Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
http://www.geae.inf.br
Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 -
Número 478 - 2004
15 de julho
de 2004
Fé
e
Razão
Vive-se
atualmente um momento de
impasse com a Ciência a demonstrar que podemos interferir muito
mais em assuntos considerados até em tão "sagrados" e,
por outro lado, o crescimento de movimentos religiosos que insistem em
"desafiar" a Ciência. Tais grupos propõem uma
visão do mundo em absoluto conflito com a
descrição científica da realidade. Como conciliar
esses dois pontos de vista?
Lembremos as antigas escolas de
pensamento: cada indivíduo, instituição ou
agrupamento social é atraído ou advoca um ponto de vista
de acordo com sua própria bagagem intelectual e moral. Tal como
as abelhas, os indivíduos se afinam uns com os outros de acordo
com seus próprios gostos pessoais e padrões de
opinião. Os grandes movimentos religiosos (de todos os matizes)
e agrupamentos científicos são como grandes
colméias que atraem Espíritos afins. Uns veêm Deus
em uma simples pedra, outros apenas nos raios do Sol enquantro
que há outros que não acreditam em nada.
Em grande parte o debate toma
proporções imerecidas justamente porque ambos os lados
apenas apreendem aspectos parciais da realidade. Mas nos dois lados, o
Espírita deve observar com atenção as
descobertas científicas e evidências empíricas
que sempre trazem as novidades do "Livro da Natureza". Esse foi o
primeiro livro escrito pela mão daquele que criou todo o
Universo e que, portanto, tem precedência natural sobre qualquer
outro livro seja ele considerado sagrado ou não.
A Doutrina Espírita
apóia e advoca todas as teorias científicas, não
tendo nada contra esse ou aquele posicionamento da Ciência.
Sabemos que não existe uma "ciência oficial"; oficial
apenas pode ser a breve opinião de alguma comunidade de
cientistas. Mas a Doutrina Espírita vai mais além por
considerar que o Universo teve um começo bem determinado, uma
causa primeira. Essa causa possui inteligência. Além
disso, advoca que somos seres sem fim na criação. O
conhecimento espírita é bem o complemento espiritualista
que falta às considerações puramente
científicas. Todas as proposições que pretendem
dar andamento seguro ao debate entre a Fé e a Razão
passarão pelas questões e considerações
feitas na Doutrina Espírita. Por isso, a Doutrina
Espírita, na minha humilde opinião, é bem o ponto
presente de convergência entre Fé e Razão,
entre Ciência e Religião, embora sejam raros os lados do
debate que tenham condição de reconhecer esse fato.
Estejamos certos desse fato e
acolhamos com interesse as novas proposições da
Ciência, venham elas de onde for, ainda mais certos de que todas
essas coisas estam previstas nas Leis da Natureza da qual a Doutrina
Espírita, através de seus princípios,
também faz parte.
Muita paz,
Editores GEAE
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Um
Diálogo Fraterno sobre a Ciência & Espiritismo III
(Continuação do Artigo iniciado no
Boletim 476)
9)
O que significa dizer que algo
é comprovado pela ciência? Quem emite esta
comprovação?
[Ademir] O termo "comprovado
pela ciência" é de utilização popular e
não tem paralelo preciso na atividade científica.
Em geral significa dizer que a "ciência" - talvez confundidada
como a atividade dos cientistas ou pela opinião deles - endossa
essa ou aquela crença ou proposição. Podemos dizer
que a ciência "comprovou" que a Terra gira em torno do Sol?
Podemos dizer que, dentro das ciências, há um ramo da
física ou da astronomia que tem um modelo muito bem sucedido
onde a Terra orbita o Sol e não o oposto. Esse modelo é a
base para a crença por parte dos cientistas de que a Terra se
move em torno do Sol.
A crença popular da comprovação não segue
dessa cadeia de raciocínio: vem da autoridade conferida aos
cientistas. Como esses dizem que a Terra gira em torno do Sol,
então diz-se que a "ciência comprovou" que a terra gira em
torno do sol de fato.
Há que se separar aqui duas coisas:
(1) a estruturação do paradigma se faz em uma linguagem
específica que, em geral, está fora do alcançe dos
leigos. O paradigma em si prevê um conjunto de fenômenos e
descreve a Natureza de uma forma específica que só
é acessível ao profissional;
(2) a opinião dos cientistas. Cai-se agora em uma questão
de autoridade: quem tem mais autoridade, um astrônomo ou um
físico (na questão acima)? E se compararmos com a
opinião de um físico de partículas? E se
utilizarmos a opinião de um biólogo?
Está bastante claro que o que a ciência descreve
não pode depender da opinião dos cientistas, embora a
opinião popular se reporte explicitamente a tal opinião.
Assim o julgamento popular é bastante deficiente e, como
consequência disso, muitas "comprovações" carecem
de sentido, principalmente quando se referem a opinião de
cientistas que divergem sobre determinado assunto ou quando dizem
respeito a opinião derivada de modelos (paradigmas) que foram
revistos.
[Alexandre] O Ademir separou
bem as concepções que existem quanto à
expressão "comprovação cientifíca". Em
geral, as pessoas atribuem às opinioes dos cientistas (mormente
os grandes premios-Nobel) um valor especial. De fato, não existe
uma definição precisa para “comprovação
cientifica” que possa ser apresentada numa frase.
Eu gostaria de colocar essa questão da seguinte maneira. Quando
é que um resultado de uma pesquisa qualquer pode ser considerado
como cientificamente válido? Aí entra a questão
já bem apresentada pelo Ademir sobre os paradigmas de cada
ciência. Cada paradigma define seus métodos
específicos de validação de um resultado. Eu tenho
usado a expressão "comprovação científica"
nesse sentido.
Vou dar um exemplo interessante cujos detalhes eu não domino
completamente mas a idéia é clara e está em acordo
com o que o Ademir explicou. Recentemente, os cientistas divulgaram que
o neutrino tem massa. Isto é, isso foi comprovado
cientificamente. Mas notem que ninguém pegou um punhado de
neutrinos e pos numa balança. A forma pela qual eles concluiram
que o neutrino tem massa envolve muita teoria. Se não me engano
a medida experimental foi a contagem do número de um determinado
tipo de neutrino que, dependendo do resultado significaria que os
neutrinos tem massa, porque uma certa teoria explica que se ele tiver
massa o número de um determinado tipo de neutrino será
maior (daqueles que vem do sol).
Então aqui vemos que o paradigma determinou COMO o experimento
deveria ter sido feito para determinar se o neutrino tem ou não
massa. O experimento foi feito e a massa do neutrino foi enfim
descoberta. Houve uma comprovação científica em
termos do paradigma que dirige esse ramo da física.
Outro ponto que acabou se tornando algo quase que obrigatório
é a questão da publicação de artigos em
revistas científicas "per reviewed". Este é um ponto
delicado e discutível, mas, geralmente, quando uma pesquisa
é publicada numa revista cientifíca, ela se torna,
digamos assim, meio caminho andado rumo a ser considerada "comprovada
cientificamente". Na verdade, a publicação confere um
status de que a pesquisa foi analisada de acordo com os métodos
definidos pelo paradigma em questão. Porém, o que a gente
vê, é que ou esse artigo será verificado por outros
cientistas e citado como correto, ou outros cientistas
encontrarão erros nesse artigo e vão citá-lo por
isso em futuras pesquisas. Assim, um assunto pode ser considerado como
"comprovado" após os debates cientificos ocorridos ao nivel das
publicações (artigos), confirmando ou refutando cada
resultado. De qualquer forma, a publicação de um artigo,
mesmo que em revista de impacto menor, reflete o trabalho de cada
cientista.
Nesta história de "comprovação cientifica" existe
também dois aspectos. Um é o trabalho puramente
teórico. Este, para ser válido, deverá satisfazer
os métodos e ferramentas teóricas previstos pelo
paradigma em questão. O segundo aspecto é a
verificação dos fatos, experimentalmente (quando isso
é possivel) ou através da observação. Notem
que o Ademir mencionou sobre grandes descobertas que primeiro foram
previstas teoricamente e, depois, foram confirmadas experimentalmente
como, por exemplo, o aspecto ondulatório do eletron e a
existência do positron (anti-partícula do eletron). Esses
são grandes exemplos mas eu gostaria de ressaltar que muitos
outros exemplos de previsões teóricas que não se
confirmaram existiram e, naturalmente, cairam no esquecimento por
não terem dado certo.
Assim, quem ou, melhor, o que determinou que uma previsão
teórica estava correta ou nao? Resposta:
os fatos (Kardec foi muito
sábio nesse ponto!). Se ninguém tivesse medido (querendo
ou não) ou observado a existência do positron, isso
não teria o valor que tem hoje. Portanto, a
"comprovação" dos fatos tem um peso maior do que uma
"comprovação" puramente teórica e é
justamente o fato que dita o valor de uma teoria.
Perdoem-me a extensão mas os detalhes ajudam a explicar pontos
importantes. Considerem o exemplo simples de um objeto que deixamos
cair no chão, a partir de uma determinada altura. A
mecânica clássica explica isso muito bem. Se eu soltar uma
bola de gude de uma altura de 1 metro a mecânica de Newton
prevê com uma precisão muito grande a
posição do centro da bola de gude em cada instante
até tocar o chão. Mas será que as mesmas
equações me explicam, também com precisão,
a posição do centro de uma folha de papel que cai da
mesma altura? A resposta é não pois, no caso do papel a
força de resistência do ar não pode ser desprezada
(como foi no caso da bola de gude). Esse tipo de
consideração é muito comum em fisica: toda hora os
fisicos tentam descobrir onde eles podem simplificar algumas
equações para facilitar o estudo de um conjunto
(limitado) de fenômenos. Então, eu nao posso usar as
equações obtidas para a bola de gude no caso do papel.
Nesse caso, eu tenho que incluir a força de resistência do
ar para obter uma melhor explicação ou
predição do fenômeno. Em seguida eu pego uma folha
de papel e faço a experiência de modo a verificar se a
teoria (equações) está correta. Muitas vezes, o
experimento diz que as equações estão erradas e
torna o cientista a reformular as suas equações levando
em conta algum outro termo para tentar explicar os dados.
Porque eu escrevi isso acima? Vemos que os resultados teóricos
pertencentes a um dominio ou disciplina cientifica são
subconjuntos do conjunto maior de teorias (leis complementares) ligadas
ao paradigma dessa disciplina. Mas vemos que as leis complementares de
um subconjunto pode não valer dentro de outro subconjunto e isso
precisa estar bem claro na mente dos cientistas para não
enfiarem os pés pelas mãos, usando equações
de um campo no subconjunto errado. Esse o ponto que eu queria destacar
que eu vou comentar mais abaixo.
