Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
http://www.geae.inf.br
Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 -
Número 475 - 2004
18 de maio
de 2004
Editorial
|
A
Humildade
|
|
Artigos
|
Golfinhos, Papagaios e Muriquis:
Três Caminhos Diferentes da Evolução
Anímica, Renato Costa, Brasil
|
|
História
& Pesquisa
|
Mesmerismo e
Espiritismo, Jáder dos Reis Sampaio, Brasil
|
São Paulo 450 Anos - O Espiritismo na
TV Tupi, Carlos Iglesia, Brasil
|
|
Questões
e Comentários
|
Sobre
as Planárias e a Individualidade do Espírito, Ricardo
Bastos, Brasil
|
|
Painel
|
Estudos
Espíritas na Internet
|
Grupo de Estudos Espíritas
em Montevidéu, Simoni Goidanich, Uruguai |
Grupo de
Apologética Espírita, Paulo Neto, Brasil
|
Hogar Infantil
Remanso de Amor, Confederación Espírita Colombiana,
Colombia
|
|
Não
há dúvida alguma de que a característica
comportamental do ser humano, a humildade, influi de maneira decisiva
nos rumos da vida em sociedade. Desde os tempos mais longínquos
de vida na Terra, em que a natureza obrigava o homem a empregar
grandes esforços na sua luta pela sobrevivência em um
mundo hostil, é de se esperar que a união em harmonia e
equilíbrio promova melhores resultados do que a sociedade onde
impera a vaidade, o orgulho, o individualismo e a falta de humildade
em atos e ações.
Nos
dias modernos, com o avanço científico e
tecnológico,
onde a transformação de bens materiais brutos em
componentes imprescindíveis à vida do homem moderno,
cada vez mais a competitividade na geração do trabalho
pessoal e coletivo torna-se maior e mais forte, sendo o fator
humildade o grande diferencial para o sucesso de uma
reencarnação
produtiva e mais feliz.
Assim,
estudarmos a humildade como componente do comportamento humano,
visando melhor desempenho da sociedade, é fundamental a fim de
promover as reestruturações e adaptações
no novo mundo regenerado.
Analisar
a humildade do ponto de vista de bens materiais é o mesmo que
analisar uma pedra como fator responsável pela morte de uma
criatura atirada para tal finalidade. É necessário,
portanto, avaliar a humildade como característica
intrínseca
do indivíduo, herdada desde a criação do
Espírito, como centelha componente do amor Divino e sujeita a
todas as leis da evolução humana, rumo à
perfeição.
É
muito comum definir como sinônimo de humildade, a pobreza, ou
seja, o homem com deficiência ou ausência de bens
materiais os quais não podem promover o conforto de uma vida
saudável e tranqüila para ele em nosso planeta. Assim,
quanto mais miserável for a pessoa, mais ausente de bens
materiais, mais humilde ela seria. Essa análise é
absolutamente materialista e improcedente, pois se a
característica
é intrínseca ao Espírito, ela não pode
ser extremamente materialista.
Devemos
sim, respeitar todas as formas de crenças e aqueles que se
julgam com necessidade de estar entre a miséria para
aproximar-se da humildade devem mesmo seguir a ordem natural das
coisas. Aliás, muitas dessas pessoas estão de fato no
caminho da verdadeira humildade espiritual, levando uma vida de
simplicidade, de amor a natureza com desprendimento material. Mas o
que é uma vida ligada à matéria e o que é
o significado de desprendimento material?
Caso
o conceito de humildade signifique a pobreza, a miséria, seria
lógico raciocinar de duas, uma. Ou a humildade não
significa nada na evolução do homem, ou a pobreza,
miséria, riqueza não estão totalmente ou
parcialmente ligada a ela. Como já dissemos que a humildade
é
de fato importantíssima na evolução da
humanidade, ela se exterioriza nos atos e ações do
espírito e não nas situações de
posição
social a que ele se encontra no momento.
Evidentemente,
como o espírito caminha em evolução eterna no
seu aprimoramento pessoal, na sua passagem pela matéria
terrestre, os bens materiais não devem ser importantes para a
sua evolução espiritual. Cabe ressaltar que o conhecido
ditado popular - “a pessoa não leva nada dos bens adquiridos
aqui depois da morte” não é correto, pois mantém
as atitudes e gostos vivenciados quando reencarnada, após o
seu desencarne. Na sua nova jornada, no plano espiritual, continua
normalmente a luta em seu aprimoramento pessoal.
A
forma e não o fundo é o diferencial importante. Por
exemplo, um indivíduo adquire um carro bom, confortável,
com boa segurança, necessário a sua atividade de vida e
compra com recursos do seu próprio esforço. Para ele, o
carro é um meio de vida, assim ele o vê e o usufrui.
Outra pessoa, bem mais pobre, adquire um bom carro com a
intenção
de se sentir melhor do que os outros, mais poderosa, mesmo a duras
penas, as aparências são mantidas. Neste caso, o carro
satisfaz a sua vaidade, o seu orgulho, nada mais. Onde está o
desenvolvimento mais aperfeiçoado da humildade? Certamente
não
é na posição social em questão. A forma
é
a visão que se tem do bem, o fundo é a visão que
se tem do indivíduo com base na sua posição
social. Um homem rico pode ser muito mais humilde que um pobre, pois
a condição de riqueza e pobreza é uma
condição
que deve mesmo ser definida antes da reencarnação,
sendo, portanto, temporária.
A
verdadeira humildade está no espírito e não na
condição reencarnatória. O espírito
utiliza de todos os meios possíveis para sua
evolução
e assim, aliás deve experimentar as mais diversas formas de
condições reencarnatórias, passando inclusive
pela reencarnação em locais de miséria, pobreza,
riqueza, diferentes culturas, raças, credos, na
deficiência
de meio intelectual, nos meios científicos e acadêmicos,
etc. É dessa forma, que ele evolui mais rapidamente passando
por muitos caminhos, e principalmente, naquele que mais se despreza,
que mais odeia no momento. Nesse ponto, há a total desarmonia
espiritual e somente através do sentimento real daquela
situação, promove a oportunidade de luz para resgatar o
seu equilíbrio pessoal. Por isso, veremos sempre pessoas de
grande humildade vivendo momentaneamente entre os meios mais ricos, e
certamente, aproveitam essa oportunidade com grande propriedade
promovendo a verdadeira caridade, além da material, do seu
exemplo de vida em favor do bem comum. Por outro lado, veremos
também
o inverso, a falta visível de humildade na pobreza, denotando
vaidade, orgulho e sem o mínimo interesse pelo seu semelhante.
