafiou o médium a dizer o nome inteiro. “Ela está falando... Prin... Princesa?”, perguntou o médium, aparentemente achando que estava errado. Mas Joey riu e disse “Sim! Era minha tia Princesa!”; Ela queria que Joey soubesse que seu pai estava com ela e bem.

Joey veio me visitar com um presente: uma fita da sessão com o médium. Fiquei um tanto desapontado com o fato de a primeira mensagem vir através do meu primo e não diretamente para mim, mas preferi não discutir. (p. 64).

A questão é: embora ele próprio tenha feito tudo para entrar em contato com sua mãe, John veio a receber a mensagem confirmando o primeiro sinal através de um primo. Por que não foram confirmados os outros dois sinais? Obviamente é porque há por detrás desses fenômenos um agente inteligente que age por vontade própria, não importando as expectativas que temos em relação a eles. A teoria do inconsciente aqui lhe daria uma autonomia e tanto, fazendo dele um “ser consciente” para agir como quer. No caso, o “inconsciente” teve a vontade de passar somente um dos sinais combinados, supostamente retirados da mente de John, único quem os conhecia, apesar dele não estar presente naquele momento da manifestação. Essa versão é muito hilariante para o nosso gosto, mas que infelizmente encontra eco por aí.


O segundo sinal recebido, veio, também, em circunstância imprevista; senão vejamos:


Em setembro de 1998 li um livro escrito por uma médium que não conhecia antes. Chamava-se Contacting the spirit world e era um guia para pessoas que queriam desenvolver suas próprias habilidades para se conectar com esse outro mundo. O livro me arrebatou. Era escrito de uma maneira bem simples, direta e útil. Nenhuma baboseira sensitiva sobre amor e paz e alguém atrás de você brincando com seu cabelo. Fiquei tão impressionado com o livro que, quando o terminei, eu provavelmente sentia o mesmo que todo mundo: eu queria uma consulta com a autora.

Seu nome era Linda Williamson e aparentemente ela era da Grã-Bretanha. Li o livro num vôo para Porto Rico. Quando voltei para casa e fui a uma reunião com minha editora Denise Silvestro em seu escritório, pedi-lhe que me ajudasse. "Você consegue descobrir quem é essa mulher e como chego até ela?", perguntei.

Denise começou a rir.

"Sei, é engraçado mesmo. Sou um sensitivo procurando consulta espiritual."

"Não, não é nada disso", disse ela. "Você não reparou em quem publicou o livro dela?" Denise levantou-se e foi para a estante. Pegou um exemplar de Contacting the spirit world. "Eu publiquei esse livro."

"Não acredito!"

"Foi publicado na Inglaterra. Li e gostei. Comprei os direitos para os Estados Unidos."

Denise me forneceu o telefone de Linda Williamson e eu mal podia esperar para falar com ela. Eram dez da noite - em Nova Iorque. Devia ser... bem tarde na Inglaterra. "Alô?", escutei um sotaque inglês bem sonolento. Ela educadamente me informou que horas eram em sua parte do mundo. Mas não parecia ter ficado muito incomodada. Estava entusiasmada com o fato de um de seus colegas médiuns telefonar dos Estados Unidos para dizer quanto gostara do livro. Ela, claro, não tinha ouvido falar de mim mais do que eu tinha ouvido falar dela.

"Você faria a gentileza de me telefonar amanhã de manhã?", pediu. "Bom, eu estava imaginando se um dia você me daria uma consulta por telefone."

"Na verdade, eu não faço isso. Mas se algum dia você estiver na Inglaterra, adoraria vê-lo."

"Bem, você é médium há muitos anos e estou certo de que pode dar uma consulta por telefone. Faço isso no rádio o tempo todo. É a mesma coisa." Não costumo ser assim tão insistente - justo eu, que deveria saber como é estar do outro lado do balcão -, mas eu precisava ter uma consulta com essa mulher, não ia desligar o telefone sem marcar uma sessão.

"Certo", ela falou, só para poder voltar a dormir. "Conversamos amanhã. Não prometo nada."

Na manhã seguinte, acordei alvoroçado. Linda ia me dar uma consulta fenomenal. Eu sabia, eu sentia. Eu esperara nove anos por isso, e só pensava que ela ia pegar o telefone e dizer: olá, Johnny, estou com sua mãe Perinda aqui. Ela morreu de câncer no pulmão no dia 5 de outubro e quer que lhe diga Princesa e Springfield e obrigada por colocar o urso Pooh no caixão. Lá ia eu de novo. Calma, rapaz. Diminua essas expectativas.

Liguei para ela, disposto a tudo. Coloquei os fones de ouvido que usava em meus programas de rádio, peguei caneta e papel. Estava pronto para disparar a estenografia que aprendi no colegial.

"Estou muito entusiasmada em fazer isso", diz Linda. "... há uma adorável mulher aqui, de pé atrás de você..." Ah, não! "E ela está mandando todo seu amor e..."

Estou chocado. Ela não pode ser uma daquelas. Seu livro era diferente disso. Calo-me profundamente. Em vez de ouvir o que ela está dizendo ou pensar sobre isso, apenas escrevo tudo, por absoluta falta de outra coisa para fazer. Ela continua falando e, em retorno, ofereço apenas uns rosnados de indiferença. Ela me acena com informações e pede para confirmar. Ahã. É Certo. Já vendi todas as ações que eu tinha dela, ela não é a corretora que vai me fazer ganhar milhões. Ela é uma cigana que lê as mãos nas ruas de Lower Manhattan.

Mas ela vale o que você paga para ela. Nisso eu concordo. Já estou na página seis do meu bloco de notas. "Sua mãe está dizendo para falar a você que ela era sua luz guia", diz ela.

"Não creio", discordei. "Ela me deu muitos conselhos, mas não sei se a chamaria assim."

"Oh, Deus."

"Que foi?"

"Sua mãe é uma mulher insistente."

"Ela pode ser." Eu não queria ceder um centímetro.

Agora Linda muda seu tom, fala mais devagar e mais baixo. "Ela quer que lhe diga..."

"É? Certo, qual é minha grande mensagem?"

Uma pausa. "Luz... guia."

Silêncio do meu lado. Então... PUM!! É isso - foi. Feito. Caso encerrado. Fechado. Não consigo falar. As lágrimas jorram. Nove anos de expectativa irrompem num espetáculo de emoção acumulada. (pp. 65-67).

John recebe o segundo sinal através de uma pessoa desconhecida que residia na Inglaterra, quando, ao falar com ela por telefone, ela lhe disse ter uma mensagem para ele.


Ele conta agora sobre Donna Marie (um pseudônimo) que veio-lhe pedir uma consulta, pois ela desejava entrar em contato com o pai que morrera em novembro de 1995. Percebendo-lhe um certo grau de sensibilidade, John a incentiva a desenvolver essa sua faculdade, dando-lhe todo o apoio. Conversavam de tempos em tempos.


O terceiro sinal veio através dela. Vejamos:


Donna relembra:

Estou sentada aqui fazendo os exercícios. John fala para deixar a luz branca fluir à nossa volta e através de nós... Recebo uma mulher na casa dos 60, 70 anos, com cabelo castanho e encaracolado. Ela tem um corpo em formato de pêra. Está carregando uma antiga maleta de médico. Acho que isso queria dizer que recebia cuidados em casa. Está sorrindo. Então vejo, escrito em seu tórax: "Jean". Ela parece velha, mas percebo que é mãe de alguém de minha idade. Essa é a primeira vez que faço isso, portanto, acho que estou inventando tudo, imaginando. Depois de alguns minutos, John pergunta se alguém tem algo a colocar. Eu me levanto, apesar de não saber de fato o que estou fazendo. Não tenho a menor idéia de que se o que acabou de acontecer foi realmente uma comunicação com espíritos. Na verdade, acho que não.

Contei a todo mundo o que vi e senti, mas não falei "Jean", porque esse é o nome da minha cunhada, com quem eu fui ao workshop, então achei que não queria dizer nada. Mas então alguém disse: "Acho que pode ser minha mãe". Ela descreveu uma mulher que tinha aquela forma de corpo. Seu cabelo era castanho, mas ela o tingia de preto. Ela ficava numa casa de repouso. Mas isso era bem geral. Então disse que sua mãe se chamava Jean.

"Ai, meu Deus, juro por Deus que foi o nome que eu ouvi", disse eu. "Não falei porque achei que era minha cunhada Jean." A garota que se levantara tinha mais ou menos a minha idade. "A razão pela qual você se confundiu é que minha mãe me teve depois dos 40 anos. Por isso parece que é minha avó. Mas é minha mãe."

"Sério?", falei. Ela disse: "Você gostaria de ver uma foto dela?". Pegou uma fotografia e era a mulher que eu vira - exatamente o mesmo formato de cabeça, o mesmo formato de corpo. Tudo era igual, exceto o cabelo, que era preto. Se eu descrevesse essa pessoa para um retratista, era desse jeito que ele iria desenhá-la. Eu não podia acreditar que tinha feito aquilo.

§§§§§

Depois do workshop, Donna começou a fazer experiências em casa. Ela praticava com a cunhada. "Tentei receber coisas do irmão de Jean", disse Donna. "E ela as confirmou. Coisas sobre sua personalidade, sobre o casamento dela. Ele tinha Síndrome de Down, mas era muito ativo em vida, e entendi totalmente sua personalidade. Falei: 'Nossa, vai ver que estou mesmo fazendo isso'. Recebi uma sensação muito forte, porque estava dando a Jean um presente incrível."

Conversava com Donna de tempos em tempos e sempre lhe dizia que ela devia continuar trabalhando suas habilidades. Nos dois anos seguintes, ela praticava ocasionalmente com sua cunhada Jean. Ela não era ousada o suficiente para pedir a nenhuma outra pessoa, portanto, havia um limite para quanto poderia desenvolver. Além disso, estava ocupada. Tivera seu primeiro bebê - não um filho chamado Anthony, mas uma menina que ela e seu marido Tommy chamaram de Julia.

Numa noite de outubro de 1999, Donna estava sentada na cadeira de balanço do quarto da nenê, apenas vendo-a dormir. Imaginou se alguém poderia se manifestar caso não houvesse ninguém mais na casa, exceto Julia.

§§§§§

De repente, essa mulher se apresenta. Ela parece ter cabelo loiro pintado. Vem na minha direção e posso ler dois nomes escritos nela. Percebo que é assim que recebo os nomes. Não os ouço, vejo-os em letras grandes. Os dois nomes são Carol e Annette ou Antoinette. Passou muito rápido. Então ela me mostrou um filhote de cachorro, uma cruz e um pôr-do-sol. Imediatamente reconheci a mulher. Era a mãe de John. Vira uma foto dela no vídeo de One last time. Falei: "Se você é de fato a mãe de John, diga-me uma coisa realmente importante para me confirmar que essa é você". Ela me olhou e disse: "Fale a ele 'Pooh'''. Era como um filme na minha cabeça. Eu a via dizendo isso, mas ouvia minha própria voz. Peguei um bloco de notas e escrevi o que acabara de acontecer. Quando acordei na manhã seguinte, a primeira coisa que senti foi a mãe de John. Ela disse: "Fale 'urso' para ele".

§§§§§

"John, você vai achar que estou louca", disse Donna ao telefone. "Não sei se era sua mãe. Parecia exatamente com a foto dela que está no vídeo. Ela me falou 'Carol' e 'Anette'. Ou talvez 'Antoinette'." Há pouco tempo uma amiga minha chamada Carol começara a usar seu tempo livre para me ajudar na organização do consultório. E Antoinette era uma mulher que acabara de ser contratada para fazer a publicidade para uma turnê que eu estava realizando pela Learning Annex, uma organização nacional de educação de adultos.

"Então pedi uma confirmação mais forte e ela disse 'Pooh' e, nessa manhã, 'urso'."

"Meu Deus!", falei. "Sabe o que você acabou de fazer? Isso é o meu terceiro símbolo."

Fiquei mais composto dessa vez. Depois da mensagem Guiding light, aquilo era apenas o sorvete em cima do bolo. Eu estava balançado com a mensagem, mas na época já entendera que não devia ficar mais entusiasmado com o urso Pooh que com qualquer outra confirmação. (pp. 74-76).

Tão imprevisto como os outros, o último sinal recebido acaba por confirmar, de forma a não deixar a mínima dúvida, que a mãe de John realmente se comunicou com ele. Enfim todos os três sinais combinados foram passados da mãe ao filho, num autêntico intercâmbio entre os dois planos da vida.

Conclusão


Esses fatos aqui narrados vêm responder às pessoas céticas que dizem que é fácil provar que não há comunicação com os mortos, porque nenhum morto voltou para confirmar um sinal combinado para sua identificação. Com eles temos a prova cabal dessa possibilidade, e, certamente, não são os únicos que provam que isso acontece; o problema reside na falta de uma pesquisa séria sobre ocorrências deste tipo. Provavelmente, muitas pessoas, também por preconceitos sócio-religiosos, podem não relatá-los, mas, certamente, haverá muitas pessoas livres desses preconceitos que farão até questão de divulgá-los, faltando, apenas, um pesquisador destemido para fazer isso.

Apenas uma informação necessária sobre John Edward: ele, nos últimos cinco anos (2005), apresenta um programa na TV americana chamado Crossing Over with John Edward (Fazendo Contato, com John Edward), onde recebe mensagens de “mortos”.

Certamente, encontraremos pessoas que não irão concordar com o que aqui expomos; entretanto, damos a elas o pleno direito de apresentar provas de que os fatos apresentados, e os respectivos depoimentos das pessoas que participaram dos programas transmitidos pela TV, não são verdadeiros.

Paulo da Silva Neto Sobrinho
Mai/2006.

Referência Bibliográfica:
 
EDWARD, J. Fazendo Contato, São Paulo: Prestígio, 2005.

Índice

° HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita

(Compilação de datas siginificativas para o Movimento Espirita iniciada no Boletim 505)

Segundo Capítulo

1857 - 1869 A Época da Codificação Espírita


Lista de Eventos

1858

Indochina

A França de Napoleão III segue uma política externa imperialista. Em 1858, usando como pretexto agressões contra missionários franceses e espanhóis na Indochina, a França lidera uma expedição punitiva conjunta com a Espanha. Uma vez atingido o objetivo inicial as tropas espanholas se retiram e as francesas ocupam a Cochinchina (na região do Vietnam atual).

DUBY, 2003
MORAL, 2002

1 de janeiro de 1858

Paris, França
  
Primeiro número da "Revue Spirite" editada por Allan Kardec. Esta revista que seria dirigida por Allan Kardec até sua desencarnação em 1869, constitui, além do seu aspecto doutrinário, uma das mais importantes fontes históricas dos primeiros anos do Espiritismo. Nela foram publicados artigos e ensaios que serviram como estudos preliminares para as obras básicas da codificação e em suas páginas estão registrados os passos iniciais da divulgação do Espiritismo na França e no mundo.  

KARDEC, 2003
WANTUIL e THIESEN, 1979


Janeiro de 1858
Paris, França

Kardec comenta o livro "História de Joanna D´Arc - Ditada por ela mesma" de Ermance Dufaux no primeiro número da Revista Espírita. O livro foi recebido por Ermance em 1855 quando ela tinha apenas 14 anos. "Os incrédulos, nós o sabemos, terão, sempre, mil objeções a fazer; mas, para nós, que vimos o médium na obra, a origem do livro não poderia causar nenhuma duvida" (Allan Kardec - Revista Espírita de janeiro de 1858).

KARDEC, 2003

Fevereiro - Abril de 1858
Paris, França

Kardec publica na Revista Espírita uma série de artigos sobre o médium americano D. D. Home. As viagens de Home pela Europa - a partir de 1855 - causaram grande impacto e ajudaram a despertar o interesse pelo Espiritismo.

KARDEC, 2003

11 de Fevereiro de 1858
Lourdes, França

Uma jovem pastora, Benardette Soubirous (1841-1879), tem pela primeira vez a visão de uma "jovem senhora" em um gruta em Lourdes
. Respondendo as perguntas de Bernadette ela se identifica como sendo a "Imaculada Conceição" (Maria, mãe de Jesus).  Por orientação da visão, Bernadette encontra uma fonte na gruta. Desde então muitas curas foram atribuidas a água da fonte. Em Lourdes foi construida uma basilica dedicada a Nossa Senhora de Lourdes (1876) e Bernardette foi canonizada em 1933 pelo Papa Pius XI.

WIKIPEDIA, 2006

1 de abril de 1858

Paris, França 

A "Societé Parisiense des Études Spirites" (Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas) é regularmente constituida, com reuniões às terças-feiras no Palais-Royal na Galeria de Valois n.° 35. Nas palavras de Kardec: "A extensão, por assim dizer universal que tomam, diàriamente, as crenças espíritas fazia desejar-se vivamente a criação de um centro regular de observações. Esta lacuna acaba de ser preenchida" (Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Revista Espírita - maio de 1858).


KARDEC, 2003
WANTUIL e THIESEN, 1979

13 de abril de 1858
Paris, França
  
A criação da "Societé Parisiense des Études Spirites" é autorizada por portaria do Prefeito de Polícia, conforme aviso do Ministro do Interior e da Segurança Geral.  

O período da Codificação Espírita coincide com o Segundo Império Francês, uma época de grande progresso econômico, explendor urbanístico e cultural, mas regime autoritário. Por isso a necessidade do registro na Polícia de qualquer associação que reunisse regularmente um número maior de pessoas.

DUBY, 2003
KARDEC, 2003
MORAL, 2002
WANTUIL e THIESEN, 1979

19 de abril de 1858
Paris, França

Com a adequada autorização do governo é oficializada a fundação da
"Societé Parisiense des Études Spirites". O processo foi rápido porque o Sr. Dufaux, que conhecia o Chefe de Polícia, se encarregou de fazer a petição. O Ministro do Interior, que também participava da autorização, tinha simpatia pelas idéias espíritas e agilizou o processo. Segundo Kardec, o processo teria levado normalmente uns 30 dias mas se completou em 15.

KARDEC, 1976
KARDEC, 2003

Dezembro de 1858
Paris, França

Kardec, na edição de dezembro da Revista Espírita, publica um artigo com reflexões sobre o ano de 1858 e pondera que o Espiritismo estava em uma segunda fase. Que passada a fase onde toda a atenção estava concentrada nos fenômenos materiais - que tinham tido o papel de chamar a atenção do público para a existência dos Espíritos e da possibilidade de comunicação com eles - o Espiritismo tinha entrado na fase em que se compreendeu que ele era toda uma ciência que se fundava, toda uma filosofia e uma nova ordem de idéias que surgiam. Ele comenta também a importância e o papel da Revista Espírita nesta segunda fase, como veículo de comunicação para manter os leitores informados do desenvolvimento das observações e das idéias desenvolvidas a partir de sua análise.

KARDEC, 2003

Índice


Biografias



(Fonte da Imagem: Sociedade Espírita Ermance Dufaux)


Ermance Dufaux

Autor:  Mauro Quintella

Transcrito do site do Instituto do Pensamento e da Cultura Espírita (Anápolis, GO)

Ermance De La Jonchére Dufaux nasceu em 1841, na cidade de Fontainebleau, França. Próxima a Paris, abrigava a residência oficial de Napoleão III e de outros nobres. O pai de Ermance, rico produtor de vinho e trigo, era um deles. Tradicional, a família Dufaux residia num castelo medieval, herança de seus antepassados.

Em 1853, a filha dos Dufaux começou a apresentar inquietante desequilíbrio nervoso e a fazer premonições. Por causa desse problema, seu pai procurou o célebre médico Cléver De Maldigny.

Pelo relato do Sr. Dufaux, o médico disse que Ermance parecia estar sofrendo de um novo distúrbio nervoso, que havia feito diversas vítimas na América e que, agora, estava chegando à Europa. As vítimas da doença entravam numa espécie de transe histérico e começavam a receber hipotéticas mensagens do Além.

O médico aconselhou o Sr. Dufaux a trazer Ermance a seu consultório, o mais rápido possível. Assim foi feito. Alguns dias depois, a mocinha comparecia à consulta.

Maldigny colocou um lápis na mão da menina e pediu que ela escrevesse o que lhe fosse impulsionado. Ermance começou a rir, gracejando, mas, de súbito, seu braço tomou vida própria e começou a escrever sozinho. Ao ver-se dominada por uma força estranha, Ermance assustou-se, largou o lápis e não quis continuar a experiência.

Maldigny examinou o papel e confirmou seu diagnóstico. Os pais de Ermance ficaram extremamente preocupados. Como a família era famosa na corte, a notícia logo se espalhou em Paris e Fontainebleau, chegando aos ouvidos do Marquês de Mirvile, famoso estudioso do Magnetismo.

O Marquês visitou o castelo dos Dufaux e pediu para examinar Ermance. Os pais aquiesceram, mas a mocinha teve que ser convencida. Por fim, Ermance colocou-se em posição de escrever e Mirvile perguntou ao invisível:

- Está presente o Espírito em que penso? Em caso positivo, queira escrever seu nome por intermédio da garota.

A mão de Ermance começou a se mover e escreveu:

- Não, mas um de seus parentes remotos.

- Pode escrever seu nome?

- Prefiro que meu nome venha diretamente à sua cabeça. Pense um instante.

- São Luís, rei de França (1), primo do primeiro nobre de minha família?

- Sim, eu mesmo.

- Vossa Majestade pode dar-me um prova de que é realmente o nosso grande rei?

- Ninguém nesta casa sabe que você e seus parentes me consideram o Anjo da Guarda da família.

Se Maligny via o caso de Ermance como doença, o Marquês também tinha suas explicações preconcebidas. Na sua opinião, ela apenas captava as idéias e pensamentos presentes no ambiente. Isso na melhor das hipóteses. Na pior, a jovem estava sendo intérprete do Diabo, pois, como católico, ele não acreditava que os mortos pudessem se comunicar. Uma análise conclusiva deveria ser feita pela Academia de Ciências de Paris.

O Sr. Dufaux, no entanto, não levou o caso adiante. Embora também fosse católico, ele preferiu acreditar que sua filha não era doente ou possessa, mas apenas uma intermediária entre os vivos e os mortos. A família foi se acostumando com o fato e a faculdade de Ermance passou a ser vista como uma coisa natural e positiva.

Os contatos com São Luís passaram a ser frequentes. Sob seu influxo, ela escreveu a autobiografia póstuma do rei canonizado, intitulada "A história de Luís IX, ditada por ele mesmo". Em 1854, esse texto foi publicado em livro, mas a Censura do Governo de Napoleão III proibiu a sua distribuição. Os censores acharam que algumas passagens podiam ser entendidas como críticas ao Imperador e à Igreja.

O posicionamento favorável dos Dufaux ao neo-espiritualismo (spiritualisme) gerou retaliações. Numa confissão, Ermance recusou-se a negar sua crença nos Espíritos, atribuindo suas mensagens a Satanás, e foi proibida de comungar. A Imperatriz também esfriou seu relacionamento com a família. No entanto, o Imperador Napoleão III ficou curioso e pediu para conhecer a Srta. Dufaux.

Ela foi recepcionada no Palácio de Fontainebleau e recebeu uma mensagem de Napoleão Bonaparte para o sobrinho. A mensagem respondia a uma pergunta mental de Luís Napoleão e seu estilo correspondia exatamente ao de Bonaparte.

Com o tempo, os Espíritos também começaram a falar por Ermance. Em 1855, com 14 anos, Ermance publica seu segundo livro "spiritualiste" (na época, não existiam os termos espírita, mediunidade, etc). O primeiro a ser distribuído e vendido: "A história de Joana D'Arc, ditada por ela mesma" (Editora Meluu, Paris).

Segundo Canuto Abreu, a família Dufaux conheceu Allan Kardec na noite do dia 18 de abril de 1857. O Codificador teria dado uma pequena recepção em seu apartamento e os Dufaux foram levados por Madame Planemaison, grande amiga do professor lionês.

No final da reunião, Ermance recebeu uma belíssima mensagem de São Luís, que, a partir dali, tornaria-se uma espécie de supervisor espiritual dos trabalhos do Mestre. Segundo o ex-rei, Ermance, assim como Kardec, era uma druidesa reencarnada. Os laços entre os dois se estreitaram e ela se tornou a principal médium das reuniões domésticas do Prof. Rivail.

No final de 1857, Kardec teve a idéia de publicar um periódico espírita e quis ouvir a opinião dos guias espirituais. Ermance foi a médium escolhida e, através dela, um Espírito deu várias e ótimas orientações ao Mestre de Lion. O órgão ganhou o nome de "Revista Espírita" e foi lançado em Janeiro do ano seguinte.

Como o apartamento de Allan Kardec ficou pequeno para o grande número de frequentadores da sua reunião, alguns dos participantes decidiram alugar um local maior.

Para isso, porém, precisavam de uma autorização legal. O Sr. Dufaux encarregou-se de obter o aval das autoridades, conseguindo em quinze dias o que, normalmente, levaria três meses. Conquistada a liberação, o Codificador e seus discípulos fundaram a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em Abril de 1858. Ermance foi uma das sócias fundadoras.

Durante o ano de 1858, Ermance recebeu mais duas autobiografias mediúnicas. Desta vez, os autores foram os reis franceses Luís XI e Carlos VIII. O Codificador elogiou o trabalho da Srta. Dufaux (2) e transcreveu trechos das "Confissões de Luís XI" na Revista Espírita(3). Nesse mesmo ano, Kardec divulgou três mensagens psicografadas pela jovem sensitiva (4). Não temos notícia sobre a possível publicação das memórias de Carlos VIII.
Canuto Abreu revelou que Rivail a utilizou como médium na revisão da 2ª edição de O Livro dos Espíritos.

Em 1859, Ermance não é mais citada como membro da SPEE nas páginas do mensário kardeciano. Isso leva-nos a crer que ela teria saído da Sociedade. Outro indício dessa suposição é que São Luís passou a se comunicar através de outros sensitivos (Sr. Rose, Sr. Collin, Sra. Costel e Srta. Huet). Não há, igualmente, registros da continuidade do seu trabalho em outros grupos.

O que teria acontecido com Ermance? Teria casado e deixado a militância, como Ruth Japhet e as meninas Baudin? Teria se desentendido com Kardec? Teria mudado da França? Teria desanimado com o Espiritismo? São perguntas que só ela poderia responder. Seja como for, o Codificador continuou a divulgar seu trabalho. Em 1860, ele noticiou a reedição de "A história de Joana D'Arc ditada por ela mesma", pela Livraria Lendoyen de Paris.

Em 1861, enviou vários exemplares desse livro, junto com suas obras, para o editor francês Maurice Lachâtre, que se encontrava exilado em Barcelona, Espanha. O objetivo era a divulgação do Espiritismo em solo espanhol. Esses volumes acabaram confiscados e queimados em praça pública pela Igreja Católica no famoso Auto-de-fé de Barcelona.

"A história de Luís IX ditada por ele mesmo", foi liberada pela Censura e finalmente publicada pela revista La Verité de Paris em 1864. No início de 1997, a editora brasileira Edições LFU traduziu "A história de Joana D'Arc" para o português.

NOTAS:

(1) Rei francês, filho de Luís VIII e Branca de Castela, nascido em 1215, coroado em 1226 e morto em 1270. Luís IX teve um reinado bastante conturbado. Até 1236 enfrentou a Revolta dos Vassalos e a Guerra dos Albigenses. Venceu duas batalhas contra os ingleses em 1242. Em 1249, organizou uma Cruzada, foi vencido e aprisionado. Resgatado, ficou na Palestina até 1252, quando voltou à França. Empreendeu mais uma Cruzada e morreu de peste ao desembarcar em Tunis. Foi canonizado pela Igreja em 1297.

(2) Página 30 do Volume 1858, EDICEL.

(3) Páginas 73, 148 e 175, ibidem.

(4) Páginas 137, 167 e 317, ibidem.

BIBLIOGRAFIA:

ABREU, 1992.
KARDEC, 1993.
KARDEC, ?

_____________

Algumas Informações Adicionais sobre Ermance Dufaux (GEAE)

Pesquisando na Internet verificamos que Ermance Dufaux publicou livros na década de 1880 que foram citados em obras de outros autores e traduzidos para outras linguas. Edições impressas ainda existem a venda em sites de livros raros e versões digitalizadas podem ser encontradas no site da Biblioteca Nacional da França.

Algumas das referências que encontramos:

1) No site da Biblioteca do Congresso Americano há uma página dedicada a preservação da memória americana com a digitalização de obras raras (http://memory.loc.gov/ammem/index.html). Encontramos nesse site um livro de 1909 - Traité Pratique et Thèorique de La Danse (Tratado Teórico e Prático da Dança, BOURGEOIS, 1909) - que traz na sua bibliografia a indicação de duas obras em nome de Ermance Dufaux. Não há dadas de publicação indicadas:
  • Le savoir-vivre dans la vie ordinaire et les cérémonies civiles et religieuses, par Ermance Dufaux. 1 vol. in-18 (O saber viver na vida cotidiana e nas cerimônias civis e religiosas).
  • L'enfant, hygiène et soins médicaux pour le premier âge; par Ermance Dufaux de la Jonchère. Nombreuses gravures. 1 vol. in-18 (A criança, higiene e cuidados médicos na primeira idade).
2) No site da Amazon Books em francês há a indicação de uma obra histórica de Ermance Dufaux de 1885:
  • La vie du vaillant bertrand du guesclin, de d'Aprés les Chanson de Geste du Trouvère, Tx Rajeuni par E. Dufaux de la Jonchere. Description: dos léger , cartonnage perca. décoré édition tranche dorées, illustration de Tofani in et hors texte Garnier , 1885. (A vida do Valoroso Bertrand du Guesclin, conforme as canções de gesta dos trovadores, em prosa contemporânea por E. Dufaux de la Jonchere).
3) A página do DICTIONNAIRE DES AUTEURS / ECRIVAINS traz a seguinte relação de obras de Ermance Dufaux:
  • Auteur : DUFAUX DE LA JONCHERE ERMANCE
    Livre : LE SAVOIR-VIVRE DANS LA VIE ORDINAIRE ET DANS LES CEREMONIES CIVILES ET RELIGIEUSES
    Edité par Garnier freres - Paris en s.d.(ca 1883)
  • Auteur : DUFAUX DE LA JONCHERE (MLLE E.)
    Livre : LA VIE DU VAILLANT BERTRAND DU GUESCLIN, D'APRES LA CHANSON DE GESTE DU TROUVERE CUVELIER ET LA CHRONIQUE EN PROSE CONTEMPORAINE. Edité par Garnier - Paris en 1885
  • Auteur : DUFAUX ERMANCE
    Livre : HISTOIRE DE JEANNE D'ARC PAR ELLE MEME
    Edité par Philman - Paris le 25/09/2000
  • Auteur : DUFAUX ERMANCE
    Livre : LE SAVOIR-FAIRE DANS LA VIE ORDINAIRE ET DANS LES CEREMONIES CIVILES ET RELIGIEUSES
    Paris en 1883
4) O livro de Ermance Dufaux sobre higiene e cuidados na infância teve uma tradução para o espanhol em 1888. Esta informação foi encontrada em um site de leilões: Durán Sebastas de Artes (acesso 25/09/2006):
  • DUFAUX DE LA JONCHERE, Erm.- "EL NIÑO Higiene y cuidados maternales dela infancia PARA USO DE LAS MADRES JOVENES Y DE LAS NODRIZAS... Versión castellana anotada y arreglada por D. Gonzalo de Lorenzo". París, Garnier Hermanos. 1888. 8º, tela edit., estamp. 475 pgs. Figuras en texto.
5) No site Gallica da Biblioteca Nacional da França está disponível para consulta e download o livro Le Saivoir-Vivre e no seu início há uma carta datada de 1883.

6) No mesmo site há outro livro dela de 1884:

  • Ce que les maîtres et les domestiques doivent savoir [Texte imprimé] / par Mlle E. Dufaux de la Jonchère (O que os patrões e os criados domésticos devem saber). Paris : Garnier frères, 1884. 461-36 p. Sujet:  Employeur et employé (droit) -- 19e siècle.
Vários livros de autoria espiritual de Ermance Dufaux foram psicografados através do médium Wanderley Soares de Oliveira a partir de 2000. Segundo o site da Livraria Espírita Candeia, Wanderley atua em Belo Horizonte (MG) como expositor e médium. Os livros são publicados pela editora Dufaux:

Seara Bendita (2000 - em parceria com outros espíritos)
Laços de Afeto (2002)

Mereça ser Feliz (2002)
Reforma Íntima sem Martírio (2003)
Unidos Pelo Amor (2004 - em parceria com outros espíritos)
Atitude de Amor (opúsculo - em parceria com outros espíritos)
Lírios de Esperança (2005)
Escutando Sentimentos (2006)

Índice

Referências Bibliográficas

ABREU, S. C. O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórico e Lendária. São Paulo: Edições LFU, 1992.

BOURGEOIS, E. Traité pratique et théorique de la danse. Paris: Garnier frères, 1909. Disponível em: http://memory.loc.gov/cgi-local/query/r?ammem/musdi:@field(DOCID+@lit(musdi235))
. Acesso em 25 de setembro de 2006.

DOYLE, A. C. The History of Spiritualism - Vol I. Australia: Projeto Guttemberg, 2003. Disponível em: http://gutenberg.net.au/ebooks03/0301051.txt


DUBY. G. Histoire de La France. 3. ed. Paris: Larousse, 2003

KARDEC, A. Coleção da Revista Espírita. São Paulo: EDICEL, ?

______. Obras Póstumas (Coleção das Obras Completas de Allan Kardec - Volume XIX). São Paulo: EDICEL, 1976.

______.  Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 1993

______.  Revista Espírita - 1858. Tradução Salvador Gentile. 1.a ed. São Paulo: Mundo Maior Editoria, 2003.

MORAL, A. M. El Segundo Imperio. Historia y Vida - n° 413. Barcelona (Espanha): Editora Mundo Revistas, agosto de 2002.

WANTUIL, Z.; THIESEN, F. Allan Kardec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1979

WIKIPEDIA. Bernadette Soubirous. In: WIKIPEDIA, The Free Encyclopedia. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/St_Bernadette. Acesso em 19 de setembro de 2006.

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 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS


A visão espírita sobre o PRECONCEITO

(Um de nossos amigos nos enviou um e-mail pedindo para que comentassemos a visão espírita sobre o preconceito, abordando-a de uma forma geral, se possível citando alguns livros que permitam aprofundar o tema)

Caro Amigo,

Inicialmente gostaria de dizer que a Doutrina Espírita traz uma nova compreensão do ser humano. Ele é visto como um espírito reencarnado em processo de evolução espiritual. Espírito que iniciou sua jornada nas formas mais simples de existência, aos poucos foi progredindo até atingir os níveis atuais e continuará a fazê-lo até a perfeição moral e intelectual.

Todos temos a mesma natureza, iniciamos da mesma forma nossa jornada, estamos sujeitos ao mesmo processo de aprendizado e chegaremos da mesma forma à perfeição. A diferença entre os seres é apenas de amadurecimento, do ponto na longa jornada da evolução em que estão. Deus, Causa Primeira de todas as coisas, jamais cessa de criar e há espíritos em todas as fases de evolução.

A evolução dos espíritos ocorre através de inumeráveis reencarnações, desde os mundos mais materiais como o nosso, até mundos tão evoluídos que para nós nem parecem mais ser materiais. Os progressos ocorrem a medida que o ser vai vivendo experiências diversas e aprendendo que o amor fraterno é a base da lei divina. Através da Lei de Causa e Efeito, ele vai compreendo que aquilo que faz ao próximo reflete nele mesmo e que é responsável por sua própria situação.

Por este ponto de vista, o preconceito deixa de ter fundamento. Raça, credo, situação social, aparência física, e outras características que tem dado margem ao surgimento do preconceito nas sociedades humanas, são transitórias e mudam incessantemente. Todos nós já nascemos em várias raças e povos, vivemos em quase todas as posições sociais e nos mais diversos papéis humanos, aprendendo as lições que necessitamos, muitas vezes recapitulando pontos mal compreendidos ou corrigindo erros que cometemos por ignorância.

Assim, para a Doutrina Espírita, qualquer forma de preconceito é tolice. O preconceito firma-se no falso pressuposto de que a aparência transitória indica alguma diferença de "valor" entre os seres. Que uns são melhores do que os outros a partir da forma como se apresentam no mundo. Pura ilusão e orgulho sem fundamento.

Em resumo, a Doutrina Espírita fornece uma explicação lógica para a máxima evangélica "amar ao próximo como a si mesmo" - que não traz qualquer tipo de qualificativo ou descritivo limitando quem é o "próximo" - e preconiza sua aplicação.

As melhores obras para formar uma clara visão da posição espírita sobre o preconceito são "O Livro dos Espíritos" que nos leva a compreender quem somos e porquê estamos aqui, e o "Evangelho Segundo o Espiritismo" que nos traz a mensagem de Jesus à luz da Doutrina Espírita, mostrando nossos deveres morais e seus fundamentos. Recomendo também o "Problema do Ser, do Destino e da Dor" de Léon Denis e as obras de Gabriel Delanne  "Reencarnação" e "A Evolução Anímica".

A série de livros de autoria do espírito André Luiz, pelo médium Francisco Cândido Xavier, também traz ensinamentos preciosos sobre a questão. Ao mostrar a vida do ponto de vista "do outro lado" ela permite entender porquê os preconceitos comuns em nossa sociedade são ridiculos e sem qualquer base real.

Muita Paz,
Carlos Iglesia

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° PAINEL

1a Caminhada espírita de alerta contra o Suicídio, Clínica Psicológica Integrare, Brasil

Olá amigos Espíritas e não Espíritas, gostaria que esse evento fosse divulgado, quem puder participar e divulgar, agradecemos?
 
1a Caminhada espírita de alerta contra o Suicídio
Data: 12 de novembro de 2006
Horário: 10 horas
Local de encontro: Praça da Sé (São Paulo - SP, Brasil)
Organização: ASSOCIAÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS E EDUCACIONAIS LUNARES
 
'Uma doutrina que veio para consolar não pode esquecer quem mais precisa dela'
 
"A caridade é o amor em ação"
 
Informações: marcoaurelio@qualimax.com.br
ou giangiardi@sili.com.br
 
Visite nosso site:www.clinicaintegrare.com.br
Acompanhe nossos foruns de discussão no orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=775513

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1a Jornada Espírita de Rio das Ostras, Geisa Lauro Reis, Brasil




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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
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