Agora o ponto que nos interessa de perto. Quando nós temos uma
idéia, ou tese, ou proposição, ou algum resultado
de pesquisa, precisamos utilizar os métodos específicos
da disciplina científica associada ao assunto para "comprovar",
isto é, demonstrar a validade de nossa idéia, tese, ou
resultado de pesquisa.
Essa questão se torna difícil e delicada quando um
assunto pertence a fronteira entre duas ou mais ciências. Por
exemplo, ao usarmos fisica ou matemática para explicar certas
propriedades do DNA, é preciso satisfazer tanto os
critérios e métodos dos paradigmas da fisica utilizados,
quanto aqueles da biologia e da química. Se eu for muito
específico na fisica e não prestar atenço
às informações biológicas o meu trabalho
não será aceito como válido, cientificamente.
A mesma coisa tem que valer para com as tentativas de relacionar-se a
fisica e o espiritismo. Devemos aplicar o rigor de cada uma das
ciências envolvidas (fisica e espiritismo) se quisermos obter um
resultado válido perante os paradigmas de ambas. É
preciso ter um cuidado mais que redobrado ao utilizar (ou tentar
utilizar) definições e equações da fisica
para descrever algo de ordem espiritual pois precisamos verificar se as
equações que usamos, que pertencem a um determinado
subconjunto de fenômenos fisicos, podem ser aplicados no
fenômeno espírita que pretendemos. Esse é o ponto
que é muito delicado, requer muita discussão por nao
sabermos bem o que é o mundo espiritual, ou melhor, o que
são os fluídos que o compõem? E nesse ponto
é que eu faço o meu alerta (artigo fisica quantica I:
alerta) de que não se publicou ainda as
explicações que permitirão a nós
analisarmos se a idéia ou tese proposta tem valor
científico de acordo com a física e o espiritismo.
Notem que eu não posso afirmar que elas não são
válidas. Mas sem ver a explicação delas elas tem o
mesmo valor de uma opinião (vide comentários do Ademir
sobre opinião, mesmo a de um cientista).
Uma opinião não pode ser divulgada como uma tese
"comprovada". Os leitores leigos não sabem discernir e tomam por
"comprovação científica" as afirmativas feitas
pelos cientistas, mesmo sendo eles espíritas, e mesmo tendo elas
sido feitas com a mais nobre das intenções. Todo
cidadão tem o direito de possuir e crer nas teses que quiser,
nas teorias e idéias que quiser. Mas ninguém tem o
direito de divulgá-las como verdades relativas a uma
ciência sem satisfazer os critérios e métodos
determinados pelos paradigmas da mesma. O máximo que
alguém pode fazer é divulgar sua idéia dizendo ser
uma idéia particular, uma opinião que ela acredita ser
verdade, mas que não pode ser tomada ainda como "cientificamente
comprovada" e que ela pode e deve ser analisada pelos demais
companheiros que se interessarem.
De fato, uma coisa é o que a comunidade científica
"pensa" ser o que é ciência. Outra coisa é o que
ela realmente é ou deveria ser.
O ponto central é que é necessário que as
idéias novas sejam publicadas junto com a
explicação das mesmas ou com fatos que a suportem.
Se uma idéia é puramente espírita, isto é,
pertence e está ligada apenas ao paradigma espírita a
explicação da idéia proposta só depende dos
conceitos pertencentes ao Espiritismo.
Portanto, explicações para Jesus, os espíritos, a
reencarnação, a mediunidade só dependem do
paradigma espírita e isso não está em conflito com
o conceito de ciência.
Chibenni já demonstrou que do ponto de vista filosófico
mais rigoroso, a Doutrina Espírita é uma Ciência
legítima, com seu próprio paradigma e métodos. Os
artigos do prof. Chibenni podem ser obtidos em:
http://www.geocities.com/chibeni
Se a idéia é puramente ligada a física ou à
química ou à biologia, as formas de se defender as novas
idéias e pesquisas (ou investigações) só
dependem de cada uma dessas ciências em separado.
Se uma idéia nova é o que a gente chama de
interdisciplinar, então isso significa que ela está
ligada a mais de uma ciência ao mesmo tempo. Por exemplo, o
estudo da estrutura tridimensional do DNA envolve física,
biologia e química. Então, nesses casos, as idéias
e pesquisas novas devem ser explicadas e embasadas de acordo com os
paradigmas atuais de todas as ciências envolvidas.
Por fim, o ponto onde quero chegar é que se uma idéia
nova está ligada ao mesmo tempo, ao Espiritismo e a qualquer
outra ciência básica, como a física, por exemplo,
essa idéia nova deve ser explicada de acordo tanto com o
Espiritismo quanto com a física. A idéia nova não
pode satisfazer apenas aos critérios de uma das ciências
envolvidas. Ela deve satisfazer os critérios e rigores das duas.
No Espiritismo estamos acostumados a passar todas as mensagens
recebidas mediunicamente pelo crivo da razão, e quando
não podemos fazer essa análise, devemos passar pelo crivo
do consenso universal. Ou seja se um espírito desencarnado,
não importa quem seja ou em nome de quem esteja escrevendo,
transmitir uma mensagem sobre assunto novo, o correto é por de
molho e esperar por outras mensagens de espíritos em outros
lugares e por outros médiuns. Mas se um assunto novo é
transmitido por um "espírito encarnado" por que não
aplicar o mesmo cuidado?
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Universidade da Alma. Cidade
Universitária do
Espírito, Luiz Carlos D. Formiga & André Luiz B.
Formiga
1. As Cidades Universitárias.
Em 1965, no Anuário
Espírita, falando a respeito da Codificação
Espírita, Yvonne Pereira diz que "essa obra é
imortal como imortal é o Evangelho, uma vez que ambos são
revelações divinas e porque sempre existirão
cérebros e corações necessitados de
renovação
e esclarecimentos através deles. Por enquanto é, com
efeito, a fonte Kardecista a única habilitada em assuntos de
Espiritismo capaz de expandir renovações para o futuro,
visto ser o alicerce de quanto existe a respeito, até agora".
Por
intermédio da mediunidade de Yvonne pudemos ler a narrativa
sobre a "Cidade Universitária" espiritual, onde
ciclos novos de estudo e aprendizagem se franqueariam para
espíritos
em evolução, segundo seus desejos." (31)
Uma Cidade Universitária
no Além!
Para nós que estamos
professor universitário é um bom tema para
reflexões.
Pena que nossos recursos pessoais sejam tão escassos. No
entanto, vamos tentar repassar algumas idéias, mesmo
imperfeitas, das dificuldades que encontramos no ensino superior.
Yvonne
Pereira afirma que "Allan Kardec é ainda o grande
desconhecido, para os espíritas, dado que a minoria é
que o conhece plenamente. Ele tratou de Ciência, de Filosofia e
de Moral e tais matérias, de suma grandeza, não podem
ser apenas lidas uma ou duas vezes, mas estudadas, continuamente, com
método analítico, observação acurada,
amor e perseverança, a fim de serem bem compreendidas e
praticadas".
Na
universidade ou na casa espírita as perguntas são
importantes. Recordo-me da questão feita, num estudo da
mocidade e que foi respondida por um jovem espírita: "se
Jesus já ensinou as Leis de Deus, qual a utilidade do
Espiritismo?" (4)
Uma
outra dúvida, sobre as condições da vida
após
a morte, apresentada por um cardiologista nos chamou a
atenção.
Diversas pessoas já nos fizeram a mesma questão e
outros nos confessaram que iriam deixar para ler o livro "Nosso
Lar" depois que melhor estivessem inteirados dos postulados
básicos da Doutrina Espírita.
Leewenhoek
(1632-1723) descreveu, com auxílio de microscópios
óticos, o mundo "invisível" dos micróbios:
"Recebi em minha casa diversos cavalheiros, que estavam ansiosos
por ver os micróbios do vinagre. Alguns deles ficaram tão
enojados do espetáculo, que juraram nunca mais usar vinagre.
Mas o que seria se se contasse a essa gente que existem mais germes
na boca humana, vivendo na escuma junto aos dentes, do que homens em
todo o reino?"
Algumas
pessoas respondem da mesma forma (nunca mais usar vinagre) diante da
realidade do espírito imortal. Admitem a sua existência,
mas não querem pensar no "após a morte".
Se
não é como o espírito André Luiz escreve,
através do médium Francisco Cândido Xavier, como
será? Diversos médiuns descrevem relatos parecidos e
coincidentes. Como coincidentes e parecidos são os relatos das
pessoas que tiveram a experiência autoscópica.
Aparentemente morto o indivíduo chega ao hospital. Algum tempo
depois seu coração recomeça a bater. Depois
contam as histórias de suas mortes. É a experiência
de morte iminente, onde há extraordinária
percepção
de visões, sons e acontecimentos que a pessoa tem, quando
clinicamente morta, próxima ao retorno impossível.
E
as materializações de espíritos?
Para
onde foi e de onde veio Katie King (espírito) após
despedir-se de Florence Cook (médium) nas memoráveis
experiências de William Crookes?
Já me
disseram que não gostariam que fosse como André Luiz
relata, porque é muito palpável, material, muito
semelhante ao nosso plano terráqueo. Um pesquisador, Nobel de
Física, afirmou que "o mundo que observamos não é
senão uma minúscula película na superfície
da verdadeira realidade". A nossa ansiedade nos faz desafiar uma
pessoa, que passou pela experiência autoscópica, a
provar que a morte do corpo não mata a vida. Por outro lado os
que passaram por ela não parecem interessados em fornecer tal
prova a terceiros. Um psiquiatra que teve tal experiência fez
uma síntese: "pessoas que tiveram experiência
sabem. Os outros devem esperar" (13).
Usaremos
algumas informações colhidas na "Mansão da
Esperança", situada na Cidade Universitária
espiritual. Antes, porém, vamos visitar outras universidades
mais próximas de nossa materialidade (2,
7).
Na
universidade, desde 1966, vivenciamos ensino-pesquisa-extensão
(20).
O
Brasil possui várias universidades. Algumas delas, na
realidade, não passam de escolas massificadas de terceiro
grau, onde professores dissociam ensino-pesquisa. A
produção
do conhecimento é cantada, em prosa e verso, mas na
prática
não se encontra quase nada. Como as pessoas, universidades
também podem adoecer. Encontramos enfermidades adquiridas,
quando as instituições são atacadas por governos
patogênicos "por excelência". Pode-se adoecer
também pelo ataque de pessoas anfibiontes, como aqueles
microorganismos potencialmente patogênicos que fazem parte da
"flora" humana normal; por motivos políticos
diversos, a instituição fica com a resistência
baixa e eles as atacam (5,6). Outros,
com verdadeiro espírito universitário pesquisam novos
antibióticos para combaterem infecções.
Do Sistema
Especial de Reserva de Vagas, para estudantes egressos de escolas
públicas nas instituições de
educação
superior, só mais adiante colheremos os frutos, mas certamente
alunos serão penalizados pelo mau ensino que o colega recebeu
no ensino médio.
No
livro de Yvonne (31), pudemos perceber
como deve ter sido o critério utilizado para admissão
dos novos alunos naquela universidade. Diz o diretor aos calouros: "
– Iniciais neste momento fase nova em vossa existência de
Espíritos delituosos, meus caros amigos! Dentre tantos
padecentes que convosco chegaram a esta Colônia, fostes os
únicos a atingir condições indispensáveis
às lutas do aprendizado espiritual que vos conferirá
base sólida para aquisição de valores pessoais
nos dias porvindouros".
Hoje há entre espíritas
um interesse maior pela universidade. Os que são docentes
estão procurando oferecer reflexões, mesmo modestas
como essas.
Apesar das
inúmeras iniciativas, o preconceito na academia ainda se
manifesta quando nos revelamos espíritas. O brasileiro é
preconceituoso. Há preconceito com o deficiente visual, com o
negro, epilepsia, hanseníase, AIDS (13,21,32).
2.
Vinte e Nove de Agosto.
Não é
por acaso que, tenho em mãos a tese do doutorando Brasilio
Marcondes Machado (27), apresentada no
dia 29 de agosto e defendida no dia 26 de dezembro. Brasilio é
semelhante ao cego de nascença, que curado por Jesus deu o seu
testemunho, diante dos fariseus (16). Na
tese, diversos pontos me chamaram a atenção. Um deles,
de valor "estimativo", foi o dia de sua apresentação.
Na pós-graduação, também defendemos tese
de mestrado no mesmo dia, embora 52 anos depois. O vinte e nove de
agosto se repete em 1979, quando defendemos na UFRJ a tese de
doutoramento.
Os temas e os resultados são
diferentes.
Brasilio traz uma "Contribuição
ao estudo da Psychiatria (Espiritismo e Metapsychismo)", em
1922.
Outro ponto que nos chamou a
atenção é a nota, na folha de rosto: "A
Faculdade não approva nem reprova as opiniões exaradas
nas theses pelos seus autores". Art. 95 do Regimento Interno da
Faculdade de Medicina do Rio de janeiro".
Um terceiro ponto, encontrado
antes das dedicatórias é "Uma Explicação",
oferecida pelo doutorando.
"- Ao apresentar minha
these para defesa perante a Faculdade, não cometti a
ingenuidade de esperar fosse approvada, não obstante dispor o
art. 95 do Regimento Interno vigente que a Faculdade não
approva nem reprova as opiniões exaradas nellas pelos seus
autores".
"Temia fosse rejeitada sob
a allegação do que dispõe o art. 94: - os
alumnos que concluírem o curso médico poderão
defender these sobre assumpto à sua escolha dentre as
matérias
ensinadas no referido curso".
"Aconteceu, porém
que essa allegação não poderia ser feita porque
já havia sido defendida e approvada uma these contra o
espiritismo".
"Assim, fui chamado à
defesa do meu trabalho a 26 de dezembro, as 13:30 horas".
"Reprovado".
"Deste resultado julguem os
que me lerem, pois não quero ser juiz em causa própria".
"Graças a Deus as
fogueiras estão extinctas e os Torquemadas fora de moda"
"Le monde marche..."
"Vou
esperar o um dia depois do outro para voltar à defesa
desta mesma causa que, então, será a de todos nós,
na sciencia ou fora dela".
Vinte e
nove de agosto - um dia especial que nos marcou!
Não
conhecemos o Dr. Machado, mas parece não haver dúvida
de sua condição de médico e espírita
verdadeiro (22).
3. Pessoas e
Números
Estimulantes.
Uma
questão, ainda, não resolvida pelas universidades
é
a do tempo integral e dedicação exclusiva. Alguns
professores preferem o horário parcial, para chegarem a um
salário melhor na iniciativa privada, o que não
conseguiriam com a dedicação exclusiva. Encontramos os
que optaram pelo horário integral, mas não o cumprem.
Isso cria um problema. É através do processo de
socialização que ideais, valores e crenças
passam a ser entendidas e visualizadas como referências
importantes para o desenvolvimento da ciência e do saber
(28,29).
A relação
professor-aluno, na Cidade Universitária descrita pela
médium
Yvonne, é logo de início uma atitude de
transparência.
Narra um dos calouros: - "Participou-nos, em seguida, que sua
primeira aula consistiria na apresentação de sua
personalidade a nós outros, seus discípulos".
A atitude do
instrutor não era de mera formalidade;
apresentação
de sua linha de pesquisa; listagem de seus trabalhos publicados em
revistas de renome internacional "espiritual", mas na
"apresentação de sua personalidade".
Continua narrando o aprendiz: -
"Que necessário seria que o conhecêssemos
intimamente, a fim de que seus exemplos nos estimulassem na senda
espinhosa em que seríamos chamados a solver vultosos
débitos,
porquanto será sempre de boa pedagogia que o mentor apresente
seus próprios exemplos aos alunos, a quem inicie, e
também
para que aprendêssemos a amá-lo, e nele confiar,
tornando-nos seus amigos, considerando-o bastante digno de ser ouvido
e acatado".
Esses calouros são
espíritos que carregam grandes débitos e, portanto,
iniciam a vida universitária com algumas dificuldades. Teriam
eles liberdade total no campus universitário?
O primeiro
dos direitos naturais é o de viver. Um dos princípios
fundamentais da justiça é a liberdade. Determinadas
ações, desenvolvidas por uma pessoa podem restringir a
liberdade da outra. Este princípio não pode exigir a
oferta incondicional da liberdade total a todos. Esta deve ser
contida pela necessidade de proteger a do próximo. Um outro
princípio é o da "diferença". Com base
neste princípio, é que as desigualdades sociais e
econômicas devem ser organizadas, da forma que tragam os
maiores benefícios aos menos favorecidos e possam propiciar
funções e posições acessíveis a
todos, em condições de uma justa igualdade de
oportunidades (13).
Mello (30)
diz que "a igualdade", princípio
jurídico-filosófico
é base dos direitos humanos. Mas, não existe igualdade
jurídica, quando há uma desigualdade de fato. A
ação
afirmativa visa corrigir a distorção. Desenvolvida
nos EUA, é ação necessária para proteger
aqueles que iniciam a sua "corrida" na sociedade em
condições desvantajosas.
Faz-se
necessária uma ação afirmativa
(descriminação
positiva), no ensino superior, protegendo aqueles
universitários que demonstram maior potencial para o ensino
superior, para a produção do conhecimento. No entanto,
estes alunos podem iniciar sua "corrida", em condições
desvantajosas, numa universidade eventualmente agredida por um
governo inábil ou populista. A discriminação
positiva poderá oferecer melhores resultados, se os
responsáveis pela educação superior perceberem
que esses alunos diferenciados (o que a universidade tem de melhor),
não pertencem a uma classe social, mas também
oferecerem, em contra-partida, as condições reais para
sua formação. Muitos destes alunos e professores, mesmo
na adversidade, conseguem produzir conhecimento, aceito pelos pares
em revistas de impacto. O que eles não fariam se as
condições
fossem outras?
Imaginem a produção
de um professor universitário, que viesse de um país
desenvolvido para trabalhar numa universidade brasileira? Sua
condição - ser "resiliente".
Recentemente
a UFRJ divulgou os resultados com um novo curso de
graduação,
voltado para a pesquisa e o ensino. No final, 17 alunos,
"resilientes", haviam apresentado 153 comunicações;
14 delas em Congressos Internacionais; 13 alunos assinavam trabalhos
publicados em revistas internacionais. No ano seguinte, encontramos
18 aprovações em concursos públicos para a
pós-graduação (2,24).
Em 1980,
divulgamos os resultados do acompanhamento de 255 biomédicos
formados pela Faculdade de Ciências Médicas da UERJ.
Olhando as turmas, de 1968 a 1978 encontramos números
estimulantes e motivos para uma ampla discussão sobre
ensino-pesquisa. Professores universitários eram = 80; Mestres
ou mestrandos = 103; doutorandos = 6; doutores = 8, em apenas 11 anos
(7,8,10,11).
4. Para Sobreviver.
Em
1994,
comentamos a necessidade dos governos estarem alertas com
relação
às doenças transmissíveis (6).
Posteriormente, ressaltamos a importância da
vacinação
(26), contra as doenças
microbianas. Quando os governos não realizam ações
preventivas, os surtos epidêmicos reaparecem ocasionando perdas
e danos. Com relação à universidade de qualidade
podemos encontrar a iatrogenia "da omissão" e
"intromissão". As universidades e seus
docentes-pesquisadores adoecem.
A
professora, Fátima Araújo de Carvalho (3),
que realizou seus estudos de pós-graduação
estudando um tema "em alta", nos diz que "a
resiliência é caracterizada por um conjunto de atitudes
adotadas pelo ser humano para resistir aos embates da vida. O ser
resiliente não foge das opressões e consegue
neutralizar seus efeitos, sem que necessariamente as mesmas sejam
afastadas ou diminuídas".
A professora, Fátima, de
São José dos Campos, nos remete ao texto de Heloisa
Helvécia - "Resiliência em Alta".
Heloisa, na Folha de São
Paulo, destaca o termo deslocado da Física: "este
conceito nomeia a propriedade de alguns materiais de acumular
energia, quando exigidos e estressados, a voltar ao seu estado
original sem qualquer deformação".
A articulista da Folha diz que
"essa característica vem contando pontos como competência
humana". Seria a mesma "habilidade do elástico, ou
da vara do salto em altura – aquela que enverga no limite máximo
sem quebrar, volta com tudo e lança o atleta para o alto".