Numa
reencarnação na condição de riqueza,
há
uma responsabilidade muito maior para a evolução do
espírito, pois o meio é muito mais propício a
ambição, vaidade, orgulho, etc.
Graças
à doutrina espírita temos agora a nossa visão
ampliada da humildade, pois observamos o indivíduo como um
todo, com sentimentos, atos e ações adquiridos ao longo
do tempo, quer no plano espiritual quer no plano terrestre. E tudo se
confunde. Não é a simples visão da sua
condição
reencarnatória atual que deve ser apenas considerada. No plano
espiritual, a visão se amplia, e muito.
“Vindo
de dentro do ser humano, a humildade é característica
daqueles que têm a caridade como meta na evolução
do espírito.
Ser
humilde não significa ser desprovido de bens materiais, mas
ser capaz de aceitar a sua condição na escala evolutiva
a que todos estamos sujeitos.
Ser
humilde é ser capaz de aprender com pequenos gestos e estar
sempre aberto a novos conhecimentos em prol da humanidade.
O
maior bem que pode um ser humano almejar é a humildade, pois
ela é capaz de construir caminhos que levam à luz,
caminhos que permitem o companheirismo sem interesses e egoísmo.
Ser
humilde é reconhecer no outro o seu valor. É elevar a
auto-estima do amigo e pessoas de jornada evolutiva, através
do seu exemplo de vida, sempre fundado na verdade e no bem.
Sede
humilde e conseguirás a sabedoria, pois ela é a fonte
da inspiração a que todos buscamos nessa jornada.
Estejas
sempre atento às atitudes grotescas que destroem a harmonia do
seu ambiente no lar, escola, trabalho, etc.
Estejas
pronto a ajudar os menos favorecidos que você.
Sejas
humilde o suficiente para ensinar aquilo que um dia alguém
teve a paciência de transmitir a você. A felicidade
depende dessa sua estada.
Quanto
mais humilde, mais oportunidade de conhecimento terás e maior
será a tua recompensa.
Ajude
um amigo e sempre será ajudado quando precisares. Não
que esse seja o objetivo da caridade, mas é a lei que rege
todo o universo: quanto mais amor for dado, mais amado
serás...”
(Mensagem psicografada em reunião familiar)
Muita Paz,
Raul Franzolin Neto
Editor GEAE
Retorno ao Índice
Golfinhos, Papagaios e
Muriquis: Três Caminhos Diferentes da Evolução
Anímica, Renato Costa, Brasil
Três espécies vivendo em
meios diferentes revelam estar em caminhos seguros rumo ao reino
hominal e além
(Artigo Publicado na Revista
Internacional de Espiritismo, Agosto de 2003)
Em
artigo nosso na edição
de maio passado desta RIE, intitulado Os Diversos Caminhos da
Evolução Anímica, ficamos de apresentar
exemplos de caminhos evolutivos tomados por três espécies
animais, uma vivendo na terra, outra, no mar e uma terceira
deslocando-se pelo ar. É o que passamos a fazer.
O
golfinho roaz-corvineiro (Tursiopis Truncatus) pertence
à
ordem dos cetáceos, mamíferos que migraram de volta
às
águas há cerca de 60 milhões de anos.
Os
estudiosos têm descoberto vários comportamentos
inteligentes desses animais, fazendo eco a uma tradição
que remonta à antiguidade grega. Entre tais comportamentos
vários se devem ao sofisticado sistema de
comunicação
que possuem, incluindo um padrão de assobios próprio
que cada indivíduo usa para se identificar, como se fosse uma
espécie de nome próprio, o uso de dialetos de assovios
específicos por cada grupo, capacidade dos indivíduos
comunicarem entre si conceitos abstratos, como provado em um
experimento feito pelo Dr. Javis Bastian e capacidade de aprender
vocalizações e repeti-las.
Igualmente
notável é sua elevada inteligência emocional. A
maior parte do tempo são alegres, brincalhões e
afetuosos entre si, mesmo quando em cativeiro, tendo demonstrado
sempre uma amizade especial pelos humanos. Possuem senso de humor,
fazendo molecagens com peixes e aves marinhas somente para se
divertirem.
Exibem
estratégia, usando batedores para sondar pela primeira vez
algo novo em seu caminho ou formando alianças entre seu grupo
e um outro para enfrentar um terceiro com que têm algo em
disputa. Decidem o que fazer usualmente por consenso, depois de
demoradas interações entre os membros do grupo. Em
interação com o Dr. John Lilly, um golfinho alterou a
regra de um jogo de sons e, ao perceber que um assobio seu não
estava sendo ouvido, baixou a freqüência do mesmo até
se assegurar que a comunicação se havia estabelecido. A
partir desse momento o golfinho guardou a faixa de escuta do Dr. e se
manteve dentro dela até o final. Foi um caso singular de um
animal fazer um experimento com um ser humano.

A
Ciência hoje se divide principalmente entre duas hipóteses
para o surgimento das aves, uma que afirma terem elas descendido dos
dinossauros e outra terem tanto elas quanto os dinossauros descendido
de uma terceira forma, comum a ambas.
Entre as aves, várias
espécies têm revelado comportamento inteligente. Dentre
elas, escolhemos para nosso estudo o papagaio cinza africano
(psittacus erithacus), espécie que vem sendo estudada
há várias décadas pela Dra. Irene Maxine
Pepperberg, da Universidade do Arizona.
Alex é o nome do
simpático papagaio
que vemos na foto ao lado. Ele é o papagaio cinza africano
mais velho dentre os estudados pela Dra. Irene e por seus
colaboradores. Alex aprendeu a responder a perguntas sobre mais de
100 objetos diferentes. Sabe designar corretamente cores, formas e
números, utilizando tais conceitos com sentido e de forma
combinada, lidando ao mesmo tempo com conceitos abstratos como o
tamanho relativo e a noção de igual ou diferente. Sabe
como e quando dizer “não”, “venha cá”, “eu
quero <tal coisa>” e “quero ir a <tal lugar>”. Sua
capacidade lingüística equivale à de uma
criança
de dois anos, ao passo que seu raciocínio na
solução
de problemas corresponde a uma de quatro, pelo menos. Como diz a Dra.
Pepperberg, se Alex é incapaz de conversar como um ser humano,
por outro lado consegue dizer com clareza o que deseja e responder
corretamente a perguntas que lhe
fazem.
Chamamos
a atenção dos leitores para o fato de Alex estar
aprendendo a linguagem e os conceitos de uma espécie
totalmente diferente da sua, uma espécie não apenas
pertencente a outra ordem, como são os golfinhos em
relação
ao homem, mas a outra classe, feito que em muito valoriza os
resultados por ele obtidos. Afinal, não se conhece humano
algum que tenha sequer começado a se comunicar na linguagem de
uma espécie próxima, quanto mais na de uma tão
afastada.

Das
espécies que escolhemos para comentar a que veremos agora
é
a mais próxima do ser humano.
Estamos falando do amigável muriqui (Brachyteles
Arachnoides
), também
chamado de mono carvoeiro, o maior primata das Américas,
vivendo no que resta da outrora pujante Mata Atlântica e que
hoje, infelizmente, encontra-se ameaçado de
extinção.
A primeira pesquisadora a estudar os muriquis foi a Dra. Karen
Strier, da Universidade de Wisconsin-Madison, mas agora são
vários os pesquisadores brasileiros que o fazem.
O
Muriqui é uma espécie singular pela sua vida grupal
pacífica, onde um grau de disputa mais elevado jamais ocorre.
São animais extremamente carinhosos uns com os outros, sendo
comum ver esses animais tocando-se ou se abraçando por poucos
ou vários minutos, formando, às vezes, cachos onde
vários deles se abraçam ao mesmo tempo, pendurados
pelas caudas. A hierarquia entre eles não é baseada nem
na força nem na idade, como em outras espécies, mas no
grau de afetividade de que cada indivíduo é objeto.
Fêmeas e machos têm peso e tamanho semelhantes,
inexistindo qualquer forma de agressividade ou competição
no comportamento sexual, que se mostra livre e respeitoso. A
comunicação entre os muriquis parece ser rica e
sofisticada, como evidencia um estudo conjunto feito pelos
pesquisadores Francisco Mendes e César Ades, sob o
patrocínio
da Fapesp (Federação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo). Sem terem que usar qualquer estimulante
ou psicotrópico, eles lograram formar a pura sociedade
alternativa que a raça humana idealizou e jamais conseguiu
realizar.
***
No Item
56 do Capítulo I da Segunda Parte de O Livro dos
Médiuns
lemos: “Com pequenas diferenças quanto às
particularidades e exceção feita das
modificações
orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a
forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos.
Pelo menos, é o que dizem os Espíritos”.
Chama a
atenção
no texto acima a expressão cautelosa que o Codificador colocou
ao final. Fica, no entanto, claro pela leitura, que Kardec entendia
que o meio em que o ser tem que viver é fator condicionante da
sua constituição física. Kardec, dotado que era
de grande cultura, apurado raciocínio e aguçada
intuição, devia pressupor existirem mundos de
constituições físicas as mais diversas. Ora, em
assim sendo, a afirmação de que a forma humana se
mantinha, basicamente, entre os diversos mundos deve ter-lhe
parecido, no mínimo, estranha. Estaria aí a
justificativa da mencionada cautela?
Verificamos
não ter o assunto sido objeto de nenhuma questão formal
do Codificador aos Espíritos, tampouco o tendo sido de uma
resposta assinada por algum dos assim chamados “expoentes da
Codificação”. Fomos encontrar, apenas na Revista
Espírita de março de 1858, uma outra
afirmação
de Kardec com base no que haviam dito os Espíritos sobre a
questão. Trata-se do artigo intitulado “A Pluralidade dos
Mundos”, onde lemos: “Chegamos, pois, por um simples
raciocínio, que muitos outros fizeram antes de nós, a
concluir pela pluralidade dos mundos, e esse raciocínio se
encontra confirmado pela revelação dos Espíritos.
Eles nos ensinam, com efeito, que todos esses mundos são
habitados por seres corpóreos apropriados à
constituição física de cada globo”. Se
atentarmos para a última frase, veremos que ela coloca
claramente como regra a mesma afirmação que, como
consta em O Livro dos Médiuns, pode ser equivocadamente
entendida como exceção a uma regra.
Viemos de apresentar
exemplos
concretos de espécies que evidenciam poder perfeitamente
prosseguir em sua evolução sem sofrerem notáveis
mudanças em sua constituição física e
sutil. Transladados para mundos mais e mais evoluídos,
enquanto concluem seu aprendizado no reino onde estagiam,
chegará
o dia, em que, inevitavelmente, estarão prontos para o
ingresso no reino hominal. Nesse dia certamente haverá, dentre
as inúmeras moradas existentes na casa do Pai, uma ao menos
onde sua constituição física sutil se apresente
como a de mais fácil adaptação para se moldar
àquela que lá abriga a espécie humana.
Bibliografia
Blackstock,
Regina. Dolphins and Man … Equals? (Golfinhos e
Homens ... Iguais?). Obtido em fevereiro de 2003 de http://www.polaris.net/~rblacks/dolphins.htm
Davies, Gareth Huw. Maybe
Birdbrains are in Fact Clever. (Talvez Cérebros de
Passarinhos Sejam de Fato Inteligentes). Obtida em fevereiro de 2003
de
http://flatrock.org.nz/topics/animals/pigeon_spotting.htm
Kardec,
Allan. O Livro dos Médiuns. 61 Ed.
FEB, 1995.
_____,
_____. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 105 Ed. FEB, 1991.
_____,
_____. “A Pluralidade dos Mundos”. Revista Espírita,
Março 1858. IDE, 1993.
Pepperberg,
Irene Maxine
. Cognitive and
Communicative Abilities of Grey
Parrots. – The Cognitive Animal. (Habilidades Cognitivas
e Comunicativas de Papagaios Cinzas – O Animal Cognitivo). Obtida
em janeiro de 2003 de
http://grimpeur.tamu.edu/Phil320/tamu/parrot.pdf
Reinartz, Ulrich.
Tursiopis Homepage.
Obtida
em fevereiro de 2003 de
http://home.snafu.de/ulisses/tursiopis.htm.
Muriqui o Pacífico Cara Preta.
Obtida
em março de 2003 de
http://www.omuriqui.hpg.ig.com.br/Portugues/comporta.htm.
“
Sociedade Alternativa dos Muriquis”.
Ciência
Hoje, vol 27, no. 162.
Retorno ao Índice
Mesmerismo
e Espiritismo, Jáder dos Reis Sampaio, Brasil
É muito
usual nos centros
espíritas falar-se que o passe tem suas origens em Mesmer,
contar-se sobre a tina das convulsões e que o médico
vienense magnetizava a água. Estes são alguns dos
aspectos do trabalho do mesmo que foi bem mais amplo e que marcou
profundamente a Doutrina Espírita, seja em sua terminologia,
seja nos princípios teóricos nos quais se baseia a sua
prática.
Formação
de Mesmer.
As opiniões sobre Franz Anton Mesmer (1734/1814) são
controvertidas ainda hoje. Alguns o consideram charlatão,
outros místico e biógrafos como Zweig são
entusiastas em defender sua erudição e espírito
científico, que afirma terem sido subvalorizados pelas
instituições acadêmicas de sua época.
Sua
formação
intelectual foi ampla. Possuiu títulos acadêmicos em
teologia, filosofia, direito e medicina. Prosseguiu estudando
geologia, física, química, matemática, filosofia
abstrata e música.
O
Início da Clínica.
Mesmer iniciou seu trabalho clínico com magnetismo por volta
de 1774, quando tornou-se moda usarem-se ímãs como
terapêutica para as doenças do corpo. Entre os
métodos
inicialmente adotados, Mesmer aplicava diretamente ímãs
sobre regiões enfermas, friccionava-as, colocava
ímãs
em bolsinhas de couro para que seus pacientes as usassem no
pescoço,
magnetizava água, taças, espelhos, vestidos,
instrumentos musicais e outros objetos por fricção.
Procurou um meio de acumular a energia magnética e conduzi-la.
Construiu então o "baquet", ou cuba da saúde,
que viria a ser conhecido como a tina das convulsões. Era um
grande tanque de água em que "duas garrafas cheias de
água magnetizada correm convergentes para uma barra provida de
pontas condutoras móveis, das quais os pacientes podem aplicar
algumas nas regiões doentes." (ZWEIG, 1956. p.37)
Posteriormente o
médico
vienense abandonaria os ímãs e escreveria um tratado
sobre o "magnetismo animal", onde atribuiria às suas
próprias mãos o desprendimento de uma força que
curaria os males orgânicos e impregnaria objetos. "De
todos os corpos da natureza é o próprio homem que atua
com mais eficácia sobre o homem."
No
mesmo ano em que redigiu seus
primeiros escritos sobre o magnetismo animal (1776) ele defendeu uma
tese sobre a ação dos astros sobre o homem através
de um éter primordial.
Mesmeromania.
Um dos momentos
importantes da clínica de Mesmer foi em Paris, na década
de 80, quando o povo francês tomou-se daquilo que Zweig
denomina "mesmeromania". As descrições dos
biógrafos nos sugerem um misto de magnetização e
misticismo. Mesmer montou três grandes cubas no seu pequeno
hospital. Neste ambiente, tocava-se piano ou harmônio e Mesmer
entrava na sala usando uma longa bata de seda lilás e
carregando consigo um bastonete de ferro com o qual tocava as
áreas
afetadas dos pacientes. Enquanto caminhava pela câmara era
freqüente o surgimento de convulsionários,
principalmente no meio dos pacientes que se tratavam na cuba. É
curioso destacar que os pacientes sob a ação do
magnetizador eram chamados médiuns e o fato se deve
à
sua condição de meio de atuação do
magnetismo animal.
Convulsionários.
Uma
comissão científica composta por Lavoisier, Bailly,
Jussieu, Guilhotin e Benjamim Franklin, pelo rei Luís, para
pesquisar o fenômeno descreve os convulsionários como se
vê:
"Uns se
mostram tranqüilos; quietos e como enlevados; outros tossem,
cospem, experimentam imensas dores, calor em todo o corpo e têm
acessos de suor; outros são presas de convulsões
extraordinárias em número, duração e
força. Quando se manifestam em um deles, se transmite em
seguida aos outros. A comissão as viu prolongarem-se por
espaço de três horas, seguidas de expulsão pela
boca de uma espécie de água turva e viscosa, devido
à
violência dos esforços. Observam-se nesses escarros
algumas gotas de sangue.
Tais
convulsões
se caracterizam por irreprimíveis e repentinos movimentos dos
membros e de todo o corpo, contrações na garganta,
tremores na região abdominal (hipocôndrio) e na do
estômago (epigástrio), perturbações e
fixidez do olhar, gritos agudos, eructações, choros e
acessos selvagens de riso. Seguem-se logo prolongados estados de
cansaço e abatimento, languidez e prostração. O
menor ruído inesperado os sobressalta em extremo e se tem
observado que as mudanças de tom e compasso nas melodias que
se interpretam ao piano influem nos enfermos, de modo que um
crescendo os excita mais e aumenta a violência dos acessos
nervosos.
Nada mais
estranho do que o espetáculo dessas convulsões e quem
não as viu não pode imaginá-las. Não pode
também ninguém deixar de se surpreender ao ver, de uma
parte, a calma perfeita de uma série de pacientes e, de outra
a excitação dos restantes; os diversos incidentes que
se produzem e a simpatia que reina entre eles; vêem-se enfermos
que sorriem reciprocamente e conversam com grande delicadeza e
afabilidade, o que abranda seus espasmos. Com sua força
magnética Mesmer conserva-os subjugados e, se se acham num
estado aparente de prostração, seu olhar e sua voz os
reanimam num instante."
(ZWEIG,
1956. p.71)
Sonambulismo:
Junto aos convulsionários houve um outro tipo de
reação,
a dos médiuns sonambúlicos. Estes caíam
em um estado semelhante ao sono e eram passíveis de
sugestões.
Mesmer, entretanto, não deu o devido valor a este
fenômeno,
valor que só veio a ser dado pelo Marquês de
Puységur.
Puységur estudou os médiuns sonambúlicos (latim:
ambulo = passear, andar; somnus = sono) e descreveu coisas
importantes sobre eles, como a inexplicável capacidade que
possuem de andar de olhos fechados por lugares perigosos sem
caírem
ou acidentarem-se. Falou de um "sens interieur" ou uma
dupla vista (no inglês: second sight). Os médiuns
sonambúlicos podiam responder perguntas e um aprofundamento em
suas faculdades acabou evoluindo para as chamadas reuniões
mediúnicas do início do século XIX. Estas
reuniões traziam muitos elementos do Mesmerismo, como a
"cadeia" de participantes, popularmente conhecida nos dias
de hoje como "corrente" ou "fechar a corrente",
que era a colocação das pessoas ao lado da cuba da
saúde.
Sucessores
de
Mesmer: O trabalho de Mesmer desencadeou uma série de
escolas que sucederam-no na tentativa de trabalhar com a ampla
fenomenologia levada a público pela mesmeromania. Observam-se
algumas tendências através do esquema abaixo:
1) Escola Fluidista. Explica os fenômenos pela
exalação
de uma substância nervosa corporal. Dos muitos ramos que esta
escola possui podemos citar Deleuze, Reichembach, entre outros.
2) Escola Animista. Explica os fenômenos pela
atuação
da vontade sobre a consciência. Podemos citar os trabalhos de
Barbarin (sugestão), James Braid (hipnose) e os desencadeados
por eles como os de Charcot e Bernheim.
3) Escola Espiritualista. Explica os fenômenos pela
ação
de entidades extracorpóreas sobre a consciência. Podemos
citar a Teosofia (Blavatsky) e o Espiritismo (Kardec).
Ressalva-se que
as escolas não são mutuamente exclusivas, isto é,
a explicação de uma escola não elimina a
explicação de outras, embora alguns dos autores acima
citados tivessem reduzido seu trabalho ao seu campo teórico e
não dessem notícias dos outros.
O
trabalho de
Kardec cabe nas três classificações, uma vez que
ele relativiza os fenômenos e atribui causas diferentes a
fenômenos diferentes. A grande ênfase do seu trabalho,
entretanto, reside no desenvolvimento da terceira hipótese,
que ele desenvolve no sentido de diferenciá-la do seu objeto
de trabalho e não buscando aprofundar-se nela.
Mesmer em
Kardec. As influências do mesmerismo na obra de Kardec
são
claras.
"Allan Kardec reconhece que o estudo do magnetismo despertou o
seu interesse desde 1820; o que fez dizer a certos adversários
do Espiritismo, como René Guenon, que os médiuns de
Allan Kardec estavam hipnotizados pelo fundador do Espiritismo e que
falavam segundo a vontade dele. (...) O magnetismo, escreve Kardec em
1858, preparou o caminho do Espiritismo e os rápidos
progressos desta última doutrina são devidos,
incontestavelmente, à vulgarização dos
conhecimentos sobre a primeira. Dos fenômenos do magnetismo, do
sonambulismo e do êxtase às manifestações
espíritas, não há mais que um passo..."
(MOREIL, 1986. p.47)
Uma
primeira
influência é a da terminologia. Kardec "redefiniu"
muitos termos do magnetismo. Muitos leitores do Espiritismo acreditam
que ele criou as palavras, mas não é verdade: Kardec
criou conceitos novos. Palavras como espírito e
médium
são anteriores ao codificador. O sentido atribuído a
elas por Kardec é que é singular à Doutrina
Espírita; são conceitos a partir dos quais ela se
constitui.
Médium,
para o mesmerismo, é a pessoa que se coloca sob a
ação
do magnetizador. Para Kardec, "todo aquele que sente, num grau
qualquer, a influência dos espíritos é, por este
fato, médium." (Kardec, 1861. cap.
XIV)
O
termo médium sonambúlico cabe também às
duas ciências com acepções diferentes. Para o
mesmerismo este seria qualquer pessoa que entra em estado
sonambúlico
mediante a aplicação do magnetismo. Em Kardec os
médiuns sonambúlicos seriam apenas os sonâmbulos
capazes de acusar a presença de espíritos e servirem
como seus intérpretes ou intermediários. (Kardec, 1861.
§ 172 a 174)
A
noção
de um éter primordial está presente em "O Livro
dos Espíritos" e em "A Gênese", ampliada
e discutida com o nome de "Fluido Universal ou Fluido Cósmico".
Em ambos Kardec também trata de temas como letargia,
sonambulismo, dupla vista, convulsionários e outros temas
importantes ao mesmerismo.
Há
três
mensagens atribuídas a Mesmer, publicadas na Revista
Espírita
(1864, p.303 e 1865, p. 153).
Kardec
publicou
diversos artigos sobre o magnetismo na Revista Espírita.
Neles, Kardec faz assertivas como: "O Espiritismo liga-se ao
magnetismo por laços íntimos, como ciências
solidárias." Ou então: "Os espíritos
sempre preconizaram o magnetismo, quer como meio de cura, quer como
causa primeira de uma porção de coisas..." Kardec
queixou-se dos ataques desfechados por adeptos do mesmerismo em sua
época contra o Espiritismo, defendeu os magnetizadores e seu
tratamento à base de toques e passes magnéticos,
defendeu-os também contra ações judiciais
movidas por pacientes insatisfeitos. Relatou o tratamento pelo
hipnotismo e descreveu o caso de pacientes tratados por Braid e Broca
e por outros acadêmicos da época.
A
incorporação
dos "passes magnéticos" e da "água
magnetizada" ao movimento espírita, não é
uma mera transposição de práticas, uma vez que
Kardec estudou e propôs a ação e
intervenção
dos espíritos no tratamento magnético, ampliando a
noção de fluido.
O
conhecimento
do Mesmerismo e de outras doutrinas contemporâneas a Kardec
facilitam o estudo da obra do codificador e nos permite fazer
leituras mais precisas. Obviamente, o sentido atual de magnetismo,
postulado pela Física, difere bastante do sentido do
magnetismo de Mesmer. Ignorar este aspecto é perder o sentido
de muitas afirmações do codificador. Muitos enganos
cometidos por leitores e comentaristas desavisados, e muitas vezes
polemistas contumazes, seriam mais facilmente esclarecidos se
conhecêssemos melhor as nossas raízes.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BALZAC, Honoré. Úrsula Mirouët. A comédia
humana. (3ª ed bras) Rio de Janeiro: Globo, 1955. v.5,
cap.6. Primeira edição francesa em 1841.
CASTELLAN, Yvonne. La metapsíquica.
Buenos Aires, Editorial Paidós, 1955.
___________________ O Espiritismo.São Paulo: Saber
Atual, 1961.
EDGE, H. et al. Foundations of parapsychology.
London: Routledge & Kegan Paul Inc, 1986.
ESPECHIT, A. Aksakof versus Kardec. Correio
Fraterno do ABC. São Paulo, suplemento literário,
fev 87, p.3, mar 87, p.1, abr 87, p.4, mai 87, p.4.
FARIA, Osmard A. O que é hipnotismo. São Paulo:
Brasiliense, 1986.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. (44ª ed.
pop. bras.) Rio de Janeiro: FEB, 1978. Primeira edição
francesa em 1857.
_____________ O livro dos médiuns.(40ª ed. bras.)
Rio de Janeiro: FEB, 1978. Primeira edição francesa em
1861.
_____________ A gênese.(16ª ed. bras.) Rio de
Janeiro: FEB, 1973. Primeira edição francesa em 1868.
KARDEC, Allan (Org.) Revista espírita.(1ª
ed. bras.) São Paulo: EDICEL, 1986. Traduzido das
edições francesas de 1858 a 1869.
MOREIL, André. Vida e obra de Allan Kardec. São
Paulo, EDICEL, 1986.
WANTUIL, Zêus, THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Rio de
Janeiro: FEB, 1980. v.2.
ZWEIG, Stephan A cura pelo espírito. Rio de Janeiro:
Delta, 1956.
Extraído de
SAMPAIO, Jáder
(org.) Doutrina Espírita, Cristianismo e História.
Belo Horizonte: Publicação Autônoma, 1996.
Retorno ao Índice
São Paulo 450
Anos - O Espiritismo na TV Tupi, Carlos Iglesia,
Brasil
As gerações mais
jovens, que cresceram navegando na Internet e com a comodidade dos
canais por cabo ou por satélite, talvez não tenham
idéia do que era a importância de uma emissora de
televisão nas suas primeiras décadas. E menos
idéia ainda do que significou para o Espiritismo sua
presença na programação destas emissoras.
Padrão de Ajuste da TV
TUPI*
A transmissão regular de televisão começou no
Brasil em 18 de setembro de 1950 com a inauguração da
Televisão Tupi Difusora (TV TUPI) na capital paulista. Foi a
realização de um sonho de Assis Chateaubriand
(1892-1968), que assim trazia para o Brasil um novo meio de
comunicação que já existia há algum tempo
nos Estados Unidos.
A programação de 1951 era transmitida ao vivo, em branco
e preto, para cerca de três mil receptores, muitos dos quais em
locais
publicos e disponibilizados pela própria Tupi. Em 1952 nasceu em
São Paulo a segunda emissora da cidade, a TV
Paulista, em 1953 veio a TV Record. Em 1961 nasceram a TV Excelsior e a
TV Cultura. Em 1966 a TV Paulista encerra suas atividades e cede seu
canal para a TV Globo. Em 1967 nasce a TV Bandeirantes. Estas seriam as
emissoras que disputariam a prefência do telespectador nos anos
60 e 70.
O jornalismo surgiu quase que imediatamente na TV e no
imaginário popular ainda perduram as
recordações do "Repórter Esso" transmitido pela TV
Tupi a partir de 1952.
Em 1953 chegou aos lares, através da TV Paulista, o "Circo do
Arrelia", outro programa que faria época e que é
inesquecivel para quem foi criança na São Paulo dos anos
50.
Com o desenvolvimento do Videotape no final da década de 50, e o
seu uso na TV Tupi a partir de 1960, começou a segunda fase da
história da televisão no Brasil. Os programas agora
podiam ser gravados previamente e editados, findavam-se as
limitações de tempo e distância. Pode-se considerar
que esta fase se extendeu até o final dos anos 80, pois na
década seguinte - nos anos 90 - os canais pagos entraram na
disputa pelas preferências dos telespectadores.
A segunda fase é a era de ouro da televisão brasileira.
As familias se reuniam ao redor do aparelho de televisão,
normalmente um por residência, visto que na época ele era
um
eletrodoméstico caro. A luta pela audiência a qualquer
preço não havia começado, assim a TV buscava
principalmente entreter e educar. Diga-se
de
passagem que a familia mantinha suas estruturas tradicionais e foi em
parte
por influência da própria televisão, que
possibilitava aos brasileiros acompanharem de perto as mudanças
da sociedade americana, que as transformações de costumes
ocorreram. Realmente era uma televisão
muito diferente da que conhecemos hoje, bem menos violenta e com
padrões de qualidade mais altos.
Em 1969, quando o homem pisa pela primeira vez na lua, é um
mundo
interligado por satélites que acompanha o evento ao vivo. Em
1972
é feita a a primeira transmissão em cores: A "Festa da
Uva" de Caxias, Rio Grande do
Sul.
É justamente neste período de ouro, em 1971, que por duas
vezes a
TV Tupi, Canal 4 de São Paulo, coloca no ar o programa de
entrevistas "Pinga-Fogo" com Francisco Cândido Xavier. A
audiência estimada do programa foi de cerca de 20 milhões
de telespectadores.
O Pinga-Fogo era um popular programa de entrevistas, em que o
entrevistado era sabatinado por todos os lados. Vinham perguntas da
platéia, dos entrevistadores, dos convidados especiais e
até dos telespectadores por telefone. O primeiro programa, de 28
de julho de 1971, se estendeu das onze e trinta da noite até as
três horas da madrugada. Segundo o jornalista Marcel Souto Maior,
em seu livro "As Vidas de Chico Xavier", nada menos que 200
telespectadores ligaram durante o programa e 75% dos televisores
paulistas se mantiveram ligados até o final [MAIOR, 1994, pag.
172]. O mesmo jornalista informa que nas semanas seguintes o programa
foi reprisado três vezes seguidas, na integra, a pedido dos
telespectadores [MAIOR, 1994, pag. 176]. A segunda entrevista foi
realizada com o mesmo sucesso em 12 de dezembro.
Com base no sucesso das entrevistas no Pinga-Fogo, é a mesma TV
Tupi que em 1976 leva ao ar a novela de Ivani Ribeiro (1922-1995) "A
Viagem", baseada na obra "E a Vida Continua" psicografada por Chico
Xavier, do espírito André Luiz. Novamente em 1978 a TV
Tupi voltaria ao tema da mediunidade e do Espiritismo com nova novela
de Ivani Ribeiro, "O Profeta".
Se a história do Espiritismo brasileiro pode ser dividida em
duas fases - antes e depois de Chico Xavier - a biografia de Chico pode
ser dividida em antes e depois do "Pinga-Fogo" e das novelas da Tupi.
Em 1971, Chico já era um médium consagrado nos meios
espíritas e o Espiritismo uma corrente de pensamento respeitada
na sociedade brasileira, mas foi com este programa de televisão
que informações completas sobre eles chegaram as salas de
milhões de lares. Lares que também acompanhariam, durante
meses seguidos, as tramas de temática espírita de Ivani
Ribeiro e se familiarizariam com a reencarnação, a
comunicação mediunica e a lei de causa e efeito.
E o sucesso destes programas da TV Tupi abriu caminho para a Doutrina
Espírita na televisão brasileira. E não seriam
poucas vezes que o Espiritismo voltaria a ser tema de entrevistas,
noticiários, novelas e programas de todos os tipos. Até
mesmo os detratores da Doutrina, buscando pela televisão
denegri-la, tem levado incontáveis telespectadores a procurarem
maiores informações do que é esta Doutrina
tão citada e com conceitos tão interessantes quanto a
vida após a morte e a possibilidade da comunicação
com os entes queridos que já fizeram a "grande viagem".
Um outro fenômeno, que precisa ser melhor estudado, e que
possivelmente também deve muito a TV Tupi, é a
penetração da Doutrina Espírita no meio
artístico. Não são poucos os atores brasileiros
que se declaram espíritas e simpatizantes do Espiritismo e
não seria surpresa descobrir que seu primeiro contato com a
Doutrina tenha sido em novelas ou programas de temática
espírita.
Finalizando este artigo sobre a TV Tupi e o Espiritismo não
poderiamos deixar de lembrar que ela também forneceu um
veículo de comunicação para campanhas
assistênciais espíritas como mostra um trecho da
entrevista
com "
Aparecida
Conceição Ferreira", publicada na Folha
Espírita de São Paulo de setembro de 1979, onde se fala
do "Hospital do Fogo Selvagem" :
"
Pedindo esmolas nas vias
públicas e recorrendo aos meios de
comunicação, sobretudo com a ajuda dos jornalistas Moacir
Jorge e Saulo
Gomes, este, através da extinta TV Tupi, e contando com o
irrestrito
apoio de Chico Xavier, Dona Cida ergueu o grande complexo hospitalar
destinado ao tratamento da insidiosa enfermidade."
A TV Tupi encerrou suas atividades em julho de 1980, em meio a grandes
dificuldades financeiras, com dividas, salários de
funcionários atrasados e problemas com a Previdência. A
concessão do canal 4 de São Paulo passou posteriormente
para o SBT - Sistema Brasileiro de Televisão - que ainda existe.
*
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/cenasdoseculo/nacionais/tvtupi.htm
Referências Bibliográficas
A
História da TV, http://www.tvgazeta.com.br/historia.htm,
consultada em 16 de maio de 2004.
GOBI, I.
Aparecida
Conceição Ferreira. http://www.espiritismogi.com.br/entrevistas/aparecida.htm,
consultada em 15 de maio de 2004.
KARAN, D.
TV TUPI: A Pioneira.
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/cenasdoseculo/nacionais/tvtupi.htm,
consultada em 15 de maio de 2004.
MAIOR, M. S.
As Vidas de Chico
Xavier. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
SAMPAIO, M. F.
História do
Rádio e da Televisão no Brasil e no Mundo. Rio de
Janeiro: Edições Achiamé Ltda, 1984
XAVIER,
Dos Hippies aos Problemas do
Mundo. 4ª edição. São Paulo: LAKE,
2003
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Sobre
as Planárias e a Individualidade do Espírito, Ricardo
Bastos, Brasil
Gostaria de uma
explicação, à luz do
espiritismo, para o que acontece com a planária! Pois como
já li, todos nós fomos criados simples e ignorantes
e que viemos evoluindo através de várias formas
existente, neste orbe ou em outros e que somos seres individuais. Mas
como explicar o caso da planária, que pegando um
indivíduo dessa espécie e dividindo-o ao meio, em
qualquer sentido, ele se torna dois indivíduos totalmente
independente. Estou enviando abaixo um texto que explica esse caso
biologicamente. Se ele é um unico indivíduo encarnado,
como após ser cortado pode se tornar dois? Há uma
encarnação de outro indivíduo imediatamente
após a secção? Ou o que ocorre?
"As planárias,
representantes da Classe Rhabbditophora do Filo Platyhelminthes,
são vermes planos, dulciaqüícolas e de vida livre.
São geralmente encontradas nas margens de lagos e
córregos.
Há muito tempo os
biólogos perceberam que uma planária cujo corpo tivesse
sido secionado, tanto transversal como longitudinalmente, regeneraria
as partes perdidas, originando vermes completos. Este fenômeno
ocorre porque quando uma planária é cortada ou ferida a
epiderme adjacente se espalha sobre o ferimento e o sela. Uma massa de
células não especializadas (neoblastos), chamada
blastema, se forma por baixo da epiderme. Finalmente, as partes
perdidas do corpo se diferenciam a partir das células no
interior do blastema. De acordo com Ruppert e Barnes (1996) não
há certeza quanto à origem do blastema, mas duas
hipóteses são aceitas: 1) as suas células
indiferenciadas podem surgir de células diferenciadas, tais como
as células musculares, por meio de um processo de
reversão da célula ao seu estado indiferenciado
embrionário totipotente 2) a partir de um conjunto permanente
de células indiferenciadas totipotentes, tais como os
arqueócitos das esponjas ou as células intersticiais dos
cnidários.
É
interessante
notar que as partes regeneradas já surgem com a forma
padrão encontrada no animal íntegro, assemelhando-se a
uma "miniatura" da parte original perdida. Com o decorrer do tempo, as
regiões em regeneração crescem, atingindo as
dimensões originais e proporcionais ao restante do corpo.
Formam-se, portanto, dois novos organismos de tamanho e formato
similares ao que lhe deu origem. " (Débora Preza, A Regeneração em
Planárias, site http://www.ufba.br/~qualibio/074.html,
consultado em maio de 2004)
_________________________________________________________________________
Prezado amigo Ricardo Bastos,
Muito interessante a
questão apresentada por você! Minha resposta, com
certeza, não esgota o assunto.
Segundo o Espiritismo existem
dois elementos gerais no Universo criados por Deus: o princípio
material (ou fluido universal) e o princípio inteligente.
Os diversos estados e
condensações pelas quais passa o princípio
material definem e compõem toda a
matéria e toda a energia existente no Universo.
Todos os espíritos
são individualizações do
princípio inteligente. Mas nem na Codificação, nem
nas obras complementares, há o detalhamento de como esse
processo de individualização ocorre. Considerando-se a
pouca informação que temos a respeito, podemos considerar
que o ser só completa sua individualização quando
passa a encarnar como ser humano (ou o equivalente em outros mundos).
Assim, por exemplo, André Luiz diz que o espírito atinge
o desenvolvimento do que chamamos de "pensamento contínuo"
quando ele passa a fazer parte da humanidade.
Como você diz em sua
questão, "
todos nós fomos criados
simples e ignorantes; viemos evoluindo através de várias
formas
existentes, neste orbe ou em outros e que somos seres individuais", ou
seja, o princípio inteligente passa pelas
diversas formas vivas sofrendo um processo de
individualização que o torna um "espírito".
Já que isso é tudo o que sabemos, não há
como formular uma teoria completa da
individualização. O "COMO" e "QUANDO" de cada
etapa são pontos que aguardam novas informações e
pesquisas para serem esclarecidos.
Em fontes não-espíritas
(não tenho referências precisas) existe uma
informação de que aquilo que André Luiz chama de
"mônada fundamental" (em Evolução em Dois Mundos)
se ligaria a mais de uma forma viva em seu processo de
individualização. Porém, analisando a
questão de um ponto de vista mais científico, não
podemos considerar esta hipótese como válida pois
não temos como testá-la ou verificá-la e muito
menos os Espíritos superiores, na codificação,
mencionaram a respeito. O máximo que eu penso que podemos dizer
é que o princípio inteligente, que está
ligado a
certos animais, está mais
desenvolvido do que aquele que está ligado aos vegetais e seres
unicelulares,
por exemplo, mas ainda aqui estou fazendo uma
extrapolação
particular e que necessitaria de uma comprovação
(pensando cientificamente).
Portanto, um evento que ocorre no
mundo material, como o processo de
regeneração/reprodução da
planária não implica que deve existir a divisão de
"princípio inteligente" ligado a mesma.
Por favor fique a vontade para
questionar caso a minha resposta não tenha sido muito clara.
Um abraço fraterno,
Alexandre F. da Fonseca
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Estudos Espíritas na Internet
De autoria de André
Bozetti, os cursos oferecem material em uma seção
privativa, protegida por senha, do site da FERGS. Para obter acesso, o
aluno deve registrar-se através de um formulário on line.
O aluno receberá um certificado de participação ao
final do curso. O EDE-Iniciantes resume o conteúdo das obras
básicas da Doutrina Espírita. É uma
introdução ao Espiritismo, apresentando de forma clara e
objetiva os postulados doutrinários.
O segundo curso - Prece,
mentalização, irradiação - é
ministrado em quatro unidades de conteúdo, subdividida em vinte
módulos. A previsão de duração do curso
é de dez meses letivos ininterruptos.
O terceiro curso - Espiritismo,
filosofia, ciência e religião - será ministrado em
quatro unidades de conteúdo, subdivididas em vinte
módulos. A previsão de duração do curso
é de dez meses letivos ininterruptos.
Para mais informações e
fazer o cadastro basta acessar o endereço:
http://www.fergs.com.br/cursos/index.html
A
Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS)
está disponibilizando na Internet, desde o mês de
março, cursos gratuítos sobre a Doutrina Espírita.
São três cursos: "Estudos da Doutrina Espírita para
Iniciantes (EDE)", "Prece, Mentalização,
Irradiação" e "Espiritismo, Filosofia, Ciência e
Religião".
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Grupo de Estudos
Espíritas em Montevidéu, Uruguai
Estimados Senhores,
Tenho a
satisfação de informar-lhes a criação de um
grupo de estudos espíritas em Montevidéu, Uruguai.
Agradeceria muito se pudessem divulgar estas informações
nas publicações do GEAE em português e em espanhol:
1) reunião de estudo
de O Evangelho segundo o
Espiritismo - domingos, às 20 horas;
2) reunião de
estudo da Doutrina
Espírita (aspectos morais, filosóficos e
científicos) - quartas-feiras, às 20 horas.
Contacto: Simoni Privato Goidanich
Telefone: (5982) 712-0478
Muita paz,
Simoni
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Grupo de Apologética Espírita, Paulo da
Silva Neto Sobrinho, Brasil
Caros Amigos,
Junto com um grupo de pessoas que,
como nós, se propuseram a responder os ataques ao Espiritismo,
criamos o site:
http://apologetico.cjb.net/.
Faça-nos uma visita.
Abraços
Paulo Neto
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Hogar Infantil Remanso de Amor,
Confederación Espírita Colombiana, Colombia
Amigos,
Recebemos a
mensagem abaixo através dos amigos Gustavo Ariza Guerra e Ismael
Enrique Martínez Castillo. Infelizmente não conseguimos
publicá-la a tempo no Boletim para atender o prazo da
votação indicada, mas a publicamos como uma forma de dar
a conhecer o trabalho que a Federação Espírita
Colombiana realiza.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Apreciados Hermanos:
Se les brinda educación gratuita
a 90 niños de muy escasos
recursos.(desayuno, clases de preescolar en la mañana y en la
tarde,
almuerzo, refrigerios, atención médica, entre otros
beneficios). Todo
eso sin ningún costo para ellos.
Tambien se desarrollan otras actividades de servicio a necesitados o
carentes del sector
Nos puedes ayudar de la siguiente manera:
1. Entrando a esta direccion: http://gente.conavi.com/Obra_Detalle.aspx?id=87
y votar colocando tu nombre y tu email.
2. Contarle a muchas personas, para que tambien entren esa
dirección
y voten o que te autoricen a votar y para ello es colocar el nombre de
ellas y su correspondiente email. Hay plazo hasta el 30 de
abril de
2004.
Necesitamos tu voto y que por favor nos consigas otros mas.
En nombre de los niños del Hogar
Infantil Remanso de Amor obra de
Asistencia y Promoción Social Espirita del Centro de Estudios
Espíritas
Juana de Angelis, muchas gracias.
Por favor ayudenos a difundir este
mensaje para poder alcanzar el
apoyo de 30 millones de pesos para esta obra social y tambien para que
la obra asistencia espirita sea reconocida a través de la TV,
debido al
seguimiento que se le realizará a la obra ganadora y por
consiguiente
es nuestra amada Doctrina Espírita la que va a recibir tambien
Difusión.
Muchas paz en Jesús y confiamos siempre en la
protección de nuestro amado Creador.
Gustavo Ariza
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GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
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