Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
http://www.geae.inf.br
Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 13 -
Número 491 - 2005
19 de abril
de 2005
Editorial
|
Mudanças
na vida cotidiana
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|
Artigos
|
Curso de Ciência e Espiritismo,
9ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil |
Complexidade
e Liberdade II,
Edgar Morin, França
|
Entre a
fé e o Amor, Milton R.
Medran Moreira - CEPA, Brasil |
|
História
& Pesquisa
|
Vidência
e Clarividência III,
Jáder dos Reis Sampaio, Brasil
|
|
Questões
e Comentários
|
Livre
Arbítrio e Perfeição, Marcelo Latini, Brasil
|
Assistência
a Espíritos Desencarnados, Ivan
Guimarães, Brasil
|
Pedido
de Sugestões para Estudos e Pesquisas, Carlos A. Primolam,
Brasil
|
|
Painel
|
GEAE
Lança Novo Projeto -
Estudos em Inglês da Doutrina Espírita, via Encontros
Virtuais Paltalk
|
Estudo Sistematizado da Doutrina
Espírita na UNICAMP - Universidade de Campinas
|
Mudanças na vida cotidiana
Amigos,
Nós que participamos do GEAE não estamos isentos
das atribulações normais da vida cotidiana, entre elas as
mudanças que periodicamente ocorrem na vida de todos.
Desencarnações de familiares e amigos, períodos de
transformações no serviço, problemas
temporários de saúde, compromissos sociais diversos e
tantas outras ocorrências naturais da vida neste mundo material.
Há mudanças que acabam transformando nosso dia-a-dia e
exigindo maior esforço e tempo na adaptação, com
impactos sobre as tarefas que executamos. É por isso que algumas
vezes não conseguimos manter a periodicidade correta dos
boletins e temos alguns atrasos nas edições. Mas,
graças a Deus, temos conseguido manter a continuidade do
trabalho editorial e - contando com a compreensão de todos os
amigos que conosco trocam experiências através do GEAE -
tocando adiante nossos estudos.
Um aspecto interessante das tarefas no GEAE é a forma como
elas acabam influenciando a forma como passamos pelas
transformações da vida. Ao
longo destes anos de estudo temos aprendido com os colegas mais
experientes a encarar a vida de forma mais abrangente, aprendemos que
as transformações são naturais, decorrentes da
nossa necessidade de burilamento. Situações que se
transformam em lições, levando-nos a entender diferentes
aspectos de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.
Nada neste mundo material é permanente, tudo está sujeito
a leis sábias que modificam os cenários com a finalidade
de forçar os atores a exercerem novas habilidades e serem mais
flexiveis na atuação. A impermanência do mundo
material, que atinge mesmo nosso próprio corpo fisico, que se
transforma incessantemente, força-nos a não nos
apegarmos a esta ou aquela circunstância, força-nos a
viver o que vier pela frente e a sermos senhores de nós mesmos
independentemente dos fatores externos. O espírito eterno
- que em essência todos nós somos - não pode e
não deve estar preso ao transitório, deve encontrar a
felicidade não no fato de possuir algo, ou estar em algum lugar
ou posição, mas sim em "ser".
E "ser" significa agir de forma a vivenciar a eternidade agora mesmo,
significa atuar de conformidade com os principios em que acreditamos,
significa fazer em cada instante de vida o melhor que pudermos dentro
do ponto de compreensão que já atingimos. O Espiritismo
é um caminho para atingir este equilibrio interior, não
é o único, existem outras filosofias e religiões
que vividas sinceramente levam aos mesmos resultados, mas ninguem pode
negar que é um dos mais coerentes e claros.
O Espiritismo é muito mais que uma ciência, pois
almeja além do saber, a interiorização do saber.
É
mais que uma filosofia, pois além de questionar a vida, almeja
transformar para melhor a própria vida, é mais que uma
religião, pois além de estabelecer uma
ligação do ser com o criador, almeja elevar o ser
até o criador.
Assim, amigos, existem mudanças na nossa vida cotidiana,
mudanças que encaradas da forma correta, pela perspectiva do ser
eterno, sempre somam algo de melhor a nós mesmos e aos que nos
cercam. E, longe de nos apegarmos aos cenários que se
vão, devemos nos adequar aos novos
cenários que a vida nos apresenta, sob a direção
extraordinária desta realidade maior a que chamamos de Deus.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Editor GEAE
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Curso
de Ciência e
Espiritismo, 9ª Aula,
Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil
1. FÍSICA
E ESPIRITISMO IV: FENÔMENOS
ESPÍRITAS: CLÁSSICOS
OU QUÂNTICOS ?
Na
aula anterior (
Boletim
490), apresentamos algumas características
dos fenômenos espíritas, especialmente, os fenômenos
mediúnicos inteligentes e de efeitos físicos.
Apresentamos, também, algumas propriedades dos fenômenos
quânticos que caracterizam o mundo microscópico.
Chamamos de C1, C2 e C3 as características relacionadas com a
quantização da troca de energia, dualidade
onda-partícula e não-localidade,
respectivamente. Pedimos aos leitores que leiam novamente a aula
anterior antes de prosseguir de modo a perceberem mais claramente os
argumentos que serão apresentados a seguir.
Tanto
a mediunidade de efeitos inteligentes quanto a de efeitos
físicos
não podem ser analisadas sob os aspectos relacionados às
características C1 e C2. Primeiramente porque eles são
macroscópicos, isto é, os volumes de
informação
nos efeitos inteligentes, e do objeto utilizado nos efeitos
físicos
são macroscópicos. Todos esses fenômenos envolvem
processos de trocas e interações fluídicas em
quantidades macroscópicas. Portanto, a característica
C1 é impossível de ser medida ou inferida pois não
temos como avaliar se as trocas fluídicas ocorrem de forma
quantizada ou em pacotes múltiplos de alguma quantidade
pequena (um quantum) nos fenômenos mediúnicos.
A
característica C2 também não pode ser avaliada
pois é impossível testar se esses fenômenos
possuem características duais com relação a
alguma propriedade ou característica qualquer. No caso da
matéria, os efeitos do tipo “onda” para objetos
macroscópicos são muitas ordens de grandeza menores do
que os efeitos do tipo “partícula” e, por isso, não
são percebidos. Mesmo que os fluidos em sua estrutura
íntima
possuam a característica C2 jamais poderemos sentí-la
nos fenômenos mediúnicos porque eles são
macroscópicos.
A
característica C3 (não-localidade) é aquela que
gera mais confusão entre nós. O aspecto “sutil”
relacionado com a C3, apresentado por alguns fenômenos
quânticos, tem chamado a atenção do Movimento
Espírita. Porém, como veremos adiante, os fenômenos
espíritas, de acordo com a Doutrina Espírita, não
são não-locais.
Primeiramente,
vamos analisar a questão 282 do Livro dos Espíritos
[1]. Segundo os espíritos, é através do Fluido
Universal que os espíritos se comunicam, ou seja, ele é
o veículo da transmissão do pensamento. Se existe um
veículo de transmissão para a informação,
então esse fenômeno é local e, portanto,
ocorre dentro de um intervalo de tempo e espaço. Por mais
rápido que seja o fluxo de idéias de um espírito
para o médium, ele não ocorre de forma instantânea.
Por mais sutil que seja o processo de comunicação
através do pensamento, ele se utiliza do fluido universal como
meio de propagação, “como,
para vós, o ar o é do som”(questão
282), que é uma característica de fenômeno
clássico local. O fenômeno não-local é
caracterizado por ocorrer sem o intermédio de nenhum meio ou
fluido.
Além
disso, o fenômeno de não-localidade que pode ocorrer
entre duas ou mais partes de um sistema quântico, jamais
poderá
ser usado como meio de transmissão de informação,
como as ondas eletromagnéticas são o meio de
transmissão de informação no telefone celular,
por exemplo. Desde que no fenômeno mediúnico inteligente
ou de efeitos físicos, alguma informação é
transmitida do desencarnado para um ou mais encarnados, então
esse fenômeno não ocorre por intermédio de um
processo não-local.
Ainda
a título de demonstração de que a
não-localidade
realmente não faz parte das explicações dadas
pelos espíritos, vejamos a seguinte questão do Livro
dos Espíritos [1]:
89.
Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?
“Sim,
mas fazem-no com a rapidez do pensamento.”
Essa
questão diz que por mais rápido sejam os
espíritos,
eles possuem velocidade finita, isto é, eles gastam algum
tempo para percorrer o espaço. Isso, portanto, é uma
característica de fenômeno local. O movimento dos
espíritos é um fenômeno local. Para ser um
fenômeno não-local é necessário que
o deslocamento ocorra de forma instantânea.
Agora,
vamos analisar a explicação dada pelo espírito
de Erasto para a mediunidade de transporte (ver aula anterior). Se
nenhum espírito pode trazer uma flor de um outro planeta por
causa da diferença de ambiente fluídico, então
isso significa que o espírito, nesse tipo de fenômeno,
precisa se deslocar até o local onde o objeto está
presente. Ele deve combinar seus fluidos com os fluidos
materializados e atuar sobre o objeto para então trazê-lo.
Isso é uma característica de fenômeno local.
A forma ou os mecanismos físicos pelos quais o fenômeno
ocorre são desconhecidos no momento. Talvez, esses mecanismos
envolvam propriedades quânticas da matéria física
densa e/ou da matéria fluídica, mas somos incapazes de
verificar isso com base somente na Doutrina Espírita ou mesmo
nos fenômenos em si. Em aulas futuras, falaremos sobre como
definir um projeto de pesquisa espírita apropriado para
investigar um problema como esse.
Nossa
conclusão, com base na Doutrina Espírita, é que
os fenômenos espíritas não são
quânticos e não podemos inferir se suas propriedades
decorrem de aspectos quânticos seja dos fluidos, seja da
matéria. Esses fenômenos são, simplesmente,
clássicos. Isso, nem de longe, compromete o valor do
Espiritismo tanto como doutrina quanto como disciplina
científica.
A título de informação, a Mecânica
Clássica ainda é muito utilizada no estudo de diversos
fenômenos naturais como, por exemplo, a vida. Sistemas
físicos
cujas dimensões são macroscópicas, como os seres
vivos, não podem ser estudados diretamente com a teoria
quântica pois ela é intratável
computacionalmente, nesses casos. Portanto, não existe nada de
vergonhoso em reconhecer que os fenômenos espíritas
são
explicados a partir de conceitos clássicos. Isso tem muito
mais valor científico do que a proposição e
repetição, sem compreensão, de afirmativas que
envolvam terminologias e/ou conceitos oriundos de teorias
quânticas
modernas. Se por um lado as pessoas em geral são incapazes de
avaliar essas afirmativas, as pessoas que possuem
formação
científica facilmente percebem os equívocos das mesmas
e podem se desinteressar do Espiritismo por causa de um engano.
É
importante frisar que assim como alguns fenômenos
macroscópicos
da matéria decorrem das propriedades quânticas da
estrutura microscópica da mesma, é perfeitamente
possível que algumas propriedades dos fluidos espirituais
decorram de propriedades de sua estrutura íntima. Isso é
bem diferente do que expomos aqui! Uma coisa é a
formulação
de uma teoria que explique o comportamento de um determinado tipo de
objeto em uma escala de tamanho macroscópica. Outra coisa,
é
buscar explicar as propriedades macroscópicas de um sistema em
termos das propriedades microscópicas das diversas partes que
compõem o mesmo. Segundo a história da ciência,
as teorias para a estrutura da matéria só vieram depois
das teorias clássicas. Portanto, é preciso que
trabalhemos primeiro em descortinar todas as propriedades
macroscópicas dos fluidos espirituais para então
buscarmos desenvolver alguma teoria para a estrutura
microscópica
que explique essas propriedades. Foi dessa forma que a ciência
chegou até a teoria quântica da matéria e
justamente o fato de explicar algumas propriedades macroscópicas
é que conferiu o valor sólido que a teoria quântica
apresenta.
André
Luiz, em Mecanismos da Mediunidade, tenta fazer uma analogia entre a
estrutura da matéria fluídica e os mecanismos dos
fenômenos mediúnicos. Mas, como veremos em aula futura,
as analogias de André Luiz não incluem a
consideração
de que os fenômenos mediúnicos são
não-locais.
Na
próxima aula, analisaremos a idéia de que Deus ou o
Espírito seria uma “função de onda”.
2.
PESQUISA SOBRE OS CRISTAIS DA ÁGUA: SEM VALOR
CIENTÍFICO (POR ENQUANTO)
Na
aula anterior comentamos sobre algumas pesquisas cujo valor
científico se revela pela forma de análise do assunto e
da qualidade da bibliografia utilizada.
Aqui,
vamos comentar um exemplo de trabalho espiritualista que ainda
não
possui respaldo científico. Se trata das pesquisas realizadas
pelo Dr. Massaru Emoto sobre a cristalização da
água
[3].
Segundo
Emoto [3], as vibrações absorvidas por uma amostra de
água podem ser verificadas através da forma de
cristalização das moléculas dessa amostra.
Pensamentos, sentimentos, músicas, cores, palavras, etc.
atuariam sobre a água, de acordo com o Dr. Emoto.
Através
de uma busca simples na internet podemos verificar que o nome do Dr.
Emoto é bastante conhecido junto a muitos grupos
espiritualistas (incluindo o Movimento Espírita) de todo o
mundo. Porém, o trabalho do Dr. Emoto ainda não é
conhecido, formalmente, pela comunidade científica. Já
explicamos em aulas anteriores a questão sobre a
comprovação
científica e a necessidade de divulgar a pesquisa
científica
através de artigos publicados em periódicos
científicos
que possuem o método de análise por pares.
Infelizmente, por enquanto, nenhuma parte do trabalho do Dr. Emoto
foi publicada em alguma revista científica. Ele apenas divulga
seu trabalho em homepages particulares e através de livros de
divulgação. Como vimos na aula 6 (
Boletim 488),
livros
de divulgação tem pouco valor como referência
científica. Por essas razões, o trabalho do Dr. Emoto
não pode ser considerado, ainda, como cientificamente
comprovado.
Podemos
acrescentar uma discussão realizada por nós sobre essa
pesquisa com a água [5]. A afirmativa do Dr. Emoto de que uma
palavra escrita no rótulo de um frasco com uma amostra de
água, influencia a forma de cristalização da
mesma, é ilógica e contrária à Doutrina
Espírita pois sabemos que são os espíritos os
agentes que agem sobre os fluidos direcionando-os para atuarem sobre
a matéria. Sabemos que a água é suscetível
de impregnar-se de fluidos presentes no ambiente ou direcionados a
ela por algum encarnado ou desencarnado. Mas dizer que basta escrever
uma palavra infeliz para que a água absorva fluidos negativos,
é confundir o efeito com a causa [5]. Esse é um
exemplo de pesquisa que ainda não possui respaldo
científico
e que apresenta conclusões doutrinárias equivocadas.
A
questão sobre a necessidade de qualquer trabalho de pesquisa
ser publicado em revista científica de circulação
nacional ou internacional, como passo inicial necessário para
uma comprovação ou aceitação
científica,
é uma idéia que precisa ser melhor esclarecida no meio
espírita. Isso pode ser facilmente confundido com a idéia
de préconceito, por parte da comunidade acadêmica, com
relação a determinados assuntos. Na aula 11,
discutiremos essa questão sob um ponto de vista
filosófico
e prático. Veremos como separar a idéia de
‘comprovação
científica’ válida para a sociedade como um todo, da
idéia de ‘característica científica’ válida
para a Doutrina Espírita. Isso é de suma
importância
para que nós saibamos nos colocar perante o Movimento
Espírita, a sociedade e a comunidade científica.
Referências
[1]
A. Kardec, O Livro dos Espíritos,
Editora FEB, 76a Edição (1995).
[2]
A. Kardec, O Livro dos Médiuns, Editora FEB, 62a
Edição, Rio de Janeiro (1996).
[3]
M. Emoto, The Message from Water, Vol. I, Ed. Hado
Kyoiku Sha, (1999).
[4]
http://www.hado.net
e
http://thank-water.net
[5]
A. F. da Fonseca, “Mensagem” dos cristais de água:
cientificamente NÃO comprovado!, Jornal Alavanca 489,
p. 3 (2004).
Retorno ao
Índice
Complexidade e
Liberdade II, Edgar Morin, França
Este
texto apareceu anteriormente na publicação de ensaios Thot,
da
Associação Palas Athena, São Paulo (no. 67, 1998,
pp. 12-19) e encontra-se disponível no endereço
http://www.geocities.com/pluriversu/complexi.html
O Pensamento Complexo
Desses
três desafios — a relação entre a ordem, a desordem
e a organização; a
questão da separabilidade ou a distinção entre
separabilidade e
não-separação; e o problema da lógica —
podem ser tiradas as três
vertentes do pensamento complexo. Discutir sem dividir: a palavra
complexus
retira daí seu primeiro sentido, ou seja, "o que é tecido
junto".
Pensar a complexidade é respeitar a tessitura comum, o complexo
que ela forma
para além de suas partes.
A
segunda linha fundamental é a imprevisibilidade. Um pensamento
complexo deve
ser capaz de não apenas religar, mas de adotar uma postura em
relação à
incerteza. As ciências físicas, que descobriram a
incerteza, encontraram
estratégias para lidar com ela, utilizando a estatística,
por exemplo. A
eletrônica permite alcançar resultados de grande
precisão, em termos de
conhecimento desse mundo flutuante. O pensamento capaz de lidar com a
incerteza
existe no domínio das ciências, mas não nos
âmbitos social, econômico,
psicológico e histórico.
O
terceiro ponto é a oposição da
racionalização fechada à racionalidade
aberta. A primeira pensa que é a razão que está a
serviço da lógica,
enquanto a segunda imagina o inverso. Racionalizar significa acreditar
que, se
um determinado sistema é coerente, é portanto perfeito e
por isso não
precisa ser verificado. Vivemos sob o império de idéias
racionalizadoras, que
não conseguem se dar conta do que acontece e privilegiam os
sistemas fechados,
coerentes e consistentes. A ciência econômica
contemporânea — formalizada e
matemática — é um magnífico exemplo de
racionalização. É inteiramente
fechada, não consegue perceber as paixões, a vida,
a carne dos seres
humanos. Por isso, é incapaz de fazer previsões quando
surgem eventos
inesperados. Mais ainda que no século de Moliére, os
Disfoirus triunfam.
O
desafio é hoje generalizado. falar da incerteza é falar
do caos. Emprego esse
termo em seu sentido original, e não no derivado das teorias
sobre o tema.
Trata-se, como no pensamento grego, da idéia de que o cosmos, ou
universo
ordenado, nasce do caos, isto é, que forças
genésicas extremamente violentas,
comportando potencialmente a ordem e a desordem indiferenciadas, podem
se
exprimir num determinado momento. Os gregos pensavam que a origem do
organizado,
ou racional, é a loucura. É o que sustenta
Platão, quando diz que diké,
a justiça, é filha de hubris, o
delírio. O caos é um pouco
daquilo que corresponde à palavra physis, isto é,
o mundo no qual
estamos e do qual as coisas nascem. Está continuamente presente
sob o cosmos,
ou — pouco importa — no interior dele. O Universo é caos. Isso
quer dizer
que forças de desordem, ordem e organização brotam
continuamente do seu seio,
o que dá origem à constituição de novas
estrelas, a colisões de galáxias
e, em nossa Terra, ao conflito de impulsos de barbárie e
associação.
De
acordo com a teoria do caos, processos deterministas por natureza
conduzem, com
grande rapidez, a estados imprevisíveis e aparentemente
desordenados. Por quê?
Porque as interações são incontroláveis e o
conhecimento total e absoluto
dos estados iniciais não nos é permitido. É uma
maneira de dizer que, mesmo
na ocorrência de um determinismo inicial, há
imprevisibilidade e desordem
aparentes. O que compreendeu Henri Atlan, o termodinâmico de
origem austríaca,
quando disse que a vida existe à temperatura de sua
própria destruição?
Segundo o seu belo livro Entre le Cristal et la Fumée [Entre
o
Cristal e a Fumaça], é preciso entender que
não somos nem fumaça nem
cristal. Não somos seres fluidos nem sólidos. Somos
híbridos que vivem à
temperatura de sua combustão e destruição.
No
desafio da complexidade, certos filósofos podem nos
ajudar: Heráclito,
com o enfrentamento das contradições; Sócrates com
a dialética, cujo jogo de
oposições faz progredir o conhecimento; Nicolás de
Cusa, no plano místico;
João da Cruz; Jacob Boehme; Pascal, em cuja obra não se
reconheceu o papel
central que desempenham as contradições; Hegel,
evidentemente; Nietzsche, até
certo ponto.
Continua
no próximo Boletim
Entre a fé e o
Amor
"O
futuro
da paz entre os homens depende do amor"
(João Paulo II)
O
homem cuja morte emocionou o mundo no último dia 2 de abril foi
intransigente na defesa dos postulados de sua fé. Era de seu
ofício e não poderia ser diferente. Os cânones da
instituição que chefiou por quase três
décadas lhe impunham esse dever irrenunciável.
Disciplinado, não transigiu.
Tivesse apenas feito isso,
entretanto, seu nome não mereceria mais que um
burocrático registro na história. Até porque, em
termos de intransigência nas questões da fé, muitos
dos que o antecederam superaram-no de longe. Levaram até as
últimas conseqüências a primazia da crença,
convencidos que estiveram ser ela o valor supremo, diante do qual todo
o restante poderia ser violado.
Por séculos, a fé
reinou soberana, presumindo-se que todas as outras virtudes viriam por
acréscimo. Nem sempre vieram. Ao contrário, na mesma
medida em que se lhe concedia primazia, o mundo se fazia mais carente
de amor, alheio à solidariedade e distante da paz.
O mérito de João
Paulo II reside em ter sabido conjugar a fé com o amor. Se,
escudado naquela, foi fiel aos seus, inspirado neste se tornou
líder de todos os homens de boa vontade. Como guardião de
uma crença, zelou por sua imutabilidade. As questões que
aludem ao mistério nem sempre se submetem às
razões do progresso. Mas, como mandatário de uma
missão de paz a ser levada a homens de diferentes ou de nenhuma
fé, propagou o amor e a solidariedade entre todos, elegendo
esses valores como indispensáveis à felicidade de crentes
e não-crentes.
Fé é questão
de foro íntimo. Pessoal e intransferível. Depois de
impregnar as entranhas da alma, tende a se tornar irremovível.
Se imposta, gera intransigência e, facilmente, conduz a
conflitos, promovendo a guerra. Amor é instrumento de
fraternidade. Contagia, irradiando solidariedade. Plantada no
coração dos homens, conduz à tolerância e
resulta, necessariamente, na paz.
Tivesse João Paulo
concedido primazia à fé em detrimento do amor, sua
caminhada seria obscura. Quase inútil. Por mais que nesse
sentido o impulsionasse a usina de energia que lhe habitava a alma,
pouco teria contribuído para transformações dos
homens e do mundo. Pregaria no deserto. Judeus não se fariam,
por isso, crentes da chegada de um messias há cerca de 2.000
anos. Muçulmanos não trocariam Meca por Roma. Budistas,
hinduístas e xintoístas não abandonariam seus
ritos milenares, nem dispensariam seus deuses para venerar o nazareno.
Espiritualistas livre-pensadores não renunciariam a busca
incondicionada a dogmas para aderir ao rebanho conduzido por seu
respeitável cajado.
Foi a opção pelo
amor universal, mesmo sem abrir mão de sua fé particular,
que fez de Karol Wojtyla a grande personalidade de nosso tempo, de
unânime aceitação. Religião e fé
são laços que unem crentes entre si. Expressões
provisórias das limitações humanas, empecilhos
à percepção do essencial. Amor é
essência da vida. É fundamento da verdadeira unidade.
A fé é humana e,
portanto, frágil. O amor é divino e, quando assimilado,
torna-se a mais nobre expressão da presença divina em
nós, alçando o homem à dimensão da
eternidade. João Paulo, sem jamais trair sua provisória
condição humana, fez a opção pelo eterno,
que é a morada do espírito.
Vidência
e
Clarividência, Jáder dos Reis Sampaio,
Brasil
Uma Revisão dos Conceitos na Literatura Espírita,
Metapsíquica
e Parapsicológica - Parte III
4.
A Clarividência e os Médiuns Videntes no Livro "O
Espiritismo Perante a Ciência" de Gabriel Delanne
Delanne trata do
percurso de fenômenos e idéias no período que
compreende o magnetismo e o hipnotismo na segunda parte do livro "O
Espiritismo perante a ciência".
O termo
clarividência, aqui, é empregado como sinônimo de
dupla-vista. Delanne não mantém a distinção
de Kardec, empregando-os indistintamente.
É bastante
esclarecedora a sua digressão histórica. Ele analisa os
fenômenos encontrados na literatura do chamado sonambulismo
natural, sonambulismo magnético
e hipnotismo. Deter-nos-emos nos fenômenos de
clarividência.
Ele entende por
sonambulismo natural como um caso particular do sono onde "o
indivíduo caminha dormindo e procede como se estivesse
acordado". (p. 91) Duas características são arroladas
para distinguir-se das movimentações que podem acompanhar
os sonhos: "o andar durante o sono" e "a perda da lembrança do
que se passou, ao acordar". (p. 92) Neste estado de consciência,
encontram-se muitos relatos de pessoas que prosseguem suas atividades
intelectuais. Músicos registram composições,
filósofos redigem textos, sacerdotes escrevem sermões.
A questão da
clarividência está associada ao sonambulismo natural em
função das peculiaridades descritas com
relação aos casos de sonâmbulos. Delanne faz a
transcrição de diversos casos da literatura médica
da época, onde se vêem uma sonâmbula que sobe no
telhado de sua casa de olhos fechados sem acidentar-se, um
farmacêutico sonâmbulo que faz formulações
químicas durante o sono e que consegue "ler" de olhos fechados
uma receita absurda colocada por um médico para testar suas
faculdades sonambúlicas e de um sacerdote sonâmbulo que
escrevia e lia seus sermões, corrigindo-os durante o ato
sonambúlico, mesmo tendo sido colocado um anteparo entre seus
olhos fechados e o papel onde escrevia.
Nestes exemplos, a
clarividência é entendida como uma forma de visão
sem
o uso dos olhos.
Por sonambulismo
magnético, o autor entende como a
provocação do estado sonambúlico através do
emprego do magnetismo animal. (p. 103) O estado sonambúlico
é caracterizado pela insensibilidade da pele, do sentido do
olfato (a reação ao amoníaco, por exemplo), e da
reação aos estímulos sonoros ambientes e mesmo uma
insensibilidade a estímulos dolorosos.
Interessa-nos a
descrição feita por Delanne dos fenômenos
perceptivos dos sonâmbulos artificiais. Da mesma forma que nos
casos de sonambulismo natural. Há relatos de casos de
transposição dos
sentidos e de dupla-vista, onde uma
sonâmbula de Deleuze lê oito linhas com os olhos vendados
(p. 107). Há
casos relatados de visão nas costas, audição pela
palma das mãos, leitura pela
extremidade dos dedos, leitura de cartas à distância,
entre outros. Em todos os casos,
Delanne busca elementos para demonstrar a tese da
emancipação da alma de Kardec como a
que melhor explicaria estes fenômenos.
Finalmente o
pesquisador francês trata do hipnotismo, que a seu
ver nada mais é que uma nova teoria para explicar os
fenômenos do
sonambulismo magnético. Revendo os estudos de Braid, ele relata
que os hipnotizados não
doentes podem, com os olhos fechados, "desenhar, descobrir objetos
ocultos, designar os
indivíduos a quem estes objetos pertencem, ouvir uma conversa,
em voz baixa, num aposento
vizinho, enfim, predizer o futuro". (p. 126) Vemos aqui também a
existência de fenômenos de clarividência. Assim como
Allan Kardec, seu discípulo
mantém o emprego do termo clarividência para
fenômenos não-mediúnicos.
Na mesma obra citada,
Gabriel Delanne trata da mediunidade de
vidência, que conjuntamente com a mediunidade de audiência
considera como
mediunidades sensoriais.
Para explicar os
fenômenos que havia analisado, ele considera
dois tipos de mecanismos de vidência: um primeiro onde o
médium veria
com os olhos e um segundo
em que o médium veria em estado de desprendimento (médium
sonambúlico, portanto, na descrição kardequiana).
Em um primeiro momento,
Delanne distingue a mediunidade vidente das ilusões de
ótica e das alucinações. A mediunidade vidente se
distingue da alucinações à medida que
caracteriza-se como a percepção de pessoas que viveram,
dão mostras da sua identidade e apresentam conhecimentos
verificáveis, desconhecidos anteriormente pelos médiuns.
Outro elemento importante de distinção entre os
fenômenos que poderíamos adicionar ao seu trabalho seria o
caráter patológico da personalidade das pessoas que
alucinam sem o uso de drogas ou as alterações
fisiológicas causadas por doenças orgânicas, como
as febres. Em síntese, os médiuns videntes teriam
"supostas alucinações" sem que as mesmas transtornassem
sua saúde mental.
Na mediunidade
sonambúlica, o vidente entraria em um certo torpor, afastando-se
do corpo sem, no entanto, adormecer. Ele passa a relatar as
percepções que tem do ambiente físico e espiritual
ao alcance da sensibilidade do seu perispírito, e que são
transmitidos ao seu sistema nervoso.
A visão dos
espíritos "com os olhos", no pensamento de Delanne, seria
distinta das materializações. Seu suporte empírico
parece vir dos inúmeros casos isolados de
aparições espontâneas, como as "visitas no momento
da morte" para pessoas que aparentemente nunca mostraram qualquer dote
mediúnico, que Flammarion tanto descreveu em seus trabalhos. No
caso das materializações,
todos os presentes percebem pelo órgão da visão os
espíritos, que se servem do "fluido nervoso" do médium de
efeitos físicos para "condensar-se". No caso da vidência
com os olhos, Delanne descreve o seguinte mecanismo que reproduzo a
seguir:
"...Se
um
Espírito, porém, quer manifestar sua presença,
entra em relação fluídica com o encarnado, assim
como vimos precedentemente, e, estabelecida a
comunicação, acumula pelo magnetismo espiritual, no nervo
ótico, uma quantidade de fluido nervoso maior que de
ordinário; certas fibras se sensibilizam e podem, desde logo,
entrar em vibração correspondente à do
invólucro do Espírito. Desde que se produz esse
fenômeno, o ser, assim modificado, vê o Espírito e o
verá enquanto a ação continuar." (p.
370-371)
Continuando sua
explicação, Delanne afirma que com a
repetição do fenômeno as fibras óticas se
adaptariam aos poucos às vibrações dos
espíritos, tornando-se cada vez mais apto à sua
percepção. Desta forma, faria sentido falar em um novo
sentido. (p. 371)
Neste fenômeno os
espíritos atuariam em suas vibrações da mesma
forma que nas experiências da Ótica onde os raios
ultravioleta tornam-se visíveis ao serem dirigidos a um vidro
que contém silicato de urânio.
Embora esta tese se
constitua em uma explicação plausível para os
fenômenos de aparições espontâneas, ela nos
deve ainda alguns esclarecimentos. Se os espíritos podem atuar
diretamente no nervo ótico das pessoas em geral, alterando suas
vibrações, porque a faculdade de percebê-los
visualmente não é universal? Caso haja alguma
singularidade das fibras óticas de algumas pessoas, que
seriam então médiuns videntes "com os olhos", porque as
alterações anatômicas ainda não foram
constatadas pela medicina contemporânea? Que estruturas
anatômicas agem como sensores para as ondas espirituais? Se
não há alterações anatômicas, que
alterações funcionais distinguem médiuns videntes
de pessoas sem esta faculdade? Enquanto tais respostas não
são respondidas satisfatoriamente, prefiro crer que a faculdade
de vidência espiritual tem por elemento sensor o
perispírito do médium.
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Livre
Arbítrio
e Perfeição, Marcelo Latini, Brasil
Prezado senhor,
Na semana passada fui procurado
por uma moça, estudante de história" que me solicitou
esclarecimento de algumas dúvidas, as quais gostaria que me
ajudassem a esclarece-la:
1-
Se o livre arbítrio existe
porquê eu não posso ter a escolha de não continuar
existindo? Não continuar existindo para ela seria desaparecer o
espírito e o corpo para todo e sempre.
2-
Porquê todo o trabalho para
alcançar a perfeição se ela não quer ser
perfeita?
A moça não me
pareceu nem um pouco depressiva, ou obsedada. No entanto, observa-se
falta de cultura religiosa, mas não se trata de uma ateia. Ela
aceita o espírito e a sobrevivência deste após a
morte.Os questionamento acima faz parte de suas
interrogações na vida.
Ficaria muito grato se pudessem
ajudar-me a esclarece-la.
Abraços,
Marcelo Latini - SEAE- Sociedade Espírita Aprendizes do
Evangelho.
Prezado Marcelo,
As questões que a
estudante de história lhe apresentou são parecidas com
aquele tipo de questão que não apresentam uma resposta
dentro de nossa estrutura lógica usual. Um exemplo: Se Deus
é todo-poderoso Ele não poderia construir uma pedra
tão grande ou tão pesada que Ele mesmo não pudesse
carregá-la? Como se pode ver, qualquer resposta a essa
questão (sim ou não) leva a uma
contradição.
Esse tipo de questão
não faz sentido em termos práticos. Ela não serve
para nada se a gente quiser saber se Deus é ou não
"todo-poderoso". Se uma questão não pode ser respondida
de forma satisfatória (sem contradições), essa
questão não serve para o estudo prático da
questão. No caso do valor de "todo-poder" atribuído ao
Criador, isso se torna evidente quando vemos a sabedoria e a grandeza
da própria criação (tudo no Universo, incluindo
nós mesmos).
Vamos analisar a questão
da moça:
Veja bem, o
livre-arbítrio ou a liberdade de escolha é proporcional
ao conhecimento ou entendimento das leis da natureza. Um bebê,
por mais livre que esteja, é incapaz de abrir uma porta e sair
de um recinto. Ninguém diz que "o bebê não quis
sair do recinto". Ele não sai do recinto porque ele não
tem capacidade de encontrar a solução para sair do mesmo.
Portanto, só é
livre, de verdade, quem tem conhecimento. Jesus não disse
"Conhecereis a verdade e ela vos libertará"? Se eu não
sei qual caminho tomar diante de uma bifurcação qualquer
escolha que eu fizer não significará
livre-arbítrio (pois eu não tenho como avaliar qual o
melhor caminho) mas simplesmente, chance, isto é, tentativa e
erro. Se eu tomar o caminho da direita e ver que esse caminho traz
dificuldades, na próxima vez que eu me encontrar diante da mesma
bifurcação eu poderei tomar uma decisão de ir pela
esquerda (para descobrir se esse caminho é melhor), ou ir para
direita sabendo das dificuldades do mesmo.
Dito isso, vamos analisar a
situação da pergunta da moça: Ela parte do
pressuposto (equivocado) de que a existência de uma pessoa
(qualquer um de nós) depende ou não da nossa escolha. Se
eu não sei se isso é verdade, primeiro eu tenho que fazer
essa pergunta: Minha existência (ou desaparecimento) depende de
uma escolha minha? A resposta, segundo a Doutrina Espírita,
é que somos espíritos imortais. Portanto, segundo o
Espiritismo não temos escolha sobre "existir" ou
"não-existir" (desaparecer). Assim, a resposta para a pergunta
da moça, segundo o Espiritismo, é: não podemos
escolher "não existir" porque essa opção
não existe na natureza.
Aqui outra pergunta deveria ser feita antes: O
progresso é uma Lei da natureza? R. Segundo a Doutrina
Espírita, o progresso é uma Lei natural assim como a
gravidade é uma lei material da natureza que diz que os corpos
com massa se atraem com um força proporcional ao produto de suas
massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre
eles. Eu posso "querer" que a gravidade não funcione comigo?
Não, pois a gravidade simplesmente age sobre todos os corpos.
Todos os corpos devem obedecer à lei da gravidade.
Ninguém questiona o aspecto moral de termos que obedecer
à lei da gravidade e muito menos ninguém questiona
"querer" (ou não querer) sofrer sua atuação.
O mesmo vale com
relação ao progresso. O máximo que uma pessoa tem
o direito de ter é o desejo de não progredir assim como
qualquer um tem o direito de não querer cair para o chão.
Isso (o desejo) é suficiente para que uma pessoa não
progrida? R. Segundo a Doutrina Espírita o máximo que
pode ocorrer é uma criatura 'estacionar' com
relação ao seu progresso.
Porém, isso é uma condição passageira pois
sempre existirão circunstâncias novas que
promoverão o progresso da criatura, mesmo que ela não
queira.
Portanto, a Lei do
Progresso
não depende, em absoluto, de nossa vontade de progredir.
Um abraço fraterno,
Alexandre Fontes da Fonseca - Editor GEAE
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Assistência
a Espíritos Desencarnados, Ivan
Guimarães, Brasil
Ola amigos do GEAE,
Nunca submeti perguntas a este
forum e não sei se estou agindo de forma correta. De
antemão peço desculpas caso as perguntas forem um tanto
óbvias ou o meio não for o correto.
1. Participo de uma uma
reunião mediúnica e observando um fato comum, me fez
pensar. Supondo que a maioria das
reuniões mediúnicas acontecem no Brasil e em alguns
outros poucos paises. Como ficaria a ajuda a espiritos necessitados de
se comunicarem para exporem suas angústias, idéias e
serem doutrinados principalmente? Espiritos que desencarnaram por
exemplo nos EUA ou Itália não teriam esse
privilégio?
2. No caso dos animais, pelo que
entendo, não existe expiação, mas sim uma dor
inerente a todos que habitam a matéria no planeta terra.
Então no caso de um cão, por exemplo que perdeu uma das
patas, ele teve este fato ocorrido por uma "fatalidade" já que
ele nada tem a expiar? Mas então fatalidade existe? Se sim todos
estamos sujeitos a ela, e então também posso perder uma
perna sem nada ter feito no passado?
Um forte abraço a todos a
quem considero amigos,
Ivan Guimaraes
Prezado Ivan,
Tentarei responder às suas perguntas.
1) Um Espírito sofredor
ligado emocionalmente a um local onde não existam Centros
Espíritas fará contato com qualquer médium que
encontre, mesmo que o dito médium não saiba que é
médium. Se o médium em questão for emocionalmente
evoluído, ele se sentirá perturbado e recorrerá
à prece ou à ajuda espiritual da igreja ou templo que
freqüente. Desse modo, o Espírito desencarnado será
beneficiado. Desamparado não fica nenhum filho de Deus que
queira ser ajudado. Privilégio é algo que Deus jamais
dará a um filho em detrimento de outro. É por isso que
todas as igrejas tratam, de um modo ou de outro, das
perturbações pelas quais passam seus fiéis.
2) Existem
expiações e provas. Animais são sujeitos apenas a
provas e é por meio de tais provas que eles vão
desenvolvendo suas emoções para, um dia,ingressarem no
reino hominal. Se eles ingressassem no reino animal sem nunca terem
experimentado a dor para saber como lidar com ela, isso sim não
seria compatível com a justiça divina. Cada patamar
evolutivo é um longo período de treinamento para a
conquista de novas possibilidades e ingresso no patamar seguinte.
Conheci uma professora de
Meditação Transcendetal faz vários anos que estava
com um câncer terminal. Durante toda a vida ela só tinha
ajudado os outros e nunca tinha feito mal a ninguém. Uma vez, no
hospital, ela me disse que o grande aprendizdo que vinha tendo com a
sua doença era aceitar ser cuidada pelos outros e sentir o
carinho que outros podiam ter por ela. Passara a vida toda se sentindo
auto-suficiente e forte para todos ajudar sem necessitar de ajuda.
Aprendeu com a dor que estamos todos em uma grande teia de vida e que
uns precisam dos outros para avançar.
Quem dira que o câncer em
uma pessoa aprentemente muito evoluída tinha um propósito
educativo, não é mesmo?
Sim, pode nos ocorrer muita coisa
que nos pareça expiação mas que seja apenas prova
ou nem isso.
Usando a sua pergunta, suponhamos
que eu esteja afastado de um irmão por motivo de uma briga e que
ele queira se chegar a mim e fazer as pazes e não saiba como. Se
eu quebrar a perna, ele pode ver nisso a oportunidade de se aproximar e
eu posso aceitar a sua aproximação por necesidade.
Durante a minha convalecença, nós conversamos e nos
tornamos amigos novamente.
Foi expiação? Claro
que não. Tampouco foi prova. Foi apenas uma ajuda que eu e ele
tivemos para fazer as pazes que nunca deveriam ter sido quebradas por
uma briga tola qualquer.
Fatalidade? Essa palavra inexiste
para alguém que estuda a Doutrina. Tudo o que ocorre em nossas
vidas tem um propósito educativo. Nada ocorre por ocorrer.
Um abraço fraterno,
Renato Costa - Editor GEAE
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Pedido
de
Sugestões para Estudos e Pesquisas,
Carlos A. Primolam, Brasil
Boa Tarde!
Formamos um grupo pequeno e
queremos continuar os estudos após o contato com a obra
básica de Kardec, sabemos que há muito o que aprender...
pertencemos a uma casa espírita que suporta a
formação em 4 anos sobre a obra básica, depois
disso cada um pesquisa como pode. (...)
Poderiam sugerir ou nos encaminhar para
alguém que possa nos ajudar a tomar algumas decisões
sobre o que e como pesquisar e como desenvolver esses trabalhos em
nosso grupo?
Agradeço vossa atenção.
Carlos A Primolan
Presidente Prudente-SP
Caro amigo Carlos A. Primolan,
Parabenizo voce e demais
membros do seu pequeno grupo pelo desejo ardente de estudar com
seriedade e aprofundar os conhecimentos através da pesquisa
séria e do estudo dedicado. A busca do conhecimento
através do estudo perseverante é na verdade uma das
maiores responsabilidades que temos para conosco mesmos na luta pelo
progresso. E lógico que devemos em primeiro plano ter a
preocupação de nos tornarmos melhores seres humanos, pois
como sabemos "a quem mais se dá, mais será pedido", ou
seja, os conhecimentos que a Doutrina Espirita nos passa deve nos
tornar conscientes da responsabilidade que isso representa para todos
nós.
Como uma primeira dica em
relação ao seu pedido de orientação, eu
diria que a as obras básicas se constituem mesmo na base das
bases e devem ser objeto de permanente estudo e re-estudo. Na verdade,
cada vez que voltamos a qualquer uma delas, veremos que tem algo novo a
aprender e estamos sempre aprendendo. Como disse Kardec na
Introdução
ao Livro dos Espiritos:
"Acrescentemos
que o estudo de
uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de
súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande,
só pode ser feito com utilidade por homens sérios,
perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e
sincera vontade de chegar a um resultado." (...)
"Anos
são precisos para
forma-se um médico medíocre e três quartas partes
da vida para chegar-se a ser um sábio. Como pretender-se em
algumas horas adquirir a Ciência do Infinito? Ninguém,
pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a
todas as questões da metafísica e da ordem social;
é um mundo que se abre diante de nós. Será de
admirar que o efetuá-lo demande tempo, muito tempo mesmo?"
Assim, não se considerem
satisfeitos em relacao aos estudos dessas obras tão
necessárias em apenas um período tão curto de 4
anos, continuem estudando-as com perseverança, pois são
elas que irão vos fornecer uma base segura par acontinuar
buscando novos conhecimentos através de outras obras, sabendo
distinguir o joio do trigo.
Num próximo passo,
é absolutamente necessário que busquemos conhecer um
pouco dos trabalhos daqueles autores clássicos que ainda ao
tempo de Kardec e depois escreveram obras de suma importância as
quais nos possbilitam a entender melhor as bases essenciais em que
foram construídos os ensinamentos da Doutrina Espírita,
quer seja, o tripé filosofia, ciência e religião.
Neste particular temos as obras de Leon Denis, Gabriel
Delanne, Ernesto Bozanno, Aksakof, Williams
Crookes, dentre outros.
A literatura espirita
brasileira e vastissima e repleta de obras essenciais ao conhecimento
da verdadeira Doutrina Espirita, as quais podem hoje ser facilmente
encontradas nas livrarias espiritas. Eu particularmente gosto muito das
obras de
Herculano Pires com
as quais travei contacto desde o início em que despertei
interesse pelo espiritismo. A suas obras podem hoje ser facilmente
encontradas e adquiridas via Internet através da
Editora
Paidéia que esta re-editando todas.
Falando-se de autores mais
modernos eu quero me referir ao
Hermínio
C. Miranda que tem escrito prolificamente sobre todos os
aspectos da Doutrina Espirita, em especial a mediunidade. Este e no meu
entender um autor extraordinario e que eu recomendo com toda
segurança e tranquilidade. A sua produção é
bastante grande e as suas obras podem ser facilmente encontradas em
quaisquer livrarias espiritas, bem como através das editoras
Publicações
Lachâtre e a
Candeia.
Enfim meu irmão, estou
apenas passando algumas informações essenciais e de
acordo com a minha experiência, mas o campo é mesmo
muitíssimo vasto e voce irá aos poucos descobrindo coisas
novas por si mesmo. Isto ai no entanto, te dará uma base
essencial para seguir adiante com segurança.
Desejo a voce e ao seu grupo
muito sucesso nesta jornada fascinante de estudo perseverante e de
busca de conhecimentos rumo ao progresso e a felicidade que todos
almejamos.
Muita Paz e fique a vontade para novos contactos.
Antonio Leite - Editor GEAE
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GEAE
Lança Novo Projeto
Estudo
em Inglês da Doutrina Espírita via Encontros Virtuais Paltalk
Os
membros do Conselho Editorial do GEAE decidiram pelo lançamento
de mais uma atividade sob a direção do grupo - a
realização de encontros virtuais para estudos da
Doutrina Espírita no idioma inglês, através da
ferramenta Paltalk.
Como
diz a máxima, “quando os trabalhadores estão
prontos, o trabalho aparece”. Acreditamos que apesar das
eventuais dificuldades de se tocar um projeto desta natureza, estamos
imbuídos da maior boa vontade em servir desinteressadamente, e
por certo contaremos com o apoio dos amigos espirituais que nos
assistem e nos ajudam nesta tarefa de disseminar os ensinamentos da
Doutrina Espírita pelo mundo afora. Contamos hoje com a
presença de um membro no Conselho Editorial do GEAE cuja
lingua nativa é o inglês e outros com uma boa
fluência
neste idioma, o que nos leva a acreditar que estamos preparados para
levar adiante esta atividade pioneira com um certo dinamismo e
eficiência.
O
nosso mundo atual se transformou numa aldeia global onde a
informação
já deixou de ser privilégio de apenas alguns poucos
irmãos, e o campo para a disseminação das mais
variadas idéias é amplo e fértil. Como nos
advertiu Kardec, uma das maiores formas de caridade é a
disseminação dos ensinamentos espíritas. Já
existem vários grupos promovendo o estudo da Doutrina
Espírita
através de reuniões virtuais via Paltalk, mas
todos esses estudos são desenvolvidos em língua
portuguesa, estando assim o campo aberto para as demais línguas.
Mantendo-se
dentro da mesma filosofia adotada pelo grupo desde a sua origem, o
nosso objetivo é simples e despretensioso. Vamos estudar a
Doutrina Espírita através da troca fraterna de
idéias
e experiências e aprofundar os nossos conhecimentos
individuais, o que nos possibilitará ampliar os nossos
horizontes na consecução de um entendimento mais
abrangente da mensagem dos espíritos superiores que, com a
ajuda de Allan Kardec, elaboraram a Doutrina dos
Espíritos.
Não nos move a pretensão professoral nem tão
pouco a idéia de convencer ou conquistar adeptos para o
Espiritismo. A nossa meta é a de promover uma
interação
salutar, movidos pelo interesse fraterno de ajuda mútua, o que
certamente nos propiciará galgar alguns degraus na senda do
conhecimento e do aprimoramente espiritual.
Inicialmente
teremos um encontro por mês, mas a medida que o projeto tome
impulso com o aumento de participantes, poderemos incrementar o
número de encontros mensais. Os encontros virtuais serão
sempre levados a efeito no segundo domingo de cada mês,
iniciando-se às 5:00 PM (horário de Nova
Iorque/Flórida, eastern time) e encerrando-se às
6:30 PM.
O
grupo virtual será denominado GEAE - Spiritism to the
World, o qual será encontrado no Paltalk dentro da
categoria Groups/Religious.
Nosso
primeiro encontro acontecerá no dia 8 de maio de 2005,
no horário acima indicado, onde estaremos estudando o tema:
The
Creator – First Cause and Creator of all Things
[The
Spirits Book – First Book, Chapter I]
Você
poderá
eventualmente encontrar o grupo GEAE – Spiritism to the World
aberto no Paltalk em diferentes datas e horários.
Poderemos abrir o grupo acasionalmente sem prévia
determinação
de horários
e datas, o que faremos com o objetivo de manter um diálogo
informal com aquelas pessoas interessadas em conhecer mais sobre o
Espiritismo em geral. Seja bem vindo ao grupo nessas ocasiões
e fique a vontade para apresentar suas perguntas.
Para participar desses
encontros você precisa fazer o download da última
versão
do Paltalk através do seguinte link:
http://support.paltalk.com/Download.html
Feito o download e a
instalação do programa no seu sistema você
estará
apto a participar dos encontros, bastando para tanto se conectar
à
Internet nas datas e horários acima indicados, abrir o seu
Paltalk, localizar o grupo na respectiva categoria (Religious),
clicar duas vezes no nome do grupo (GEAE - Spiritism to the
World) e você estará dentro do grupo. A partir
de então, o processo operacional para que voce participe
ativamente dos estudos é bem simples e de fácil
entendimento.
Conselho
Editorial
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Estudo
Sistematizado da
Doutrina Espírita na UNICAMP -
Universidade de Campinas
Toda quinta-feira, 12:00-13:10
Sala FE03 da Faculdade de
Engenharia Elétrica
Traga seu "Livro dos
Espíritos"
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GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português -
http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" -
http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins