Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
http://www.geae.inf.br
Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 -
Número 476 - 2004
15 de junho
de 2004
Editorial
|
Amai-vos
e instruí-vos: estudando Ciência
|
|
Artigos
|
Um
Diálogo Fraterno sobre Ciência & Espiritismo
|
|
História
& Pesquisa
|
III ENLIHPE -
Encontro da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas
|
São Paulo 450 Anos - Os
Primeiros Núcleos Espíritas, Anuário
Histórico Espírita 2004
|
Anuário
Histórico Espírita 2004, Carlos Iglesia, Brasil
|
|
Questões
e Comentários
|
Sobre
o Divórcio, Ronaldo Brito, Brasil
|
Sobre Trabalho
Mediúnico, Ligia Pinninch, Brasil
|
|
Painel
|
Atualização de
Cadastro de Instituições Espíritas, Milton
Andrade, Brasil
|
Carl Gustav Jung e os
Fenômenos Psíquicos, Carlos Iglesia, Brasil |
Site
Apologético, Paulo Neto, Brasil |
Grupo de
Estudios Espíritas em Montevideo, Simoni Privato Goidanich,
Uruguai
|
|
Amai-vos
e instruí-vos: estudando Ciência
A
quase dois mil anos,
Jesus nos disse pessoalmente para amarmo-nos uns aos outros como
recomendação para vivermos em paz e progredirmos. Mesmo
tendo Ele dado todos os exemplos possíveis, infelizmente a
humanidade ainda não compreendeu o alcance de seus
ensinamentos.
O
advento do Espiritismo marcou uma nova época para a
humanidade. Sua função básica é ajudar as
pessoas a compreenderem os ensinamentos de Jesus através da
razão, objetivando o seu progresso espiritual. Com o lema
“Fora da Caridade não Há Salvação” e
com as recomendações dos espíritos superiores
para “nos amarmos” e “nos intruirmos”, o Espiritismo
claramente revela o caminho pelo qual a nossa sociedade
encontrará
a Paz e o Progresso em todos os sentidos.
Apesar
das diversas barreiras que impedem que o Amor e a Fraternidade se
instalem definitivamente em nosso planeta, o movimento espírita
segue firme no trabalho de divulgação da Doutrina
Espírita por entender que ela é capaz de levar os
indivíduos à reforma íntima e, consequentemente,
ao progresso.
Nessa difícil
tarefa de divulgação, o movimento espírita, na
atualidade, tem destinado boa parte de suas atenções
para o aspecto científico do Espiritismo. O constante e
extraordinário avanço em todas as áreas da
Ciência aliados à recomendação de Kardec
de que o Espiritismo deve seguir de mãos dadas com ela,
têm
gerado um enorme interesse em avaliar as concordâncias entre
Ciência e Espiritismo, bem como têm estimulado diversos
companheiros espíritas ao estudo e à pesquisa de temas
ligados ao assunto.
Em
nome do sentimento de Amor recomendado pelos espíritos
superiores como nosso primeiro mandamento, podemos e devemos buscar o
conhecimento que permite que auxiliemos com mais eficiência
nossos irmãos em humanidade. Se o aspecto científico do
Espiritismo é um dos caminhos que promove a sua
divulgação,
então vamos buscar estudá-lo “instruindo-nos” nesse
aspecto, para podermos contribuir de forma humilde mas efetiva, para
o progresso da nossa humanidade.
Desta
forma, em se tratando de um tema difícil e de pouca
familiaridade para muitos de nós e buscando seguir a
recomendação de “instruirmo-nos”, neste e nos
próximos números do Boletim do GEAE, estaremos
estudando várias questões sobre, por exemplo, o que
é
Ciência, como se trabalha em Ciência, o que são e
como relacionar algumas das disciplinas científicas
ordinárias
com o Espiritismo, etc. Certamente, esperamos pela
participação
de todos os assinantes deste boletim na leitura e envio de perguntas
e comentários para que possamos aproveitar a oportunidade de
aprendermos um pouco mais sobre esses assuntos.
Desde
já pedimos ao Pai que nos abençoe em todos os nossos
propósitos de crescimento e que nos ilumine para que possamos
compreender e encontrar o caminho mais eficaz ao nosso progresso.
Muita paz, estudo e trabalho no bem,
Muita Paz,
Alexandre Fontes da Fonseca
Editor GEAE
Retorno ao Índice
Um
Diálogo Fraterno sobre Ciência & Espiritismo
Apresentação
Durante o final de 2003 e
início de 2004 diversos e-mails
encaminhados ao GEAE versavam sobre a relação entre a
Ciência e o Espiritismo. Questões e Comentários que
nos levaram a discutir o tema e buscar uma forma de
sintetizá-lo.
Desta busca nasceu este artigo,
em forma de diálogo, onde os participantes são Ademir Xavier e Alexandre Fontes da
Fonseca. A apresentação de cada um deles se
fará mais detalhadamente no início do diálogo, mas
basicamente são dois Espíritas de formação
cientifica e especialização na área da
Física.
Além destes participantes
diretos, tivemos também a participação dos
editores do GEAE, comentando e ajudando no encaminhamento do
diálogo. De minha parte fiz o papel de moderador e de compilador
das respostas. A ordem das perguntas e sua organização
final refletem a estruturação em um artigo para o Boletim
mas foram originariamente e-mails trocados durante o debate.
Com o propósito de
organizar o debate adotamos por regra colocar inicialmente a
questão debatida e a seguir a resposta de cada um dos
participantes, ordenadas por ordem alfabética. As
réplicas e tréplicas, quando houverem, seguirão
após as respostas originais.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Definição
de Escopo
Na definição de
Allan Kardec o Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência
de observação e uma doutrina filosófica. Como
ciência prática, consiste nas relações que
se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia,
compreende todas as consequências morais que decorrem dessas
relações (KARDEC, 1995)
Decorre já desta
definição um relacionamento entre a metodologia de
pesquisa da Doutrina Espírita e a das ciências
ordinárias, bem como uma correlação entre seus
avanços e o aperfeiçoamento da compreensão
filosófica do mundo - conceito que os filósofos
alemães celebrizaram com o nome de "Weltanschauung"
(visão de
mundo) - proposta
pelo Espiritismo.
Aparentemente simples estes
relacionamentos tem levado defensores e opositores da doutrina a
repetidas confusões. Desde as mais simples - como atribuir a
cada nova descoberta cientifica foros de comprovação ou
reprovação de afirmações espíritas
pontuais - até as mais refinadas como as que buscam enquadrar a
ciência espírita dentro dos estreitos limites obedecidos
pela epistemologia[1] das ciências ordinárias,
esquecendo-se que o Espiritismo não só lida com
fenômenos espirituais que escapam a mensuração
direta por instrumentos materiais como também é em parte
“Revelação”.
É portanto no
esclarecimento destes relacionamentos que focaremos nossa
atenção. O que se pode dizer sobre a
relação Espiritismo e Ciência ordinária?
Como as descobertas nos dois campos se relacionam e como podem ser
extrapoladas de um para outro. Qual o ferramental para estas
análises e o seu critério de validade.
Os
Participantes
Uma vez que estaremos tratando de
temas bastante especializados é importante que sejam
apresentados os participantes, indicando o seu nível de
conhecimento no campo científico. Ambos prefeririam ser
identificados da forma mais singela possivel, mas neste caso em
especial, precisaremos nos ater mais as regras que seguem
publicações especializadas em ciência do que
propriamente as que costumamos usar. Assim:
[Ademir] Recebeu seu PhD em
Física em 1997 na Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, SP trabalhando com aproximações
semiclássicas a sistemas quânticos unidimensionais e
bidimensionais. Após um curto estágio na Universidade de
Freiburg in Breisgau, Alemanha, publicou vários trabalhos em
física de aceleradores com especial atenção
à otimização de anéis aceleradores
de elétrons de altas energias. Atualmente dedica-se
à pesquisa operacional,
geração automática de programação de
produção, desenho de sistemas ópticos e de RF e
reconhecimento de imagens. É
membro do conselho editorial do GEAE desde 1997, com
particular interesse em
epistemologia e na relação Ciência-Espiritismo.
[Alexandre]
Frequenta o centro espírita desde pequeno mas passou a se
interessar pela
leitura e estudo da dotrina espírita aos 15 anos de idade.
É Físico formado pela Unicamp onde também realiza
os cursos de mestrado e doutorado. Atualmente é
pós-doutorando no
Instituto de Física da USP. Já visitou como
estágios de período mais ou menos curto o Departamento de
Matemática da Universidade do Arizona, o Instituto de
Física Teórica no MIT (Massachusetts Institute of
Technology) e o Departamento de Química de RUTGERS, The State
University of New Jersey. É cientista, físico, em inicio
de
carreira com alguns poucos artigos publicados.
Debate
1) É importante
começarmos pela definição do que estamos
discutindo, assim é natural que a primeira pergunta seja o que
é “Ciência”?
[Ademir] Uma
definição popular diz que a
ciência é a parte do conhecimento que estuda a Natureza.
Uma resposta precisa, clara e definitiva é entretanto
impossível de ser feita em tão curto espaço,
requerendo conhecimentos específicos da área da filosofia
conhecida como epistemologia. Ver Boletim 300 para maiores
explanações nessa área por Silvio S Chibeni.
A resposta na primeira frase acima
está muito longe de ser
definitiva e torna-se importante saber o que caracteriza uma
determinada disciplina como tendo status de "ciência". Isso
é mais fácil de fazer do que o contrário. A
reinvidicação por parte de muitas disciplinas (tais como
biblioteconomia, história, psicologia, estudos sociais etc)
desse status tornou-se algo muito procurado hoje em dia, dado o
prestígio de que a atividade científica - gerada
pelo trabalho de ciências tais como biologia, física,
química - tem na sociedade. O prestígio vém
sobretudo (no meu entender) das conseqüências
palpáveis na vida moderna da atividade científica tais
como as inumeráveis aplicações
tecnológicas, a prevenção e cura de
doenças, a projeção de sistemas biológicos
com propriedades específicas etc.
Em geral, o que caracteriza uma
ciência bem estabelecida
após atingir o estágio de maturidade é a
existência de um paradigma que coordena, direciona e estabelece a
pesquisa científica. O conceito de paradigma como
princípio organizador da atividade genuinamente
científica suplanta as concepções populares sobre
a existência de um "método científico". Mas uma
imensa maioria de pessoas (bem instruídas diga-se a verdade)
ainda acredita que toda atividade científica deve seguir
rigorosamente um método (científico) e que os resultados
das pesquisas são "rigorosamente comprovados". Assim, pelo
critério do método costuma-se desqualificar uma
determinada disciplina - mormente se é o caso de o objeto de
estudo ser de observação indireta (como veremos abaixo
é o caso da Cosmologia, radioastronomia etc.) como tendo
caráter
científico. O Espiritismo - principalmente quando
analisado em sua superfície e com visão
pré-concebida, também tem seu caráter
científico
rejeitado, o que não é o caso.
Dentro da Doutrina Espírita
podemos dizer que a atividade das
chamadas ciências ordinárias (que seguem modelos ou
paradigmas científicos bem estabelecidos) está
intimamente relacionada ao estudo do elemento material. Obviamente que
essa afirmação é válida dentro das
visões de mundo onde o Espírito é elemento
integrante da realidade. Nas visões onde esse elemento
não é reconhecido, a única realidade é a
matéria e disciplinas que pretendam estudar o elemento
espiritual tem seu reconhecimento rejeitado.
[Alexandre] Uma definição (nao sei é
popular) de
"método cientifico" é tal que diz que o conhecimento
é construído/obtido a partir dos estágios:
1) Observação da
natureza
2) Proposição de um modelo teórico
3) Teste do modêlo através de experimentos
Porém, essa definição está longe de
acontecer na realidade. O que a gente vê (e faz no nosso
trabalho) é as vezes primeiro propor modêlos, depois
observar a natureza ou fazer testes através de experimentos e
perceber algo novo ou etc. A ordem acima pode ser quebrada e como o
Ademir respondeu em outras questões abaixo muitas
predições dos modelos teóricos só foram
verificados experimentalmente no futuro.
Portanto, como o Ademir escreveu acima, produzir conhecimento que
mereça o adjetivo "científico" não requer seguir
um método específico mas sim estar de acordo com o
paradigma maior que define o campo de estudo.
O que eu gostaria de acrescentar é que, independente do campo de
estudo, existe uma necessidade de verificar a descrição
da realidade que criamos, isto é, verificar o modelo
teórico. Esse é um ponto que é comum a todos
os campos de estudo. E Kardec foi muito cuidadoso com esse aspecto ao
criar um forte laço entre a codificação e os
"fatos". No item VII da introdução do Livro dos
Espíritos Kardec diz que os fatos é que dão a
palavra final sobre a realidade. Em física, os "fatos"
são verificados experimentalmente enquanto que em Cosmologia os
"fatos" são apenas observados. Mas, dentro desse critério
de verificação através dos fatos, a física,
a cosmologia e o espiritismo são legítimos.
2) Dentro da ciência, qual
é a posição da
Física?
[Ademir] A
física é a parte da ciência que estuda a
matéria em seu estado mais elementar e primitivo. Essa
definição também é muito limitada e, para
ser complementada satisfatoriamente, exigiria uma grande
explanação sobre os principais ramos de pesquisa da
física moderna.
O que nos parece ser relevante conhecer a respeito do status
científico da Física é sua
estruturação completamente dentro dos moldes de
paradigma. O exemplo mais marcante (e que influenciou a pesquisa na
física desde o século 17) foi o desenvolvimento da
mecânica. Rigorosamente a mecânica tem como objetivo
estudar o estado de movimento da matéria. Aqui, por
"matéria" podemos entender um simples "ponto material", ou seja,
uma abstração teórica que se consegue tomando um
objeto material de qualquer tamanho e reduzindo infinitamente suas
dimensões (termo usado aqui em sentido não próprio
da física), mantendo-se contudo inalterável sua "massa".
O estado de movimento em nosso "espaço" é definido na
mecânica por um conjunto de seis coordenadas, três para a
posição segundo um sistema de referência
preferencialmente "inercial" e mais três para o momento ou
quantidade de movimento igualmente medida nesse referencial.
Segundo a mecânica, dado uma descrição completa das
forças que atuam nesse "ponto" é possível conhecer
o estado futuro desse movimento. O conhecimento é tanto mais
preciso quanto mais preciso forem nosso conhecimento a respeito do
estado inicial. O fato é que com essas e outras
noções foi possível explicar e prever
admiravelmente uma grande quantidade de fenômenos
observáveis. As leis da mecânica para o ponto material
podem ser generalizada para distribuições
arbitrárias de matéria e, juntamente com leis
complementares (tais como as leis da gravitação, as
forças de atrito etc), permitem explicar quase que a totalidade
dos fenômenos de movimento observáveis (e muito mais
complexos) tais como: fenômenos meteorológicos (uma
extensão da mecânica aos fluidos), vibração
de estruturas (teoria da elasticidade), levitação de
objetos mais pesados que ar (dinâmica de fluidos), dinâmica
dos planetas, cometas, origem do sistema solar etc.
De todos as divisões da física não é
exagero dizer que a mecânica exerceu maior influência em
outros ramos paralelos tais como os desenvolvimentos
tecnológicos nas engenharias. De olho nesse sucesso, muitas
disciplinas procuram se esforçar para atingir um nível de
madureza como atingido pela mecânica na física.
O caráter científico da mecânica vém assim
de sua estruturação na forma de um "paradigma". Essse se
confunde com as leis de movimento de Newton complementados por leis
particulares que servem para conectar o paradigma à realidade da
Natureza. A noção de paradigma é extendida a
outros ramos da física sem exceção:
eletromagnetismo, física nuclear, termodinâmica,
física estatística, mecânica quântica,
óptica etc. A noção de paradigma ou a
estruturação do conhecimento científico como um
paradigma não foi feito de caso pensado na física. Antes,
desenvolveu-se de maneira totalmente independente entre os
vários campos e pode ser inferido posteriormente pelas pesquisas
em história da ciência.
Repetimos que o paradigma é um indício muito forte de
amadurecimento de uma disciplina como científca -
independentemente do campo de estudo. Assim, se uma disciplina se
dispõe a estudar o elemento espiritual -através de suas
inúmeras manifestaçõpes - e conseguir atingiro
nível paradigmático, terá atingido maturidade
científica. Esse é o caso do Espiritismo (ver
referências abaixo).
[Alexandre]
Nada a acrescentar às palavras do Ademir.
3)
Dentro da Física, quais
são os campos de estudos que lidam
com a física quântica e com a cosmologia? Em que
diferem seus
métodos de trabalho e objetivos?
[Ademir] Mais propriamente
falando a "mecânica quântica"
(sinônimo para física quântica) é o ramo da
física que se formou como uma extensão da mecânica
- é uma mecânica de fato - mas que dispõe de um
paradigma completamente diferente da mecânica clássica. A
mecânica quântica tem como objeto de estudo os estados da
matéria em seu nível mais elementar, lidando com
quantidades de movimento ínfimas se comparadas às
quantidades de movimento associados aos fenômenos do dia-a-dia.
A cosmologia é uma área intermediária entre a
astronomia (através da astrofísica) e da física
cujo objetivo é formular modelos de universo. Diferentemente da
física, a astronomia seguiu um caminho próprio. A
astronomia é uma ciência muito mais
"fenomenológica" no sentido que tende a formular modelos que se
adaptem ao máximo ao que se observa no céu (lembremos do
caso do sistema de Ptolomeu dos planetas orbitando a Terra, inclusive o
Sol).
A interdisciplinaridade entre a astronomia e a física é
algo de há muito bem estabelecido, seja através da
astrofísica ou da mecânica celeste (uma
aplicação da mecânica clássica determinista
mais considerações geométricas de
transformação entre sistemas de referência).
Rigorosamente falando, do ponto de vista histórico, a
evolução da compreensão do estado de movimento dos
astros (um dos objetivos da astronomia) teve que esperar o
desenvolvimento da física, principalmente a
formulação do paradigma da mecânica. A pesquisa
astronômica é independente contudo, sendo complementada
através de modelos da física. Por exemplo, tomemos as
observações de sistemas de estrelas binários muito
próximos, a busca por discos de "acreção"
adicionados os modelos para esses discos, a descrição
estatística da distribução e propriedade das
estrelas - que desenvolveu-se independentemente da física, mas
complementada por esta etc. Podemos dizer que a pesquisa
astronômica vai muito longe, mas vai muito mais se feita em
compania da física.
A cosmologia desenvolve-se como um programa de pesquisa na forma de
proposições de modelos de universo. Ligada à
astronomia, a origem da cosmologia é muito antiga e todos os
povos desenvolveram noções cosmológicas.
Mais modernamente, a cosmologia estrutura-se seguindo paradigmas da
física tais como a relatividade geral, a mecânica de
Newton e geometria. A adequação empírica das
teorias cosmológicas é muito restrita dada a natureza do
objeto de estudo: não se podem fazer experimentos, não
é possível reproduzir os fenômenos e muito menos
controlá-los. Podemos fazer um paralelo entre a cosmologia e a
meteorologia: da mesma forma que aquela, a meteorologia sofre da
impossibilidade de se fazer experimentos, tendo-se que contentar com a
busca de modelos que representem fielmente o que é visto, dentro
de noções mais abstratas de fundamentos que impedem a
construção de modelos por mera geração ou
proposição de leis que se adicionam infinitamente. O
objetivo de uma atividade científica desse tipo é
construir modelos que sejam simples e ao mesmo tempo suficientemente
abrangentes para cobrir vasta gama de fenômenos.
Assim, se formos observar a base dos modelos dinâmicos para
descrição de fenômenos meteorológicos,
veremos que são bastante simples, fundamentados em conceitos
primitivos da dinâmica de fluidos, termodinâmica e
mecânica de Newton. A cosmologia, baseando-se em conceitos mais
primitivos da física tais como a relatividade, a dinâmica
e a geometria, propõe modelos de universo que visam descrever o
estado do universo inicial - como uma extrapolação do que
se observa hoje e, se possível, seu futuro. Não é
difícil imaginar que diante da possibilidade de que as leis da
física se alterem com o passar de muitos anos (o que não
é admitido por princípio, mas é plausível)
e de outros problemas teóricos, a descrição do
universo primitivo e do futuro do universo sofre de inúmeros
problemas, e conferem à cosmologia uma roupagem de
"crença" aparente, visto que a idéia de crença se
baseia popularmente na noção de algo que se acredita
simplesmente.
Entretanto, a cosmologia enquadra-se no conceito de ciência pois
possui um paradigma: atualmente o chamado "modelo padrão" (a
despeito de problemas de adequação empírica que
surgem pela descoberta de novos fatos e disponibilidade de novas
observações), é o paradigma em uso pela cosmologia.
[Alexandre]
Segundo o livro "Quantum Questions" do filósofo Ken Wilber
(Shambhala Publications, Boston 2001), os grandes físicos
(Heisenberg, Schroedinger, Planck,etc) tinham consciência de que
a física (suas teorias) se alteram com o tempo. Inclusive,
Wilber afirma que todos eles eram ao mesmo tempo religiosos e
não concordavam que a fisica deve ser usada para explicar os
fenomenos "místicos" justamente porque a fisica do amanhã
pode vir a ser bem diferente da fisica do hoje. Wilber
também menciona uma critica atual ao livro O Tao da Fisica
(Fritjof Capra) porque o modelo usado pelo Capra (teoria do
bootstrap) não é a mais aceita hoje (que é o
modelo padrão).
André Luiz, no mecanismos da mediunidade, de forma muito
interessante, ao meu ver, também menciona, como um cuidado a se
tomar, que a ciencia de um século muitas vezes é
suplantada pela do século seguinte. Isso é um cuidado
básico que devemos lembrar (que o Ademir lembrou bem).
Continua no Próximo
Boletim
Retorno ao Índice
III Encontro da Liga de Historiadores e
Pesquisadores Espíritas
A Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas - LIHPE, que
completou em 2004 dois anos de trabalhos ininterruptos e cinco anos de
existência, está organizando seu III Encontro Nacional que
este ano será em Belo Horizonte, Minas Gerais, nos dias 04 e 05
de Setembro.
O evento tem por objetivo a
discussão de trabalhos nas áreas de
história/memória do movimento espírita e de
pesquisa científica sobre temas espíritas. Sempre com
vistas ao resgate e preservação de nossa memória
para o devido desenvolvimento da Cultura Espírita.
No encontro deste ano estará
aberta a participação de trabalhos inscritos de membros
que não pertencem à LIHPE .
A apresentação dos trabalhos deverá ser feita
até o dia 30 de junho, impreterivelmente. Os trabalhos inscritos
deverão estar entre os temas: trajetória do movimento
espírita regional, nacional ou internacional; biografias
de personalidades espíritas; memória de
instituições ou eventos nacionais ou internacionais;
teses acadêmicas com temática espírita;
métodos e técnicas para preservação de
nossa memória; revisões de literatura, epistemologia e
metodologia da pesquisa científica; comunicações
de projetos de pesquisa científica concluidos ou em curso, entre
outros.
Haverá lançamento de
livros, painel com temas específicos, exposições,
mesas redondas, palestras e conferências sobre inúmeros
temas históricos e científicos. As
apresentações artísticas terão sempre o
cunho histórico. O III ENLIHPE visando estimular a
formação de novos pesquisadores estará aceitando a
inscrição de autores inéditos, com trabalhos de
menor nível de exigência, organizando-os em grupos
próprios.
Os trabalhos selecionados pela
comissão organizadora poderão ser publicados em
livro, boletins eletrônicos e sites com quem a LIHPE tem
parceria. Além de serem divulgados na mídia impressa
e digital esses trabalhos serão automaticamente imcorporados ao
acervo da LIGA. Maiores informações no site
www.panoramaespírita.com.br
ou
mbpiedade@terra.com.br
Retorno ao
Índice
São Paulo 450 Anos - Os Primeiros
Núcleos Espíritas, Anuário Histórico
Espírita 2004
(Do artigo "Grupos
Espíritas do Século XIX", Eduardo Carvalho Monteiro,
Anuário Histórico Espírita 2004, ed. Madras)
O primeiro núcleo
espírita surgido em São Paulo, Capital, pode ter sido o
Grupo Espírita "Luz e Verdade" em 20 de abril de 1885, tendo
como Presidente o Sr. De Lucca de Strazzari, segundo informa a revista Reformador da FEB.
Já o primeiro registro de
fundação oficial de uma Sociedade Espírita
encontramos no Almanach do Estado de
São Paulo para 1890 de Jorge Seckler, que noticia a
existência do "Centro Faimilia Spirita" fundado em 1.o de janeiro
de 1886. Ele funcionava na Rua Conselheiro Crispiniano, 11, e tinha
como Presidente Dr. Antonio Luiz Ramos Nogueira e o professor Angeli
Tortelli (residente no Rio de Janeiro) como Secretário. E uma
observação curiosa termina o anúncio: "Nesta
sociedade os sócios não pagam mensalidades, as despesas
são feitas pela Diretoria".
No Centro Familia Spirita,
estudou e desenvolveu sua mediunidade Antonio Gonçalves da Silva
(26.12.1838 - 22.01.1909), mais conhecido como Batuíra que, em
1890, viria a "reerguer" a Instituição Espírita
"Verdade e Luz", o que nos leva a pressupor que tenha sido a
Instituição dirigida por Strazzari e que se encontrava
adormecida.
Dr. Ramos Nogueira, falecido em 1903,
conforme noticia o Reformador,
mantinha estreito
contato com a FEB e o movimento espírita do Rio de Janeiro.
Provavelmente outros grupos já
praticassem o Espiritismo na Capital antes dos citados, se observarmos
que era um modismo na época e em muitas cidades menores ele
já havia chegado. Modismo para uns, mas missão para
outros, que desde cedo se conscientizaram da importância da
Doutrina Espírita.
A Revista
da Sociedade
Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, publicada no Rio de
Janeiro, nos fornece duas pistas para rastrearmos alguns pioneiros.
A primeira é em seu
número de abril de 1882, quando cita ter recebido carta do Sr.
Antonio de Carvalho Sandenberg, provavelmente um trabalhador de
primeira hora do Espiritismo; e a segunda, quando publica, em junho
desse ano, uma interessante notícia de comunicação
mediúnica do Espírito de Garibaldi: "as linhas abaixo
inseridas constituem uma comunicação espontânea do
Espírito Garibaldi recebida em São Paulo pelo jovem,
ardente republicano, e sócio da Ordem dos Associados Livres E.
C., notável médium de incorporação,
psicógrafo intuitivo, psicôfano extático (sic). Os Pensamentos nela contidos
trazem o cunho da personalidade cujo nome os firma: respiram amor
à liberdade (segue a comunicação)". Seria
uma instituição que se ocultasse sob essa
denominação para a prática do Espiritismo ?
Anuário Histórico Espírita 2004,
Carlos Iglesia, Brasil
Amigos,
Um fato que talvez não seja
tão aparente é o efeito do tempo sobre as
Instituições e obras humanas. A
vida é um perene fluxo de transformações, nada
é permanente ou estático. E nestas
transformações todas as construções humanas
se modificam, muitas vezes sendo substituidas por outras, que, de uma
forma ou outra, lhes tomam o lugar a fim de permitir maior progresso ao
espírito e a sociedade.
E, naturalmente, o Movimento Espírita não é
exceção. Desde os primeiros momentos do Movimento
Espírita - com Allan Kardec e a Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas - até os dias
de hoje, algumas gerações já se sucederam no labor
da Nova Revelação. Hoje observamos o panorama do mundo
espíritual a partir de
construções solidamente estabelecidas pelos que nos
antecederam e está em nossas mãos transmitir e enriquecer
este legado para as gerações futuras. Manter as
construções já centenárias e
acrescentar-lhes novos e seguros pavimentos de onde o futuro
observará panoramas ainda mais extensos.
E para transmitir toda a riqueza que recebemos, precisamos
conhecê-la profundamente. E conhecer profundamente significa
não somente saber mapear com precisão o estado atual da
construção, mas também saber quais os passos que
foram tomados para sua construção. Qual a razão de
tal detalhe estar lá e outro não. Significa preservar a
memória das pessoas e instituições que foram
contribuindo com este labor. E preservar de forma isenta, para que
mesmo as peças rejeitadas na construção possam ser
estudadas pelos pesquisadores do futuro, que poderão
reavaliá-las e compreendê-las melhor que nós.
Um exemplo do que estamos falando é a história do
Cristianismo e como o vemos em nossos dias. Muito da riqueza
original do Cristianismo foi perdida, não somente pelas inumeras
perseguições
religiosas que marcaram a história do ocidente, mas
também porque se deixou de preservá-la.
Muitas informações se perderam porque não foram
copiadas quando se abandonou o formato tradicional de rolos de papiros
em favor dos códices (encadernação em tomos, como
nos livros atuais), transição ocorrida justamente nos
primeiros séculos do Cristianismo. Outras se perderam com
as invasões barbáras, que levaram a
civilização greco-romana ao
colapso.
E muito mais se perdeu porque os primeiros
cristãos esperavam o "Reino dos Céus" a qualquer momento,
interpretando literalmente algumas palavras de
Jesus. Consequentemente não se preocuparam em registrar os fatos
que estavam presenciando. Assim, com a
natural sucessão de gerações, foram se
desvanecendo as memórias dos primeiros tempos. Temos
ainda algumas informações mais precisas graças a
um historiador do século IV, Eusébio de Cesaréia
("História Eclesiástica"), que teve acesso a fontes orais
e escritas hoje perdidas.
Imagine o leitor, qual não seria hoje a nossa compreensão
do
Cristianismo se tivessemos ao alcance das mãos os relatos dos
fundadores das primeiras comunidades cristãs. Se conhecessemos
em profundidade as idéias tanto dos "Pais da Igreja" como
das seitas heréticas dos primeiros séculos. Se ao nosso
dispor estivessem todas as fontes citadas por Eusébio. Se
soubessemos com detalhes todas as etapas pelas quais passaram os grupos
cristãos, da Igreja nascente até a Igreja medieval, da
qual já existem melhores registros devido a impotância que
esta assumiu na vida espiritual ocidental.
Pois bem, o mesmo poderão dizer de nós as
gerações futuras se não preservarmos
adequadamente as informações que temos as mãos. E,
para desempenhar este papel, ou pelo menos contribuir com ele, se
formou a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas". Um
dos veículos para esta preservação é a
publicação de um Anuário Histórico, que
já está em seu segundo ano. O Anuário é uma
coletânea de estudos sobre a história do Movimento
Espírita organizada pelo historiador Eduardo Carvalho Monteiro,
que também foi o idealizador da Liga.
A edição de 2004 homenageia Allan Kardec, que comemora
este ano seu bicentenário de nascimento, traz os seguintes
artigos:
- A Vocação da Liga dos
Historiadores e Pesquisadores Espíritas: Eduardo Carvalho
Monteiro;
- Entrevista com a Escritora Nancy Puhlman di
Girolamo: Isabel Virtuoso;
- Como os Espíritos guiavam Kardec na
redação dos textos: Jorge Damas Martins;
- Não esqueça as fontes: Geraldo
Campetti Sobrinho;
- A Sociedade de Espiritismo da Flórida
(EUA): Edgar Crespo;
- Desencarna o último discípulo de
Eurípides Barsanulfo: Da Redação;
- Mediunidade ... ? Cora Coralina;
- As origens do Espiritismo na Guatemala: Da
Redação;
- Grupo de Estudos Avançados
Espíritas a Serviço da Divulgação do
Espiritismo na Internet: Antonio C. Lacerda Leite;
- Psicologia e Espiritismo - Com a Palavra
Sábios e Cientistas: Carlos Antonio Fragoso Guimarães;
- Transcomunicação Instrumental -
Contatos via Computador e Telefone: Sonia Rinaldi;
- História do Espiritismo em
Uberlândia: Isabel Vituso;
- A Excepcional Mediunidade de Ana Prado: Samuel
Nunes Magalhães;
- Radiofusão Espírita no
Ceará: Marcus V. Monteiro;
- Allan Kardec no Banquete de Bordeaux em 1867:
Jorge Damos Monteiro;
- Grupos Espíritas do Século XIX
no Brasil: Eduardo Carvalho Monteiro (vide artigo sobre os 450 Anos
acima);
E a edição de 2005 já começou a ser
preparada. Os amigos que quiserem propor contribuições
para esta obra podem enviar seus trabalhos - a data limite é 15
de agosto - para o Eduardo no e-mail
edumonteiro@nw.com.br Como
pode ser visto na relação de artigos da
edição de 2004, o campo de estudos é vasto e os
pontos principais são a preservação de
informações que desaparecerão rapidamente se
não forem adequadamente registradas. A fundação
dos primeiros grupos, o relato das experiências pioneiras, o
esforço monumental dos desbravadores nas pequenas e grandes
cidades do Brasil e do exterior, etc ...
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Retorno ao
Índice
Sobre
o Divórcio, Ronaldo Brito,
Brasil
Recebi o GEAE de 10 de
fevereiro de 2004. Fiquei
impressionado com o sofrimento dos espíritos abortados.
Não está na hora de o Brasil ter um deputado
espírita, que seja contra a legalização do aborto,
e, ao mesmo tempo, proponha um fundo de apoio para mulheres que foram
estupradas e desejam ter o filho? O que vocês acham?
Quero aproveitar para sugerir um tema para ser
abordado no GEAE: O divórcio. Como o divórcio é
visto pelos espíritas? É recomendável se divorciar
quando é patente que o casal não se ama? Ou é
recomendável tentar contornar as dificuldade e manter o
casamento, mesmo sem amor?
Abraço,
Ronaldo Brito Roque
_________________________________________________________
Caro Ronaldo,
A proposta espírita
é a
transformação do individuo e a partir dai se transforma a
sociedade. As leis - embora importantes - pouco auxiliam se o grau
evolutivo da sociedade não for compátivel, pouco
adiantaria um deputado espírita lutando por estas causas em uma
sociedade que não tem a mesma visão do problema do ser,
do destino e da dor.
Por isso o movimento espírita
tem sempre
preferido divulgar a Doutrina e a trabalhar ativamente no amparo direto
aos necessitados do que a participar das lutas políticas.
Com relação ao
divórcio o que o
Espiritismo preconiza é sempre a responsabilidade do individuo
frente ao seu destino. Ele não exige que o individuo
permaneça preso a uma relação que já
não é mais suportável, mas também deixa bem
claro que os compromissos que assumimos na vida nunca são ao
acaso. Naturalmente cada caso é um caso diferente - pois
se trata de relações humanas - mas geralmente somente se
adiam para outras ocasiões projetos de
reaproximação e de burilamento mútuo dos
envolvidos.
A meta a que todos devemos chegar
é o "amar a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo" e o
casamento é mais um exercicio para o aprendizado desta
lição.
Abraços,
Carlos Iglesia
________________________________________________________
Caro Senhor Carlos,
Concordo que a sociedade deve ser
transformada a
partir do indivíduo, contudo não creio que seria
prejudicial se tivéssemos um legislador contra o aborto. Isso
poderia criar um debate na mídia e, vendo as
informações que a mídia divulgaria, muitos
indivíduos poderiam se transformar. Além disso,
não seria ótimo se o Estado desse uma ajuda de custo a
mulheres que foram estupradas e desejam ter o filho? Essas mulheres
certamente precisarão de ajuda, já que um filho sempre
traz despezas, mas, além disso, elas seriam um exemplo para as
outras mulheres, e ajudá-las materialmente seria uma forma de o
Estado reconhecer esse mérito.
Deputados e senadores são, na
pior das
hipóteses, um mal necessário. Se temos de tê-los,
que os tenhamos contra o aborto, que todas as religiões
consideram como um mal. Se forem a favor cometerão o
terrível pecado de usufruir do dinheiro público e
legislar contra o próprio público que paga seus
salários.
Abraço,
Ronaldo Brito Roque
_______________________________________________________
Olá Ronaldo,
Já temos hoje legisladores -
vários
deles de religiões que defendem os mesmos principios
cristãos do Espiritismo - com posições
espiritualistas, e isto é muito bom. O que não vejo
necessidade é de um que seja eleito devido ao rótulo de
"espírita", isto poderia ter mais efeitos negativos do que
positivos, simplesmente por levar as lutas partidárias para
dentro dos grupos espíritas.
Naturalmente também há
políticos que
são espíritas, em tempos recentes os mais famosos foram o
senador Freitas Nobre e o governador Mario Covas, e, coerentes com a
posição do movimento espírita, mantiveram sempre
uma posição de discrição, sem misturar seus
papéis de homens públicos com suas atividades no
Espiritismo.
Eu, pessoalmente, acredito no que
aprendi nos tempos
de escola, que a política é uma atividade importante, que
o ser
humano é um "animal político" por sua necessidade de
viver em
grupos sociais. Somos um mundo imperfeito - onde ainda os seres humanos
defrontam-se com suas próprias imperfeições em
busca de corrigi-las - e por isso, da mesma forma que ocorre com a
ciência e a religião - há ainda os que fazem mal
uso da política. Isto não significa que devemos
condená-la ou menosprezá-la da mesma forma que não
devemos condenar a ciência ou a religião pelo mal uso que
muitas vezes delas se faz. A medida que a humanidade progredir
espiritualmente, que os individuos que a formam forem conquistando o
reino dos céus dentro deles mesmos, este cenário
mudará.
Este é o papel do Espiritismo,
ajudar nesta
transformação para melhor do individuo e da humanidade,
que é até lenta, mas que é a que melhor garante os
progressos a longo prazo.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Retorno
ao Índice
Sobre
Trabalho Mediúnico, Ligia Pinninch, Brasil
Boa tarde,
No boletim número 471
observei que foi publicado minhas dúvidas/questões.
Hoje recebi o boletim número 473 porém não notei
as respostas. As mesmas serão publicadas em boletim futuro?
Obrigada pela atenção.
Ligia Penninch
Cara Ligia,
Algumas vezes deixamos as
respostas em aberto para que os leitores do Boletim possam participar
das discussões e enviar suas respostas e comentários.
Isso sem falar que algumas vezes aparecem perguntas bastante
complicadas, para as quais necessitamos de ajuda nas respostas. Por
isso normalmente não há uma sequência
pré-determinada entre a publicação da pergunta e a
da resposta.
1- Quando uma pessoa
está encarnada e a mesma realiza trabalhos espíritas
(é medium) e começa fazer coisas erradas dentro deste
"trabalho espiritual" é possivel ela ser desencarnada "antes" do
tempo, quero dizer: pode-se desencarnar antes de cumprir sua
missão para não continuar fazendo trabalhos espirituais
errados?? Pergunto isto porque aprendi que quando a pessoa tem
mediunidade e faz coisas erradas, é avisado e dado-lhe chance e
se não cumprir o caminho certo, lhe é tirado a
mediunidade...
Ligia, quando abusamos de algum
dom, qualquer que ele seja, entramos em uma situação de
desequilibrio. Este desequilibrio pode ser refletir na saúde e
até encurtar nossa existência. A mediunidade não
é exceção.
Bem antes disso, da
desencarnação, é perfeitamente possivel que os
bons espíritos acabem se afastando dessa pessoa, que
acabará ficando sujeita a duras lições no contato
com espíritos inferiores. A perda da mediunidade, como resultado
do desequilibrio resultante do mau uso dela, também não
é impossivel.
2- O que querem dizer com: o
espírito desta menina "de 6 anos" é velho? Qual o
critério para se saber quando o espírito é mais
velho que outro?
É uma forma de dizer que a
criança tem uma vivência muito grande, que já
passou por diversas experiências e por isso adquiriu um
conhecimento da vida e, possivelmente, uma evolução
espiritual maior que o meio em que vive. Normalmente se diz que um
espírito é mais velho que outro como uma forma de
expressar que ele atingiu maior "maturidade" moral ou maior
sabedoria. Pelo menos para nós, que estamos encarnados neste
mundo, não há como determinar a "idade" de um
espírito - quanto tempo passou desde que ele começou sua
jornada evolutiva.
2.1- Existe espírito novo?
Como não sabemos
determinar a idade de um espírito não faz muito sentido
usar esta expressão, a não ser que se queira dizer que
é um espírito pouco evoluido ou mais próximo do
seu ponto inicial de evolução. Por exemplo, os homens que
viveram na idade das cavernas eram espíritos mais novos que
nós. Ou talvez, mais apropriadamente, quando vivemos na idade da
pedra eramos espíritos mais novos.
Retorno ao Índice
Atualização
de Cadastro de Instituições Espíritas, Milton
Andrade, Brasil
Olá Pessoal!
Espero que estejam todos bem.
Amigos eu incluí um
trabalho antigo que tinhamos no site do Gotas de Luz, que é um
cadastro com 1013 instituições espíritas em todo o
Brasil. Como esse cadastro é um pouco antigo,
informações como telefone e até mesmo
endereço podem ter sido alterados nesse intervalo, portanto, se
puderem me ajudar confirmando os dados, será muito bom, uma vez
que, essas informações podem auxiliar vários
irmãos.
Estou providenciando
módulos para que vocês mesmo possam me auxiliar nessa
tarefa, tanto incluindo como modificando informações
dessas instituições.
O site do Gotas de Luz é:
http://www.miltonandrade.com.br/gotasdeluz
-
http://gotasdeluz.cjb.net
Aproveitando a oportunidade,
gostaria que se pudessem dar uma visitada no site e debatermos o que
poderiamos colocar a mais que fosse útil para a comunidade, como
área de: artigos, notícias, etc., seria muito legal.
Gostaria de contar a ajuda de
vocês.
Forte abraço.
Milton Andrade
Retorno
ao Índice
Carl Gustav
Jung e os Fenômenos Psíquicos, Carlos Iglesia, Brasil
Foi publicado recentemente pela
editora Madras o livro "Carl Gustav
Jung e os Fenômenos Psíquicos" do nosso amigo da Liga dos
Historiadores e Pesquisadores Espíritas, Carlos A. Fragoso
Guimarães. O
livro estuda aspectos da vida do grande psicólogo suiço
que tiveram profunda influência sobre seu pensamento e obra, mas
que normalmente não recebem a devida importância nas
biografias tradicionais. É um trabalho de pesquisa profundo e
bastante sério, que possivelmente contribuirá tanto para
que os psicólogos entendam melhor a origem de muitas das
idéias de Jung como para que os Espíritas tenham uma boa
visão do que ele representou para o estudo cientifico da mente
humana.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Retorno
ao Índice
Site Apologético, Paulo Neto,
Brasil
Caros
Amigos,
Esperamos contar com sua
valiosa
colaboração no sentido de ajudar-nos na
divulgação do site: http://apologetico.cjb.net/
Com um grupo de amigos, esse novo
site Espírita foi criado para defender o Espiritismo dos ataques
dos detratores. Em princípio daremos preferência ao que
já se tem divulgado na Internet contra a nossa doutrina.
Aproveitando dessa oportunidade
estaremos enviando uma cópia desse e-mail a vários outros
órgãos de divulgação Espírita, para
os quais estendemos esse mesmo pedido.
Abraços,
Paulo Neto
Colaborador do "Jornal Espírita" e
do "Semeador", vários
textos em sites Espíritas na Internet e autor do livro "A
Bíblia à Moda da Casa".
Retorno
ao Índice
Grupo de
Estudios Espíritas em Montevideo,
Simoni Privato Goidanich, Uruguai
Estimados
Senhores,
Tenho
a
satisfação de informar-lhes a criação de um
grupo de estudos espíritas em Montevidéu, Uruguai.
Agradeceria muito se
pudessem divulgar estas informações nas
publicações do GEAE em
português e em espanhol:
1)
reunião de estudo de O Evangelho segundo o
Espiritismo - domingos, às 20 horas;
2)
reunião de estudo da Doutrina
Espírita (aspectos morais, filosóficos e
científicos) - quartas-feiras, às 20 horas.
Contacto:
Simoni Privato Goidanich
Telefone:
(5982) 712-0478
Muita
paz,
Simoni
GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE
é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Coleção dos Boletins em Português -
http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The
Spiritist Messenger" -
http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero
Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins