Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
http://www.geae.inf.br
Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 -
Número 474 - 2004
27 de abril
de 2004
Editorial
|
O
Progresso a Serviço do Nosso Próprio Bem
|
|
Artigos
|
Os
Diversos Caminhos da Evolução Anímica, Renato
Costa, Brasil |
A
Compreensão da Moral Evangélica, Vera M. Bestene, Brasil
|
|
História
& Pesquisa
|
Fotografias Psíquicas
e
Fotografias de Fantasmas, Carlos A. F. Guimarães
|
São Paulo - 450 Anos, Carlos
Mirabelli, Marcos Paulo Garcia, Brasil
|
|
Questões
e Comentários
|
Fecundação
e Concepção,
Eduardo Brito, Brasil |
|
Painel
|
Peça
em Comemoração ao Bi-Centenário de Kardec
|
Citação
do GEAE na revista "Religiões"
|
O
Espiritismo
na Nova Zelândia
|
|
O Progresso
a Serviço do Nosso Próprio Bem
A
resistência que certas pessoas demonstram em
relação ao progresso é algo que nos parecece
inconcebível. Para justificar esta postura muitos apontam para
a possibilidade do mal uso que alguns podem fazer das
instrumentas mais avançadas que advém como resultado do
progresso científico e tecnológico. A internet ou a World
Wide Web e a iminente e inevitável globalização
estão, para algumas pessoas, entre os temíveis
avanços das últimas conquistas do progresso. Neste caso
mais especificamente, uma das alegações maiores é
a possibilidade da perda da privacidade uma vez que ao trafegarmos pela
internet deixamos rastros e estaremos vulneráveis a ataques em
nossa privacidade por pessoas voltadas somente para a prática do
mal.
Não vemos razão a
justificar esta postura reticente e reacionária. Se passarmos
com acuidade os olhos na história, veremos que o período
mais sombrio que a humanidade atravessou foi justamente o
período em que as forças organizadas da sociedade, em
especial o sectarismo religioso, se opunha à ciência e
às novas descobertas do conhecimento científico.
O Espiritismo em sua mensagem
racional
e motivadora não dá azo a este tipo de postura
reacionária. Muito ao contrário ele veio para nos mostrar
claramente que não devemos temer o progresso. Somos todos
espíritos imortais e fomos criados em igualdade de
condições, portanto com as mesmas oportunidades, mas
só atingiremos o ponto culminante da nossa jornada evolutiva - a
perfeição e a felicidade completa - através de
muito trabalho o qual nos proporcionará o progresso material e o
conhecimento intelectual. Não devemos também esquecer que
uma das maiores dádivas a nós outorgada pelo Criador foi
o livre-arbítrio, portanto cabe a nós enfrentar com
sabedoria as dificuldades que se nos apresenta no caminho. Outro
aspecto importante e relevante nesta questão é a
consciência que devemos ter da infalibilidade da Lei de Causa e
Efeito que se encarregará de corrigir os desvios que venhamos a
cometer no uso do nosso livre-arbítrio. Nisto está
refletida a justiça de Deus de acordo com a máxima do "a
cada um segundo as suas obras".
Em O
Livro dos Espíritos, no
capítulo referente ao tema Da
Lei do Progresso, Allan Kardec perguntou aos
espíritos na Questão 780, a) o seguinte: Como pode o progresso intelectual
engendrar o progresso moral?
E a resposta dos espíritos
foi a seguinte: "Fazendo
compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode
escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da
inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos."
Deste modo, podemos depreender
que a marcha do progresso tem o seu curso natural não obstante a
resistência que alguns possam oferecer. Está patente
também que à medida que o progresso avança as
nossas responsabilidades aumentam, uma vez que temos maior capacidade
de distinguir entre o bem e o mal. Deste modo, chegamos a
conclusão que temer o progresso seria o mesmo que temer a morte
já que ambos são inevitáveis. O que devemos ter em
mente constantemente é saber qual é a parcela de
responsabilidade que cabe a cada um de nós individualmente, a
medida que a marcha do progresso coloca à nossa
disposição as ferramentas que são possíveis
de serem usadas e este uso vir a afetar a vida dos nossos semelhantes.
Essas ferramentas em si não são um mal, mas o uso que
faremos delas é o que determinará os resultados.
A internet é sem sombra de
dúvidas uma dessas descobertas que poderá ser usada, o
que já vem ocorrendo em grande escala, como uma potente
ferramenta a serviço do bem e do progresso moral da humanidade,
tendo em vista a sua quase ilimitada capacidade de
penetração em todas as camadas sociais e a velocidade com
que nela trafegam as informações que nos dispusermos a
passar adiante. Os resultados serão cada vez maiores e
promissores à medida que todos aqueles que já entenderam
que o progresso gera responsabilidade, se unam em torno de projetos
cujos resultados tragam verdadeiros benefícios aos seus
semelhantes no tocante ao aprimoramento moral de cada um.
A experiência do GEAE ao
longo desses quase doze anos de existência unindo pessoas de
várias partes do mundo e estimulando-as ao estudo fraterno da
Doutrina Espírita, uma doutrina que tem como escopo ajudar o ser
humano em sua marcha evolutiva, nos dá a certeza de que
não devemos termer o progresso, mas sim nos dar as mãos e
trabalharmos unidos na tarefa de promover o bem através do uso
das ferramentas que o progresso coloca ao nosso alcance.
Muita Paz,
Antonio Leite
Editor GEAE
Retorno ao Índice
Os
Diversos Caminhos da Evolução Anímica, Renato
Costa, Brasil
Estudos Recentes da
Inteligência não-humana Ajudam-nos a Entender uma
Cautelosa Nota do Codificador
(Artigo originalmente publicado pela
Casa Editora O Clarim:
http://www.oclarim.com.br/
na edição de Maio da
Revista Internacional
de Espiritismo)
No
Item 56 do Capítulo I da Segunda Parte de “O Livro dos
Médiuns”, diz Kardec: “Com
pequenas diferenças quanto às particularidades e
exceção feita das modificações
orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a
forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos. Pelo
menos, é o que dizem os Espíritos.”
Apesar de, logo a seguir, ter o
Codificador tirado algumas ilações tendo como base a
afirmação contida na primeira frase cotada,
gostaríamos de chamar a atenção dos leitores para
a segunda, onde ele diz “Pelo menos,
é o que dizem os Espíritos”. Kardec, como todos os
que estudam a Codificação sabem, não fazia nenhuma
afirmação conclusiva sem antes passar a mesma pelo crivo
da razão e do bom senso. A cautela expressa na segunda frase
denota claramente que tal não se havia dado com respeito
à afirmação de que “a forma humana se nos depara entre os
habitantes de todos os globos”. Procuraremos mostrar neste
trabalho que Kardec tinha bons motivos para ter tal
cautela.
Desde as mais remotas eras o
homem tem percebido que determinadas espécies de animais denotam
alguns comportamentos semelhantes aos humanos e que, quando nos
referimos à nossa espécie, são tidos como
inteligentes. Assim foi que animais tão diversos como
cães, corvos, golfinhos, papagaios, chimpanzés e corujas,
entre outros, foram, ao longo dos séculos, associados a
conceitos como fidelidade, esperteza, amizade, habilidade e sabedoria.
A partir do século XX a
questão da “Inteligência Não Humana” começou
a despertar um interesse crescente na comunidade científica,
proliferando hoje em todo mundo cientistas dedicados ao estudo daquelas
e de outras espécies. Tais cientistas se dividem entre os
estudiosos de Psicologia Associativa, um ramo da ciência que
surgiu nos EUA na década de 20 e os estudiosos de Etologia,
outro ramo da ciência, este surgido na Europa na década
seguinte. É importante frisar, com base nessa
informação, que no século XIX não havia
nenhum ramo da ciência dedicado especificamente ao estudo do
comportamento animal, um fato que justifica a hesitação
de Kardec em aceitar o que haviam dito os Espíritos a respeito
da forma hominal nos diversos mundos.
No início desses estudos
predominava a noção de que a inteligência animal
tinha que ser comparada com a humana e avaliada a partir dela. Com esse
enfoque comparou-se o tamanho absoluto dos encéfalos das
diversas espécies, o seu tamanho relativo, o quociente de
encefalização e a quantidade de
circunvoluções no córtex cerebral, sendo que
nenhum desses métodos demonstrou ser suficientemente correto.
Hoje em dia muitos estudiosos têm defendido a tese de que
inteligência é algo que não deve ser analisado
entre as espécies e sim avaliado para cada uma em
função dos desafios que tem por enfrentar e do modo como
escolhe, dentre os conjuntos de informação de que
dispõe, aquele que lhe oferece o melhor meio para enfrentar tais
desafios com sucesso.
Defrontado com os inúmeros
estudos hoje disponíveis que comprovam a inteligência das
mais diversas espécies de animais, alguém poderia objetar
quanto à sua evolução anímica, afirmando
que os indivíduos que a elas pertencem fazem hoje exatamente o
mesmo que faziam há séculos atrás ou mesmo desde
que a história registra a sua existência. Longe de se
constituir tal afirmação em uma objeção
válida, no entanto, ela denota, a nosso ver, apenas uma
percepção equivocada quanto à própria
evolução da inteligência humana. O ser humano,
assim como os demais animais, não denota ter feito significativa
evolução em inteligência nos últimos
milênios, conforme demonstra a sofisticação de
escrituras e escritos filosóficos milenares das diversas
tradições. A evolução que houve na
raça humana foi, predominantemente, de ordem científica e
tecnológica, devendo-se ela, basicamente, à habilidade do
homem na construção de ferramentas e ao seu
domínio de uma forma complexa de comunicação,
dotada de sintaxe e semântica e que é chamada de linguagem.
Para sabermos, portanto, se uma
outra espécie está em condição de chegar
algum dia a nível semelhante àquele onde o ser humano
hoje se encontra não nos basta saber se eles possuem
inteligência, mas, mais que isso, precisamos saber se os
indivíduos de tal espécie têm
condição de criar ferramentas e de estabelecer entre si
uma forma de comunicação que mereça ser
chamada de linguagem. Ocorre, porém, que o patamar onde o homem
se encontra não representa, necessariamente, um estágio
obrigatório para todas as espécies. Apesar de ser verdade
que o domínio da linguagem se afigura como essencial
característica evolutiva, o mesmo não se pode afirmar com
respeito à habilidade para construir ferramentas. Esta
última faz-se necessária ou não, dependendo do
meio onde a espécie vive e das condições que ela
tem de sobreviver nesse meio.
Capacidade de
comunicação complexa e muito mais são
características que têm sido verificadas pelos
pesquisadores como existentes em diversas espécies, havendo,
entre elas, algumas que vivem na terra, outras no mar e outra, ainda,
que se locomovem pelo ar. Em artigo posterior daremos um exemplo
de cada uma delas de forma a caracterizar bem essa
informação.
***
Maria João de Deus, a
querida mãezinha de nosso Chico Xavier, referiu-se aos
habitantes de Saturno com as seguintes palavras: “Nada tinham de comum com os tipos da
humanidade terrena, afigurando-se-me extraordinariamente feios com a
sua organização animalesca, com suas membranas à
guisa de asas, tão estranhas para mim, as quais lhes facultavam
o poder de volitar à vontade.” Ante o seu assombro,
o instrutor a esclareceu quanto às condições de
vida naquele mundo e, referindo-se aos seus habitantes, disse a Maria
João: “Essas criaturas que te
parecem animais egressos das plagas terrestres, onde os zoófitos
encontram os seus elementos de vida, são altamente dotados de
sabedoria, sensibilidade e inteligência. Seus sentidos e
percepções são muito superiores àqueles com
que foram aquinhoados os homens terrenos e a preocupação
máxima da sua existência é a
intensificação do poder intelectual.”
Nosso pequeno estudo mostrou que
as espécies evoluem de forma diferente conforme o meio onde
vivam e os desafios que tenham que enfrentar. E, mais, que cada uma
delas, apesar de trilhar um caminho evolutivo que lhe é
próprio, chegará, um dia, ao reino hominal para
alçar-se, daí, à angelitude. Processando-se a
evolução em dois mundos, sabemos que as mudanças
necessárias no corpo físico se refletem no corpo sutil e
vice-versa. Logo, o animal que vem evoluindo, há milênios,
em meio líquido possui um corpo físico totalmente
adaptado para o meio líquido, com tal adaptação
perfeitamente refletida em seu corpo sutil, o mesmo se podendo dizer, mutatis mutandis, do animal que vem
ao longo da sua evolução, deslocando-se pelo ar.
Aquilo que Maria João
percebeu em Saturno, portanto, não foi fruto de sua
ilusão, mas algo perfeitamente possível de se esperar.
Sendo Saturno um imenso mundo gasoso, os seres inteligentes que
lá existam têm, forçosamente, que ter seus corpos
sutis adaptados ao meio. Ao constatarmos que espécies de aves
vêm evoluindo em inteligência, é válido,
portanto, supor que o caminho que elas irão seguir venha a
levá-las, daqui a vários milênios, a estágio
semelhante.
Esperamos ter mostrado
evidências bastante apontando para a conclusão de que os
caminhos da evolução anímica são
vários e diversos e que a forma humana que conhecemos na Terra
é uma e não a única destinada a receber a alma
quando de seu ingresso no reino hominal. Saudamos, neste ponto, mais
uma vez, a sábia cautela do Codificador.
Bibliografia
Blackstock, Regina.
Dolphins and Man … Equals? Obtida,
em 15/02/2003, de
http://www.polaris.net/~rblacks/dolphins.htm.
Costa, Renato.
Registros Indeléveis da
Evolução Anímica. In: Revista Internacional
de Espiritismo. Matão: Abril de 2003.
Davies, Gareth Huw.
Maybe Birdbrains are in Fact Clever.Obtida,
em 19/02/2003, de
http://flatrock.org.nz/topics/animals/pigeon_spotting.htm.
Friend, Tim.
Crows exceed expected intelligence levels.
USA Today. Ed. 09/08/2002.
Kardec, Allan.
O Livro dos Médiuns. 61 Ed.
FEB, 1995.
Klinowska, Margaret.
Brains, Behaviour and Intelligence in
Cetaceans (Whales, Dolphins and Porpoises). Obtido, em
05/01/2003, de
http://www.highnorth.no/Library/Myths/br-be-an.htm.
Marable, Kenneth.
The Neurological and Environmental Basis
for Differing Intelligences: A Comparison of Primate and Cetacean
Mentality. Obtido, em 05/01/2003, de
http://www.msu.edu/user/marablek/whal-int.htm.
Recer, Paul.
Dolphins show language-like learning. SouthCoast
Today. Ed. 25/08/2000.
Xavier, Francisco Cândido.
Cartas de Uma Morta. Ditado pelo
Espírito Maria João de Deus. 13 Ed. LAKE, 1999.
____, _______ e Vieira, Waldo.
Evolução em Dois Mundos.
Ditado pelo Espírito André Luiz. 13 Ed. FEB, 1993.
Retorno
ao Índice
A
Compreensão da Moral Evangélica, Vera M. Bestene, Brasil
Se
o ensino moral fosse discutido, as religiões teriam encontrado a
resposta de que precisariam ser menos místicas, valorizando
muito mais o aspecto moral que existe em cada qual. Daí a
necessidade de observar a essência de cada uma para que sejam
produzidas mais regras de conduta e menos misticismo, pois que a
conduta abrange todas as formas de exercício da vida, que nada
mais são que o princípio básico de todas as
relações naturais. A promoção desta
avaliação e do exercício moral mais evidente,
proporcionará, certamente, uma produção muito
maior da justiça o que será reconhecido instantaneamente
por Deus.
Parece óbvia, esta nossa
observação, mas não é.
Todas as religiões
cristãs apreciam a moral evangélica. Todas sublimam a sua
necessidade.
Muitos se apóiam em
algumas máximas que se tornaram proverbiais. Muito poucos
procuram conhece-la a fundo. Menos ainda são os que conseguem
tirar proveito dela.
O questionamento do porque disto
está resumido na dificuldade das pessoas em compreender a
leitura que se faz do Evangelho, embora que seja inteligível
para a maioria.
Há, entretanto, uma forma
alegoria, mística, na linguagem que acarreta com que muitos o
leiam de forma a simplesmente tirar de si o sentimento de culpa de
não o fazer, portanto, meramente por obrigação.
Estes esquecem que o Evangelho está recheado de preceitos morais
a serem seguidos, que passam pelas narrativas e ali estão para
serem seguidos.
Muitas passagens da Bíblia
e do Evangelho são de forma quase ininteligível pois que
até as mensagens de Jesus através de parábolas
precisam da necessária análise de seu real sentido para
que não pareçam absurdas e se possa compreender todo o
aspecto moral que elas encerram.
A Doutrina Espírita,
através do Evangelho Segundo o Espiritismo procura mostrar a
melhor forma de tirar os meios de fazer uma melhor
adequação da moral de cada um com a moral cristã.
Graças as
comunicações recebidas através de Espíritos
Superiores a Lei Evangélica foi “desnudada” pelos
Espíritos que nos proporcionam forma simples e absolutamente
compreensível de toda moral do Cristo, posto que a humanidade,
os seres humanos individualmente, não teria a possibilidade de
encerrar em si a verdade absoluta, daí a necessidade do
auxílio da espiritualidade que faz com que se tenha
noção exata das entrelinhas e do que encerra, realmente,
a moral evangeliza.
Deus, inicialmente, utilizou a
Lei Mosaica para que chegasse aos homens a necessidade de
manutenção da moral. Esta lei veio na
proporção exata das possibilidades de compreensão
da época. Conforme o povo foi evoluindo houve a necessidade de
mais uma intervenção, ou seja, foi-nos enviado Jesus,
não para modificar a Lei Mosaica, mas para amplia-la e fazer
compreender melhor toda a abrangência moral que nela se
consubstanciava. Praticamente dois mil anos passados dos
ensinamentos do Cristo, houve a necessidade de uma terceira
revelação que deveria chegar aos homens de uma maneira
mais rápida e de forma mais autêntica. Razão porque
foi dado aos Espíritos a autorização de levar aos
quatro cantos do mundo, manifestando-se por toda parte, de forma a que
fosse a verdade universal escutada, não dando a ninguém
individualmente a tarefa de clarear a verdade da moral cristã.
Os Espíritos, assim, comunicando-se por toda a parte, garante
com que se possa avaliar as comunicações posto que um
homem pode ser enganado facilmente mas um bom número deles
não. Se milhões vêem e ouvem a mesma coisa,
está configurada a verdade, e é aí que se afirma a
verdade do Espiritismo pois que ela está absolutamente embasada
na ciência da observação e não se toma como
verdade qualquer informação mediúnica, mas
tão somente quando ela é uma informação
universal, ou seja, confirmada por ser igual, transmitida
através de vários médiuns. Se houvesse um
único intérprete por melhor que ele fosse não
poderia ser considerado como verdade pois que qualquer que fosse a
categoria deste ser provocaria a prevenção de muitos. Os
Espíritos, desta forma, comunicam-se de várias formas e
em diversas partes do mundo, pois que o Espírito não tem
nacionalidade, independe de todos os cultos e tampouco se imprime em
nenhuma classe social em particular.
A universalidade do ensino dos
Espíritos faz a força do Espiritismo e garante com que a
voz dos Espíritos seja espalhada rapidamente, pois que muitos
escutam simultaneamente a mesma mensagem.
Sendo o Espiritismo a
expressão da verdade, ele não teme os escolhos das
contradições, pois que a ambição de alguns
não pode macular a verdade universal.
Retorno ao Índice
Fotografias
Psíquicas e Fotografias de Fantasmas, Carlos A. F.
Guimarães
A
questão do Inconsciente e do Espiritismo
“(...) o
desenvolvimento do tema exigia que eu refutasse, baseando-me em
fatos, a inefável objeção anti-espirítica
segundo a qual, não se podendo assinar limites às
faculdades supranormais da telepatia, da telemnesia, da telestesia,
também nunca será possível demonstrar
experimentalmente, portanto, cientificamente, a existência e a
sobrevivência do espírito. (...) As provas de
identificação espirítica, fundadas nas
informações pessoais fornecidas pelos mortos que se
comunicam, longe de serem as únicas que se podem conseguir
para a demonstração experimental da sobrevivência,
mais não são que simples unidade de prova, dentre as
múltiplas provas que se podem extrair do conjunto de
fenômenos
metapsíquicos, mas, sobretudo, das manifestações
supranormais de ordem extrínseca, as quais, de ninguém
dependendo, resultam independentes dos poderes do inconsciente”.
Ernesto Bozzano,
“Animismo ou Espiritismo?”, 1937
Hoje já
é medianamente conhecido a
uma parcela dos meios espíritas e no meio mais culto da
população em geral a polêmica, travada
normalmente por intermédio da mídia, sobre a
questão
da natureza e origem dos assim chamados fenômenos paranormais
(etimologicamente, fenômenos ao lado ou paralelos aos
considerados fenômenos normais).
Assunto polêmico
por várias e complexas razões, transcendendo mesmo a
soma dos fatos e evidências positivas colecionadas nos
últimos
144 anos, tanto pelo espiritismo na sua vertente científica,
quando pelos vários pesquisadores dos fenômenos
psíquicos, ou psi, em especial a partir da
célebre
Society for Psychical Research britânica, fundada em
1880, atravessando a Metapsíquica francesa de Geley,
Richet, Bozzano e Sudre, a atual Parapsicologia
anglo-americana de Rhine, Bender e Pratt, a Psicobiofísica
do professor Hernani Guimarães Andrade e a Psicotrônica
(nome dado aos estudos psi no antigo bloco socialista do leste
europeu), a questão da realidade dos fenômenos
paranormais, apesar de seu conjunto de evidências, possui dos
frontes principais de polêmicas de difícil
solução,
pois que é este um dos raros campos de conhecimento onde fica
mais visível o posicionamento perante idéias adotadas a
priori e calcadas em um determinado paradigma ou metafísica da
realidade que propriamente baseadas e correlacionadas a fatos
positivos, enormemente coletados, classificados e descritos nos
últimos 144 anos, o que pode ser exemplificado por
inúmeros
exemplos.
O
estudo dos fenômenos psíquicos nas Universidades
Tomemos como
ilustração
os estudos sobre telepatia e clarividência executados na
década
de 20 do século passado pela Universidade de Groningem, na
Holanda, em cooperação com a Universidade de Harvard,
sob a direção, na primeira, do Dr. H. J. Brugmans, e,
na segunda, com o Dr. G. H. Estabrooks, com a cooperação
do célebre professor William McDougall.
A coleta de evidências
pró-realidade dos fatos da Telepatia e da Clarividência
foi de tal monta, que o Dr. McDougall, que era membro da Society
for Psychical Research (sociedade privada, não ligada
à
academia, embora plena de célebres docentes das mais variadas
áreas) chegou a transferir-se de Oxford para Harvard e,
posteriormente, para a Universidade de Duke, com o fim de dedicar
grande parte do seu tempo ao estudo destes fenômenos, onde, em
1930, com a ajuda de dois talentosos orientandos seus, Joseph Banks
Rhine e sua esposa, Louise Ella Rhine, fundaria o primeiro
laboratório acadêmico para o estudo do que passaria a
ser chamado de Parapsicologia.
O grande problema
porém,
foi o fato que as evidências coletadas tanto em Groningem,
quanto em Harvard e, posteriormente, em Duke e vários outros
centros acadêmicos posteriores não foram aceitos
plenamente pelos psicólogos, médicos e outras
áreas
científicas, embora fosse particulamente bem vista pelos
físicos teóricos de ponta, em especial os voltados para
o estudo da Física das Partículas, ou Física
Quântica. Isto representa o primeiro front de polêmicas,
ou seja, da aceitação de fatos e evidências que
superam os limites da visão de mundo do modelo de realidade
estritamente mecânico da ciência clássica, o que
levou o Dr. Rhine a dizer: “hoje, ao volver o olhar para estas
experiências, torna-se difícil compreender como uma
mente verdadeiramente científica pôde permanecer
indiferente ao problema apresentado por trabalhos tão
minunciosos como os que foram efetuados pelos Doutores Estabrookes e
Brugmans. A ciência também é cega quando não
quer ver” (citado em MUNTAÑOLA, RYZL et al, 1978,
p. 223).
O segundo front, porém, é encontrado
dentro da própria área dos estudos psi, desde o seu
início. É constituído pelos trabalhos coletados
e/ou experimentados por inúmeros célebres
pesquisadores, que, apesar de aceitar a realidade dos fenômenos
psíquicos ou mediúnicos, se dividem, porém,
quanto à interpretação das causas dos mesmos,
constituindo duas escolas antagônicas e uma que tem elementos
de ambas:
-
A primeira é a escola espiritualista, que
se caracteriza pela aceitação, ao menos teoricamente
falando, de que os fatos paranormais, em parte ou em seu todo, tem por
causa ou substrato um fator espiritual, que domina a matéria e
escapa aos limites de tempo e espaço ao qual esta está
submetida. Entre seus membros mais destacados temos Camille Flammarion;
Gustave Geley, Ernesto Bozzano. Ela admite que várias faculdades
psi são inerentes aos seres vivos.
-
A segunda é a escola mecanicista, que
postula que os fenômenos são produtos excepcionais da
combinação orgânica do organismo com seu meio,
tendo o sistema nervoso e, em especial, o cérebro, papel
fundamental nos fenômenos psi. Entre seus membros mais famosos
temos René Sudre, Robert Amadou e Susan Blackmore;
-
A Escola holística, em que
seus membros
aceitam ambas as explicações como necessárias ao
entendimento do universo dos fenômenos psíquicos,
porém dando ênfase ao aspecto não físico
–fator psi- dos fenômenos paranormais. Esta não as
entende, porém, as explicações espiritualistas e
mecanicistas como antagônicas, mas como complementares, ambas
necessárias, podendo uma ou outra se aplicar melhor a cada caso.
Entre seus membros estão muitos ou todos os da primeira escola,
em especial Bozzano e Geley, mas também J.B. Rhine, Roca
Muntañola, Hernani Andrade, Ramon Simó, Ian Stevenson,
Erlendur Haraldsson, Karlis Osis e Charles Richet, este, em especial,
em seus últimos anos, como podemos ver em seus livros A
Grande Esperança e No Limiar do Mistério.
Provavelmente, a melhor e mais
equilibrada postura seria a da última escola, mas é
necessário perceber que a adoção de uma
abordagem teórica tem muito a ver com a educação
recebida e a filosofia de vida da pessoa que a adota, sendo pois,
como diria Max Weber, uma ação com sentido, pessoal e
emocional, mais que uma adoção racionalizada a partir
de fatos.
A
questão dos posicionamentos radicais
Tornou-se relativamente
conhecida no Brasil a questão do uso do conceito do
inconsciente, próprio da Psicanálise a partir dos
trabalhos profundos de Sigmund Freud (1856-1939), por determinados
estudiosos, em especial ligados à Igreja Católica, para
a explicação de fenômenos paranormais, eliminando
a possibilidade causal deste serem provocados por consciências
não físicas, ou espíritos, que escapariam aos
limites teológicos de sua tradição religiosa.
Seja como for, esta abordagem tem sido tema de discussões nas
salas e corredores das faculdades de Psicologia, já que o
conceito de inconsciente adotado por tais estudiosos parece ser tudo,
menos o inconsciente psicanalítico de Freud ou Jung, ou bem
pouco ligado ao conceito clínico de inconsciente. Na verdade,
como bem falam os psicanalistas, o uso do termo “o inconsciente”
por algumas pessoas lembram mais o uso de um conceito vago para
explicar coisas de que não se sabe nada. Ademais, é
problemático se substantivar o "inconsciente", bem
como o "consciente". Não existe um objeto espacial,
físico, chamado "o inconsciente", nem um que seja "o
consciente". Sabemos que áreas no cérebro que são
ligadas à funções fisiológicas precisas,
mas uma área específica da memória e do
pensamento parece ser difícil de ser encontrada. O que existem
são processos de memória, processos de
pensamentos, processos conscientes e processos
inconscientes pelo simples fato que o foco da consciência
é
limitado, o que não impede que material em certo momento
desconhecido não seja conhecido em uma mudança de
estado de consciência, como o prova a Psicologia Transpessoal.
Convém aqui lembrar as
palavras do grande Psicanalista Carl
Gustav Jung sobre o abuso que se vem fazendo com o conceito de
inconsciente, em uma entrevista filmada com o psicólogo e
professor Richard Evans, em 1957:
Quando dizemos
"inconsciente" o que queremos sugerir
é uma idéia a respeito de alguma coisa, mas o que
conseguimos é apenas exprimir nossa ignorância a
respeito de sua natureza.
Para os que adotam reducionisticamente a abordagem do “onipotente”
inconsciente parapsíquico, este seria o responsável
pelos fenômenos parapsicológicos autênticos, sendo
suficiente para explicar tudo o que não for obra de fraude.
Porém, a questão parece quase que se resumir ao fato de
que se usa uma palavra, um termo, do qual não se sabe bem a
que se refere, para explicar algo que escapa, quase sempre, aos
conceitos correntes de realidade a que fomos educados ordinariamente
pelo sistema científico atual. Ou seja, usa-se um conceito
vago sobre algo cuja pretensa orientação causal escapa
ao entendimento atual, procurando-se ajusta-lo a conceitos
familiares. Mas a ciência normal mesma dá o exemplo que
está menos interessada no porquê dos fenômenos e
mais no como estes se dão, os descrevendo e expondo suas
associações fenomênicas. Portanto, adotar como
explicação dos fenômenos psíquicos como –
à exceção das fraudes – causados unicamente
pelo inconsciente é tão reducionista quanto dizer que
todos eles são causados unicamente por fatores espirituais,
ambos os posicionamentos sendo, portanto, radicais.
Cabe, agora, tentar perceber os
limites das duas
polaridades
antagônicas, o extremo mecanicismo (ou o extremo materialismo)
e o extremo espiritualismo. Comecemos pelo primeiro.
Será mesmo que é sempre
o inconsciente
individual (mera palavra que nada explica em termos paranormais se
não se estabelecer claramente a sua natureza. Se é um
epifenômeno fisiológico, como a bílis é
produto ou epifenômeno do fígado, deveria estar limitada
às leis convencionais de tempo e espaço que condicionam
todos os fenômenos biológicos, mas as faculdades
paranormais quebram amplamente estes limites. Se é um ente,
como o postula Rhine e Thouless, independente da matéria e que
a condiciona – o fator psi -, então caímos nas
explicações espiritualistas, apenas adaptadas ao modelo
científico contemporâneo e em tentativa de escapar ao
clima religioso que a palavra espírito geralmente assume, e o
inconsciente nada mais seria que as capacidades do espírito
humano dos quais seu ego, em estado de vigília, não tem
plena ciência) é responsável pelos efeitos
conseguidos? Isso é uma hipótese? Uma teoria
científica? Se for, pode ser testada e passar pelo crivo da
falibilidade. Se não, temos um dogma, um posicionamento
filosófico que propõe uma "explicação"
irrefutável, exatamente por não poder ser testada e,
ainda mais, por ser indemonstrável.
Vejamos, agora, como os
posicionamentos antagônicos dentro dos fenômenos
paranormais se expressam nas chamadas fotos transcendentais, onde se
inserem as fotografias de fantasmas e as fotografias do pensamento
(escotografia).
Fotos
de Fantasmas
Ora,
geralmente médiuns, sensitivos e paranormais provocam
fenômenos ou dão informações que
estão
bem além dos conhecimentos deles e da assistência. Sem
problema, os adeptos reducionistas radicais responsabilizam sempre e
unicamente o paranormal, ainda que este aja “inconscientemente” e
apontam para a criptestesia (conhecimento adquirido pela
percepção extra-sensorial) onde o inconsciente do
informante capta a informação existente em algum outro
lugar (pela telepatia ou pela clarividência), para o sucesso de
seus atos. Se este conhecimento é expresso em algum tipo de
ação física, entra em ação a
psicocinesia ou telecinesia (capacidade de afetar a matéria
pela “mente”).
Bem, a foto acima foi tirada nos Alpes austríacos no final
da década de 90. Sem que ninguém esperasse em uma foto
tradicional de amigos, aparece um busto de uma pessoa desconhecida de
todos, inclusive do fotógrafo, que parece atravessar a mesa.
Para os adeptos do inconsciente "paranormal", alguém
do grupo teria "inconscientemente" provocado o
fenômeno. Mas o problema é que este tipo de
argumentação
é irrefutável exatamente por não ser
provável.
Como é que se pode provar que inconscientemente alguém
desejava que uma figura aparecesse na fotografia “atravessando” a
mesa? E mais, a foto foi batida sem flash, o que levou o
fotógrafo
logo depois, em segundos, a repetir o processo, e na segunda foto o
“busto” já não aparece. Outra, havia um clima de
descontração entre as pessoas e ninguém se
lembra de ter se esforçado ou desgastado fisicamente
(características típica de muitos paranormais que
conseguem fotografias do pensamento, como Ted Sérios,
geralmente obtendo siluetas ou figuras pouco nítidas) ao bater
a foto. Mesmo assim, a desculpa da escotografia é usada
e assim pretensamente explica tudo. Veremos, porém, que os
poucos casos autênticos conseguidos voluntariamente apresentam
características bem distintas dos casos espontâneos de
fotografias de fantasmas, ou fotografias espirituais.
O
vigário K. F. Lord da Igreja de
Newby, perto de Yorkshire,
em 1963 apenas queria registrar a foto do altar da Igreja, acabou
depois por ver na chapa revelada um fantasmagórico, realmente
assustador, espectro, em uma foto hoje famosa (foto acima), no qual
aparece uma figura semelhante a um monge (alguns mais
impressionáveis
dizem que é a figura da morte), em processo de
semi-materialização. Mas ai fica a pergunta: como ter
certeza de que o inconsciente do fotógrafo estava realmente
preocupado, planejando e materializando a foto do fantasma, e por
quê? Como se mede o "pensamento" intencional
do inconsciente? Como ele atua? Sai da "cabeça" da
pessoa (ou alguma outra parte) para dar às caras às
câmeras? Como podem eles ter a certeza de que, neste e em
outros casos, isso foi fruto da ação do "inconsciente"?
Por que ambos os fotógrafos não mais conseguiram
repetir fotos semelhantes tendo um inconsciente tão talentoso?
O
famoso Pe. Quevedo e seus discípulos (como o Pe. Juarez
Farias, Márcia Côbero e outros) usam e abusam do fato de
que um americano, chamado Ted Serios, demonstrou suas faculdades
paranormais de escotografia em vários experimentos e pretendem
que todas
as
fotografias de fantasmas, quando não são
fraudes, seriam nada mais nada menos que escotografias inconscientes.
Mas o que Quevedo não diz é que para conseguir as
Escotografias (e muita gente acha que nem sempre todas as fotos
conseguidas por Serios, geralmente silhuetas, eram autênticas,
embora um bom conjunto delas dificilmente sejam explicadas por
fraude, ainda que possam ser simuladas artificialmente), Serios se
punha em um estado de grande tensão consciente para obter as
fotos e, conforme GARCIA FONT,
"com as veias prestes a
rebentar, a suar e a beber whisky" (MONTAÑOLA, RYZL
et al, 1978, vol. 1, p. 264), e freqüentemente punha uma
ou as duas mãos em contato com a objetiva da câmera ou
encostava a cabeça na lente da câmera. Ao lado esquerdo,
uma foto de Ted Serios em ação e, à direita, uma
de suas escotografias, de um prédio realmente existente.
A
escotografia, portanto, existe, mas apenas em pessoas especialmete
dotadas que se esforçam conscientemente para obter as fotos
psíquicas. Coisa que não acontece com as fotos de
fantasmas. Na maior parte das fotos de fantasmas acidentais, as
pessoas não pensavam em obter as figuras, muito menos entravam
em um nervoso estado de tensão conscientemente provocado.
Aliás, existem fotos obtidas por circuitos internos sem que
pessoa alguma estivesse presente, o que já deixa a teoria da
escotografia de fantasmas igualmente em cheque: Quevedo e
discípulos
dizem que sem um sensitivo, paranormal ou qualquer que seja o nome
dado, não existem fotos paranormais sem que a pessoa causante
esteja presente até pouco mais de 50 metros de distância.
Que dizer então da seguinte foto (trecho de um vídeo de
um circuito fechado de tv), em um estacionamento vazio pelo circuito
interno eletrônico de tv nos Estados Unidos, em uma área
de mais de 150 metros, sem que ninguém estivesse presente,
onde um fantasma está planando acima dos carros?
“Animismo ou Espiritismo, qual
dos dois explica o conjunto dos fatos? Fácil se me tornou
responder, nos termos seguintes:
“Nem um nem outro
logra, separadamente, explicar o conjunto dos fatos supranormais.
Ambos são indispensáveis a tal fim e não podem
separar-se, pois que são efeitos de uma causa única e
esta causa é o espírito humano que, quando se
manifesta, em momentos fugazes durante a encarnação,
determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta
mediunicamente, durante a existência desencarnada, determina os
fenômenos espiríticos”
Ernesto Bozzano, Animismo
ou Espiritismo?, p. 9
Bibliografia:
BOZZANO, E. Animismo
ou Espiritismo?
1995, Feb, Rio de Janeiro
EDSALL, F. S. O Mundo dos Fenômenos
Psíquicos. 1999, Editora Pensamento, São Paulo.
MacKENZIE, A . Fantasmas e Aparições.
1986. Editora Pensamento, São Paulo.
MONTAÑOLA, J. R.; RYZL,
M. Et al. Enciclopédia de Parapsicologia
e Ciências Ocultas. 1978, RPA Publicações Ltda.
Lisboa
TEIXEIRA DE PAULA, J. Enciclopédia de
Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo. 1972. Cultural
Brasil Editora, São Paulo
Retorno ao
Índice
São Paulo
- 450 Anos, Carlos Mirabelli, Marcos Paulo
Garcia, Brasil
A biografia abaixo é um resumo
do excelente
site
http://members.tripod.com/~Mirabelli/ de Philippe Piet van Putten. Este resumo tem o objetivo
de apresentar o
contexto histórico do artigo de jornal transcrito logo na
sequência. O artigo publicado
no jornal "O Estado de São Paulo" de 18 de maio de 1916 foi
localizado em pesquisa no Arquivo do Estado de
São Paulo em busca de
referências ao Espiritismo na imprensa paulistana.
Biografia
de Carlos Mirabelli
Carmine
Mirabelli nasceu em Botucatú, São Paulo, Brasil, em 2
de Janeiro de 1889. Foi o primeiro filho do casamento do pastor
protestante italiano Luigi Mirabelli com Christina Scaccioto
Mirabelli. Teve uma irmã, Tereza Mirabelli Eugenio (1891 –
1971).
Perdeu
sua mãe muito cedo e se acredita que isto tenha ajudado a
desenvolver sua sensibilidade parapsicológica. Em 22 de
fevereiro de 1914, logo após a morte de seu pai, e uma
completa ruína financeira, Mirabelli ficou doente e uma
extraordinária paranormalidade floresceu. Costumava dizer que
seu falecido pai era sua “Estrela Guia” espiritual. Não
era espírita (uma forma de espiritualismo), mas alegava poder
ver os espíritos dos pais, de um tio, de sua sogra e de uma
filha.
Mirabelli
estudou no Grupo Escolar Cardoso de Almeida, em Botucatú, no
Colégio São Luiz, em Itú (SP) e no Colégio
Cristovam Colombo, em São Paulo (SP), mas logo deixou a
escola. Certa vez, o menino impressionou muito seus professores e
colegas ao falar sobre o tema “Evolução e
Involução”
em puro latim, porém sem conhecer o idioma.
Em
1916, os jornais de São Paulo disseminaram os estranhos feitos
do “Homem Misterioso”, também conhecido como Carlos ou
Carlo Mirabelli. Em 1914 ele trabalhava para a Companhia de
Calçados
Villaça quando foi apanhado de surpresa por bizarros
fenômenos, semelhantes ao que conhecemos hoje como
“poltergeists”. Apenas quando estava presente, os sapatos
frequentementes eram vistos saltando das prateleiras por si mesmos ou
se movendo como se fossem animados. Mirabelli não compreendia
porque isso acontecia, mas muitos clientes horrorizados
atribuíam
os fenômenos ao Diabo. Mirabelli foi considerado pelas pessoas
como possuído pelo demônio e apanhou nas ruas. Sua casa
foi apedrejada por fanáticos religiosos.
Ficou
internado por 19 dias no Manicômio do Juqueri, sendo constatado
pelos Drs. Francisco Franco da Rocha e Felipe Aché que tinha
uma “energia nervosa” acima do normal. Com a ajuda de ilustres
pesquisadores dos fenômenos psíquicos, como o famoso
médico Dr. Alberto de Melo Seabra, Mirabelli se conscientizou
da importância de seus raríssimos dons psíquicos
e decidiu se submeter a sessões espíritas
experimentais.
Diz-se
que Carmine Mirabelli podia gerar uma imensa variedade de
fanômenos;
Acredita-se que muitos dos seus fenômenos resultavam de suas
próprias forças psíquicas, sem o envolvimento de
entidades espirituais. Mas é sabido que também conhecia
alguns ingênuos truques de prestidigitação.
Mirabelli
e sua família foram várias vezes vitimados pelos
fenômenos. Objetos voavam ao redor e os atingiram em muitas
ocasiões. O médium não controlava os
fenômenos
mas quando ficou mais velho conseguia refrear o fluxo de suas
energias psicobiofísicas, reduzindo os riscos.
Mirabelli
teve quatro casamentos. Do primeiro com a Sra. Carmem Guerreiro, teve
dois filhos, Diva Cristina Mirabelli e Luiz Mirabelli. Do segundo,
com a Sra. Edméa de Paiva Magalhães, não teve
filhos. Do terceiro, com a Sra. Maria do Carmo Pinto Pacca, nasceu
Regene Pacca Mirabelli e do último, com a Prof. Amélia
Loureiro, veio à vida César Augusto Mirabelli.
Mirabelli
tinha diabete. Apreciava a natureza e gostava de fumar charutos e
cachimbos.
O
médium foi preso várias vezes acusado de exercício
ilegal da medicina, furto e também por
perseguições
políticas, mas mesmo na cadeia fascinava as pessoas com seus
incríveis fenômenos e com sua generosidade. Era muito
eloquente e comunicativo.
Por
certa fase de sua vida Mirabelli chegou a cobrar por seus
serviços
mediúnicos, desagradando os espíritas.
Por
muitos anos, o médium só conseguia dormir em quartos
iluminados. Temia a ocorrência de fenômenos
desagradáveis
enquanto dormia.
Ao
contrário do que muitos imaginam, Mirabelli não perdeu
seus estranhos dons ao ficar velho e doente. Existem relatos de que
os fenômenos foram observados até 1950, poucos meses
antes de sua morte.
Na
segunda-feira, 30 de abril de 1951, Carmine e seu filho César
Augusto tinham saído de casa, que ficava em São Paulo,
SP, à Rua Antonio Lourenço 106. O médium
resolveu atravessar a Av. Nova Cantareira para comprar leite,
enquanto o menino ficou conversando com um engraxate. Subitamente “um
Ford preto 1938” segundo as recordações de César,
surgiu de uma esquina e atropelou o pai, colocando-o num permanente
estado de coma. Segundo o atestado de óbito, assinado pelo Dr.
Souza Lima e registrado no Cartório Jardim Paulista, Mirabelli
teve fratura no crânio e faleceu no Hospital das Clínicas
de São Paulo.
O
corpo de Carmine Mirabelli foi sepultado na tarde de 1º de maio
de 1951 na humilde campa 155, da quadra 27, no Cemitério
São
Paulo.
Médium ou Prestimano ?
Jornal "O ESTADO DE SÃO PAULO", 18 de maio de 1816
Ultimamente os jornais tem-se ocupado
muito dos fenômenos espíritas. É natural a despeito
de se tratar de coisas espantosas. Um aspecto novo parece querer
obrigar a humanidade a convencer-se de sua condição
frágil e da eterna verdade de que os sábios trocariam com
muito prazer o que sabem, por tudo aquilo que ignoram.
Nem todos os enigmas da vida, é claro, conservam até o
fim o seu profundo mistério. Alguns, porém, não
conseguem ser explicados pelas próprias pessoas que os
consubstanciam.
O Sr. Carlos Mirabelli, que se acha em São Paulo há
algumas semanas, é objeto de estudo de alguns apaixonados das
ciências ocultas.
O Sr. Carlos Mirabelli é um homenzinho de barba romântica,
olho aceso e face emaciada, Vimo-lo uma noite, numa residência
particular no meio de um auditório cheio de silêncio e de
ansia, que aguardava o momento bendito em que iam chegar as correntes
fluidicas.
Quando entramos, olhou-nos e a nosso companheiro com uma
expressão de enfado. Quinze minutos depois pedia ao dono da casa
que nos levasse para outra sala, visto como o nosso cepticismo, estava
sendo um obstáculo à manifestações dos
fluidos vitaes. Saimos e fomos nos juntar a um grupo de pessoas que
estavam num largo aposento, onde o médium devia exibir as
forças magnéticas de que se diz dotado.
Afinal, esta noite o Sr. Mirabelli não fez mais do que os que
fizeram seus convidados. As vezes levantava-se, agitava o frak curto,
enfiava os longos dedos pela farta cabeleira, olhava para nós
meio que desconfiado e acabava dizendo:
"- A coisa não quer vir mesmo ..."
Não obstante o negativismo de alguns, pessoas entre as que
formavam o auditório, afirmaram-nos que o médium era uma
criatura excepcional tendo realizado na sua presença coisas
espantosas. O fato de não poder naquela noite operar uma
reprodução era comum.
Quando os sentimentos de simpatia não se irmanam os
fenômenos deixam de produzir-se. Isto nos veio convencer de que
todos os presentes estavam com a pulga atrás da orelha. ...
Depois desta noite o Sr. Mirabelli parece ter-se reabilitado perante
alguns daqueles cavalheiros que tanto desejavam assistir ao
desenvolvimento dessas forças ocultas. Fez, ao que dizem, descer
vários copos que havia em cima de uma mesa, vindo os mesmos
parar no assoalho com lentidão e leveza. Com um olhar fez
despencar uma ruma de papéis, mover um lápis dentro de um
copo, caminhar por seus próprios pés algumas cadeiras.
Isto espalhou-se logo pela cidade e nestas três últimas
semanas as façanhas do Sr. Mirabelli são a questão
magna, o assunto de todas as conversações.
Todavia, nem todos acreditam nas maravilhas do Sr. Mirabelli.
Vamos ver o que o homem faz diante desse desafio, que chega até
a formidável acusação de terem nossos colegas
"encontrado um dos instrumentos com que logrou ele gozar de
prestígio".
Que instrumento seria esse ?
(não há
indicação do autor do artigo)
ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CÓD. 01.02.038 - O Estado de São Paulo - 1916
Retorno ao
Índice
Fecundação
e Concepção, Eduardo Brito, Brasil
(Referente ao comentário sobre a união da alma ao corpo,
publicado no
Boletim
472)
Prezado Jose Maria:
Achei
interessante os seus questionamentos a respeito da união
do espírito com o corpo. Muita vez, o problema do entendimento
encontra-se na forma como nos expressamos. No nosso idioma,
existem palavras que podem ter vários significados e em outras
oportunidades, palavras diferentes para o mesmo significado.No caso
específico, pelo que me parece, concepção e
fecundação têm o mesmo significado de acordo com o
Dicionário Aurélio e Houaiss e com o Professor de
Obstetrícia Jorge Rezende.
Fecundação
- (Aurelio) [De fecundar + -ção.] S. f.
1. Ato ou efeito de fecundar ou de ser
fecundado.
2. Biol. Forma de
reprodução sexuada; fertilização, concepção.
Concepção
- (Houaiss) -
s.f. (sXV cf. IVPM)
ato ou efeito de conceber 1 ação ou efeito de
gerar (ou ser gerado) um ser vivo, em conseqüência da
fusão do espermatozóide com o óvulo; fecundação,
geração <a c. de um filho>.
Em seu livro Obstetrícia
Fundamental, o Professor Jorge Rezende da Faculdade de
Medicina UFRJ, na pg. 21 refere-se à fecundação da
seguinte forma:
"Fecundação
(fertilização ou concepção) é a
fusão dos gâmetas, células haplóides,
restabelecendo o número diplóide de cromossomos e
constituindo o ovo ou zigoto..."
Dessa
forma, não nos deixa qualquer dúvida que
concepção e fecundação na realidade
são sinônimos e que realmente existe a união do
espírito com o corpo no instante do encontro do óvulo com
o espermatozoide.
Muita
Paz:
Eduardo Brito P. de Melo
Retorno
ao Índice
Peça
em Comemoração ao Bi-Centenário de Kardec
Allan
Kardec em Cena
Companhia
Espírita de Artes Cênicas leva peça em
Comemoração ao Bi-Centenário de Kardec ao Interior
do Estado
A peça teatral " Rivail, Um
homem de Seu Tempo" que teve sua
estréia no dia 04 de outubro do ano passado, após
apresentar-se na sede da Comunidade Arte e Paz e em outros Centros
Espíritas, arruma as malas com destino ao interior do Estado
para participar das comemorações do Bi-Centenário
de Allan Kardec.
Com
uma agenda já cheia para o primeiro semestre, a peça
pretende apresentar-se até 03 de outubro deste ano quando
deverá fechar o ciclo das comemorações.
A
peça, tendo se apresentado no último Encontro Estadual
de Espiritismo, em Salvador surpreende com o colorido, leveza e
alegria, sensibilizando o público ao tempo em que também
o informa.
Os
fatos marcantes da vida do codificador estão presentes em
tons de familiaridade e humanização que permitem ao
público conhecer não apenas a história do
nascimento do Espiritismo mas, e principalmente, se envolver com as
suas personagens compreendendo a importância da Doutrina dos
Espíritos.
Cidades
interessadas em levar a peça devem fazer contato
urgente.
Acompanhe a agenda do grupo:
Maio
9 - Bonfim
15- Periperi - Salvador
21 - Itabuna
22 - Eunápolis
23 - Teixeira de Freitas
30 - Itapuã - Salvador
COMUNIDADE
ARTE E PAZ
A Comunidade Arte e Paz é uma
instituição
espírita fundada em 1 de maio de 2003, em Salvador, Bahia, e tem
como princípio fundamental a utilização da
expressão artística como instrumento do estudo e
prática da Doutrina Espírita.
Está
instalada em sua sede provisória na Rua do
Tingüí, 151, no Campo da Pólvora e realiza
atividades doutrinarias, de estudo e prática da mediunidade e
ação social, sempre buscando a inclusão da arte no
processo de realização das atividades.
Na
área artística, mantém a Companhia
Espírita de Artes Cênicas, que realiza continuadamente
peças teatrais de caráter espírita no circuito
profissional e alternativo da cidade de Salvador.
Informações:
Comunidade Arte e Paz
Rua do Tingüí, 151 - Campo da Pólvora Salvador
- Ba
CEP 40040380 Tel. (71) 321-3002
Email arteepaz@terra.com.br
Coordenador da Companhia Espírita de Artes Cênicas:
Edmundo Cezar
Tel 4090451
Email edmundocezar@terra.com.br
Retorno
ao Índice
Citação
do GEAE na revista
"Religiões"
O GEAE foi citado na revista
"Religiões" da Editora Abril
do mês de abril. O texto reproduz um comentário de membros
do GEAE
referente ao questionamento "O que é Alma?":
Um
ponto em que os credos
divergem, por exemplo, é em relação à
imortalidade da alma. A maioria
das religiões. como no caso do Catolicismo, Espiritismo e
Islamismo,
crêem que ela sobrevive à morte, pois se trataria de uma
entidade
independente do corpo. "A concepção de alma denota a
existência de algo
individual, imaterial e dotado de vida no plano espiritual", afirma
Raul Franzolin Neto, fundador do Grupo de Estudos Avançados do
Espiritismo (GEAE) (sic). Ela representaria o princípio
inteligente do
universo, em oposição ao aspecto material igualmente
criado por Deus.
"I que somos em nossa essência independe da matéria e,
dessa forma, não
desaparece com a sua desfragmentação", diz Ademir Xavier,
membro do
conselho editorial do GEAE.
O trecho pode ser encontrado na edição do mês de
Abril que compõe o conjunto da "Super Interessante".
Retorno ao Índice
O Espiritismo na Nova Zelândia
Amigos,
GOSPEL AT HOME IN NEW
ZELAND
(EVANGELHO NO LAR NA NOVA
ZELANDIA)
Guaraciara and Elbert
Maia
Contact Tel: 60 9 534-0006
Mobile: 64 9 021 12 87120
e-mail: guamaia@uol.com.br
Aproveitamos para lembrar aos amigos
que estão em regiões onde não há grupos
espíritas próximos, que entrem em contato com o
Conselho
Espírita Internacional, pois ele tem procurado aproximar os
espíritas espalhados pelos diversos cantos do mundo e incentivar
a criação de grupos familiares. A importância da
criação destes grupos é
imensa, basta citar o exemplo da Finlândia, onde não
existiam grupos espíritas organizados e que após a
criação de seu primeiro grupo familiar, há pouco
mais de um ano, já viu o surgimento de um segundo.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Retorno ao Índice
GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português -
http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" -
http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins