Ano 14 Número 514 2006



15 de Maio de 2006


"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

O Mundo em que Vivemos





 ° ARTIGOS

Segundo Pensarmos, André Luiz - médium Francisco Cândido Xavier, Brasil

Devem os Centros Espíritas Manter Creches?, Jáder Sampaio, Brasil


Ciência Espírita - reflexões filosóficas, Nubor Orlando Facure, Brasil




 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita










 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Estudos sobre Mediunidade, Mauricio Mendonça, Brasil





 ° PAINEL

1º Congresso Médico-Espírita dos Estados Unidos


Allan Kardec San Diego Study Group, Luiza Marques, EUA

Spiritist Society of Baltimore, SSB Family, EUA


USE comemora 59 anos com Concerto da Orquestra Jazz Sinfônica, Julia Nezu, Brasil






 ° EDITORIAL

O Mundo em que Vivemos

Amigos,

No último editorial falamos sobre como a ciência tem aprofundado o conhecimento que temos do mundo em que vivemos e explicamos que a interpretação de suas equações ainda é objeto de polêmicas. As surpreendentes revelações sobre a matéria e a energia nos domínios quânticos ou na presença de intensos campos gravitacionais ainda aguardam uma interpretação filosófica que forneça uma visão de mundo coerente para o homem do século XXI.

Embora falte uma visão filosófica coerente do mundo, derivada da ciência moderna, já é um consenso que nossa percepção a respeito da realidade é limitada. Percebemos essa realidade através do efeito dos nossos sentidos sobre o nosso sistema nervoso. Os sinais gerados no sistema nervoso são interpretados por nossa mente com base em nossas experiências de vida. Estas experiências de vida, mesmo se considerarmos apenas a presente existência terrena, são profundamente influenciadas pela cultura da sociedade e do tempo que vivemos.

Assim, além de nossos sentidos serem limitados a estreitas faixas de percepção, ainda há uma margem de erro introduzida por nossas pressuposições a respeito da realidade. E uma dessas pressuposições, firmemente estabelecida na cultura ocidental contemporânea, é a de que o mundo ao nosso redor é apenas material. Material no sentido de que é composto por "matéria" que ocupa "espaço" nas três dimensões físicas percebidas pelos nossos sentidos ou por "energia" que os afete de uma forma ou outra.

Uma das razões dessa pressuposição foi o grande sucesso da física clássica desde a época de Newton até meados do século XX. O progresso tecnológico alcançado ao aplicá-la aos problemas do dia-a-dia gerou na sociedade a falsa idéia de que o que estava fora de suas equações não existia. Que aqueles fenômenos que não fossem passíveis de validação pela "comunidade científica" não mereciam ser levados a sério e muito menos considerados naturais. Ficavam relegados ao campo do "sobrenatural", ou seja, superstição e charlatanismo.

Olhando o panorama atual da física, pode-se dizer que suas descobertas ainda não atingiram o ponto onde a existência de um mundo espiritual - que se estende em continuidade ao mundo material - apareça nos resultados das equações. Mas, por outro lado, já chegaram ao ponto onde é possível dizer que o mundo é mais abrangente do que as três dimensões que julgávamos compor o espaço onde estaria contida toda a realidade. Que existem fenômenos naturais - como a dualidade onda-partícula - que desafiam o entendimento humano.

A convergência entre a ciência física e a ciência espírita ainda é um sonho para o porvir. Ainda está por vir o momento em que um conjunto de equações revelará que o mundo que vivemos é composto de um domínio material e um dominio espiritual. Duas partes de uma mesma realidade, separadas apenas pela limitação de nossa percepção, incapaz de apreendê-la em sua totalidade pelos cinco sentidos e de interpretá-la conjuntamente na mente. Mas, pelo menos, já é possível a cooperação entre as duas ciências, diferentemente do que acontecia no século XIX, quando a visão mecanicista impedia qualquer diálogo.

O ser humano, sendo um espírito temporariamente ligado a um corpo material, não está desligado de nenhuma das duas partes da realidade citadas acima. Mesmo que os sentidos e o cérebro material limitem sua percepção, ele ainda "vive" inserido neste mundo maior. É isso que explica a existência dos fenômenos mediúnicos e da comunicação entre encarnados e desencarnados. A ciência espírita através desses fenômenos explora a parte da realidade a que nos referimos quando usamos as expressões "mundo espiritual" ou "plano espiritual". A filosofia espírita interpreta os conhecimentos adquiridos nesse estudo e as consequências morais e religiosas destas interpretações levam os espíritas a vivênciá-los no dia-a-dia.

O médium, o ser humano que tem características que facilitam a ocorrência dos fenômenos mediúnicos, é para a ciência espírita o instrumento que permite o estudo do mundo espiritual. Através dele, temos condições de analisar aspectos da realidade que nossos instrumentos científicos ainda não estão prontos para atingir. Análise que de forma alguma substitui a necessidade da física moderna continuar evoluindo e criando equações que descrevam cada vez mais, com maior precisão, o mundo em que vivemos.

É muito similar ao que acontece com a descrição do mundo material. O fato da física ter desenvolvido equações, que calculam com precisão os fenômenos físicos do dia-a-dia, não excluiu a necessidade da sociologia ou da história. Estas são ciências de observação e análise que focam aspectos da existência do ser humano que estão além das explicações da física.


Muita Paz,
Carlos Iglesia

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 ° ARTIGOS

Segundo Pensarmos, André Luiz (Médium Francisco Cândido Xavier), Brasil

(Transcrito de mensagem distribuida pela "Associação Espírita Benefciente Dr. Adolfo Bezerra de Menezes" - Rua Dona Vicentina Alegretti 265, Penha - São Paulo, SP, Brasil, http://www.abrigobezmenezes.org.br/index.asp - retirada do livro "Doutrina e Aplicação")

Cada consciência é um centro gerador de força no movimento universal, cuja direção depende de si mesma. Pensar é criar.

O destino recebe a forma que lhe impusermos, à maneira do vaso que exprime a imaginação do oleiro.

A palavra vem depois da idéia.

A ação é cimento invisível.

A obra é pensamento coagulado.

Renovar a mente no trabalho incessante do bem, cunhando valores positivos, ao redor de nós mesmos, é estabelecer roteiros sempre novos para a vanguarda evolutiva.

O espírito, herdeiro divino do Supremo Senhor, traz consigo todas as sementes do Céu para engrandecer a Terra.

Unidade atuante, irradia-se através de mil modos, gozando ou sofrendo, em seu cosmo orgânico, a benção ou a reação das energias que projeta e que o elevam ou convulsionam, de acordo com a intensidade dinâmica que lhe é característica.

Cultiva a tua mente, iluminando-a e enobrecendo-a.

Ainda que, por agora, não percebas, a tua alma se expande, em milhões de partículas, que são os agentes de libertação ou de cativeiro elaborado por teu próprio plano mental.

Avança, escolhendo a "melhor parte".

Diante do sofrimento e da morte, afirmou o Mestre, certa vez: "Não temas, crê somente."

Segundo pensarmos, assim será.

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Devem os Centros Espíritas manter Creches?, Jáder Sampaio, Brasil

É desnecessário argumentar em favor da filantropia e da caridade no movimento espírita brasileiro. A obra kardequiana defende, seguida por diversas contribuições de autores e médiuns brasileiros, a caridade como valor e a filantropia como dever. De uma forma muito pessoal e individual, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” é um convite de muitas faces para que o homem de bem, e não apenas o espírita, atenda a exortações como:

Encontra satisfações nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.” (KARDEC, 1978a, p. 285)

Uma vez aceito o imperativo ético da prática da caridade, e aceita a distinção entre caridade moral e material, como o faz Kardec na mesma obra, não é inusitado aceitar que as instituições espíritas organizem serviços capazes de atender às necessidades sociais, no limite de suas capacidades. O próprio Kardec propôs a manutenção de instituições como um dispensário, onde se realizariam consultas médicas gratuitas, uma caixa de socorros e um asilo, a serem mantidos com recursos da Comissão Central do Espiritismo, em seu conhecido Projeto de 1868. (KARDEC, 1978b)

Há que se distinguir a manutenção de instituições do imperativo da caridade. O espírita (pessoa) não precisa de uma instituição mantida por seu centro espírita para a realização de uma ação social beneficente. Ele pode juntar esforços a diversas iniciativas sociais mantidas pelo Estado ou por organizações sérias sem fins lucrativos. Da época de Kardec aos nossos dias, cada vez mais os Estados têm trazido para si a responsabilidade de fornecer serviços considerados necessários à população. Educação, saúde, proteção alimentar, entre outras ações, estão cada vez mais presentes nas agendas de governos, das mais diversas orientações políticas. Salamon (1998) defende, com números, que nas últimas décadas o número de organizações sem fins lucrativos, constituintes do chamado Terceiro Setor, têm crescido intensamente em todo o planeta. O movimento espírita não pode se furtar a refletir sobre as mudanças na sociedade e sobre o seu papel. Diante destas mudanças, é muito oportuna a questão que o Carlos Iglesia* solicitou que se discutisse melhor: devem os centros espíritas manter creches?

Antes de tratar da questão das creches, devemos pensar em uma área que sofreu uma transformação mais intensa em nosso país, as ações de saúde. Seja pelo avanço da medicina e da tecnologia médica, seja pela evolução das políticas públicas de saúde, hoje, de uma forma geral, temos nos grandes centros urbanos um serviço de atendimento médico disseminado e articulado. O Sistema Único de Saúde (SUS) possibilitou a criação centros de saúde com corpo médico de generalistas e alguns especialistas, serviços de enfermagem, farmácia, campanhas de vacinação, odontologia, psiquiatria, psicologia, entre outros serviços, integrados a hospitais generalistas e de especialidades. Na última década os governos federais têm incentivado o Programa de Saúde da Família, no qual uma equipe de saúde visita residências e passa a acompanhar pacientes cujo cotidiano era desconhecido ao médico, que só os via no posto de saúde, e a atender pacientes que eram mal atendidos pelo sistema anterior pelas dificuldades de locomoção aos postos de saúde.

Respeitadas as diferenças entre regiões no Brasil e as exceções, um dispensário com um médico fazendo consultas gratuitas, é uma organização de qualidade inferior à que é oferecida pelo Estado (o que não acontecia à época de Kardec). Sem poder pedir exames que o auxiliem a fazer diagnóstico, sem poder encaminhar para hospitais de alta complexidade, sem poder contar com o apoio de uma equipe de profissionais da saúde, o seu trabalho, em que se pese a boa vontade e a disposição de ajudar o próximo, será de qualidade inferior ao que é oferecido pelos órgãos de Estado. Não é exagero dizer que esta instituição, nas condições acima indicadas, atende mais a necessidade do voluntário em prestar o serviço que a do atendido. A conseqüência da melhora dos serviços do Estado é que a exigência para a atuação neste espaço aumenta.

O que têm feito os centros espíritas que estão atentos às mudanças no cenário social? Quando já têm uma estrutura de saúde montada, vão migrando seus serviços para os espaços mal cobertos pelos órgãos de Estado ou vão aumentando a complexidade de suas ações. As farmácias ligadas aos centros espíritas trabalham com medicamentos que não são facilmente encontrados nos postos de saúde. Os serviços de odontologia vão fazer procedimentos cujo custo torna proibitivos aos postos de saúde. Os voluntários da área de saúde realizariam trabalhos que não estão disponíveis nos postos de saúde. Esta é uma forma inteligente de integração à rede de proteção social que o Estado e as organizações da sociedade formam.

Outra ação conhecida pelo movimento espírita brasileiro foi a constituição de Hospitais Psiquiátricos Espíritas em diversos lugares do Brasil. Possivelmente, esta iniciativa tem como motivo a preocupação do movimento espírita na distinção entre doença mental e mediunidade, mas não se reduz a isto, uma vez que são espaços de prática de uma especialidade médica e de profissionais da saúde mental. Estes hospitais vieram incorporando as modificações na Psiquiatria, as ações multidisciplinares e se adaptaram a muitas das justas exigências do movimento de luta antimanicomial e às disposições governamentais. Estas instituições espíritas romperam o isolamento e têm realizado encontros entre seus profissionais, têm promovido eventos e têm trocado experiências. Este, talvez, seja um dos projetos mais bem sucedidos das Associações Médico-Espíritas que se fundaram nos últimos anos em nosso país.

Da mesma forma que a saúde, a educação também mudou. A nova lei de Diretrizes e Bases atribuiu precariamente às prefeituras a obrigação de manter instituições pré-escolares. O Estado Brasileiro começou a destinar recursos e a pensar políticas para um segmento até então marginal às agendas públicas. Um movimento semelhante ao da saúde está acontecendo com a chamada educação infantil.

Os centros espíritas devem, então, manter creches? Penso que sim, desde que consigam fazê-lo com qualidade e mantidas as suas diretrizes.

Inicialmente, a obrigação das prefeituras ainda é relativa. A legislação atribui a educação infantil às prefeituras, mas prioriza o repasse de recursos ao ensino fundamental, ou seja, deixa uma brecha para os prefeitos justificarem a falta de fornecimento deste serviço à população. Muitos segmentos do tecido social ainda não tiveram atendidas as suas necessidades de cuidados para as crianças em idade pré-escolar. São recorrentes os casos de visitas a favelas nos quais se encontram crianças na segunda infância tendo que tomar conta de recém-nascidos e de seus irmãos menores, em nossa capital mineira. Além disto, muitas creches da rede de educação infantil não são mais que um espaço de cuidados à criança.

Em segundo lugar, da mesma forma que os hospitais espíritas têm envidado esforços para fornecer um atendimento diferenciado aos seus clientes, as creches espíritas podem dar uma educação e cuidados superiores aos seus pequenos clientes e às suas famílias. Ao lado do espaço de atuação voluntária (que deve ser conseqüente e inteligente), a integridade das instituições espíritas é um diferencial importante, em se tratando de aporte de recursos públicos ou de parceiros da iniciativa privada.

Um terceiro argumento é a necessidade dos centros espíritas manterem ações sociais conseqüentes, que possibilitem o engajamento não só de seus participantes, mas das comunidades como um todo. A finalidade maior é, nestes tempos de desigualdade social e dissolução do tecido social, além de possibilitar a integração dos espíritas em ações de impacto social, mostrar à sociedade que existem comunidades íntegras, capazes de incentivar as pessoas a darem uma contribuição pessoal pela melhoria de nossa sociedade, independente de sua posição religiosa.

Os centros espíritas devem ter atenção com o zelo pela humanização do cuidado infantil e evitar que a profissionalização de muitos dos espaços transformem as creches em uma espécie de anexo, um lugar no qual não se reconhece a ação de homens de bem, mas apenas um espaço burocrático de atuação técnica.

Para concluir, recordei-me de um comentário feito em um livro inusitado e quase esquecido pela grande maioria dos espíritas do nosso tempo, escrito pelo espírita argentino Humberto Mariotti. Ele afirma que se “o Espiritismo permanecesse à margem da questão social, adotaria um critério evasivo perante as grandes coletividades humanas que sofrem, esperando sua definitiva redenção”. (MARIOTTI, 1983, p. 106)


KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 76 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978a. KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 17 ed. Rio de Janeiro: FEB,

1978b.
MARIOTTI, Humberto. Parapsicologia e Materialismo Histórico. São Paulo: EDICEL, 1983. SALAMON, Lester. A emergência do Terceiro Setor: uma revolução associativa global. Revista de Administração. São Paulo, v. 33, n. 1, p. 5-11, jan/mar 1998.

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* O Jáder se refere a uma troca de idéias que tivemos a respeito de um artigo que escreveu sobre a forma de viabilizar as creches. Este artigo será publicado no próximo boletim.


Índice

Ciência Espírita - reflexões filosóficas, Nubor Orlando Facure, Brasil


Religião – milagres, profecias, prodígios e dogmas irracionais.

Na condenação de Galileu, ele foi obrigado a refugiar-se em sua própria casa e renunciar aos princípios científicos que divulgava. A Igreja da época estava dando o recado de que não suportaria a perversão dos fundamentos aristotélicos que ela adotava. O sistema do mundo criado por Deus correspondia ao que Aristóteles e Ptolomeu haviam decifrado. Deus como Ser supremo e onipotente, criou e pôs o mundo em movimento e, desde então, tudo funciona com perfeição e harmonia, com ou sem a sua presença. Ele estabeleceu a ordem para o Universo e nada pode mudá-la. As estrelas que estão fixadas e imóveis nas abóbadas do firmamento, são formadas de uma substância divina diferente da que existe no mundo sublunar. A Terra ocupa o centro do Universo e o Sol, que vai de um extremo ao outro do horizonte, serve de lâmpada que ilumina o céu. Tudo que é perfeito e escapa ao entendimento humano é obra de Deus. O círculo é tido como figura perfeita impondo aos planetas uma órbita circular nas suas trajetórias em volta do Sol. Não há qualquer ligação entre a vida do homem e a dos animais, eles fazem parte da criação para povoarem o mundo. O Homem conhecido na época era o homem branco, criado no paraíso, de onde foi expulso por ceder à tentação do sexo. Condenado a viver na Terra, terá de seguir os mandamentos da Lei de Deus que só a Igreja é competente para revelar, podendo ser salvo ou condenado a penas eternas conforme sua submissão. Como doutrina que esclarece o início e o fim do Homem, a Religião da época era um sistema acabado, pronto e que não admitiria mudanças desnecessárias. Seu conteúdo era completo e suficiente para consolar e aliviar nossas dores, ensinar a tolerância aos nossos sofrimentos, justificar a incoerência aparente da Justiça divina e garantir a salvação para os fiéis submissos aos seus sacerdotes. As desigualdades também ocorrem por obra e vontade de Deus e não nos compete desafia-Lo em seus desígnios.

Conseguindo “explicar” os mistérios do mundo e da vida, as concepções religiosas desempenhavam um papel superior ao da ciência iniciante da época. A religião fornece segurança, conforta no sofrimento, alivia nossos medos, faz troca com nossos “pecados” e assegura a esperança numa vida futura, onde conseguiremos obter o que a Terra não nos privilegiou.

Ciência – o estatuto do conhecimento verdadeiro, racionalidade, indeterminação, pensamento livre para criar a sua verdade.


Galileu usa o raciocínio matemático para comprovar as tese de Copérnico deslocando o Sol para o centro e colocando a Terra no cortejo dos planetas ao seu redor. Num mundo tido como regular e perfeito ele descobre as irregularidades da superfície lunar onde viu suas crateras. Num sistema imutável ele acrescentou luas a Júpiter que não foram descritas por Aristóteles.
 
O alicerce da Igreja viu-se abalado por novas descobertas que sucederam rápidas. Ticho Brahe testemunhou por dois meses a passagem de uma estrela nova no firmamento que a Igreja supunha fixo e invariável. Johanes Kepler comprovou matematicamente que as órbitas dos planetas são elípticas e não círculos perfeitos como se supunha. René Descartes construiu um sistema filosófico que permitiria separar o corpo da Alma e André Vessálius inaugurou o estudo da anatomia humana num corpo que lhe parecia comportar-se como uma máquina, capaz de mover-se com músculos sem a ajuda do espírito.

Mais tarde, Isaac Newton identificou a “força atrativa” que mantém os astros em suas órbitas, que movimenta as águas dos oceanos no sobe e desce das marés e provoca a queda os corpos.

Gradativamente as forças imateriais que produziam o movimento e a ordem do Universo foram reconhecidas como forças da gravidade. As Leis divinas que mantém a regularidade dos fenômenos físicos foram substituídas por princípios matemáticos. Os mistérios que sustentam a vida foram compreendidos como combustão do oxigênio, fermentação dos alimentos ou metabolismo celular. Os “espíritos animais” que transitam pelo corpo humano produzindo seus reflexos e movimentos, foram identificados quimicamente como neuro-transmissores. A regularidade dos acontecimentos foi violada pelo princípio da incerteza. O determinismo linear de uma causa para cada efeito foi abalado pela casualidade circular em que o padrão de resposta determina a intensidade da causa.


O paradoxo “ciência como religião” – dogmas, rituais, hierarquia, o sagrado e o profano

Historicamente a Religião tem base na tradição cultural dos seus seguidores. Seu conteúdo, que orienta o comportamento dos fiéis, está redigido em textos sagrados que persistem inalterados por séculos. A linguagem ai empregada é quase sempre simbólica permitindo interpretações conflitantes. Daí a importância do sacerdote e do sistema de hierarquia que os classifica. Entre esses sacerdotes são distribuídas as regalias materiais e o poder divino que os pressupõem representantes de Deus na Terra.

Por outro lado, a construção do saber produzido pela ciência é uma conquista do esforço individual ou de um grupo de pesquisadores. Seus textos, embora redigidos em linguagem técnica, procuram ser o mais claro possível para compreensão dos interessados. A verdade é procurada exaustivamente pela observação ou pela experimentação. Textos escritos ou opiniões pronunciadas por personalidades hierarquicamente destacadas, têm importância relativa e, para serem aceitas, precisarão submeter-se a comprovação realizadas por experimentadores independentes. O conhecimento cientifico tem duração relativamente curta, costuma se reunir em um conjunto de proposições teóricas que constituem um paradigma e, de tempos em tempos, os cientistas envolvem-se na tentativa de proporem novos e mais adequados paradigmas.

A Ciência não deixou de ocupar-se, também, com dilemas que sempre estiveram sob o domínio das religiões. Ela tem, a seu modo, uma proposta para a origem do Universo e da vida na Terra. É apropriado para a Ciência pesquisar o mecanismo que desencadeia os fenômenos e como eles acontecem, mais do que tentar explicar porque eles acontecem. Ela se ocupa minuciosamente com a causa da dor e muito pouco com o porquê do sofrimento humano. A opção da Ciência é esclarecer, mais do que consolar.

Já é aceito por todos que para fazer ciência é preciso adotar o método científico. Classicamente a pesquisa precisa estar enquadrada na liturgia do método. Usa-se a dedução ou a indução; a observação ou a experimentação. Os fenômenos estudados fornecem os elementos que, aplicados a raciocínios matemáticos, fornecem o valor da verdade descoberta.

Algumas proposições científicas já estão de tal forma comprovadas e aceitas que deverão ter a duração eterna das verdades sagradas das religiões - a gravidade existe como força de atração em todo universo - a energia tem valor inviolável, ela se transforma, mas não se cria nem se perde – o calor tende a se dispersar, assim como toda energia do universo onde a tendência é o caos - a luz é um fenômeno eletromagnético - a matéria visível em todo universo é da mesma natureza da matéria existente na Terra - as moléculas de todas as substâncias estão em constante movimento - a variedade das espécies se deve a evolução pela seleção natural.

A Ciência Espírita - Fundamentos teóricos, controle experimental, filosofia espiritualista e conteúdo moral.

O texto da doutrina espírita teve início com as revelações transmitidas por Espíritos desencarnados de natureza superior, com o propósito de esclarecerem e orientarem a humanidade.

Os objetos de estudo da doutrina espírita incluem o mundo espiritual, os seres que o habitam, suas relações com o mundo material e as conseqüências dessa relação.

Para o espiritismo, a grandiosidade do Universo e as leis inteligentes que o governam são provas suficientes para comprovarem a existência de Deus.
 

Deus é criador de tudo que existe e sua criação é incessante. Na situação evolutiva em que se encontra a humanidade, ainda não temos condições de compreender a origem do Universo e da vida na Terra. O que se tem como certo é que Deus sempre criou e sempre continuará criando.

Existem dois elementos fundamentais no Universo, o espiritual e o material. O elemento espiritual tem início como “princípio inteligente”. Essa “centelha espiritual” transita do mundo espiritual ao mundo material ocupando corpos que lhe permite evoluir na escala da vida inteligente na Terra. O Universo é preenchido por um “fluido” de natureza sutil, com propriedades que ainda escapam ao nosso entendimento. É dele que se origina toda matéria conhecida. As propriedades das substâncias só existem em função desse fluido e pela sua atuação, essas propriedades podem sofrer as mais diversas alterações. A acidez ou a alcalinidade é dada pela presença desse fluido e por sua atuação um copo de água pode curar ou produzir malefícios.

Existe um propósito divino na criação. Estamos todos destinados a caminhar pela extensa fieira das existências, na Terra ou em outros mundos, buscando a condição de espíritos angélicos que um dia atingiremos.

Deus atua através de Leis que a inteligência humana irá gradativamente descobrindo. Estamos todos mergulhados no pensamento de Deus e nada que ocorre no Universo escapa ao seu consentimento. Somos livres para agir e obrigados a arcar com as conseqüências dos nossos atos. Cada um é responsável pelo seu próprio destino. As Leis morais são pressentidas pela consciência de todos nós e à medida que a humanidade avançar na sua evolução o Homem será cada vez mais consciente da aplicação dessas Leis.

O mundo espiritual está permanentemente em íntimo contato com o mundo material. Um e outro processam trocas fluídicas entre si e exercem influência um sobre o outro. Essa interferência recíproca é tão intensa que não há como permanecer sem sua convivência. Uma multidão de espíritos desencarnados transita com cumplicidade em todos ambientes da Terra. Eles nos acompanham e nós os atraímos compartilhando com eles nossa intimidade. Os pensamentos que frequentemente temos como sendo nossos, são, muitas vezes, o pensamento deles. Dentro das Leis divinas está estabelecido que atraímos para nossa companhia aqueles com quem sintonizamos nossos propósitos. O bem atrai os bons e o mal conviverá com a ignorância.

Por envolver o mundo espiritual e os Espíritos que aí habitam, não temos controle da comunicação espiritual e os métodos da ciência humana, seu sistema de controle e experimentação, não se aplicam à ciência do Espírito. Entretanto, alguns homens têm em sua constituição uma disposição especial que lhes permite entrar em contato lúcido com os espíritos desencarnados. Trata-se do fenômeno da mediunidade que se registra em todos os povos e em todas as épocas da humanidade. A mediunidade é o grande campo de experimentação em que a doutrina espírita apóia-se para revelação e comprovação dos seus postulados. A expectativa futura é de que no decorrer dos séculos todos os homens possam estar conscientes do seu intercâmbio com o mundo espiritual. Os fenômenos mediúnicos explicam uma série de ocorrências frequentemente tidas como sobrenaturais ou produzidos por uma energia desconhecida. A transmissão do pensamento, a visão à distância, as premunições, a xenoglossia, a psicometria, a psicografia e a psicofonia são exemplos já bem estudados e esclarecidos pelo espiritismo.

Índice

HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita

(Compilação de datas siginificativas para o Movimento Espirita iniciada no Boletim 505)

Primeiro Capítulo

1795-1856 Prof. Rivail e sua Época

Lista de Eventos

1853

Brasil
Rio de Janeiro

Em 1853, historiador e homeopata Alexandre José de Melo Morais já tinha o seu grupo de estudo dos fenômenos que então invadiam todos os países, e ao qual frequentavam o Marquês de Olinda, o Visconde de Uberaba, o General Pinto e outros.

FILHO, 2006
FREITAS, 1965
REFORMADOR, 1954
WEGUELIN, 2005


Brasil
Rio de Janeiro

O interesse despertado pelas mesas girantes levou o ilustre magistrado, político e escritor Henrique Veloso de Oliveira, homem de vasta erudição e opulento tradutor, a publicar uma obra traduzida por ele com o título "O mistério da dança das mesas, desenvolvido e publicado por um católico". Registro deste livro consta do Dicionário Bibliográfico Português, pág. 189, tomo III, publicado em 1859.

WANTUIL, 1958

Europa


O fenômeno das mesas girantes causa sensação na Europa.  

WANTUIL, 1958
WANTUIL e THIESEN, 1979

Yorkshire, Inglaterra  

A vista de David Richmond, um Shaker vindo dos Estados Unidos, leva a criação de um grupo espiritualista em Yorkshire. 

DOYLE, 2003
 
4 de abril de 1853
Augsburg, Alemanha  

O número 94 da Gazeta de Augsburg publica um artigo de um médico, Dr. André, da cidade de Bremen sobre a primeira manifestação conhecida de mesas girantes na Alemanha. Personalidades da Universidade de Heidelberg se reúnem para analisar tais fenomenos e o interesse pelo fenômeno se espalha. O compositor Robert Schumman chegou a realizar experiências em sua própria casa.

Ainda durante o ano de 1853 foram publicados na Alemanha dois livros sobre o fenômeno:
  • "As mesas girantes: sessenta e quatro novas experiências físicas com indicação dos resultados obtidos", do professor de matemática e física do Seminário de Gota, o Sr. C. E. Hering, na qual conclui que a força atuante possuia propriedades opostas ao magnetismo.
  • o livro "Tischrucken und Tischkloppen: Eine Tatsache" (Mesas Girantes e Mesas Batedoras: Um Fato), da autoria de C. H. Schaünberg.  
WANTUIL, 1958 

4 de maio de 1853
Paris, França

O jornal Le Pay noticia a ocorrência de fenômenos espíritas na Alemanha.

BARRERA, 1983

18 de maio de 1853
Paris, França

O jornal La Patrie publica artigo com explicações de vários sábios sobre os fenômenos de mesas girantes.

BARRERA, 1983

20 de maio de 1853
Paris, França

O jornal La Patrie transcreve uma declaração de Corvisart y Castenau atribuindo o fenômeno das mesas girantes à imaginação.

BARRERA, 1983

10 de junho de 1853

Paris, França  

Os Espíritos indicam como utilizar o cesto em substituição a mesa girante como meio de comunicação: "Vá buscar no quarto ao lado a cestinha; prenda nela um lápis, coloque-a sobre o papel e ponha-lhe os dedos na borda". Tal fato está registrado no cápitulo "Introdução ao Estudo da Doutrina dos Espíritos" (O Livro dos Espíritos). Pela mesma época instruções semelhantes foram passadas pelos Espíritos na América e em diversos outros países.

WANTUIL, 1958
WANTUIL e THIESEN, 1979  

14 de junho de 1853
Rio de Janeiro, Brasil

O "Jornal do Comércio" publica a primeira noticia sobre mesas girantes no Brasil, segundo o correspondente do jornal em Berlim: "Não há neste momento uma reunião em Alemanha na qual não se fale da nova importação Americana - the moving table, e não se experimente mais de uma vez o fenômeno".  

WANTUIL, 1958

15 de julho de 1853
Ceará, Brasil

O jornal "O Cearense" noticia o fenômeno das mesas girantes, que então empolgavam a curiosidade pública na França.

REFORMADOR, 1954

26 de julho de 1853
Ceará, Brasil

O jornal "O Cearense" informa que os fenômenos de mesa girante também foram obtidos, apesar da incredulidade geral, em experiências feitas em Pernanbuco, Ceará. O articulista conclui sua informação com os versos:

    "Digam lá os sábios da Escritura
    Que segredos são estes da Natura."

REFORMADOR, 1954

2 de agosto de 1853
Ceará, Brasil

O jornal "O Cearense" transcreve trechos de periódicos europeus, como La Presse, La Patrie, o Correio de Lião, o Dunkerqueoze e as Folhas Litograficas, sobre o fenômeno das mesas girantes. Nesse artigo ele descreve as experiências realizadas em Fortaleza por pessoas mais ou menos conhecidas, das quais cita alguns nomes.

WANTUIL, 1958

26 de agosto de 1853
Ceará, Brasil

O jornal "O Cearense" publica artigo de seu correspondente no Rio de Janeiro, onde este descreve uma experiência com o fenômeno de mesas girantes que presenciou.

WANTUIL, 1958

24 de dezembro de 1853

Paris, França

O jornal "L 'Illustration" publica nota em que informa a colocação das mesas girantes no INDEX (relação de obras e assuntos condenados pela Igreja) pelos Bispos de Orleães e de Viviers.  

WANTUIL, 1958

Índice


Biografias

Barão de Vasconcellos
O Precursor de Kardec no Ceará

Luciano Klein Filho
(Publicado no site Portal do Espírito)

Segundo registram os anais da História do Espiritismo no Brasil, os primeiros livros sobre temática espiritista em nosso idioma, apareceram no Rio de Janeiro, nos idos de 1860, mercê do esforço do imigrante francês Casimir Lieutaud, autor da obra : “Os tempos são chegados” e “O Espiritismo na sua expressão mais simples”, tradução do professor Alexandre Canu, cujo nome só aparece na terceira edição, de 1862. Oficialmente, porém, o espiritismo na Pátria do Cruzeiro principiou, em 1865, graças ao labor heróico do jornalista Luís Olímpio Teles de Menezes que, na Bahia, organizou, nos moldes preconizados por Allan Kardec, o Grupo Espírita Familiar, a nossa primeira sociedade espírita.

Estudioso de história, há cinco anos direcionamos nossas pesquisas à recuperação da memória do espiritismo no Ceará. Nessas buscas, deparamo-nos com uma anotação do inolvidável Leopoldo Machado, constante do seu livro “A Caravana da Fraternidade”, em que ele faz menção a um registro de seu xará Leopoldo Cirne, ex-presidente da Federação Espírita Brasileira, no qual este afirma ser a terra de Bezerra de Menezes o local onde teria surgido a primeira organização espírita do Brasil. Confesso que achamos estranha tal informação, visto que, comprovadamente, o primeiro grupo espírita do nosso estado remonta à última década do século passado.

Mas, lembrando o velho ditado – onde há fumaça há fogo – questionamos a possibilidade de algum fato acontecido por estas plagas, em meados do século anterior, ter motivado a afirmação do venerando presidente da FEB. A conclusão a que chegamos foi a de que Leopoldo Cirne, referia-se, provavelmente, às experiências com mesas girantes ocorridas em Fortaleza, no ano de 1853, na residência do comerciante José Smith de Vasconcellos. Visto por este ângulo, teria certa razão o velho Leopoldo, não obstante a inadequação da palavra espírita para designar esse tipo de reunião. Ademais, os mais antigos experimentadores da mediunidade no Brasil foram os homeopatas Bento Mure (francês) e João Vicente Martins (português), aqui chegados, em 1840, que aplicavam passes em seus pacientes e falavam em Deus, Cristo e Caridade, quando efetuavam suas curas. Também, anteriormente, tem-se notícias de que José Bonifácio, o patriarca da nossa independência política, fora cultor da homeopatia e empreendera algumas experiências psíquicas. E, ainda, em 1844, o Marquês de Maricá publicou um livro com os primeiros ensinamentos de fundo espírita em nosso país.

Nessa seqüência de tempo, o grupo de estudos da fenomenologia espírita mais antigo que se tem notícia, foi liderado pelo historiador e homeopata Melo Morais, no Rio de Janeiro, em 1853, grupo este que teve entre outros integrantes o Marquês de Olinda e o Visconde de Uberaba.

Todavia, o jornal bissemanário de Fortaleza, “O Cearense”, fundado em 1846, trazia, por primeira vez, no seu número de 15 de julho de 1853, nota alusiva ao fenômeno das mesas girantes em ocorrência na França. No seu número de 26 de julho, do mesmo ano, o jornal, sob o título “Mesas dançantes”, escrevia : “Não é só na Alemanha, França, Pernambuco, etc., que se fazem experiências elétrico-magnéticas das tais mesas dançantes. – O Sr. José Smith de Vasconcellos fez, no domingo, uma experiência em sua casa, na presença de muitas pessoas, com uma mesa redonda, que depois de alguns minutos rodou pelo meio da sala, até que os experimentadores romperam a cadeia!! Neste momento presenciamos várias experiências desta”.

Noticiando novamente o insólito fenômeno, “O Cearense” de 2 de agosto de 1853, descreve outras reuniões similares na residência de José Smith de Vasconcellos, na qual se fizeram presentes figuras conspícuas da sociedade alencariana, destacando-se, além da esposa de José Smith, os senhores Antônio Paes da Cunha Mamede (um dos primeiros homeopatas do Ceará), Antônio Eugênio da Fonseca, Antônio Joaquim Barros, Manoel Caetano Spínola (professor do Liceu do Ceará), o Vigário Alencar, o Dr. Castro e Silva , entre outros.

Durante algum tempo coletamos, com dificuldades, informações para a composição da biografia de José Smith de Vasconcellos. Os dados não eram substanciosos e faltava uma fotografia. Mas, há um mês encontramos, “acidentalmente”, na biblioteca do Colégio Militar de Fortaleza, pistas que nos permitiram chegar a uma fotografia dele e mais dados para a conclusão de sua biografia, divulgada agora, em primeira mão, através de “Gazeta Espírita”.

José Smith de Vasconcellos nasceu em Lisboa, Portugal, a 10 de dezembro de 1817, sendo seus pais o Conselheiro José Inácio Paes Pinto de Souza e Vasconcellos e Mary Martha Tustin Smith, natural de Worcester, Inglaterra.

Veio para Fortaleza, a 13 de novembro de 1831, para se dedicar à carreira comercial, provavelmente em conseqüência das convulsões políticas de Portugal, nas quais seus irmãos militaram. Com a alcunha de José Barateiro destacou-se no comércio local com uma grande casa “de luxo e distinção”, que se destinava, também, ao comércio direto com o exterior, principalmente para a Inglaterra, Hamburgo e Estados Unidos, onde tinha valiosas relações.

Em 15 de setembro de 1837, casou-se na Matriz de Nossa Senhora da Assunção e São José de Ribamar, em Fortaleza, com Francisca Carolina Mendes da Cruz Guimarães, natural de Canindé, Ceará. Dessa união nasceram os filhos : Rodolpho, Leopoldo e Alfredo.

Homem de grande coração, foi um dos fundadores e provedor da nossa Santa Casa de Misericórdia. Abolicionista, propiciou a liberdade de muitos de seus escravos, 20 anos antes da promulgação da Lei Áurea, tendo, entretanto, a preocupação e sensibilidade para com os escravos alforriados, conforme podemos constatar em trecho de uma correspondência sua de Liverpool, datada de 22 de junho de 1868, endereçada ao Senador Tomás Pompeu , em Fortaleza: “(...) Tenho dado a liberdade a 3 escravos, e no vapor passado mandei libertar mais um; e não faço o mesmo com o resto, uns por serem velhos a quem a liberdade seria uma calamidade, e outros por demasiadamente moços – entretanto como não sou político, não só isto como o mais que fiz, nunca mereceu a menor atenção do Governo Imperial(...)”.

Exerceu, no Ceará, os cargos de vice-cônsul da Suécia e Noruega, da Cidade Livre de Hamburgo e o de Agente Consular da República dos Estados Unidos da América do Norte. Recebeu os títulos de Comendador da Imperial Ordem de Cristo de Portugal (1870), Fidalgo Cavaleiro da Casa Real Portuguesa (1874), Comendador da Imperial Ordem de Cristo do Brasil e da Imperial Ordem da Rosa do Brasil (1883). Em 1869, foi agraciado pelo rei Luiz I, de Portugal, com o título de 1.º Barão de Vasconcellos.

Posteriormente transferiu-se para a Inglaterra, onde administrou uma casa de exportação em Liverpool, com sucursal em Fortaleza. Fracassando seu comércio, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde serviu em alguns bancos.

Apesar da vida abastada que levou, o precursor de Kardec no Ceará levou seus últimos dias empobrecido e doente sobre um leito. Desencarnou a 8 de outubro de 1903, no Rio de Janeiro, aos 85 anos.


FILHO, 2006

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Referências Bibliográficas


BARRERA, F. BIBLIOGRAFIA ESPIRITISTA DEL S. XIX. Buenos Aires: Ediciones Vida Infinita, 1983.

DOYLE, A. C. The History of Spiritualism - Vol I. Australia: Projeto Guttemberg, 2003. Disponível em: http://gutenberg.net.au/ebooks03/0301051.txt


FILHO, L. K. Barão de Vasconcellos. In: Portal do Espírito. Disponível em: <http://www.espirito.org.br/portal/biografias/barao-de-vasconcellos.html>. Acesso em 25 de julho de 2006.

FREITAS, A. W de. Primeira Sociedade Espírita no Brasil. Revista Reformador. Rio de Janeiro: FEB, setembro de 1965. (
In: Universo Espírita. Disponível em http://www.universoespirita.org.br/periodicos na integra/reformador/Reformador - setembro 1965/primeira_sociedade_espirita.htm. Acesso em 25 de julho de 2006).

REFORMADOR. Alguns Dados Cronológicos do Movimento Espírita. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, janeiro de 1954.

WANTUIL, Z. As Mesas Girantes e o Espiritismo. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1958.

WANTUIL, Z.; THIESEN, F. Allan Kardec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1979.

WEGUELIN, J. M. Papéis Velhos e Histórias de Luz. Boletim GEAE 503. In: GEAE. Disponível em: <http://www.geae.inf.br/pt/boletins/geae503.html>. Acesso em 25 de julho de 2006. Edição de 30 de novembro de 2005.

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 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS


Estudos sobre Mediunidade, Mauricio Mendonça, Brasil

Caros Editores,

A propósito da pergunta do participante Gustavo na edição 511 sobre "pesquisas em mediunidade" solicito que lhe seja repassada a informação abaixo. Caso os senhores considerem pertinente essa informação pode constar no material da proxima edição do informativo.

Antecipadamente Grato
Mauricio Mendonça

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O IPCE, fundado em 12/05/2005 é um Instituto de pesquisa experimental com objetivos de ensino, pesquisa e experimentação.  A iniciativa para sua criação partiu de um pequeno grupo de amigos desejosos de estudar cientificamente os fenômenos espiritas e  por não ter encontrado outro grupo na cidade com essa característica,  resolveram criar o seu próprio grupo.
 
O IPCE tem como objetivos específicos desenvolver estudos teóricos no âmbito da Ciência Espírita;  promover programas de pesquisas experimentais dentro do escopo dessa ciência; promover encontros, seminários e congressos na área;  divulgar o aspecto cientifico no movimento espírita;  incentivar a realização de estudos e pesquisas no movimento; apresentar à comunidades cientifica e interessados o aspecto cientifico das pesquisas da sobrevivência; além de manter um site e uma lista de discussão na Internet sobre o tema.  Nosso grande objetivo entretanto é produzir algum tipo de pesquisa que contribua para demostrar que o espiritismo é científico, aproximando-o às outras disciplinas do conhecimento humano. Sabemos que é uma empreitada difícil e ambiciosa, mas já ficaremos parcialmente satisfeitos se conseguirmos atingir as metas mais simples.

O IPCE e seus membros devem seguir estritamente a moderna metodologia cientifica, sem acepção dogmática de nenhuma espécie, para tanto deverá admitirá como base para seus estudos e experimentações os seguintes princípios básicos: A existência de Deus; a existência, sobrevivência e comunicabilidade da alma; O fenômeno da reencarnação; a lei de ação e reação; e a evolução dos seres vivos. Princípios esses adotados de acordo com o modelo de um programa de pesquisa nos moldes proposto pelo filósofo da ciencia Inre Lakatos.
 
O Instituto será composto de: Membros titulares, membros livres e membros virtuais. Ele pode conferir o título de membro honorário às pessoas que por sua posição ou seus trabalhos possam lhe prestar serviços relevantes. Este título terá validade durante os mandatos da diretoria vigente que concedeu o título. O Instituto admite pessoas independentemente de sua opção religiosa ou filosófica, desde que se submeta as normas estabelecidas no seu estatuto.

Nesse primeiro ano, além das reuniões presenciais mantivemos um site na internet e um grupo de discursão virtual com mais de 90 participantes. Para 2006 pretendemos realizar as seguintes atividades:
  • Reuniões presenciais semanais (Fortaleza, Ce) para estudos e experimentações;
  • Divulgação de artigos atuais referentes a questão da pesquisa da sobrevivência;
  • Manutenção do Site e  da Lista de dicursão de espiritismo cientifico;
  • Publicação de um jornal bimestral sobre as pesquisas da sobrevivência da alma;
  • Realização de um seminário anual sobre o Tema.
Mauricio Mendonca
Coordenador Geral
 
www.ipce.e1.com.br
espiritismo-cientifico@googlegroups.com (fórum virtual)
mauricio.jrm@gmail.com (Contatos)

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° PAINEL


Congresso Médico-Espírita dos Estados Unidos


TEMA:  INTERCONECTANDO MEDICINA E ESPIRITUALIDADE

Washington, DC, 7 e 8 de outubro de 2006

SÁBADO, 7 DE OUTUBRO DE 2006

9:00 – 12:00h

A Espiritualidade no Cuidado com o Paciente
Harold Koening, MD

12:00 – 13:00h

Almoço

13:00 – 13:40h

O Paradigma Médico-Espírita
Marlene Nobre, MD

13:40 – 14:30h

Por que Tenho Medo de Sofrer? Buscando a Alma na Psiquiatria
Andrew Powell, MA, MB.Bchir, MCRP, FRCPsych

14:30 – 15:30h

Doenças Mentais na Abordagem Médico-Espírita
Roberto Lúcio Vieira de Souza, MD

15:30 – 16:10h

Espiritualidade e sua Associação com Doenças Cardiovasculares
Álvaro Avezum, MD

16:10 – 17:20h

O Impacto da Reencarnação na Mudança de Paradigma
Décio Iandoli Jr., MD

17:20 – 18:00h

Fenomenologia Orgânica e Psíquica da Mediunidade
Sérgio Felipe de Oliveira, MD

DOMINGO, 8 DE OUTUBRO DE 2006

9:00 – 11:00h

Experiências de Quase Morte e
Onde Deus Mora (Áreas do Cérebro como Interface Biológica com um Universo Interconectado)
Melvin Morse, MD

11:10 – 12:00h

Obsessão, Desobsessão e Integração da Alma
Andrew Powell, MA, MB.Bchir, MCRP, FRCPsych

12:00 – 13:00h

Almoço

13:00 – 13:40h

Perdão e Reconciliação
Alberto Almeida, MD

13:40 – 14:20h

Fisiologia Tridimensional
Décio Iandoli Jr., MD

14:20 – 15:20h

Universidade e Espiritualidade no 3º Milênio
Sérgio Felipe de Oliveira, MD

15:20 – 16:00h

As Múltiplas Faces da Depressão
Roberto Lúcio Vieira de Souza, MD

16:00 – 16:40h

Evidências Científicas da Eficácia da Prece
Álvaro Avezum, MD

16:40 – 17:20h

Evidências Científicas da Vida após a Morte – Pesquisa sobre Mediunidade
Marlene Nobre, MD

17:20 – 18:00h

O Amor e seu Poder de Cura
Alberto Almeida, MD

Este programa poderá sofrer alterações sem aviso prévio por motivos de força maior
 
www.amebrasil.org.br
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R W - Viagens e Turismo e Eventos Ltda.

Tel. 11-3667-3506/ 3661-3026 - Fax. 3825-1562
E-Mail =
rwturismo@rwturismo.com.br
www.rwturismo.com.br
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Allan Kardec San Diego Study Group, Luiza Marques, EUA

Dear Friends,
 
I would like to inform that Allan Kardec San Diego Study Group has changed the address to: 1281 University Avenue, Suite G, San Diego, California 92103

Our email address is: sandiegostudygroup@hotmail.com
Our website is: www.allankardecsandiego.org
Contact: Luiza Marques
858-278-4839

We have meetings in Portuguese on Mondays from 7:30 pm to 8:30 pm
Please call and let us know if you are interested in participating.
 
____________________

Caros Amigos,

Eu gostaria de informar que o Grupo de Estudos Allan Kardec de San Diego mudou de endereço para "1281 University Avenue, Suite G, San Diego, California". Nosso endereço de e-mail é sandiegostudygroup@hotmail.com e nosso website é www.allankardecsandiego.org

Contato: Luiza Marques, 858-278-4839

Nós temos reuniões em Português nas segundas feiras das 19:30 as 20:30. Por favor entre em contato conosco e nos informe caso tenha interesse em participar.

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Spiritist Society of Baltimore, SSB Family, EUA

Dear Friend,
 
This e-mail is to let you know that the SSB mailing address has changed. Here goes the new mailing address:
 
Spiritist Society of Baltimore
115 S. High Street
Baltimore, MD 21202
 
PLEASE NOTE THAT OUR MEETINGS ADDRESS IS THE FOLLOWING:
 
1300 York Rd. Building C, Suite 3000
Lutherville, MD 21093.
 
To check on the Spiritist Society of Baltimore activities please visit our website at www.ssbaltimore.org

Fraternally,
SSB family

____________________

Caro Amigo,

Este e-mail é para informá-lo que o endereço de correspondência da Sociedade Espírita de Baltimore mudou. O novo endereço é:

Spiritist Society of Baltimore
115 S. High Street
Baltimore, MD 21202

Por favor, note que o endereço para as reuniões é o seguinte:

1300 York Rd. Building C, Suite 3000
Lutherville, MD 21093.
 
Fraternalmente,
A Família SSB

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USE comemora 59 anos com Concerto da Orquestra Jazz Sinfônica, Julia Nezu, Brasil

É uma festa da família espírita para toda a sociedade.  Você e sua família não podem faltar!


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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins