Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 - Número 483 - 2004 15 de outubro de 2004
Editorial |
Amigo(a) leitor(a) dos Boletins do GEAE:
Permita-nos repassar a nossa alegria nesse momento e juntos comemorarmos o dia 15 de outubro de 2004 que representa 12 anos de trabalho do Grupo de Estudos Avançados Espíritas, utilizando a via eletrônica internet, como meio para o estudo da vida com base na doutrina espírita, codificada por Allan Kardec que também neste mês, comemoramos os 200 anos a data de sua reencarnação ocorrida na Europa.
São 12 anos de um trabalho contínuo, sério, humilde e dedicado de muita gente unida no mesmo objetivo comum, encarnados e desencarnados, que dessa forma contribuíram para o sucesso do grupo. Enfrentamos dificuldades, principalmente em decorrência da necessidade que temos todos nós, editores, colaboradores e leitores, de associarmos nossa vida particular e profissional com o tempo disponível para as atividades do grupo. Além disso, o negativismo e o fanatismo de alguns, atuaram como forças restritivas a esse trabalho. Conseguimos passar por isso com muito apoio, principalmente no início do grupo e, gradativamente ele foi se solidificando e agregando novos valores, com trabalhadores na seara do bem, devidamente requisitados pelo plano espiritual e que prontamente atenderam ao chamado para essa missão. Sabíamos da falta de tempo disponível para uma dedicação maior de todos desde o seu início e o grupo foi assim criado, pois nossa vida deve mesmo prosseguir em total harmonia. Devemos cumprir os nossos deveres. E cumprir bem. Para isso, o grupo tem o objetivo de apoiar. Não se trata, de maneira alguma, de servir de imposição a ninguém. Tudo o que é imposto, é no fundo, uma violação do livre direito do pensamento. Mas a necessidade do discernimento do bem e do mau, do bom e do ruim se encontra dentro da Lei Divina. E isso é o que buscamos. Nosso desejo é o de melhor contribuir para o progresso da humanidade, da natureza, ou seja, contribuir com a Lei de Deus.
Amigo leitor, ou amiga leitora, referimos principalmente a você que no silêncio da leitura isolada, ou na ausência de manifestação estando em qualquer lugar do planeta sente a necessidade de se evoluir e entende o sentido de avançar sempre. Sabemos o quanto gostaria de manifestar após a leitura de um texto ou comentário de seu interesse e o quanto de bom teria a contribuir. Entretanto, isso pode não ocorrer no momento. Não se preocupe! A melhoria na sua conduta pessoal é o que nos interessa, seja você assumidamente espírita ou não. Não importa o meio e sim a forma como evoluímos espiritualmente.
Como ocorre a melhoria em nossa vida? Isso temos que aprender muito, com muito trabalho. Pensar que melhoria significa, melhores condições materiais como financeiras, um emprego ou ocupação, aquisição de algo que gostaria, etc. Não simplesmente! Evidentemente que qualquer melhoria na vida é bem-vinda. Muitos nem precisam de bens materiais, pois têm muito. Mas com certeza, precisam de muita melhoria! Falamos, porém, do apoio moral para enfrentar tempestades. Aquele apoio que estimula e nos empurra para cima em busca da paz interior. Que estende a mão quando é preciso levantar, pois somos vulneráveis a cair a qualquer momento. Uma muralha bem construída com materiais resistentes, planejada com alta tecnologia e levantada em terreno firme pode durar muito tempo, fazendo-se as devidas manutenções. Mas a mesma muralha construída em solo arenoso e inadequado, será rapidamente destruída, a menos que seja reestruturada e devidamente construída para esse tipo de solo. Tudo depende de tempo. A muralha é um conglomerado de átomos e, portanto, sofrerá desgaste lentamente com o tempo, devido às forças restritivas da natureza.
Nossa estrutura espiritual, ou psicológica depende muito do ambiente em que estivermos vivendo. Se estivermos vivendo em meio adequado, seremos fortes e resistentes. Mas é preciso estarmos preparados, com manutenção adequada do espírito para que vivendo em meio impróprio com forças restritivas fortes, possamos viver bem e sairmos vitoriosos em nosso trabalho com a ajuda das forças poderosas propulsoras do bem, aliviando nossos sofrimentos em busca da felicidade eterna. E assim, impelir o progresso e o equilíbrio universal.
O Espiritismo nos apóia sempre como nosso consolador eterno, pois está bem fundamentado como filosofia, religião e ciência, garantindo um futuro melhor e mais feliz a todos aqueles que desejam, segundo seus méritos próprios. É preciso tirar proveito disso o quanto antes, encurtando o caminho do sofrimento desnecessário.
Agradecemos sempre aos mentores espirituais do GEAE que colocaram a oportunidade nas NOSSAS mãos e que somos meros instrumentos; certamente estamos referindo a você também.
Parabéns a todos por procurarem o caminho da verdade e da vida e continuemos sempre em frente, em busca do amor e da paz infinita.
Vida longa ao GEAE!!!
Por
volta de 1994 eu trabalhava com o desenvolvimento de sistemas de
comunicação de dados e tive os primeiros contatos com a
Internet, que começava a se estender para usuários fora
da área acadêmica. As tecnologias de acesso eram
limitadas, bem distantes dos recursos atuais, mas já permitiam
a troca de e-mails com relativa facilidade. Os textos eram em ASCII
puro - os caracteres alfabéticos sem acentuação
- e necessitava-se improvisar a acentuação e usar
alguns artifícios - como os "emoticons" (sinais
gráficos para representação de
emoções)
para dar um pouco mais de vida aos textos. Era a época
também
em que se seguia ainda a "netiqueta", uma série de
regras consensuais de comportamento na rede, dentre elas a de
não
enviar propagandas não solicitadas.
Foi por essa época
que lendo os e-mails de um "newsgroup" - o antepassado dos
sistemas modernos de listas e de grupos de interesse - chamado
BRASNET encontrei uma cópia do Boletim GEAE n° 1 que havia
sido postada novamente pelo José Cid. O José estava na
coordenação do grupo desde que Raul Franzolin, que
iniciou o grupo em 1992 nos EUA, retornou ao Brasil.
Me inscrevi
no grupo e durante algum tempo apenas acompanhei as trocas de
idéias.
Me impressionou vivamente a forma como o José conduzia as
discussões, ele levava o debate de tal forma que o GEAE
parecia o equivalente virtual daquelas rodas de amigos que se formam
nas universidades para aprofundar os estudos de algum tema mais
dificil. E via-se claramente que participando dos debates estava um
grupo de pessoas sérias e empenhadas no aprendizado. As
idéias
eram apresentadas e debatidas em réplicas e tréplicas
que convergiam para um entendimento maior da questão inicial,
sem personalismos ou vaidades.
Incentivado pelo ambiente simples
e fraterno me aventurei a mandar alguns comentários sobre
história do espiritualismo, um tema que sempre me interessou
bastante, e aos poucos fui participando mais ativamente dos debates.
Devido a um pequeno incidente - um e-mail enviado diretamente para os
participantes do grupo por uma pessoa interessada em fazer propaganda
de idéias políticas - foram necessárias algumas
adaptações ao modo de trabalho do GEAE e o José
passou a utilizar uma lista de distribuição, criada
e administrada pelo Sérgio Freitas. Também surgiu a
idéia de montar um FAQ (repostas a perguntas frequentes), que
descrevesse o modo de operação do grupo e suas regras,
tarefa na qual me envolvi mais diretamente.
Em 1995 foi montada
pelo Sérgio a primeira página WEB do GEAE e neste mesmo
ano conseguimos autorização da FEESP para colocar o
Livro dos Espíritos no site. A digitalização do
livro levou quase um ano, escaneávamos as páginas,
passávamos pelo OCR (o programa que transforma imagens em
texto) e revisávamos os textos para eliminar os erros do
processo. A equipe que participou deste trabalho foi o núcleo
do Conselho Editorial que se formou em 1996. A volta do José
ao Brasil, ao término de seus estudos nos Estados Unidos, foi
um grande desafio para a continuidade do GEAE e assim ele - em
contato com o Raul - teve a idéia de criar este grupo de
trabalho com o papel de editor e moderador. O Conselho Editorial
possibilitou que o trabalho se tornasse menos pessoal e portanto mais
independente das eventuais trocas. Hoje o conselho é formado
pelo Ademir Xavier, Alexandre Fonseca, Antonio Leite, Edgar Crespo,
José Cid, Raul Franzolin, Renato Costa, Yvonne Limoges e eu.
O José e o Raul me convidaram - e me
convenceram - a
participar do Conselho Editorial, o que inicialmente relutei pois
não me via capacitado para a tarefa. Não tinha
experiência com a atividade editorial e minha
atuação
no movimento espírita era bastante limitada. Esta
experiência
no GEAE acabou sendo para mim uma escola extraordinária, ainda
não me considero um editor experiente ou um escritor, mas aos
poucos fui aprendendo, com os amigos que participam do GEAE, a
articular as idéias e a exprimí-las de maneira franca e
fraterna. Também me levaram a conhecer um pouco melhor o
Espiritismo, na maior parte das vezes me mostrando onde eu estava
equivocado e apresentando diferentes pontos de vista. Isto sem falar
nos estudos que foram necessários para responder a
questionamentos mais dificeis ou para entender argumentos que estavam
além dos meus conhecimentos.
E o mais importante de tudo,
nestes anos o GEAE foi se extendendo aos poucos, e por isso tivemos
oportunidade de conhecer pessoas de um grande número de
localidades diferentes, de vários paises. Cada uma destas
pessoas - que formam o grupo de estudos propriamente dito - trouxe
sua visão particular do mundo e da Doutrina. Foram contatos
enriquecedores.
Chegamos agora às comemorações
do 12° aniversário do grupo, passando para o 13° ano
seguido de publicação do Boletim, e não posso
deixar de observar que este trabalho - esta experiência de
comunicação fraterna pela Internet, que justifica o
"avançado" do nome GEAE - não seria possivel
sem a base solidamente construida por Kardec. O impulso por
detrás
desta busca de uma melhor compreensão do mundo vem da forma
como o Codificador enfatizou o estudo e o aperfeiçoamento
pessoal. Não é por outro motivo que os espíritas
buscam incessantemente se instruirem, examinando cuidadosamente cada
idéia antes de aceitá-la ou rejeitá-la.
É
esta visão de mundo - a Doutrina Espírita - que nos
reune a todos (o Boletim 481 foi distribuido para 3.499 assinantes e
o Spiritist Messenger 54 para 651) e torna viável a
publicação
de um Boletim quinzenal. De nada serviriam os "facilitadores"
da comunicação - nosso verdadeiro papel como Conselho
Editorial - se não existisse este extraordinário
laço de união.
Parabéns GEAE!
Muito
Obrigado Kardec!
Feliz Aniversário a Kardec e a todos os
participantes do GEAE!
Muita Paz,
A história do Espiritismo sempre foi marcada por eventos de comunicação. O fluxo de informação que atingiu a Terra no último quarto do Séc. XIX foi uma revolução de comunicação nunca vista na história da humanidade. O Espiritismo foi concebido como uma doutrina científica totalmente baseada nos novos ensinamentos do mundo invisível, ensinamentos que são totalmente consistentes com os aspectos morais e éticos da filosofia cristã uma vez despida dos aspectos externos da religião convencional.
Uma segunda revolução iria ocorrer no último quarto do século seguinte, o vigésimo. Cem anos após a invasão organizada, o advento da Internet marcou uma nova era para a humanidade. O GEAE foi então o resultado de duas revoluções nunca vistas anteriormente. Sou particularmente orgulhoso de ter vivido nessa época quando máquinas de cálculo encontraram uma nova aplicação como ferramentas de comunicação. De fato, meu interesse pelo GEAE (que apareceu em outubro de 1992) existiu a partir do momento em que me conectei a net em 1996. Baseado no princípio da afinidade, fui atraído ao trabalho do GEAE logo após minhas primeiras experimentações como webmaster da página "Spiritism to the World", uma dos primeiros sites em inglês na época. O GEAE já era então um grupo amadurecido que publicava eletronicamente seu periódico em português. Esses boletims forneciam notícias e informação à comunidade de língua portuguesa, notavelmente formada por brasileiros que viviam tanto no Brasil como no exterior, e eram de interesse prático. A velocidade e formatação com que eram enviados faziam os "boletins eletrônicos" bastante notórios e, até hoje, constituem o trabalho central do grupo. Entretanto, todos sabiam que o trabalho em português era limitado por causa das restrições linguísticas. A idéia do GEAE-EN (uma versão do GEAE em inglês) era assim natural. Para motivar um fluxo constante de informação em inglês semelhante ao fluxo em português, uma versão inglesa dos boletins GEAE foi concebida. Participei desse trabalho no final de 1997 depois de um convite via e-mail do Carlos Aberto. O primeiro boletim GEAE-EN foi lançado em dezembro de 1997. Desde então o número de amigos espíritas (e grupos) que recebem e lêem esses boletins cresce anualmente.
De uma certa forma, o objetivo inicial do GEAE-EN era bastante audacioso. Logo ficou claro que as diferenças linguísticas estavam longe de ser os únicos obstáculos a um crescente fluxo de informação relacionada a temas espíritas na web. Diferenças culturais são também importantes. Novos membros ligaram-se ao GEAE-EN para complementar os trabalhos: Antônio Leite (em NY nos EUA), Renato Costa (no Brasil) e Yvonne Limoges (na Flórida, nos EUA). A participação deles afetou fundamentalmente os trabalhos do GEAE-EN que passaram a ter uma dinâmica nunca vista antes.
Gostaria de agradecer ao GEAE nesse 12 aniversário pela oportunidade de trabalho. Acredito que o GEAE é uma ferramenta importante de comunicação que transcende as fronteiras físicas entre os países e culturas. O Espiritismo precisa da cooperação dos indivíduos para que sua mensagem superior tenha alcance global. Antes da internet, ninguém era capaz de dizer como isso poderia ser possível se não fosse por meio dos Espíritos. Hoje sabemos que as notícias locais e comunicações espirituais (por meio de médiuns excepcionais) podem se tornar amplamente conhecidas através de trabalhos de grupos como o GEAE.
Sou
igualmente orgulhoso de ser um de seus membros.
A minha primeira impressão sobre a página foi a melhor possível e imediatamente comecei a surfar avidamente pela mesma. Após a leitura do FAQ comecei a ler os boletins em português, que àquela época já se aproximava do número 150. Fiquei muito impressionado com a qualidade e o volume do material lá disponível e mais ainda com a forma simples, fraterna e dinâmica em que os temas mais variados eram abordados pelos membros do grupo, sempre embasando tudo na Codificação. A minha primeira mensagem foi enviada por ocasião da comemoração do 4o aniversário do grupo (boletim 210), oportunidade em que fiz uma pequena contribuição ao enviar o artigo de autoria do meu amigo/irmão Christiano Torchi, intitulado Iniciação ao Conhecimento da Doutrina Espirita, o qual foi disponibilizado na página. Com a continuidade dos contactos e uma participação mais ativa como colaborador, fui convidado pelo Ademir Xavier para fazer parte do Conselho Editorial, o que ocorreu em Dezembro de 2000, oportunidade em que passei a contribuir com a elaboração dos boletins em portugues (boletim 404).
Desnecessário é enfatizar aqui o quanto tenho sido beneficiado com a participação neste grupo fraterno de estudos e trocas de idéias sobre a Doutrina dos Espíritos. A medida que estudamos mais dedicadamente esta doutrina grandiosa, percebemos a nossa pequenez e sentimos a necessidade de ajuda, o que vamos buscar no convívio fraterno com pessoas que vibram na mesma harmonia e são animadas pelo mesmo propósito, o da busca da Verdade. O GEAE tem sido ao longo desses 12 anos de existência um palco maravilhoso onde essa busca é conduzida pela bússola segura da Codificação, onde os seus membros estão bem conscientes da advertência do Mestre:
"Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado."
Agradeçamos a Deus e a Kardec por esta maravilhosa oportunidade e procuremos nos instruir e acima de tudo servir ao nosso próximo de forma simples e desinteressada. Procuremos agir como verdadeiros Trabalhadores de Deus, como nos recomenda este modesto trabalhador da causa espírita, Hermínio Miranda:
"Trabalhadores de Deus desejamos ser e o seremos toda vez que apagarmos o nosso nome na glória suprema do anonimato, para que o nosso trabalho seja de Deus, que faz germinar a semente e crescer a árvore, e não nosso, que apenas confiamos a semente ao solo. Somos portadores da mensagem, não seus criadores, porque nem homens nem espíritos criam; apenas descobrem aquilo que o Pai criou."
Que os bons amigos espirituais continuem nos assistindo.
Minha primeira interação com o GEAE ocorreu em janeiro de 1998 quando, após algum tempo em que eu vinha visitando o site do GEAE, eu visitei a página de links e vi que estava listada a URL de uma certa editora e livraria internacional. Sabendo que a dita livraria e editora publicava artigos a favor do ateísmo e atacando o Cristianismo, escrevi ao GEAE explicando o fato e sugerindo que o link fosse deletado. O Sérgio Freitas, que havia criado o website do GEAE, respondeu a meu email agradecendo pela informação, dizendo que o link seria deletado e explicando que o GEAE não tinha condição de examinar em detalhe toda informação que chegava de todos os cantos do mundo.
A partir dali passei a visitar o site do GEAE esporadicamente, lendo artigos e baixando trabalhos disponíveis.
Em junho de 2003, estava eu ocupado procurando artigos para alimentar a seção de artigos do site da IEJA (www.ieja.org), quando li no site do Portal do Espírito (www.espirito.com.br) um artigo muito bom escrito pelo Carlos Iglesia. Escrevi imediatamente a ele pedindo permissão para reproduzir o artigo no site da IEJA. O Ademir, que vinha cuidando da seção em inglês do site do GEAE e da edição do Spiritist Messenger, estava muito ocupado na ocasião e sem tempo para se dedicar à tarefa como gostaria. Então, após visita o site da IEJA e constatar que ele tinha uma seção em inglês, o Carlos me escreveu autorizando a reprodução do seu artigo e me perguntando se eu gostaria de ajudar a cuidar da seção em inglês do site do GEAE. Sentindo-me muito feliz e honrado com o convite, aceitei de imediato.
Desde então tenho feito o melhor que posso para ser útil, enquanto que, indubitavelmente, os Bons Espíritos que cuidam do GEAE têm feito muito mais me ajudando. Como diz o ditado, para cada boa ação que fazemos, Deus sempre nos dá em dobro.
Renato
Costa
Rio de Janeiro - Brasil
O
convite que nos foi feito para participarmos do Conselho Editorial do
GEAE foi e continua sendo para nós
motivo de honra e muita alegria. Nós
acreditamos que os membros do Conselho Editorial do GEAE trabalham
arduamente para apresentarem a mensagem e as idéias
espíritas
de uma forma aberta e racional, mantendo-se fiéis aos
princípios
doutrinários.
Nós sentimos ter encontrado companheiros espíritas que
trabalham com determinação
para preservar um bom equilíbrio entre os três aspectos
do Espiritismo: científico, filosófico e
religioso/moral. Esta homepage fornece informações referentes ao
aspecto analítico e científico do
Espiritismo, ao mesmo tempo que proporciona material que toca os
nossos corações
e a nossa alma, uma vez que o Espiritismo deve satisfazer a nossa
razão
e estar em harmonia com os nossos sentimentos.
Em
1995 me inscrevi para o recebimento dos Boletins do GEAE. Em
julho de 1996, eu enviei para os editores um comentário sobre
um texto do Raul Franzolin Neto sobre evolução. O meu
comentário foi publicado no Boletim n. 196 (vide arquivo no site http://www.geae.inf.br) seguido da resposta do
Raul ao meu comentário. A resposta gentil do Raul me fez sentir
que o GEAE era um grupo sincero disposto ao estudo sério do
Espiritismo e, o que é muito importante, respeitava os leitores
e assinantes em seus questionamentos. Enfim, me senti fazendo parte do
grupo e não apenas um expectador distante. Senti que podia
colaborar enviando questões ou comentários e, na medida
do possível, isso foi o que fiz de forma mais ou menos
frequente. Caro leitor, a sensação de ter um
comentário publicado, discutido e comentadoé muito positivo
que nos faz sentir participantes do processo e não apenas
"expectadores passivos". É por isso que sempre, sempre,
serão bem vindos toda e qualquer contribuição seja
na forma de comentário, seja na forma de questão.
Eu sempre lia
os tópicos de cada boletim e, na medida da disponibilidade, eu
procurei ler os textos que mais me atraiam a atenção. Em
2001, eu enviei alguns comentários sobre algo que havia sido publicado e tive
a feliz oportunidade de trocar uma série de e-mails com um dos
editores, o Antonio Leite.
Em 2003 resolvi colaborar um pouquinho mais com os Boletins, particularmente, sobre questões ligadas à Ciência e Espiritismo. Minhas contribuições sempreRetorno ao Índice
foram comentadas e discutidas de forma muito fraterna e construtiva com o Ademir Xavier.
Em outubro de 2003, por ocasião de uma viagem que fiz aos EUA, pude conhecer pessoalmente o Antonio Leite, com quem criei um grande laço de amizade.
Tivemos a oportunidade de conversar muito sobre Espiritismo e Movimento Espírita no Brasil e nos EUA.
Em março de 2004, por indicação tanto do Antonio quanto do Ademir, recebi o convite para colaborar como membro do conselho editorial. Aceitei com um
sentimento de gratidão ao grupo e a Deus pela oportunidade de poder servir, mesmo sabendo de minhas limitações.
Nesta ocasião em que comemoramos o bicentenário do nascimento de Allan Kardec, nós gostaríamos de dividir com todos os leitores e assinantes dos Boletins
do GEAE, nosso sentimento mais puro de gratidão e amor ao Criador pela Vida, a Jesus pelo exemplo vivo de Amor e a Kardec por abrir mão de sua vida pessoal
para nos mostrar e demonstrar que é o Criador quem devemos adorar (em espírito e verdade) e é Jesus quem devemos tomar por guia e modelo. E, acima de tudo,
que a Vida continua e sempre progrediremos.
Que possamos honrar a todos eles dando a nossa cota de esforço pessoal pela nossa reforma íntima e pela divulgação da Doutrina dos Espíritos. Ela, sim, é que
merece todo os créditos; ela é que tem o poder de ajudar o Homem; ela é que nos instrui. Nós... nós somos apenas seus beneficiários; somos apenas os seus
intermediários; nós somos os seus "braços", "pernas", "bocas" e "dedos" (no computador) para que ela, a Doutrina, brilhe diante de cada internauta, de cada novo
visitante, em todo o mundo.
Que Jesus nos fortaleça e ilumine, agora e sempre."
Um abraço,
Alexandre Fontes da Fonseca
Brotas – Sao Paulo - Brasil
Artigos |
23) André Luiz, no livro
"Evolução em Dois Mundos", avança em diversas
explicações sobre o Fluído Cósmico e o
Corpo Espiritual. Há paralelos entre estas
explicações e as teorias científicas atuais?
[Ademir] Isso depende por
demais da maneira particular de interpretãção das
teorias. Como dissemos, as teorias tem aplicação e
interesse até o ponto onde elas se mostrem capazes de explicar
os fenômenos. Conexões com outras
interpretações não fazem parte do trabalho do
dia-a-dia de um físico (o que parece ser mais apropriado a um
epistemólogo). Assim tudo é possível, e só
o futuro dirá se essas reinterpretações são
viáveis ou não, na medida em que se tornarem aptas a
melhor descrever o universo que observamos.
24) Normalmente os Físicos, e mais
ainda os dedicados a Cosmologia, esquivam-se a responder perguntas
sobre Deus, mas a própria fundamentação da
Cosmologia não é uma ordem no Universo que possibilite a
aplicação das mesmas leis físicas em qualquer
canto dele? Esta ordem subjacente ao Universo não é a
própria conceituação de uma "Causa Primeira"?
[Ademir] Existe um
princípio que tem sido redescoberto em cosmologia denominado
"Princípio Antrópico". Ele diz que o universo é do
jeito que é pois foi o único que propiciou a
existência e desenvolvimento de vida consciente. A Cosmologia
sempre esteve as voltas com a idéia de Deus e o princípio
antrópico parece apontar na direção da
importância da idéia de consciência (Espírito
para nós espíritas).
Mas, por causa do que dissemos nas questões acima (ver
questão 23), as teorias são úteis na medida em que
conseguem explicar suficientemente bem o que observamos. Se existe uma
teoria (paradigma) que explique a estrutura,
distribuição, cor, densidade, temperatura da
matéria "detectável" sem a utilização da
idéia de Deus, essa será adotada pois, nesse caso, a
idéia de Deus se mostra supérflua. Em ciência (e
nos paradigmas) é preciso que um princípio tenha
funcionalidade para ser incorporado. A idéia de Deus -
embora fale profundamente as nossas almas - é superflua nas
descrições da física. Isso não significa
que Deus não exista mas fornece bastante combustível ao
Ateísmo.
[Alexandre] A questão
é filosófica. A física e a cosmologia não
estão preocupadas em responder se Deus existe ou não.
Elas estão preocupadas com o estabelecimento de
relações causais práticas. Por exemplo as leis de
Newton explicam o movimento. Porque as leis de Newton são como
são, não é mais escopo da física. Mas isso
não resume nem simplifica a questão. No fundo eu
não me preocupo com a prova científica de Deus. Penso que
antes disso a gente deve pensar em possíveis
verificações para a existência e
sobrevivência da alma.
Mas essa questão sobre “causa primeira” mostra que o
princípio de causa e efeito é extremamente básico
no Espiritismo. Se eu disser para voces que a mec. quântica
afrouxou esse princípio (o que é verificado
experimentalmente) voces ficarão assustados! Se a teoria
quântica permite que alguns efeitos ocorram “sem uma causa”
então isso é um problema porque no momento inicial do Big
Bang, todos os fenômenos eram regidos por leis quânticas
(tudo confinado em escalas microscópicas). Então devemos
ter mais cautela antes de sair por aí expondo nossas
idéias porque os materialistas são muito inteligentes e
podem pegar essas “brechas” para fazer desacreditar no
espiritismo.
25) Onde entram as teorias do "Universo
Holográfico" e do "Universo Autoconsciente" tão
divulgadas pela midia? Em que estas teorias abririam campo para as
interpretações espiritualistas do Universo?
[Ademir] Não
conheço essas teorias. Parecem a meu ver
interpretações em forma de síntese de alguns
conceitos da física moderna tal como a noção de
não localidade, a idéia de que existe uma conexão
oculta entre fenômenos ou efeitos que se localizados
espacialmente em pontos diferentes. A não localidade parece
implicar a primeira vista na quebra das conexões causas mas,
analisando-se com mais cuidado, a causalidade não é
violada em nenhum momento se por transmissão de sinal entendemos
a transmissão de informação relevante sobre um
determinado sistema. Minha resposta a essa questão segue a linha
exposta nas respostas às questões 21 e 18.
[Alexandre] A teoria do
Universo Autoconsciente foi proposta pelo Prof. Dr. Amit Goswami com a
chamada filosofia idealista. Ao meu ver essa foi a proposta
espiritualista com base em mec. quântica mais séria que
já vi superando o trabalho do Dr. Hernani G. Andrade por
utilizar de forma bastante precisa os conceitos quânticos.
Porém o Prof. Amit Goswami acredita no panteismo e ele
não incluiu o espírito como individualidade independente
da matéria (corpo físico). Nesse caso, a teoria dele, por
mais interessante que seja em fazer uma proposta para o Criador,
não nos inclui como espíritos. Portanto, ela deve ser
considerada como uma proposta espiritualista e não
espírita.
Eu já li algo a respeito da idéia holográfica de
que o Universo registra todas as informações do que
ocorre e que em cada região podemos obter
informação sobre o que acontece com o todo. Essa é
uma proposta esotérica para explicar a clarividência, por
exemplo, onde, ao se colocar em estados alterados de consciência
onde as ondas mentais vibram de modo mais coerente, uma pessoa
acessaria a informação sobre “coisas” e “eventos”
distantes no espaço e no tempo. Mas eu não conheço
mais a respeito e não sei como testar esta teoria. Mas o
espiritismo apresenta uma explicação de valor tão
científico ou mais do que essa teoria.
Seja por constituir um objeto de grande interesse do
público, seja pelo sua ampla notoriedade frente aos novos
desenvolvimentos da civilização, a Ciência
provocou, é certo, uma profunda revolução na
história da humanidade. A história diz que acontecimentos
como a revolução industrial e as guerras recentes tiveram
como arcabouço o lento porém profundo desenvolvimento das
disciplinas científicas. O impacto das ciências com
consequências tecnológicas foi decisivo para a estrutura
econômica contemporânea, criando uma fissura de origem
nitidamente técnica entre países ricos e pobres.
"Países em desenvolvimento" esforçam-se por se livrar de
seu passado menos desenvolvido, buscando políticas
públicas de fomento à pesquisa e o desenvolvimento
tecnológico.
Nesse panorama em que a Ciência substituiu a
religião em muitos aspectos do dia-a-dia moderno, existe alguma
receita para se ter boa ciência? Como se dá o processo de
geração de conhecimento genuinamente científico?
Como se distingue uma disciplina em seus aspectos científicos, e
quem é resposável por essa distinção? A
parte do interesse geral que respostas a essas questões podem
ter, surge também naturalmente dúvidas, na mente de
muitos espíritas, sobre a estruturação
científica da Doutrina Espírita. Há um consenso
geral de que o Espiritismo deva se curvar (embora não implicando
se modificar) frente a novas descobertas e teorias da Ciência,
embora não se saiba muito bem como isso deva acontecer.
Há muitos espíritas que apressadamente propõem uma
"revisão" dos fundamentos ou de partes secundárias da
doutrina, embasando-se em aparentes justificativas fundamentadas em
novas teorias científicas. Tal situação cria
climas de conflitos sem justificativa, quando as tensões
aparecem por falta de conhecimento das sutilezas do processo de
desenvolvimento da ciência e de sua própria
conceituação.
É para dirimir essas dúvidas e esclarecer o aspectos
verdadeiramente científicos do Espiritismo que os textos do
Alexandre foram escritos. Partindo da experiência adquirida em
seu treinamento em física, que é uma das ciências
de maior prestígio na atualidade e que maior influência
teve sobre o desenvolvimento de vários campos do conhecimento
(inclusive sobre psicologia moderna), é feita uma
descrição do modo de operação e
desenvolvimento dessa ciência. Uma definição
suficientemente ampla de ciência é difícil de ser
concebida em poucas linhas, mas podemos ter uma boa idéia do que
é fazer ciência física genuinamente por uma
descrição detalhada do processo de pesquisa em
física, o que é muito mais simples. Parte-se,
então, a partir de um paralelo com os estudos espíritas
para a conclusão nitidamente kardequiana de que o Espiritismo
é uma ciência genuína, embora o objeto de estudo
dessa ciência não seja da mesma natureza que o de outras
ciências materiais. A distinção entre objetos de
estudo é crucial para se compreender bem que, longe de querer
modificar o Espirismo ou de pretender que ele dispute com a
Física ou disciplinas correlacionadas um status de igualdade, devemos
compreendê-lo como o grande complemento a uma visão
unificada das coisas ao nosso redor, onde matéria e
espírito são os grandes constituintes. Desta forma,
não é necessário que a Física desvende as
últimas dimensões da matéria e encontre o
espírito para que o Espiritismo tenha reconhecimento, pois esse
valor, independentemente do reconhecimento, ele já o tem. Muito
menos precisa a Doutrina Espírita se torcer para incluir entre
seus postulados determinadas descobertas recentes, posto que tais
descobertas são feitas sobre objetos do munto material que
não coincidem com os objetos de estudo da Doutrina
Espírita, além do caráter quase sempre
transitório das teorias construídas em torno dessas
pesquisas. É prejudicial ao desenvolvimento natural da Doutrina
Espírita como ciência querer fundi-la com qualquer teoria
física justamente porque essas teorias físicas se alteram
dia-a-dia, além de versarem sobre objetos que tem pouca
relação com o interesse principal da pesquisa
espírita.
Após ler os textos
do
Alexandre passamos a compreender que todo espírita deve
reconhecer nos progressos das ciências (não importando a
origem deles, seja em novas descobertas nucleares ou no desvendamento
do mecanismo dos genes) um avanço na direção
oposta à ignorância. Embora o desenvolvimento
científico não se prenda, em princípio, à
aplicações eticamente corretas, devemos entender que todo
desenvolvimento é assim para o bem, uma vez que as sementes
desses desenvolvimentos serão utilizadas no futuro para
facilitar ou amenizar nossas dificuldades materiais, além das
possibilidades sempre presente de se fazer o bem com tais descobertas.
Os que se impressionam com essas novas descobertas não tem
razão assim para maiores temores: assim como o Espiritismo, a
Ciência caminha em direção à verdade, fonte
de toda libertaçã
Aula 1: Introdução e Conceito de Ciência
1. INTRODUÇÃO
Podemos dizer que o interesse do movimento espírita por questões científicas é tão antigo quanto a própria doutrina espírita. No Brasil, isso é fato comum como se pode verificar através das datas das primeiras edições de algumas publicações como, por exemplo, as obras do nosso irmão Hernani G. Andrade, A Teoria Corpuscular do Espírito (1958) [1] e Novos Rumos À Experimentação Espirítica (1960) [2]. O número de publicações, em livros e revistas, sobre questões científicas ligadas ou aplicadas ao Espiritismo é bastante expressivo nos dias de hoje.A maioria dos espíritas, como a maioria das pessoas em geral, não possue formação profissional em Ciência. Isso dificulta o uso da ferramenta do bom senso na análise de idéias e propostas de caráter científico para os conceitos espíritas, originadas de irmãos desencarnados ou, mesmo, encarnados. Mesmo sabendo que é preferível “rejeitar 10 verdades do que aceitar uma só mentira” [3], os espíritas ficam sem jeito de questionar algumas idéias, mesmo aquelas muito difíceis, seja de um espírito cujo nome retém enorme respeito, seja de um irmão encarnado que possui títulos universitários ou respeito no movimento espírita. Muitos preferem evitar o ato de questionar para evitar melindres e ofensas já que nós espíritas, muitas vezes, consideramos pessoal uma crítica à alguma de nossas idéias. No entanto, essa postura é um engano que pode gerar inconvenientes ainda mais sérios, cedo ou tarde, para o movimento espírita. O progresso exige que tenhamos o entendimento daquilo que nos chega através do intelecto, e quando não podemos alcançar esse entendimento com relação a determinados assuntos, a prudência orienta que aguardemos o futuro antes de lhes dar crédito. É perfeitamente possível compreender que críticas a quaisquer idéias estão longe de representar uma ofensa ao autor das mesmas.
O diálogo sobre Ciência e Espiritismo, que vem sendo apresentado em partes no Boletim de GEAE (N. de 476 a 482) nos levou a uma percepção de que mesmo entre cientistas profissionais existem diferenças em suas opiniões e pontos de vista com relação à questão sobre como a Ciência se insere e contribui com o Espiritismo e vice-versa, isto é, como o Espiritismo, em seu aspecto científico, se coloca diante da Ciência e das várias ciências.Assim, perguntas, dúvidas e comentários sobre o assunto podem ser enviados a qualquer momento. Mais ou menos a cada três aulas (dependendo do número de perguntas) uma aula de dúvidas será preparada para respondê-las.
Neste “curso” buscaremos abordar não apenas algumas definições presentes na literatura espírita sobre aspectos filosóficos da ciência, mas também oferecer um ponto de vista do dia-a-dia profissional deste autor sobre a prática de pesquisa e ciência. Discutiremos algumas orientações básicas para a realização de pesquisas espíritas, teóricas ou práticas, de forma séria e consistente.
Enfatizamos que estes apontamentos não são absolutos sobre o assunto. Comentários, críticas e sugestões serão sempre bem vindos.
2. CONCEITO DE CIÊNCIA
O conceito de ciência não é algo simples que possa ser apresentado com uma ou duas frases. Essa palavra traz múltiplos significados que, em conjunto, refletem a prática e o produto da atividade dita científica. Um dos autores que, ao nosso ver, melhor contribuiu no entendimento desse aspecto e sua relação com o Espiritismo é o Prof. Silvio S. Chibeni. Recomendamos fortemente a leitura e o estudo de seus trabalhos.E Chibeni, através dos conhecimentos filosóficos modernos, já há mais de 10 anos, analizou e discutiu a idéia de Ciência Espírita [6]. Não é nossa intenção repetir aqui sua análise e argumentação mas sim apresentar um resumo dos pontos principais. O leitor encontrará nas respostas dadas pelo Prof. Ademir Xavier (Boletins ns. 476 a 482) esse aspecto do conceito de ciência. Os cientistas, em geral, possuem visões particulares que diferem desta análise. Mas já existe algum consenso dentre vários irmãos espíritas (que são cientistas) de que essa análise é legítima.
Uma visão leiga e antiga de ciência diz que a atividade científica compreende os seguintes passos: i) extensa observação dos fatos e aquisições de dados experimentais; ii) análise dos dados e a obtenção de leis gerais; iii) testes experimentais e controlados destas leis gerais através de novas observações e experimentos.
Apesar da atividade científica envolver esses três ítens, a ordem pela qual eles ocorrem está longe de ser a que apresentamos acima. Os filósofos, ao analisarem como os cientistas trabalham, perceberam que é impossível observar os fatos sem ter uma hipótese ou idéia pré-concebida. Isto significa que o ítem (ii) sempre anda de mãos dadas com o ítem (i) quando não vai a frente como, por exemplo, em algumas descobertas importantes na área de Física de partículas. Por exemplo, a previsão da existência do positron (anti-partícula associada ao elétron), foi realizada anos antes de sua descoberta experimental. Um aspecto muito interessante ressaltado por Chibeni [6] e Xavier Jr. [7] é que a atividade científica envolve uma grande dose de criatividade. Não existe um “método geral” para se obter uma teoria a partir apenas da observação dos fatos. Se isso fosse possível, os cientistas perderiam o emprego uma vez que bastaria programar um computador para seguir tal “método”.
Portanto, ciência é uma atividade humana que envolve o uso da imaginação tanto na proposiçãso de leis e teorias quanto na preparação de ferramentas experimentais ou observacionais para a verificação dos fatos ou da realidade. O desenvolvimento daquilo que chamamos “método científico” também faz parte dessa criatividade. Lembremos que Kardec criou um método para a análise das mensagens mediúnicas. Podemos dizer que a função básica do método científico é ajudar os cientistas a selecionarem, dentre as mil e uma idéias que passam pelas suas cabeças, aquelas que sejam as mais simples e eficazes para a explicação das leis básicas que estão por trás dos fenômenos. Discutiremos mais a respeito do método científico na próxima aula.
Os estudiosos da Filosofia da Ciência perceberam que todas as disciplinas científicas possuem determinadas características que independem da disciplina em si. Essas características que definem o adjetivo científico de cada disciplina, envolvem a existência de um núcleo teórico principal ou conjunto de hipóteses principais (os fundamentos e leis básicas da disciplina científica). Este núcleo possui à sua volta um conjunto de hipóteses auxiliares que complementam e fazem o contacto ou a conexão entre os dados experimentais ou fatos observados e o núcleo teórico principal. Essa estrutura é, ainda, acompanhada de regras mais ou menos explícitas que norteiam o desenvolvimento da disciplina. Uma parte dessas regras, ditas negativas garante que o núcleo principal nunca deve ser alterado. As discrepâncias deverão ser resolvidas através de ajustes nas partes não centrais, isto é, dentro do conjunto de hipóteses auxiliares. O conjunto de regras positivas orientam sobre como e onde essas correções deverão ocorrer. A esse conjunto de hipóteses principais ou núcleo teórico principal chamamos de paradigma da disciplina científica.
Com base nestes aspectos filosóficos sobre o que é uma ciência, Chibeni [6] conclui que o Espiritismo é uma verdadeira disciplina científica. E isso é um fato independente das outras disciplinas científicas ortodoxas mais conhecidas como a Física, a Química e a Biologia. Em outras palavras, o aspecto científico do Espiritismo não depende dos conceitos das outras ciências.
Além das referências abaixo, os leitores são referidos aos comentários do Ademir Xavier Jr. no diálogo sobre Ciência e Espiritismo, publicados nos boletins ns. de 476 a 482 e aos artigos do Prof. Silvio S. Chibeni, referências [4,5].
Na próxima aula, discutiremos o conceito de método científico e como ele se relaciona com as definições de ciência acima e com o Espiritismo.
[1] H. G. Andrade, A Teoria Corpuscular do Espírito, Editado pelo autor, (1958).
[2] H. G. Andrade, Novos Rumos à Experimentação Perispíritica, Editado pelo autor (1960).
[3] Erasto (Espírito desencarnado), Revista Espírita 8, p. 257, (1861).
[4] S. S. Chibeni, O Espiritismo em seu tríplice aspecto Parte II 2003, Reformador Setembro, pp. 38-41.
[5] S. S. Chibeni, O Espiritismo em seu tríplice aspecto Parte I 2003, Reformador Agosto, pp. 39-41.
[6]S. S. Chibeni, Ciência Espírita 1991, Revista Internacional de Espiritismo Março, pp.45-52.
[7] A. Xavier Junior, Como se deve entender a relação entre o Espiritismo e a Ciência 2004, Boletim do GEAE 472.
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(Continuação do Artigo
iniciado no Boletim
480)
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