Procurando
elucidar o tema, Fátima enviou carta para a seção
do leitor, com o seguinte comentário: no texto
"Resiliência:
um conceito em alta" há falha em fazer a simples
transposição do conceito de resiliência da
Física
para a psicologia. Na Física, a resiliência, refere-se
à
propriedade que os corpos têm de voltar à sua forma
original sem deformação. Aplicada aos seres humanos,
é
a capacidade do indivíduo de superar situações
de risco e voltar transformado, crescendo com a experiência.
Assim, diz-se, que um indivíduo é resiliente quando
consegue superar as adversidades, encontrando forças para
aprender com elas. É preciso tomar cuidado, para que não
façamos como nos EUA, atribuindo a tudo o conceito de
resiliência, de meias de seda a comida para cachorro, só
para usar um conceito "da moda".
Não
duvidamos da existência de pessoas com alto índice de
resistência à frustração, no entanto as
agressões podem ocorrer até em pessoas (universidades)
"vacinadas" (26). São
muitos os que solicitam aposentadoria após acontecimentos
angustiantes. Por esse motivo, é necessário ressaltar a
importância da angústia na determinação de
doenças orgânicas. O estresse pode ser causado por
qualquer tipo de situação, que exija uma fase de
adaptação orgânica e/ou emocional, com gasto de
energia superior àquele a que o organismo está
acostumado. O estresse pode ser físico, psíquico ou
misto. Um exemplo é internação hospitalar, que
induz a estados emocionais intensos. Há momentos, em que
encontramos a universidade na porta da UTI.
Os fisiologistas demonstraram
que, nos estados de estresses, há liberação de
determinadas substâncias de grande importância durante a
"síndrome geral de adaptação", mas
que, em longo prazo, têm certo efeito destruidor sobre tecidos,
inibindo o crescimento somático e a formação
óssea.
Em pessoas estressadas é
comum o relato da perda do sono. Períodos curtos de sono ou
insônias causam déficit na capacidade de síntese
molecular do cérebro, tão necessária à
estruturação da memória. Os estressados, podem
apresentar um número variado de distúrbios como infarto
do miocárdio, úlceras pépticas, doenças
circulatórias e outras.
Pode-se fazer uma ligeira
comparação, com os princípios relacionados com
os "estados excitados", amplamente utilizados no estudo dos
fenômenos atômicos e moleculares, na física
quântica. No estresse, o organismo se mantém fora do seu
"estado fundamental, estando em níveis mais altos".
Mesmo, numa vida sem grandes novidades não é
possível
a manutenção constante deste estado fundamental.
O organismo
está realmente oscilando o tempo todo em torno desde estado,
sendo até possível que o envelhecimento e o tempo de
vida estejam relacionados com a intensidade dessa
oscilação.
Isto exige um processo, quase contínuo, de
adaptação
às condições oferecidas pelo meio, aquilo que o
afasta do seu estado fundamental a todo instante. Surge o paradoxo:
para sobreviver, os seres vivos encurtam o seu tempo de vida,
envelhecendo (13,14).
5. Pires na
Mão.
Professor
"caixeiro viajante" é um poli-traumatizado que
despencou da ponte entre a pesquisa e o ensino. Muitos ainda não
caíram dela, mas é bom lembrar que as exigências
são grandes (9) e a resiliência
é muito mais freqüente do que se pensa. Hoje há um
impasse para todo docente-pesquisador que é a subdivisão
de seu tempo em cursos de graduação,
pós-graduação,
orientação de teses, funções
administrativas e/ou executivas, reuniões, contatos, viagens,
atividade clínica, atividades diversas, e ainda em conseguir
que financiamentos para pesquisa lhes sejam concedidos uma vez que
até as lâmpadas do laboratório hoje são
compradas desta forma. Nessa correria pelos corredores das
financiadoras de projetos, “com o pires na mão”, é
que vamos encontrar a origem da visão distorcida de que
ensinar e pesquisar são atividades que concorrem entre si. Na
Universidade o professor vai se deparar com o binômio, que
é
questionado apenas quando nos sentimos incapazes de bem realizar “o
momento” de uma ou outra atividade. Outros, sob pressões
diversas, passam a acreditar que o aluno de graduação
é
anexo incômodo, que apenas rouba o tempo de pesquisa do
professor (8). Mas
a função da universidade exige a produção
do saber, ou seja, a superação de um saber anterior, na
negação de um saber passado para a
construção
do novo. Neste momento é que surge, latente, a
indissociabilidade do ensino e da pesquisa. A pesquisa
científica
é que move esse processo de superação.
Hoje ainda escutamos as palavras
do diretor da Royal Gramar School de Shrewsbury ao jovem que fazia
experimentos químicos por sua conta: “Darwin, você
está perdendo tempo com coisas inúteis. Cuida da
gramática grega e da literatura latina. Elas são as
marcas infalíveis de um cavalheiro inglês”.
Darwin, hoje,
anda sem prestígio no ensino religioso no Rio de Janeiro. A
questão do ensino, em qualquer nível, tradicional ou
novo, é como a questão da pesquisa: deve ser vista como
um problema conjuntural (9).
6. Umbigo na Bancada
Encontramos
também o
imobilismo dos professores que adquiriram a estabilidade e estão
definitivamente agregados à universidade. A
Instituição
não encontra uma forma de estimulá-los ou mesmo
não
consegue oferecer condições mínimas de trabalho.
Quando a universidade atinge desenvolvimento adequado ela começa
a exigir um bom doutoramento dos candidatos quando existem concursos.
"Bom doutoramento" não significa apenas trabalhos
publicados no exterior, mas é quando percebemos que o
"recém-doutor" deixa de "pegar carona" e
demonstra capacidade de dirigir uma linha de pesquisa própria.
Afinal, a influência da pesquisa na renovação do
ensino não se realiza apenas pela atividade estrita de
pesquisa de cada professor, mas também pela
comunicação
da pesquisa, pelo clima de indagação e
efervescência
intelectual que ela deve gerar.
A
universidade deve trilhar o caminho da
pós-graduação
(11) e certamente necessita fugir do
isolamento trazendo professores visitantes, que não precisam
ser todos do exterior. O ethos da ciência é um
conjunto de crenças acerca do próprio papel do
cientista. A internalização de valores e crenças
se dá ao longo do processo de socialização. A
integração entre o ensino e a pesquisa está
vinculada a experiências que são transmitidas por nossos
antecessores, as quais, na forma de um fundo comum de alternativas
possíveis funcionam como um código de referência
ou orientação. Uma prática que tomou conta da
maioria das instituições brasileiras, incluindo a
universidade, é a burocratização. Contra ela
será necessário lutar, pois reduz o tempo do professor
universitário, tempo que poderia ser utilizado encostando o
"umbigo na bancada", junto a seus alunos. Nos países
em desenvolvimento a socialização para a pesquisa
ocorre tardiamente, isto porque a ciência não é
um valor nesta sociedade, o cientista não goza do
prestígio
social que lhe é conferido nos países onde o
desenvolvimento da pesquisa científica é parte
fundamental do projeto global da sociedade (28,29).
Não
estamos querendo justificar a pobreza de nossas
publicações
(23) quando lembramos os diversos
conflitos que tivemos por melhores condições de
pesquisa-ensino, o que na realidade se encontra na lei. Possuirmos
alguns artigos publicados em revistas extranacionais, mas isso
não
impede a autocrítica, através de diversos instrumentos,
incluindo seus índices de impacto. No entanto, a
autocrítica
não estimula nossa frustração, porque talvez em
outras condições tudo fosse diferente. O depoimento do
campeão olímpico brasileiro é tranqüilizador:
"nas condições oferecidas aos atletas no Brasil,
só o fato de competir já os torna campeões".
O docente-pesquisador brasileiro também se depara, na
olimpíada laboratorial, com atletas de paises desenvolvidos,
que não estão "de pires na mão".
Governos devem estimular as ilhas de competência, porque a
colonização intelectual é tão cruel como
a econômica (9).
7. Imaturos e
Semiletrados
A
interação
social de forma ampla na aldeia global parece apontar para os
departamentos estanques como espécies em extinção.
Mas como transitar nos caminhos da transdisciplinaridade que é
transcultural? A ética transdisciplinar recusa toda atitude
que não aceita o diálogo, a discussão, seja qual
for a sua origem (18).
Um
outro problema é a
onda populista, a localização e a dimensão da
universidade. Ela pode ficar numa ilha cercada de violência por
todos os lados, os governos fazendo pressão para que se
aumente o número de vagas, cursos noturnos apontados como
alternativa viável e o oferecimento de adicionais por aula
dada. Se durante o dia, já nos sentimos inseguros imagine como
será à noite com as balas perdidas! Mas, a este se soma
outro problema. A nova dimensão certamente afetará a
qualidade. Ofereceremos cursos de valor cultural duvidoso? Os alunos
sairão imaturos e semiletrados, sem o mínimo de
reflexão?
Vamos
começar
a diplomar os que são capazes de repetir o que já se
sabe, reproduzindo de forma estéril os mesmos processos ou
métodos que outros produziram ou descreveram. Alguém
já
lecionou como se fundam e se preservam as universidades. Precisamos
de cérebros, depois de cérebros e depois ainda de
cérebros em tempo integral e dedicação exclusiva
(15). Atividades de pesquisa
desenvolvidas por professores não são percebidas por
eles apenas como o cumprimento de um preceito de lei, mas como uma
prática que pode ser melhor compreendida como a expressão
de um ethos e de visão de mundo, internalizadas através
de símbolos e processos socializadores, cuja base principal,
na grande maioria dos casos, foi a relação tutorial
professor-aluno (28,29).
8. Salto de Qualidade
Uma
instituição
tão importante ainda poderá sofrer o problema do
corporativismo interno e aí é bom pensar nas
alternativas: lista tríplice elaborada pelo Conselho
Universitário para a escolha do Reitor; sufrágio
universal ou Comissão constituída por intelectuais
externos à universidade.
Imagine-se
numa universidade espírita. Aí teremos
forçosamente
que encontrar Espiritualidade, Transparência e Consciência.
Quando desenvolvemos o intelecto somos capazes de saber se uma
ação é boa ou má, mas a escolha do
caminho a tomar depende do desenvolvimento de outro domínio.
Domínio cognitivo e domínio da inteligência
ética-emocional são duas asas simbólicas já
bem conhecidas. Nossos candidatos deverão demonstrar respeito
pela autoridade, pela manutenção da ordem social, pelos
direitos individuais. Deverão ser guiados por princípios
éticos, como justiça, reciprocidade, igualdade e
respeito pela dignidade do ser humano (17,19).
Essas são
condições necessárias que aliadas a outras
geralmente são apontadas pela "Comissão de
Notáveis".
O
professor Carneiro (1)
começa seu artigo com uma frase de Bukharin (1888-1937):
"sustento que nenhuma pessoa que pense e seja culta, pode
manter-se alheia à política". Carneiro afirma que
"acirra-se o preconceito e a discriminação contra
o nordestino, agora formalizada contra o médico graduado por
universidade do nordeste. A reserva de cotas de vagas para
Residência
Médica para nordestinos, nas universidades, da região
leste e sul do Brasil. A proposta foi divulgada pela atual Secretaria
Executiva da Comissão de Residência Médica do
Ministério da Educação (MEC)". Carneiro
comenta que "médicos nordestinos não precisam de
privilégios, nem de esmolas, mas de eqüidade e
justiça,
já que as discriminações subliminares e, às
vezes explícitas, persistem em nossa sociedade do século
XXI".
Pelo
andar
da carruagem, será que chegaremos a discutir um sistema de
cotas para os adeptos da Doutrina Espírita? Enfermidades
adquiridas pela universidade foi um breve esboço, resta
discutir as doenças congênitas, aquelas detectáveis
no período de gestação..
Mas e
agora que nos deparamos com diversos problemas que uma "cidade
universitária" pode ter aqui na Terra, qual é o
papel do espírita quando presente nela? Deve ele se preocupar
com o Espiritismo no seu ambiente universitário, ou serão
antagônicas a universidade e a Doutrina dos Espíritos e,
por isso, seja melhor escolher a neutralidade?
O
espírito científico, entenda-se espírito como
ânimo ou índole, é uma capacidade inerente ao ser
humano, ele jaz, latente, e pode ser educado, potencializado de
diversas formas e é comum a todas as ciências, desde as
exatas até às sociais. Uma das suas principais
características é provocar no homem uma inexorável
vontade de entender as coisas. A busca do conhecimento não
é
uma meta, mas uma prioridade, uma condição a ser
superada (33).
O
leitor
atento poderá perceber que a Introdução de O
Livro dos Espíritos narra um trabalho de
classificação
feito por Kardec, na tentativa de entender os fatos, que culminou no
surgimento daquilo que chamamos de Doutrina Espírita ou
Espiritismo.
A
preocupação de codificador e o seu espírito
científico podem ser observados nas seguintes sentenças
(34): "Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a
Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa
ordem de coisas tão nova quão grande, só pode
ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes,
livres de prevenções e animados de firme e sincera
vontade de chegar a um resultado. Não sabemos como dar esses
qualificativos aos que julgam a priori, levianamente, sem tudo ter
visto; que não imprimem a seus estudos a continuidade, a
regularidade e o recolhimento indispensáveis. (...) O que
caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe
dá".
Percebe-se
que Kardec não falava somente da Doutrina Espírita mas
de toda e qualquer doutrina e, como tal, sua codificação
deveria seguir os critérios desenvolvidos e discutidos ao
longo da História da Ciência. O estudo aprofundado das
obras escritas pelo codificador (que contêm todos os seus
verdadeiros princípios) mostra que como tal ela surgiu da
observação metódica e criteriosa de fatos, o que
a torna de bases científicas. O levantamento de hipóteses
para a explicação destes fatos (movimentos de objetos e
comunicação com supostos “mortos”) foi feito de
forma sistemática e lógica, o que a torna de
desenvolvimento filosófico no âmbito das idéias.
Esses dois aspectos da Doutrina já servem de base para
justificar que o ambiente universitário é extremamente
propício à difusão das idéias
espíritas.
Por
fim, e como objetivo maior, as implicações acarretadas
da inferência dos postulados da nova Doutrina exigem (no
sentido de ser inegável) uma transformação moral
de todo indivíduo que a aceite como verdade, por isso ela
é
tida como tendo finalidade religiosa. Além deste último
fato, quem examina a obra de Kardec verifica logicamente
que os ensinamentos de Jesus apresentam total analogia com os da
Doutrina. Como a figura do Cristo foi vinculada ao conceito de
religião desde o início dos tempos, fica claro que o
aspecto religioso seja uma das faces do Espiritismo.
Mas
como
classificar a Doutrina? É ela uma ciência, uma filosofia
ou uma religião? Você, leitor, em qual prateleira
colocaria os livros espíritas? Há muita
controvérsia
acerca da natureza (ou classificação) que se pode dar
da Doutrina, já na época de Kardec a confusão
estava estabelecida e o próprio sentiu a necessidade de
manifestar-se e esclarecer o que é o Espiritismo, na Revista
Espírita.
O
tríplice aspecto da Doutrina estava claro para o jovem na
mocidade espírita (4).
Ele funciona como um tripé. A máxima
sustentação
do objeto só pode ser alcançada se os pés
tiverem o mesmo tamanho e sejam capazes de sustentar a mesma massa. A
simetria deve ser máxima, o triângulo formado pelos
pés
no solo deve ser equilátero, ou seja, lados iguais,
ângulos
iguais e o centro de massa deve estar perfeitamente direcionado para
o baricentro deste triângulo. Caso contrário, um dos
pés
pode ceder e o objeto cai por terra. O Espiritismo necessita das
três
sustentações, todas com a mesma importância, se
uma delas fracassar ele cai por Terra. Talvez por isso Dr. Bezerra de
Menezes tenha se esforçado tanto na unificação
do movimento espírita no Brasil do início do
século
XIX.
O
Espiritismo é ao mesmo tempo todas as três e não
é nenhuma em separado. O Espiritismo é uma coisa nova.
Da citação anterior ressaltaremos que esta Doutrina nos
lança de súbito numa ordem de coisas tão nova
quão grande que Kardec preocupou-se em criar um
neologismo, inventar uma palavra que não existia para
designá-la, Espiritismo (Espiritisme, no original
francês). O que fazer, então, na universidade? Devemos
privilegiar um ou outro aspecto da Doutrina?
Os
jovens precisam conhecer uma ordem de idéias que leve a um
comportamento ético perante a vida (36).
Esse é o objetivo da fé raciocinada, ou seja, quando o
indivíduo compreende o verdadeiro valor da vida passa a ter
uma atitude mais séria perante ela, amadurece. Essa
compreensão pode vir através do estudo do Espiritismo e
nesse ponto, a educação espírita tem um papel
fundamental.
O
Espiritismo na universidade não é idéia nova. O
registro mais antigo que temos conhecimento é que o Primeiro
Seminário de Estudos Espíritas da Universidade Estadual
de Londrina, Paraná, Brasil, ocorreu em 23 de maio de 1984.
Nestes vinte anos, o Núcleo Espírita Universitário
de Londrina vem desenvolvendo excelentes atividades (37).
A iniciativa paranaense parece ter estimulado grupos de outros locais
do país e em 1992 foi criado o Núcleo Espírita
Universitário do Fundão. Levou esta
denominação
porque estava situado na Ilha do Fundão, local da maioria dos
edifícios da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse
grupo foi um foco de divulgação da idéia
espírita na universidade. Em pouco tempo, estávamos
trabalhando em conjunto com o NEU Fundão e dessa união
percebemos que era necessário criar o Núcleo
Espírita
Universitário do Rio de Janeiro (NEU-RJ), onde diversas
equipes de universidades do Estado estariam trabalhando em conjunto.
Com o auxílio da Internet, a chama se espalhou e em dois anos,
foram criados Núcleos Espíritas Universitários
em outras universidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ), Sociedade Universitária Augusto Motta (SUAM),
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade
Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO).
A partir deste trabalho, outro grupo se formou na Universidade
Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
Mas qual é
a importância de um núcleo espírita na
universidade?
Para
a comunidade do NEU-RJ, sua importância é abrir "mais
um espaço de sensibilização individual e
coletiva para questões complexas como violência,
pobreza, exclusão social, corrupção, entre
outros. Também tem como objetivo desenvolver a espiritualidade
do ser, a sua inteligência cognitiva, afetiva e principalmente
emocional-moral. Procuramos contribuir no desenvolvimento da fé,
da esperança e da caridade" (38).
O exemplo continua sendo a melhor forma de divulgar o Espiritismo.
Já
que o Espiritismo é uma doutrina de bases científicas,
desenvolvimento filosófico e conseqüências morais,
por que não ter um espaço aberto para estudo desta na
universidade. Por que não divulgá-la entre aqueles que
procuram uma formação profissional? Não se trata
de uma tentativa de elitizar a Doutrina, mas de abrir mais um
espaço
de divulgação, especialmente porque se direciona para
uma Instituição onde, na maioria das vezes, o
materialismo prevalece. Já podemos perceber diversas
iniciativas da comunidade acadêmica para moralizar as
atividades universitárias, por que não contribuirmos
para a concretização desses esforços?
A
compreensão dos postulados espíritas auxilia na
formação do profissional, pois acima de tudo contribui
para a formação da consciência-cidadã,
para o bem coletivo. No momento em que isso estiver acontecendo, e
já
está, a universidade estará contribuindo para a causa
espírita e, acima de tudo, o Espiritismo estará
contribuindo com a causa da universidade. Se a mensagem espírita
for lançada no ambiente universitário, mais uma
contribuição da Doutrina estará sendo feita para
modificar as bases da sociedade. Esse trabalho sinérgico
é
a proposta do Núcleo Espírita Universitário do
Rio de Janeiro.
“Se
a Doutrina Espírita chegasse à universidade, iluminaria
consciências e o panorama seria outro.
Chegar
à universidade! Aí está o nó da
questão!
”(13)
Com
certeza, a citação anterior encontra analogia nas
palavras de Kardec: “Quando as crenças espíritas
se houverem vulgarizado, quando estiverem aceitas pelas massas
humanas (e, a julgar pela rapidez com que se propagam, esse tempo
não
vem longe), com elas se dará o que tem acontecido a todas as
idéias novas que hão encontrado oposição:
os sábios se renderão à evidência. Lá
chegarão, individualmente, pela força das coisas”
(35).
Retornemos
a "Mansão da Esperança", lá na "Cidade
Universitária" espiritual:
"Outros
cursos fazíamos, não menos importantes para a nossa
reeducação, alternadamente com o da Moral
estatuída
pelo insigne Mestre Nazareno. Um deles prendia-se à
Ciência
Universal, cujos rudimentos nos deram, então, a conhecer –
dois anos depois de iniciados no curso de Moral Cristã –
através de estudos profundos. Análises tão
penosas quão sublimes! E nestas mesmas análises entrava
a necessidade de estudarmos a nós próprios, aprendendo
a nos conhecermos intimamente!"
O
Espírito fez destaque: - "Ninguém entrará
no reino de Deus se não nascer de novo". Nascer
de novo é tão difícil de explicar, quanto
conciliar a bondade de Deus e o nascimento de crianças cegas
(16,25).
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(Obra Mediúnica). 568 p. Quinta Edição. FEB.
32.
Rosa, A.T.; Formiga, L.C.D. & Freitas, R.F. 1994. A
Hanseníase, a Lepra e a Comunicação Dirigida.
Escola de Enfermagem Anna Néry & Instituto de
Microbiologia, UFRJ. Apresentado no XVII Encontro Nacional dos
Estudantes de Enfermagem, Universidade Estadual do Ceará,
Fortaleza. Monografia. 43 p.
33.
Bachelard, G.; A formação do espírito
científico: contribuição para uma
psicanálise
do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
34.
Kardec, A. O Livro dos Espíritos, 70 ed., Rio de Janeiro:
F.E.B., 1989. Introdução, item VIII.
35.
Kardec, A. O Livro dos Espíritos, 70 ed., Rio de Janeiro:
F.E.B., 1989. Introdução, item VII.
36.
Formiga, L. C. D. "Deixe Claro para seu Filho". Revista
FRATERNIDADE, (Lisboa.Pt), 465: 82-86, março. 2002.
37.
http://www.inbrapenet.com.br/neu
38.
Nota Explicativa do NEU-RJ incluída no artigo "O
Retrato de Bezerra e a Aristocracia intelecto-Moral (Ética e
Terceiro milênio)". Rev. Intern. Espiritismo., LXXVI (4):
181-182, 2001.
Nota.
Diversos
artigos, das referências bibliográficas, podem ser
encontrados nos endereços eletrônicos:
1.
http://www.espirito.org.br/index.asp
2.
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/index.htm
3. http://www.cefamiami.com/
4.
http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/
5.
http://www.ieja.org/portugues/p_index.htm
6.
http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/LIHPE/historia01.html
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Os
Grandes Vultos da Doutrina: Pierre Gaetan Leymarie, Paulo Toledo
Machado, Brasil
Pierre-Gaetan
Leymarie
12 de Maio de 1827 - 10 de
Abril de 1901
LEYMARIE reencarnou em Tulle, França, em 2 de Maio de 1827, e
desencarnou, em Paris, em 10 de Abril de 1901.
Leymarie foi, juntamente com Camille Flammarion e Victorien Sardou, um
dos mais ardentes discípulos de Kardec e se tornou uma das mais
relevantes figuras do Espiritismo.
Leymarie foi Diretor da "
Revue Spirite",
de Páris, de 1870 a 1901, e gerente da "
Librairie Spirite"
(*), de 1870 a 1897.
Descendia de distinta família. Cedo, porém, para
não sobrecarregar as despesas, já numerosas, da
família, interrompeu seus estudos e procurou uma
colocação em Paris, contando com seu próprio
trabalho e seus esforços.
Apaixonado por todas as idéias generosas, fez-se ardente
republicano, e foi, à época do golpe de Estado de 1851,
arrolado entre os adversários irredutíveis do Cesarismo e
constrangido ao exílio.
Ele teve, porém, nesse exílio, a sorte em contatar-se com
a elite do partido proscrito, o que, de certa forma, contribuiu
para desenvolver seu espírito de combatividade e ao mesmo tempo
o de proselitismo.
Proclamada a anistia, retornou à França, casou-se e
assumiu a direção de uma casa comercial, até 1871.
E uma autoridade, referindo-se a ele, disse que, se seus
negócios não alcançaram prosperidade, sua
probidade foi escrupulosa e que nenhuma reprovação
jamais lhe foi feita.
Ele tinha paixão dos livros, e, quer eles tratassem de
questões políticas, sociais, científicas,
religiosas ou literárias, todos aqueles que lhe
caíssem às mãos, ele os lia e se esforçava
em assimilá-los.
Os fenômenos
espíritas e a doutrina
Espiritista, não poderiam encontrá-lo indiferente. Foi um
dos primeiros a se interessar, vivamente, por essas inquietantes
questões; e, quando Allan Kardec começou a
publicação da "
Revue Spirite"
e de suas obras, e quando inicia as suas sessões de estudos e de
experimentações, ele não tardou em contar com
Leymarie no número de seus mais ardentes discípulos.
Sob a direção do Mestre os médiuns se desenvolvem
e, em dada ocasião, da qual a história do Espiritismo
registrará e conservará fielmente a lembrança,
três jovens, ainda obscuros e desconhecidos, três
médiuns sentados à mesma mesa e voltados -fato estranho e
novo que dera causa a zombarias - para essas experiências,
contudo tão antigas, da telegrafia misteriosa entre dois mundos,
o mundo dos Espíritos e o nosso. Estes três
experimentadores, cujos destinos seriam diversos, mas iguais no
devotamento, na fidelidade e nos serviços prestados à
Doutrinas, eram
Camille Plammarion,
Victorien Sardou e Pierre-Gaetan Leymarie.
Antes de desencarnar, Allan Kardec, para assegurar o desenvolvimento
regular e continuo do Espiritismo havia fundado uma sociedade
anônima e de capital variável à qual destinou os
seus bens; Monsieur Leymarie tornou-se um dos primeiros membros, e dois
anos após a morte do Mestre, foi nomeado administrador ao
mesmo tempo em que passou a redator-chefe e diretor da "
Revue Spirite".
Durante trinta anos, o que quer dizer durante o longo e difícil
período em que o Espiritismo foi quase continuamente alvo
de todas zombarias, e de todos ataques, Leymarie esteve presente,
batalhando sem cessar através da palavra e da pena,
oferecendo na
"Revue"
um terreno livre aos batalhadores de todas as nuanças, para que
defendessem uma causa espiritualista ou de ordem essencialmente
humanitária e moral, expondo-se, assim, às
críticas acirradas de uns, às reprovações
ou ao descontentamento de outros. Todavia, Leymarie, jamais perdeu
de vista a divisa do mestre:
"Hors la
charité pas de salut" (Fora da caridade não ha
salvação), e baniu de todas as discussões as
ofensas pessoais e todas as questões irritantes.
No começo, Leymarie considera que, para a difusão desta
luz que é o Espiritismo, é necessário preparar os
espíritas, instruí-los e esclarecê-los.
E quando seu amigo, Jean Macé, expõe o projeto de fundar
a liga de ensino, Leymarie se oferece, com entusiasmo,
secundá-lo, e, com Mme. Marina Duclos Leymarie, sua devotada
esposa, companheira e colaboradora, contribui, para essa
criação, não somente com o seu concurso ativo e
pessoal mas também com a sua casa da rua Vivienne, de sorte que
se pode, justamente, dizer que a casa de Monsieur Leymarie foi o
berço da "
Liga de Ensino",
da qual o espírita Emmanuel Vauchez seria, no futuro, o
Secretário Geral.
As questões de ensino se sucedem, nas preocupações
de Leymarie, às questões sociais.
Assim, nas páginas da "
Revue",
como nas numerosas e eloqüentes conferências, ele se aplica
em revelar a existência e o funcionamento deste estabelecimento,
conhecido no estrangeiro, mas quase ignorado em França -
le
Familistére de Guise, no qual são praticados,
por seu ilustre fundador, J. B. Godin, de uma maneira feliz e larga,
os princípios da
associação do Capital e do Trabalho. Leymarie
se associa com o Sr. Godin, e, enquanto lhe propaga os escritos,
não negligencia os interesses propriamente ditos da doutrina.
Divulga as experiências de William Crookes e assinala os
primeiros ensaios da fotografia espírita. Ele mesmo faz
experiências com um médium-fotógrafo e obtém
uma série de manifestações reais as quais
pública na "
Revue".
Mas chega um momento em que foi iludido na sua boa-fé.
O fotógrafo Édouard Buguet, fazendo uso de meios
fraudulentos na obtenção de fotografias de
Espíritos, é processado pelo Ministério
Público.
Os inimigos do Espiritismo, à espreita de tudo que pudesse
entravar o movimento ascendente da Doutrina, aproveitam-se, com
empenho, da ocasião de um processo, para dar, ao Espiritismo, um
grande golpe e acabá-l com a possante arma do ridículo. E
de fato, foi menos um processo contra as fotografias que mesmo contra
os espíritas.
A 16 de Junho de 1875, Leymarie e Alfred E. Firman foram também
envolvidos no processo, em virtude dos laços de amizade que
mantinham com Édouard Buguet, e, assim, julgados coniventes na
fraude.
Depoimentos falsos, inclusive do próprio Édouard Buguet,
originaram a condenação dos três.
Recorrendo-se, então, para instâncias superiores,
Édouard Buguet e Alfred E. Firman conseguiram a liberdade. O
primeiro passando para a Bélgica, e o segundo graças a
influências de altas autoridades. Leymarie, por sua vez, preparou
notável "
Memória"
à Corte Suprema, protestando, perante sua consciência
e seus filhos, sua inocência e mostrando-se confiante nas
decisões daquele alto tribunal.
Édouard Buguet traído pelo remorso escreve ao
Ministro da justiça que Leymarie é inteiramente
inocente. Que, embora muitas das fotografias fossem reais, devido
ao desconhecimento que tinha da Doutrina Espírita, praticava a
fraude quando não as conseguia com a sua mediunidade. Na carta
ele assevera: "
Lastimo,
pois, haver dito, na minha fraqueza, o contrário da pura
verdade, renunciando eu a minha mediunidade, peço perdão
a Deus por este ato que deploro, pois que ele serviu para incriminar um
homem estimável, cuja boa fé se tornou suspeita com
minhas afirmações".
Apesar das cartas de solidariedade vindas das mais diferentes partes do
mundo, inclusive do Brasil, Leymarie foi condenado a um ano de
prisão celular.
Um pouco mais tarde, anulada a sentença condenatória, o
incansável discípulo de Kardec retomava a
administração e direção da
"Société"
e da "
Revue
Spirite"
Leymarie retorna à luta.
Em 1878, Leymarie organiza também a "
Sociedade
Científica de Estudos Psicológicos", congregando,
em torno dela, homens respeitáveis, para o estudo e
experimentações . em torno da mediunidade e do
magnetismo animal, e análise das obras de Cahagnet, de
Roustaing, da doutrina de Swedenborg e outras pertinentes a outras
idéias.
As obras de Kardec são traduzidas, por iniciativa de Leymarie,
para todas as línguas do mundo civilizado; conferências
são programadas; Leymarie visita outros países, e
percorre cidades da Bélgica, da Itália e da Espanha,
propagando os postulados doutrinários do Espiritismo.
Leymarie esteve presente no I Congresso Espírita de Bruxelas; em
1888 participou do Congresso Espírita de Barcelona, tendo sido
escolhido para uma das presidências. No decurso deste
Congresso foi lida uma belíssima moção de
gratidão enviada da prisão de Tarragona, por um grupo de
condenados a trabalhos forçados, convertidos à fé
espírita.
Em 1889, Leymarie organizou o I Congresso Espírita na
França, esquivando-se de cargos, mas, por insistência,
acaba aceitando o de uma das vice-presidências.
A administração da Sociedade se torna mais exigente,
com a liberalidade de um dos seus membros, o Sr. Guérin. Ele,
tal como procedera Allan Kardec, antes do seu desencarne, tomou todas
as providências para assegurar o benefício de seus
bens à Sociedade, o que vem suscitar, logo a seguir, uma
disputa com os herdeiros. Os processos passam a se suceder e, quando
acreditava ter chegado ao fim, os herdeiros de Allan Kardec,
apoiados no processo dos herdeiros de Guérin, fazem sua
reivindicação, e a desenvolvem, até que, apesar de
uma resistência vigorosa, a sociedade, representada e
administrada por Leymarie, sucumbe.
Librairie Leymarie
Em 1897, Leymarie funda a "
Librairie
Leymarie Édite-URS" (**).,
estabelecida no 42, rue Saint Jacques, Paris, e a dirigiu
até 1903, e, com o seu desencarne, por sua esposa Madame Marina
Duclos Leymarie, e, posteriormente, por seu filho, Paul Leymarie.
Com a liquidação da "
Librairie Spirite",
continuou a
editoração das obras de Allan Kardec, fazendo do
prédio da "
Librairie
Leymarie" sede da redação da
"Revue Spirite", até a fundação da "
Maison des
Spirites", por Jean Meyer, inaugurada em 25 de Novembro de
1923.
U ma das suas primeiras publicações foi "
Au pays de
l'ombre", de Madame D'Esperance.
Não obstante tantas provas, Leymarie não se abate. Ele
prossegue a sua luta, em meio dos maiores aborrecimentos, e torna
conhecidos os trabalhos e as obras principais de escritores
espíritas, com os quais, em sua maior parte, ele se acha em
constante contato, tais como, na França, com Eugene Nus,
Léon Denis, Ernesto Bosc, Encause (Papus), Gibier, Baraduc,
Comandante Cournes, Sras. Noeggerath e Annie Besant, Gabriel Delanne,
Strada e outros; na Inglaterra, com Wallace; na Rússia, com
Aksacoff; na América, com Van der Nailen; na Itália,
com Chiaia e Falcomer.
São de sua autoria:
"
Histoire
du Spiritisme et biographie d'Allan Kardec". Trabalho
apresentado nos Congressos Espíritas de 1888 e 1889.
"
Oeuvres
Posthumes d'Allan Kardec". Paris, 1890, Librairie Spirite.
Obra por ele compilada, com documentos inéditos deixados
por Allan Kardec.
"
L'Évoiution
et ia Révélation". Trabalho por ele
compilado e enviado, em 1898, ao Congresso Internacional
Espiritualista, em Londres.
(*) "
Librairie
Spirite" (Livraria Espírita). Kardec, que tinha
projetado a publicação de um catálogo
minucioso das obras, hoje raro, que interessavam ao Espiritismo, o
"
Catalogue raisonné des
ouvrages pouvant servir à fonder
une bibliotheque spirite" (2éme. édition: Paris,
s.d.
1869,
Librairie Spirite des Science
Psychologique, "in" 12, 30 pp.; 3e.
édition. Paris. s.d. 1873,
Librairie
de Ia Revue Spirite ou
Librairie Spirite e des Sciences Psychologiques, in, 12, 24
pp.),
recebeu, no intervalo, a sugestão de um projeto para criar um
casa especial para as obras desse gênero, concebida e executada
por uma sociedade espírita, o que admitiu fundando, assim, a
"
Librairie
Spirite" (1869), desti nada, conforme projetada, para
atender à promoção do livro espírita e
ramos da cultura que se relacionam com o Espiritismo. Pierre Gaetan
Leymarie foi seu diretor de 1870 a 1897.
A
"Librairie Spirite" tornou-se conhecida sob diversos nomes, como
sejam:
"
Société
de Librairie Spirite" (1869);
"Librairie de ia
Revue Spirite" (1875);
"Librairie
Spirite des Sciences Psychoiogiques et Spirites" (1880); entre
outros, devendo-se admitir, ainda, como antecedente, o ativo
serviço de livraria que se desenvolveu a partir de 1868, como
"bureau de
ia Revue Spirite"
Nas nossas referências, porém, as citaremos sempn como
"Librairie
Spirite". Foram suas publicações:
"Catalogue
Raisonné des ouvrages pouvant servir à fonder une
Bibiiotheque Spirite":
1a. ed. Paris, s.d. (1869), "in" 12. 30 pp.;
2a. ed. Paris, s.d. (1869, Setembro), "in" 12, 30 pp.; outra ed. Paris,
s.d. (1873), "in" 12, 24 pp.
________________________________________________________
(**) A "Librairie
Leymarie" continua aberta até os dias de hoje,
onde aliás estivemos numa das nossas visitas a Paris, e onde
adquirimos um exemplar de "Les Pionniers
du Spiritisme", por J.
Malgras, Paris, Librairie des Sciences Psychologiques, 1906, 478 pp.
(Texto
que
fará parte da Enciclopédia Espírita, a
ser publicada pelo ICESP e publicado originalmente através da
Revista do ICESP nº 06, 2º trimestre 2003)
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Desativação
do endereço editor-lihpe@geae.inf.br
Amigos,
Na prática revelou-se redundante termos um endereço
específico para esta seção do Boletim e, devido ao
problema dos spams e dos virus que se propagam por e-mail, parece ser
mais proveitoso ter um número reduzido de endereços. Por
causa disso estamos desativando o endereço
editor-lihpe@geae.inf.br e solicitamos aos amigos que passem a nos
enviar os comentários e textos referentes a esta
seção nos endereços
editor@geae.inf.br e
historia.e.pesquisa@grupos.com.br.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
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Questões
Intrincadas sobre o Espiritismo I
Amigos,
Recebemos recentemente uma
série de
questões, enviadas pelo Alan, que abordam temas interessantes da
Doutrina Espírita. São questões muitas vezes
colocadas por irmãos que chegam ao Espiritismo vindo de outras
filiações cristãs e até mesmo de
companheiros espíritas que são defrontados pelos mesmos
problemas ao conversar com conhecidos que não conhecem a
Doutrina.
Por este motivo, e como uma forma de
aprendermos um
pouco mais sobre estes temas, nos aventuramos a responder as
questões - principalmente o Alexandre, o Renato e o Ademir - com a
colaboração do Paulo Neto.
Esperamos que os esclarecimentos sejam úteis a todos e permitam
ao Alan dirimir suas duvidas.
Muita Paz,
Os Editores
1)
Como saber se um espírito, ou mesmo uma legião de
espíritos, são manifestações
autênticas? Não poderiam ser demônios (ou qualquer
outra entidade) se fazendo passar por seres bons e iluminados? Kardec
se utiliza do critério da unanimidade [O evangelho segundo o
espiritismo; Introdução; p.35], ou seja, se vários
espíritos dizem a mesma coisa através de diferentes
médiuns, em diferentes partes do globo, dá-se um atestado
de autenticidade às revelações. Mas, afinal, se o
mal pode ser também muito inteligente e procura arquitetar
planos para desviar o homem do caminho, como saber se mesmo essa dita
unanimidade não faz parte de um plano para nos enganar?
Caro amigo, para
saber
se as manifestações de Espíritos são
autênticas ou não, Kardec recomenda muito mais que a prova
da unanimidade. Ele nos recomenda a tudo o que ouvirmos submetermos
à razão e ao bom senso. Para nos mostrar como utilizar
esses critérios, o Codificador escreveu uma obra inteira, qual
seja O Livro dos
Médiuns. Recomendamos, em especial, os capítulos
XXIV, XXVII, XXVIII e XXXI.
A forma de sabermos
se a
unanimidade de comunicações sobre um tema faz ou
não parte de um plano para nos enganar é, portanto, a
análise racional e sensata de cada mensagem. Não basta
somente a unanimidade. Há que haver a unanimidade de
comunicações aprovadas pela razão e pelo bom
senso. O Espiritismo sempre recomenda o que chamamos de "fé raciocinada", que nada
mais é do que a atenção consciente, à luz
da razão, para aquilo que cremos.
*
A mensagem
espírita autêntica repete em coro a necessidade da reforma
moral dos seres humanos, que a evolução espiritual pede
como condição o "amarmos
os nossos inimigos com a nós mesmos", de reverenciarmos a
figura do Senhor Jesus Cristo como modelo único para o
verdadeiro ser humano consciente de sua tarefa no mundo e adorarmos a
Deus acima de todos as coisas, além de outros conceitos de
relevante valor ético. Segue daí a conclusão de
que considerar a mensagem espírita autêntica
"parte de um plano para nos enganar" é não só
absurdo como completamente ilógico.
*
É preciso
entender a Doutrina Espírita em seu todo consistente e
não como um amontoado de ensinamentos que, tomados isoladamente,
possam dar a impressão de serem facilmente contestados. A
força da Doutrina Espírita está justamente nessa
consistência lógica, na existência de
vínculos entre conceitos aparentemente separados mas que,
tomados em conjunto e sustentados empiricamente, formam uma rica
doutrina que, se for bem desenvolvida, pode dar respostas consistentes
e sem contradição com as descobertas da Ciência.
*
A experiência
em
utilizar os critérios propostos na Codificação
nós dá suporte para identificar a verdadeira
intenção de um Espírito. Tentaremos usar a
própria mensagem que o irmão nos enviou para exemplificar
como devemos proceder.
2)
O próprio Jesus não disse:
“levantar-se-ão falsos messias e falsos profetas e
produzirão sinais formidáveis e prodígios, a ponto
de induzir em erro, se fosse possível, até os eleitos”
(Mt 24,24-25). Dentro disso, como saber se esta legião de
espíritos, esta unanimidade, não são “sinais
formidáveis e prodígios” para nos desviar do caminho?
Referindo-se aos
ensinamentos de Jesus, o sábio rabino Gamaliel afirmou, em
defesa dos apóstolos e que muito bem se aplica à Doutrina
Espírita, que: ”Quanto ao que
está acontecendo agora,
dou-lhes um conselho: não se preocupem com esses homens, e os
soltem. Porque, se o projeto ou atividade deles é de origem
humana, será destruído; mas, se vem de Deus, vocês
não conseguirão aniquilá-los. Cuidado para
não se meterem contra Deus!...” (Atos 5,38-39).
Não se esqueça que Jesus também disse: “Conhece-se
a árvore pelos seus frutos” (Lucas 6, 43-45). Assim, se
conhece
o bom espírita pela sua capacidade de praticar o bem, isto
é, pela caridade com que se relaciona com seus irmãos.
*
Se Jesus disse que
poderão aparecer falsos profetas que produzirão "sinais
formidáveis e prodígios", ele, claramente, isto é,
sem metáforas nem simbologia, nos disse que esses sinais
não são critérios para saber se algo é bom
ou não. Ora, outra coisa não nos ensina o Espiritismo!
Quando aquilo que é ensinado pelos Espíritos
(independentemente de unanimidade, de sinais ou de prodígios)
proporcionar conseqüências boas para as pessoas,
então é bom. Mas se tivermos dúvidas quanto
às conseqüências futuras de uma
comunicação, o Espiritismo recomenda que deixemos a mesma
“de molho", aguardando que o assunto possa ser melhor estudado, se for
verdadeiro, ou que caia no esquecimento, se for falso.
*
Com todo respeito,
gostaríamos de acrescentar uma
reflexão. As frases de Jesus, a nosso ver, aplicam-se
igualmente bem àqueles que, em seu nome, semearam e aos que hoje
semeiam o mal e a separação entre as pessoas,
àqueles que, em nome da religião, procuram designar-se
"eleitos" ou "de posse da herança da salvação" e,
também, aos que se escoram uns nos outros por falta de uma
fé mais vigorosa, que possa enfrentar as
revelações da Ciência, em franca
contradição com essa fé.
Muito mal fazem aos outros e a si mesmo os encarnados que se escoram em
interpretações absolutamente literais,
anti-históricas dos textos evangélicos para satisfazer e
conduzir as massas, extorquindo delas altas somas financeiras e
flertando com o poder temporal nas altas esferas do poder
constituído, como ontem faziam nas cortes imperiais. Esses
são, em nossa opinião, os verdadeiros "falsos profetas",
que incendeiam as massas, fazendo irmãos que crêem no
mesmo Cristo e que a ele somente deveriam seguir odiarem-se mutuamente,
ignorando que, para seguir Jesus, bastaria a eles viver a lei do Amor
Universal que o Mestre personifica.
Não seria muito, portanto, muito mais lógico concluir que
os falsos profetas estão na figura daqueles vivos que se auto
intitulam representantes de Deus e que, diante de todo o mal que a
religião de massa já propagou (lembrando as abundantes
evidências históricas - guerra dos 30 anos, cruzadas,
conflitos irlandeses, processo de Galileu, inquisição),
eles são na verdade "parte do plano para nos enganar" do que
colocar a culpa nos Espíritos, com sua mensagem branda e
pacífica? Quanto ainda a religião de massa terá
que falhar e verter sangue a fim de que a Humanidade se convença
quanto a de que lado se encontram, de fato, os falsos profetas?
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IV Congresso
Internacional de Terapia de Vida Passada
TEMA CENTRAL:
“RESSONÂNCIAS DO PASSADO E O CAMINHO PARA A CURA”
Apoio
Rede Boa Nova de Rádio e Televisão
Associação Médico Espírita da
Baixada Santista
Universidade Santa Cecília
Editora do Conhecimento
Local
Universidade Santa Cecília
(Rua
Cesário Mota , 8 - 4o. andar )
Boqueirão
- Santos - SP- Brasil
19 A
21 DE AGOSTO/2004
ABERTO
AO PÚBLICO EM GERAL
Pré-Programação
(esta programação
está sujeita a alterações sem aviso prévio).
Dia
19/08/04 – Quinta-feira
09:00h - Distribuição de material
09:45h - Apresentação do congresso
- (apresentadores: Dr. Flávio
Braun Fiorda – diretor de cursos e supervisor da SBTVP e Giovana Campos – jornalista e assessora de
imprensa
da SBTVP)
10:00h - Curso pré congresso 01
– composição da mesa - (presidente da mesa: Rosa Forchesatto – psicóloga e didata da
SBTVP).
10:10h - José Carlos Zanarotti –
São Paulo - (presidente da Associação Mundial das
Fraternidades Ramatis).
“Alimentação e o Espírito – Técnica de
Diagnóstico pela Radiestesia” – 1ª parte
11:10h - Intervalo
11:40h - Curso 01 - 2ª parte.
12:40h - Almoço
14:40h - Curso pré congresso 02 –
composição da mesa - (presidente da mesa: Adriana Provedel R.Coimbra – didata da SBTVP).
14:50h - Norberto Peixoto – Porto Alegre
- (administrador de empresas, escritor e médium
psicógrafo).
“Apometria ” – 1 ª parte. (fundamentos básicos,
dinâmica, ressonâncias de vidas passadas, casos).
15:50h -Intervalo.
16:20h - Curso 2 - 2 ª parte.
17:20h - Encerramento das atividades do dia.
Dia 20/08 – 6 ª
feira
9:00h.Abertura - (apresentadores:Dr.Flávio Braun Fiorda – diretor de
cursos e supervisor da SBTVP e Giovana Campos
– jornalista e assessora de imprensa da SBTVP).
9:10h.Apresentação
artística. Coral da Universidade
Santa Cecília.
9:30h.Composição da mesa.
9:45h.Hino Nacional - Abertura. Palavras da SBTVP – Neuza Passos Feijó
– Rio de Janeiro. (psicóloga, vice-presidente e supervisora da
SBTVP).
10:00h.Formatura de terapeutas e didatas da SBTVP.
10:40h.Intervalo.
11:00h.Palestra de abertura –
composição da mesa. (presidente da mesa: Dr.Flávio Braun Fiorda – diretor de
cursos e supervisor da SBTVP).
11:10h.Hans TenDam – Holanda - (psicólogo,
terapeuta de vida passada e escritor).
12:00h.Respostas ao público.
12:10h.Almoço.
14:00h.Apresentação
artística - Conjunto de violões Poema Azul
14:20h.Painel – composição da mesa. “Origens do homem no
planeta ” - (presidente da mesa: Lúcia
Helena dos Santos – diretora de ética e didata da SBTVP).
14:30h.Roger Feraudy – Petrópolis - (odontólogo,
teosofista e escritor)
15:10h.Dra.M ªTeodora R.Guimarães –
Campinas - (médica, escritora e presidente da SBTVP).
15:50h.Respostas ao público
16:00h.Intervalo
16:30h.Mesa redonda –
composição da mesa - “O homem universal ” - (presidente
da mesa: Maria Joana de L.Barros – didata
da SBTVP).
16:40h.Sidnei Carvalho – S.Paulo - (advogado
e escritor)
17:10h.José Maria Nogueira – São
Paulo - (odontólogo, escritor e presidente do Supremo
Conselho do Círculo Esotérico da Comunhão do
Pensamento).
17:40h.Nehemias Marien – Rio de Janeiro - (psicólogo,
pastor e escritor)
18:10h.Respostas ao público
18:20h.Encerramento das atividades do dia.
Dia 21/08 –
sábado
9:00h.Palestra – composição
da mesa - (presidente da mesa:José Pedro
da Silva – didata da SBTVP)
9:10h.Elaine de Luca – São Paulo - (psicóloga
e escritora)
9:50h.Respostas ao público
10:00h.Intervalo
10:20h.Painel – composição
da mesa - “A Terapia de Vida Passada pela SBTVP” - (presidente da mesa: Márcia Carvalho – didata da SBTVP).
10:30h.Regina Camillo – Jundiaí - “Quem
sou eu?” - (psicóloga, diretora de marketing e supervisora da
SBTVP).
11:10h.Dr.Luciano Munari -Marilia - “Ectoplasma,
cura e TVP ” - (médico, escritor, diretor científico e
supervisor da SBTVP).
11:50h.Respostas ao público
12:00h.Almoço
13:50h.Apresentação
artística - Grupo de Teatro da Fraternidade Ramatis – São
Paulo
14:40h.Mesa Redonda
-Composição da mesa - “Medicina e
reencarnação” - (presidente da mesa:
Ivete A.D.Tietz Granato – didata da SBTVP).
14:50h.Dr.Décio Iândole – Santos - (médico
e vice-presidente da Associação Médico
Espírita da Baixada Santista).
15:20h.Dr.Nubor Facure – Campinas - (médico
e diretor do Instituto do Cérebro).
15:50h.Dr.Flávio Braun Fiorda – São
Vicente - (médico, diretor de cursos e supervisor da
SBTVP).
16:20h.Respostas ao publico
16:30h.Intervalo
16:50h.Palestra de Encerramento –
composição da mesa - (presidente da mesa: Marcela Ferreira – didata da SBTVP).
17:00h.Palavras da SBTVP – Célia Monteiro
– Rio de Janeiro - (psicóloga, didata e supervisora da SBTVP)
17:10h.José Medrado – Salvador - (palestrante,
professor e escritor).
18:00h.Encerramento do Congresso
Mais Informações e
Inscrições
São Paulo :
(11) 6862-1362 ou (11) 9964-5745 – falar com Rosa (até
16/08/2004)
Santos : (13)
9761- 2961 – falar com Aurilene (até o Congresso)
Rio de Janeiro:
(21) 3322-7457 – falar com Célia
(até 16/08/2004), (21)
2548-9235 – falar com Neuza (até 16/08/2004)
Campinas:
(19) 3231- 6938 ou (19) 3234- 9315 - sede
nacional da SBTVP- falar com Márcia (até 16/08/2004)
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Novo
Endereço do Spiritist
Group of Brighton, Elsa Rossi, Reino Unido
Spiritist
Group of Brighton
43,
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Sussex - United Kingdom
telefone:
internacional: 00 44 1323 89 59 79
Dentro
de UK: 01323 89 59 79
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AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
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