Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 -
Número 472 - 2004
16 de março
de 2004
Artigos
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Como se
deve entender a relação entre o Espiritismo e a
Ciência, Ademir L. Xavier Jr, Brasil
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|
História
& Pesquisa
|
Os Mistérios - Um
Encontro de Época Romanceado, Milton B. Piedade, Brasil
|
São Paulo 450 Anos - O
Espiritismo e os Bairros da Cidade, Carlos Iglesia, Brasil |
|
Questões
e Comentários
|
Sobre a União
da Alma ao Corpo, José Maria, Brasil
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|
Painel
|
O Exemplo de Paulo Daltro,
Fátima Salvo, Brasil
|
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Como se deve entender a
relação
entre o Espiritismo e a Ciência, Ademir L. Xavier Jr., Brasil
Resumo
Discute-se
aqui brevemente a interação entre o Espiritismo e as
ciências. Essa relação pode ser entendida de
diversos aspectos, uma necessariamente que considera o aspecto
científico do Espiritismo. É importante porém
frisar que não pode haver compreensão correta dessa
interação, se não se tem compreensão
correta do sentido em que se fala de aspecto científico do
Espiritismo. Essa discussão apresenta implicações
importantes para os espíritas que acreditam na necessidade de
atualização da Doutrina Espírita.
1.Introdução
Todo
adepto com razoável entendimento dos princípios da
Doutrina Espírita sabe que ela é um conjunto de
princípios que se apresentam como afirmações sobre
o mundo. Não é menos certo que muitos desses
princípios, ainda que se apliquem ao objetivo maior do
Espiritismo que é o estudo do elemento espiritual, contém
afirmações singulares e gerais sobre o mundo material.
Isso necessariamente nos leva à fronteira entre o Espiritismo e
as ciências bem estabelecidas que também afirmam coisas
sobre o mundo. Para que haja evolução na forma de
aquisição de conhecimento – um dos objetivos das
ciências e também do Espiritismo, no caso, conhecimento
sobre o mundo espiritual – faz-se necessário conhecer exatamente
como se dá essa relação.
A
ciência, tal como a conhecemos hoje, é produto da
evolução lenta com que nossa sociedade passou nos
últimos séculos. Não existe um consenso geral (na
forma de uma formula ou padrão estabelecido) sobre qual seria a
definição exata de ciência. Podemos, porém,
descrevê-la de acordo com alguns de seus atributos bem
conhecidos. De todos eles, um que parece conveniente para caracterizar
as chamadas ciências bem estabelecidas (física, biologia,
química e outros) é a noção de paradigma. Por
paradigma entende-se um conjunto de princípios que versam sobre
determinado objeto, e que se encontram naturalmente relacionados a um
grupo ou conjunto de fenômenos naturais. Fazem parte do corpo que
forma o paradigma também leis complementares a completar o
conhecimento, permitindo a aplicação das leis do corpo
principal aos fenômenos observados. Os paradigmas são os
campos de trabalho tradicional na pesquisa normal das grandes
áreas do conhecimento científico. Assim, Ciência não
é a mera coleção de fatos e hipóteses
mas algo muito mais complexo, em constante mutação
através das gerações possuindo seus
próprios sistemas de proteção a fim de evitar que
seu corpo principal de doutrina seja corrompido. Não se pode
mudar a orientação de determinado programa de pesquisa de
uma noite para outra, ainda que se tivesse uma boa razão
para isso. As mudanças nos programas de pesquisa que
caracterizam o paradigma – conhecidas como revoluções
científicas – necessitam de um tempo de
maturação e, muitas vezes, uma mudança no
posicionamento dos cientistas, na maneira como eles vêem o mundo.
As revoluções científicas são
acontecimentos de curta duração seguidos muitas vezes de
estágios de desenvolvimento mais ou menos estáveis.
Semelhantes
considerações, como pode se compreender, não devem
ser deixadas de lado na análise do assunto que serve de
título a este texto. Da mesma forma, de uma análise
imparcial da própria Doutrina Espírita deve nascer um
modelo de idéias que consiga descrever corretamente o que se
entenda por “aspecto científico” do Espiritismo. De posse desses
dois ingredientes (compreensão correta do aspecto
científico do Espiritismo e do significado da Ciência)
podemos então considerar seriamente um debate sobre a
relação entre esses dois ramos do conhecimento humano.
Apresentamos aqui brevemente alguns subsídios para se iniciar
esse debate.
2.
Noções incorretas de ciência espírita e
ciência normal. Discutindo um modelo mais apropriado de
ciência.
Um
número razoável de espíritas e simpatizantes
procuram abordar o aspecto científico do Espiritismo de forma a
moldá-lo segundo a visão parcial do conhecimento
considerado genuinamente científico. Essa visão parcial
vê a ciência como uma atividade extremamente rigorosa em
seus métodos de análise, e acredita que os sucessos
obtidos com o desenvolvimento científico – que permitiram
compreender os fenômenos e desenvolver novas
aplicações tecnológicas – são produto
direto desse rigor metodológico. Nada poderia estar mais longe
da realidade. O sucesso da ciência atual, que se materializa na
forma de produtos tecnológicos e sofisticados métodos
numéricos de reprodução da realidade em seus
mínimos detalhes, não decorre apenas de um rigor
metodológico qualquer que seja ele, mas principalmente das
teorias que nascem em sua forma primitiva na cabeça dos
cientistas. Semelhante compreensão
parcial da realidade é comum para muitos espíritas que
acreditam que os fenômenos espíritas devam satisfazer
necessariamente a critérios de adequação
empírica conforme os moldes das ciências normais. Para
esses, a “ciência espírita” tem a haver unicamente com a
parte fenomenológica (na forma da mediunidade em seus
múltiplos aspectos) com exclusão de qualquer
consideração de princípios. O Espiritismo
é visto como um amontoado de fenômenos a partir dos quais
se pode inferir um conjunto de afirmações mais gerais e
deduzir conseqüências. Seguindo esse caminho,
logicamente os inimigos do Espiritismo se comprazem em negar os
fenômenos ou inventar explicações alternativas que
parecem atingir os supostamente deduzidos princípios
espíritas. Coincidentemente, essa visão também
é popularmente atribuída à ciência. De uma
maneira simplificada podemos esquematizar o entendimento popular de
ciência – que dá origem ao chamado “método
científico” – de acordo com a Fig. 1.
Nessa
figura, um observador bem intencionado (quer dizer, isento de
pré-julgamentos ou explicações próprias
consideradas tendenciosas) observa os fenômenos da natureza. Essa
observação deve ser igualmente isenta e completa
suficiente para não permitir perda de informação a
respeito dos fenômenos. Deve ser realizada de forma a cobrir o
maior número de “condições” possíveis, o
que leva à necessidade de se repetir testes experimentais um
grande número de vezes. A partir dos fenômenos ele elabora
hipóteses consideradas razoáveis que, por um processo mal
explicado, degenera (ou se sintetiza) em “leis gerais”. Esse processo
de criação de leis gerais é denominado indução.
A partir das leis induzidas outros fenômenos semelhantes (ou os
mesmos) podem ser explicados por um processo denominado dedução.
Um ponto importante a ser considerado diz respeito às
conseqüências para o desenvolvimento de uma ciência se
o modelo mostrado na Fig. 1 for considerado ideal. Compreensivelmente
pode-se com ele destruir qualquer tipo de explicação
negando-se simplesmente os fenômenos. Desde que esses não
existam, não há sentido em se acreditar nos
princípios deles supostamente induzidos. Isso acontece com
os que negam inúmeras vezes com os fatos psíquicos, e com
ele a idéia de comunicação entre vivos e mortos e
a sobrevivência dos seres após a morte.
Como
dissemos, o sucesso da ciência contemporânea bem
estabelecida advém de sua estrutura intrínseca onde os
fenômenos não têm papel central. O papel principal
no estabelecimento da ciência é atribuído aos
paradigmas ou teorias. Muitas vezes pode acontecer que uma determinada
teoria seja melhor que uma outra, ao mesmo tempo que ninguém
acredite nela. Teorias como realizações mentais ou
afirmações sobre o mundo são criadas livremente
por um grupo restrito de cientistas (às vezes apenas um
indivíduo), e portanto, fazem parte de sua bagagem cultural como
crenças. É pela adequação dessas teorias
aos fenômenos que elas se tornam aceitas a um grupo maior. O
problema é que a definição de experimentos ou a
previsão de determinadas ocorrências
fenomenológicas depende da teoria. Poderíamos dar
inúmeros exemplos dessa situação. Em física
– que é uma das ciências comumente consideradas com grande
prestígio – é bastante nítido a ocorrência
de “previsões experimentais” como resultado direto de teorias
sofisticadas onde nada remotamente parecido com o fenômeno em
questão tenha entrado como ingrediente. Algumas outras vezes,
são feitas previsões de objetos ou circunstâncias
nunca observados anteriormente. Essa inversão de papéis,
no que tange à importância para o desenvolvimento da
Ciência entre teoria e experimento, é a principal causa de
confusão tanto no que se refere à compreensão
correta da Ciência em si como do aspecto científico do
Espiritismo. Conseqüentemente deve-se fazer um esforço para
compreender essa inversão a fim de que seja útil na
discussão da relação entre o Espiritismo e a
Ciência.
A
Ciência só tem início com a teoria. Essas podem ter
qualquer origem – sejam motivadas por algum acontecimento experimental
ou por algum sonho de pesquisador (como no famoso caso do sonho de
Kekulé ao conceber o formato dos anéis de carbono no
benzeno). A origem do conhecimento científico não
é importante para a Ciência. Isto que dizer que uma
determinada teoria não tem valor maior ou menor conforme sua
origem, embora muitos cientistas sejam levados a crer ou não
nelas de acordo com a força de autoridade de seus proponentes. A
partir da proposição da teoria, segue a tentativa de
explicação dos fenômenos com ou sem a ajuda de leis
complementares que não fazem parte do núcleo principal da
teoria. Como um exemplo rápido podemos considerar o processo de
previsão de tempo na meteorologia. As leis que governam os
fenômenos meteorológicos são leis físicas,
assentadas em princípios térmicos e termodinâmicos.
Para prever a situação de tempo com todos os detalhes,
pode-se construir modelos numéricos sofisticados onde essas leis
estejam embutidas juntamente com “condições de fronteira”
específicas tais como a separação entre
continentes e mares, o estado inicial de temperatura de uma determinada
região, a posição do sol (sua altura em
relação ao solo) etc. Essas são as leis
complementares.
Dissemos
que a maior parte das pessoas considera a noção popular a
própria essência do “método científico”.
Isso é particularmente forte nas denominadas “ciências
parapsicológicas”, ou o conjunto de disciplinas que tem como
objetivo explicar de maneira supostamente científica os
fenômenos mediúnicos no Espiritismo. Essas disciplinas
apresentam escassa discussão teórica, dando enorme
ênfase a descrição puramente fenomenológica
dos fatos psíquicos. Quando são fornecidas
explicações, essas procuram ligar-se fortemente aos
fenômenos. Dessa forma, é comum a tentativa de
explicação simplificada para cada fenômeno. Assim a
telepatia é invocada como “hipótese” para explicar as
comunicações dos Espíritos, negando-se a
existência desses últimos. Ora a “telepatia” é
definida simplesmente como a capacidade de transferência de
informação entre duas “mentes” (no caso, pessoas). Essa
capacidade pode ser constatada de forma experimental. É um fato
e não um princípio sobre o qual se possa estabelecer uma
explicação. Nas “ciências psi” busca-se dar
explicações aos fatos utilizando-se os próprios
fatos. Nesse processo explicações são muitas vezes
tornadas verossímeis pela sua designação por nomes
empolados, difíceis de se pronunciar e com nenhum apelo
intuitivo. É muito conhecida a frase, dada a guiza de
explicação, de que os fenômenos psíquicos se
fundamentam nas capacidades desconhecidas do cérebro. Diz-se que
os seres humanos normais utilizam apenas “10% da capacidade cerebral”.
Ora, qual a base para semelhantes afirmações? Como se
mede essa capacidade cerebral? Nas “ciências
parapsicológias” ocorrem falhas graves de compreensão dos
verdadeiros atributos de uma disciplina para ser denominada
ciência.
Já
discutimos muito brevemente que uma verdadeira ciência se
constrói utilizando modelos, teorias ou paradigmas. A Fig. 2
ilustra essa “concepção de ciência” mais
próxima da realidade. Há num centro irradiador de
explicações (a teoria), e integrado naturalmente aos
fenômenos naturais a respeito dos quais a teoria ou paradigma
versa. Leis complementares reforçam a estrutura do paradigma e
integram os princípios, que fazem parte dele, aos
fenômenos. Juntamente com essas leis, o paradigma fornece
explicações para os fenômenos, inclusive alguns
desconhecidos. É possível assim que no corpo
teórico que constitui o paradigma, já exista o
gérmen para explicação de muitos fenômenos
nunca observados. Esse modelo encontra respaldo na história do
desenvolvimento de muitas ciências bem sucedidas.
Também
o modelo da Fig. 2 não faz nenhuma referência à
necessidade externa de “instrumentos especiais de medida” e nem a
métodos supostamente rigorosos de medida experimental, pois a
existência desses aparelhos (a explicação de seu
funcionamento) só se justifica pelo paradigma que para eles
fornece explicação. É o caso, por exemplo, da
utilização de equipamentos ópticos para estudar
o movimento dos planetas e outros corpos celestes. A
explicação
do funcionamento dos equipamentos é fornecida pela
óptica,
uma área da física, não necessariamente ligada
à
astronomia ou astrofísica. É possível englobar
os princípios da óptica e da mecânica dos corpos
em um corpo de teoria comum (no caso a “física”), mas
prefere-se mantê-los separados por referirem a domínios
fenomenológicos diferentes. Ressaltamos porém que o
grau de complexidade desses aparelhos não tem
correlação
alguma com o rigor com que eles realizam suas medidas. Muito ao
contrário, nesse modelo, estimula-se a realização
de testes experimentais simples, de observação direta,
onde haja pouca influência de fatores de erro a comprometer a
realização das medidas. No modelo da Fig. 2 a teoria
tem papel fundamental e não o fenômeno. Desde de que se
creia e desenvolva a teoria, explicações para os
fenômenos irão aparecer. Visto de outra forma, os
fenômenos são justificados (explicados) pelo modelo a
ponto de só poderem ser percebidos por aqueles que disponham
de conhecimento do paradigma. Muitas vezes é possível
notar que um mesmo paradigma fornece explicações para
inúmeros fenômenos – muitos deles tratados
inicialmente como sem correlação alguma com a teoria.
Há inúmeros exemplos como esses nas chamadas
“ciências
normais”, as ciências que se desenvolveram historicamente
segundo o modelo “paradigmático” de ciência.
Percebe-se que a negação dos fenômenos não
traz conseqüência alguma para a ciência vista nesse
sentido pois o paradigma tem papel fundamental. Nesse caso, negar um
fato soa profundamente suspeito de falha de compreensão da
teoria ou paradigma. Não há também nenhuma
preocupação com o grau de comprometimento do cientista
com sua crença: pelo contrário admite-se abertamente
que ciência é uma atividade onde a criatividade e
crença
particular do cientista tem uma importância muito grande e
benéfica para a ciência. Há, porém,
limites para a livre criação, o corpo teórico
deve ser interrelacionado e coerente, isto é, seus
princípios
não devem conflitar entre si. Além disso, a
excelência
de um determinado paradigma é medido em termos de sua
capacidade de explicar os fenômenos a ele ligado e também
prever outros. Assim, não basta apenas criar muitas
explicações, essas originam-se de princípios
mais primitivos e harmônicos, mais ou menos imutáveis.
Entendemos
que a parte científica do Espiritismo deve ser entendida
conforme o modelo da Fig. 2. Nele os fenômenos são parte
secundária e não fundamental da doutrina. A Doutrina
Espírita contém o núcleo principal teórico
da ciência espírita. Da utilização de leis
complementares chega-se a explicação dos fatos. No caso
dos fenômenos mediúnicos, a existência do
perispírito como agente intermediário entre o
Espírito
e o corpo material é fundamental para compreender a imensa
maioria dos fenômenos mediúnicos também
denominados psíquicos. Entretanto, a Doutrina Espírita
vista como paradigma com conseqüências mais profundas,
abarca um conjunto muito mais extenso de fenômenos:
fenômenos
sociais (principalmente comportamentais), biológicos,
históricos, patológicos etc. Assim, embora não
seja seu objetivo principal, o Espiritismo contribui a muitas
áreas
do conhecimento, em particular àquela que busca compreender a
origem, essência e futuro do homem entendido como uma criatura
sem limite no tempo. O Espírito é assim o objeto de
estudo da ciência espírita e o paradigma espírita
é formado por um conjunto harmônico e mais ou menos
fixos. Princípios como a existência de Deus, do
espírito
como elemento fundamental (além da matéria), da
evolução do espírito e da comunicabilidade entre
os Espíritos e os homens (reinterpretados como Espíritos
encarnados) são alguns dos princípios fundamentais.
Esses princípios juntamente com outros (tal como a busca da
felicidade por parte das criaturas) explicam e prevêem os
fenômenos. Consideremos o caso das doenças denominadas
“psiquiátricas”. Faz parte desse enorme grupo de
patologias mentais, (que afetam o comportamento do indivíduo)
um grupo não menos importantes de doenças provocadas
por influências espirituais – as obsessões em seus
mais diferentes graus. Compreender o surgimento dessas doenças,
que fornece idealmente a base para um tratamento eficaz, é
tarefa simples para o Espiritismo (desde que corretamente aplicado),
mas muito difícil para as correntes que negam a existência
do Espírito, e que buscam uma explicação
puramente material. Já citamos aqui a telepatia. Dentro do
paradigma espírita, a comunicação entre
Espíritos é um fato bem estabelecido. Em particular, a
comunicação entre Espíritos encarnados é
uma forma particular dessa capacidade de comunicação.
Temos assim uma explicação muito natural (dizemos
“intuitiva”) da telepatia. Essa explicação funda-se
num princípio muito mais geral que explica simples e
igualmente bem a enorme variedade de comunicações ou
fatos psíquicos.
3.
Como se deve entender a relação entre o Espiritismo e a
Ciência.
Depois
dessa discussão inicial, fica claro que não se pode
falar em uma receita infalível, tal como o sonho de um
método
rigoroso, para se fazer ciência. Ela é o resultado de
uma atividade altamente complexa e integrada no tempo através
de grupos de indivíduos formando uma cultura. O Espiritismo,
diante das considerações feitas, classifica-se
plenamente como uma doutrina científica. Não segue
daí
que deva adotar o modelo popular de ciência por algumas das
falhas que discutimos anteriormente. Essa discussão é
importante para os que consideram a Doutrina Espírita,
desenvolvida nos livros básicos de Allan Kardec, como
conhecimento ultrapassado. Não existe nada mais longe da
realidade. Como dissemos, o corpo principal da teoria é
protegido com certa rigidez. Modificações no paradigma
só acontecem – são conclusivamente admitidos como
necessários – se houverem razões muito fortes para
isso. Tal não é o caso do Espiritismo proposto pelos
Espíritos que auxiliaram Kardec. Da mesma forma que negar os
fenômenos é sinal de falha na compreensão do
paradigma, com muito mais razão, as tentativas de “reforma”
do núcleo principal do Espiritismo (invenção de
novos princípios em desacordo com aqueles) é sinal
forte de falha na compreensão desses princípios.
Clamores recentes nesse sentidos são assentados em
considerações bastante pueris, e deixam entrever uma
dificuldade de compreensão do verdadeiro caráter do
Espiritismo entendido como ciência.
A
tarefa agora é começar a entender como se estabelece a
relação entre o Espiritismo e as ciências.
Certamente não será objetivo do Espiritismo competir
com esses ramos de atividade humana. Por isso, não é
tarefa do Espiritismo fornecer explicações
alternativas ou desenvolver o núcleo principal das
ciências
com as quais o Espiritismo faz fronteira. Não se deve
esquecer que o Espiritismo como movimento é uma
realização
humana. O cientista que é espírita – se trabalha
profissionalmente com alguma dessas áreas correlatas – tem
seus próprios meios e procedimentos, advindos do estudo
adquirido de sua atividade. Como faz parte do processo de
desenvolvimento da ciência normal, ele pode (e deve)
utilizar-se dos meios a sua volta (inclusive sua própria
cultura) para fazer desenvolver sua ciência que tem suas regras
próprias. Como dissemos, a ciência não faz caso
da origem do conhecimento, o importante é
que esse se organize como um paradigma bem estruturado, coerente e
naturalmente integrado aos fenômenos. Fazemos abaixo
alguns breves comentários das regiões de fronteira
entre a Doutrina Espíritia e as ciências enfatizando
alguns pontos que nos parecem interessantes:
Espiritismo
X Astronomia: é bem conhecida as descrições
da origem do sistema solar (nebulosa primordial) existente no livro
“Gênese” [2] de Allan Kardec. O capítulo VI de
“Gênese” também fala de inúmeras galáxias
(denominadas “nebulosas” – entendidas como agrupamentos de
bilhões de estrelas como a “Via-Láctea”) numa
época
em que não se havia certeza desse fato. Há relatos de
comunicações de Espíritos anunciando a
existência de satélites desconhecidos em outros
planetas. Além disso, o Espiritismo parece ter se antecipado
às discussões que deram origem à exobiologia,
proposta para estudar as formas de vida extraterrestres. É
interessante observar que, uma vez classificada como um planeta
qualquer, a Terra passou a ser vista como um dos muitos planetas a
ter vida inteligente no Universo (algo muito difícil de se
acreditar no século 19). O Espiritismo prevê
abertamente, pelo princípio da “pluralidade dos mundos
habitados”, a existência de vida inteligente fora da Terra
(ainda a ser verificada pelos métodos normais – contato
físico). Antes disso, porém, previu a existência
de inúmeros planetas orbitando as estrelas, um fato que se
tornou tema de pesquisa contemporâneo, graças ao
desenvolvimento de novos métodos de observação
muito mais precisos. Muitos planetas foram encontrados a partir de
1990 em torno de estrelas próximas.
Espiritismo
X Física: aqui deparamo-nos com algumas
afirmações
feitas em “O Livro dos Espíritos” que parecem ter
antevisto a modificação radical por que passaria a
física a partir do século 20. Os Espíritos
falaram em uma forma que “que não sois capaz de apreciar”
[4] a respeito da estrutura dos átomos (uma alusão
às
“nuvens de probabilidade” dos elétrons?) num contexto
bastante diferente para a física da época.
Considerações sobre a origem do Universo são
feitas no começo de “O Livro dos Espíritos”,
levando o Espiritismo para a fronteira com a cosmologia. É
preciso, porém, ter cautela em se tratar a questão
inversa: a da influência da física no Espiritismo.
Muitos falam abertamente nas diversas “energias” que constituem o
mundo espiritual, esquecendo-se que “energia” é um
conceito muito bem definido em física e que não admite
reinterpretações dessa forma [5]. Outros levantam a
possibilidade de entender o próprio mundo espiritual como um
“contínuo quadridimensional” do mundo físico. Para
se utilizar conceitos e sugestões advindos do Espiritismo na
física, faz-se necessário grande competência em
física uma vez que os núcleos das teorias (tanto do
lado espírita como material) possui certa resistência a
mudanças, além de estar fundamentado em teorias
profundamente matemáticas. Por isso mesmo, tentativas de
modificação de conceitos por sugestão de ambos
os lados (de um lado para outro) são muito duvidosas no que
diz respeito a qualquer avanço significativo no conhecimento.
É importante também considerar as questões de
diferença de linguagem (significado de termos e conceitos
dentro de cada teoria particular) quando essa linguagem tenta
conectar um fenômeno supostamente descritível tanto pela
física como pelo Espiritismo. Minha impressão
particular é de que o grau de especificidade atingido pela
física (especialização na forma de
pulverização
de campos de compentência) torna pouco viável qualquer
tentativa “fácil” de interação.
Espiritismo
X Biologia (medicina): aqui a fronteira torna-se um pouco mais
nítida. Em “O Livro dos Espíritos”[6], existem
muitas questões a respeito da origem dos seres vivos. É
também na “Gênese” que existe um famoso capítulo
sobre a gênese orgânica. Naturalmente, esse capítulo
faz eco às concepções da época, ainda
às
voltas com a “teoria da geração espontânea”,
então a teoria mais aceita. É no Capítulo XI da
II Parte de “O livro dos Espíritos” [3] que vamos
encontrar questões cujas perguntas reafirmam a natureza
espiritual de todos os seres vivos e sua submissão à
lei de progresso. Naturalmente, os mecanismos da evolução
das espécies não estão afirmados nesses livros,
mas o princípio de evolução espiritual ajusta-se
perfeitamente bem aos princípios da seleção
natural, representando um mecanismo de modificação que
atua na parte material levando o Espírito a se desenvolver.
É
importante considerar que as discussões sobre a gênese
orgânica são complementares para a compreensão da
Doutrina e seu desenvolvimento. Por isso esses pontos, assim como
muitos outros, sofrem e sofrerão modificação,
sem que haja impacto ao corpo principal de doutrina.
Tal
não é o caso, porém, com as inúmeras
patologias da alma [7] que citamos acima. Nos quadros obsessivos, a
ação do Espírito obsessor pode levar ao colapso
orgânico do obsidiado. A origem da doença, em sua
íntima
essência, encontra-se assim descrita através desse
quadro de “simbiose espiritual”. É difícil entender
como outra teoria – que desconheça a ação dos
Espíritos – possa ter um sucesso maior no desenvolvimento de
uma terapia apropriada. Aqui vê-se claramente a enorme
importância dos princípios espíritas no
desenvolvimento de certos ramos da medicina pois não se trata
apenas de construção ou progressão da
ciênica
mas do desenvolviemento de terapias apropriadas a inúmeros
transtornos mentais.
Espiritismo
X História: as contribuições que o
Espiritismo pode dar à História são bastante
evidentes. Um aspecto bastante inovador surge aqui, que é o de
considerar os relatos históricos fornecidos pelos
Espíritos,
quando por meio de médiums conhecidos. São
notórios
os casos de médiums que colaboram com
investigações
policiais na elucidação de crimes. No Brasil a
psicografia já ajudou a elucidar vários assassinatos.
Com médiums equilibrados, os Espíritos podem fazer
revelações úteis ao progresso moral da sociedade
e, muitas vezes, essas revelações trazem noticias de
relevante valor histórioco (como no caso dos inúmeros
romances históricos de Emmanuel por meio de Francisco C.
Xavier).
Espiritismo
X Psicologia: o Espiritismo tem muito a contribuir com as
disciplinas que tem como objetivo de estudo o homem em sua
essência.
Esse é o caso da Psicologia. Podemos falar em uma psicologia
espírita que nasce por “inspiração” dos
postulados da doutrina (principalmente de suas conseqüências
morais) na maneira de viver, de se comportar e de interagir dos seres
humanos. O conhecimento da lei de evolução e
reencarnação é crucial para se entender as
tendências inatas dos seres humanos que determinam o
comportamento para além das limitadas
considerações
genéticas. Esse certamente é um campo com grande
futuro, onde apenas vislumbramos um começo.
Espiritismo
X Sociologia: o comportamento social e evolução das
sociedades é função de seu desenvolvimento
cultural, de seu passado e da maneira de ser de seus indivíduos.
Como no caso da História e da Psicologia, o Espiritismo tem
muito a contribuir para o estudo e desenvolvimento da história
social do homem uma vez que o compreende como Espírito em
perene evolução. Há uma interação
natural, desde a mais remota antigüidade entre o mundo material
e o plano espiritual. Esse fluxo é responsável pelo
aparecimento e desenvolvimento de muitas religiões e culturas
consideradas “inspiradas”. Dos princípios e
informações
fornecidos pelos Espíritos é possível
complementar a história sociológica de várias
sociedades.
Todos
esses campos (assim como outros não listados acima tais como
as artes) aguardam um futuro quando o espírita cientista
seja capaz de utilizar judiciosamente o conhecimento espírita,
de acordo com as regras estabelecidas por sua ciência
particular. O objetivo não é fazer o Espiritismo
brilhar para a sociedade como um concorrente das ciências, mas
como fonte de inspiração e origem para
proposição
de novos mecanismos de explicação dos fenômenos e
ocorrências característicos de cada uma delas.
Considerações
diferentes dizem respeito à atuação do cientista
espírita. Por esse termo referimo-nos àqueles que
pretendem desenvolver a ciência espírita a partir de
seus princípios ou com a modificação desses,
utilizando idéias advindas de outras ciências. É
uma conseqüência natural que se pretenda estabelecer um
ambiente acadêmico espírita – uma vez verificado o
caráter científico do Espiritismo. Mas cautela é
necessária para não exagerar demais nas
comparações.
Se o Espiritismo é de fato uma ciência não segue
daí que no nosso momento histórico ele deva se
preocupar com o estabelecimento de um ambiente acadêmico como
uma cópia dos ambientes acadêmicos de outras
ciências.
Todos sabemos dos efeitos que a excessiva
profissionalização
pode trazer em detrimento do fluxo de idéias, gerando
estagnação. Imaginamos que no presente momento de
desenvolvimento e expansão da Doutrina Espírita
não
temos um ambiente completamente apropriado a efetiva
realização
dos objetivos de um ambiente puramente acadêmico. Outras
considerações sobre essa questão serão
feitas em texto futuro.
4.Alguns
comentários finais.
Tentamos
limitadamente neste texto discutir algumas idéias sobre o
conceito moderno (paradigma) de ciência “normal” – bem
amadurecida – e o que seria compreensível como uma salutar
relação dessa ciência com o Espiritismo. A
aplicação padrão dos procedimentos de
construção
da ciência leva a plena formação e progresso do
conhecimento científico. A tentativa forçada de se
estabelecer relações – não sugeridas pelo
desenvolvimento científico mas imaginadas como
situações
idealizadas – não só conduz a perda de tempo como ao
descrédito. Da parte do Espiritismo, tentativas forçadas
de querer transcrevê-lo ou moldá-lo segundo normas ou
procedimentos de outras ciências pode conduzir a ilusão
de falsificação da doutrina uma vez que o conhecimento
científico e sua interpretação é
função
de um contexto altamente específico e mutante mas desconexo em
relação a ela. Por outro lado, querer misturar
conceitos de outras ciências com princípios
espíritas
não é científico pois dentro da
noção
de paradigma cada um deles deve ser entendido dentro de seu contexto
de pesquisa (ambientação acadêmica) não se
permitindo enxertias ou fusões ainda que muito bem
intencionadas.
Aprendamos
a ver cada ciência – o Espiritismo entre elas – como
linguagens a respeito do mundo. No procedimento de
comunicação
normal, plena compreensão só é conseguida quando
o emissor e o receptor dispõem de bagagem linguística
comum. Todo e qualquer procedimento de tradução leva
necessariamente a perda de significado pela impossibilidade de se
transcrever plenamente determinados conceitos e idéias
típicos
de um determinado referencial linguístico. O Espiritismo
é
uma linguagem a respeito do mundo espiritual, criada e desenvolvida
para transmitir conceitos sobre esse mundo. As ciências
materiais são linguagens distintas que tratam de outro
cenário, embora o “palco” apresente áreas comuns ou
adjacentes que no momento não dispomos de linguagem apropriada
para descrever.
Entretanto,
a própria evolução das ciências
levará
a criação de uma linguagem comum em futuro incerto
(talvez distante para o nosso calendário). Esperamos que
quando esse futuro acontecer, o Espiritismo tenha cumprido em sua
totalidade seu papel fundamental que é o de promover a efetiva
reforma moral em todos os Espíritos que dele tiverem se
aproximado buscando consolo e refazimento moral.
Agradecimento
Agradeço
ao Alexandre F. da Fonseca pela leitura e comentários a esse
texto.
Referências
[1]
A. F. Chalmers, “O que é ciência afinal ?”, (1993),
Ed. Brasiliense.
[2]
A. Kardec, “A Gênese”, Uranografia Geral, o espaço
e o tempo (Cap. VI). Ed. Federação Espírita
Brasileira, 34a edição (1991).
[3]
A. Kardec, “O Livro dos Espíritos”, Trad. Guillon Ribeiro,
Ed. Federação Espírita Brasileira, 71a
edição (1991).
[4]
Referência [3] , questão 34.
[5]
A. P. Chagas, Polissemias no Espiritismo, Revista
Internacional de Espiritismo, pp. 247-49, Setembro de 1996.
[6]
Referência [3], Cap. III.
[7]
I. Ferreira, “Novos rumos à medicina”, Vol. I, Tratamento
dos processos obsessivos no Sanatório Espírita de
Uberaba, Edições Federação
Espírita
do Estado de São Paulo (1990).
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Os Mistérios - Um Encontro de
Época Romanceado, Milton B. Piedade, Brasil
Entrei
apressado para fugir da chuva e não tive oportunidade de ver a
fisionomia das pessoas. As silhuetas eram irreconhecíveis. Um
movimento incomum desviou minha atenção do filme. O
barulho do projetor 35mm quase não me permitia ouvir.
Aproximei a cabeça e direcionei o ouvido.
Fixei minha
atenção na voz de tom mais agudo, daquele senhor de
estatura baixa:
- ...mas
todos foram facilmente desmascarados por Richet,
Geley, Schrenck-Notzing,
Harry Price.
Seu
interlocutor não se exaltou:
- Isso
só prova que ao lado do fenômeno falso, há o
verdadeiro. Ao lado das
fraudes
conscientes, há as fraudes inconscientes. Sua
generalização
é tola e
imprudente.
Causa dó o teorista que pretende, ainda hoje, desconhecer tais
fenômenos.
Ainda
com os respingos da chuva e a respiração ofegante, eu
não havia me desligado completamente de minhas angustias.
Estava sendo uma década apreensiva. Depois da morte de Stalin
na URSS e o cessar fogo na Coréia veio a revolução
Cubana. A guerra fria foi ganhando novos contornos e eu me voltara
mais para as questões da política internacional e de
minha própria existência. Aquele encontro casual no
cinema parecia ter um sabor especial. Ouvia nomes pouco familiares
mas que me levavam a memórias distantes. Uma agradável
sensação de prazer intelectual foi tomando conta de meu
ser.
-
Você
se esquece do livro As Fraudes do Médium Laszlo, certamente.
Ponderou
o senhor baixo.
Apesar
do tom aparentemente mais
ríspido, o
senhor calvo se mostrava sereno e perguntou:
- Estou
esperando você dizer da paixão de William Crookes pelo
fantasma de
Katie
King, ou será que o prof. Leonídio Ribeiro já
lhe convenceu que a
avassaladora
paixão foi por Florence Cook?
Nesse
momento reconheci o outro interlocutor. Tratava-se de profissional de
fama. Médico que havia se celebrizado nas letras, por
várias
obras, umas de cunho científico, outras de cunho
filosófico.
Pessoa que deixava atrás de si um rastro luminoso como de
certos meteoros quando sulcam o espaço. Aquele senhor de
estatura baixa e voz aguda era sem dúvida o Dr. Silva Mello.
Havia ouvido falar de seu último livro "Mistérios
e Realidades deste e de outro Mundo". Eram seiscentas páginas
onde ele tentava provar que algo não existia. Não me
recordava ao certo.
O senhor de voz aguda parecia
pensar,
quando seu interlocutor continuou:
- Eu
não conseguiria enumerar todos seus equívocos. Você
é um contador de
anedotas.
Pareceu-me
duro demais, porém necessário.
- Então
devo eu acreditar que um elefante pode voar?
Questionou
o senhor de tom agudo.
- Voar,
no sentido de criar asas, concordamos na impossibilidade. Mas o
acumulo
de forças fluídicas em determinadas
condições
que levem o elefante
ao
ar sim, isto é possível. E o fenômeno da
levitação explica o fato.
-
E
quem diz isso é o Mirabelli!
Afirmou
categoricamente com seu tom agudo característico.
-
É Lombroso, em companhia de Bianchi, Tamburini, Vizioli,
Ascensi...
Depois
de rápido silêncio, que me pareceu pausa para
reflexão,
continuou:
-
Bom...
Ao menos desta vez você não citou Crookes.
-
Então,
não lhe dei oportunidade de se resignar a encarar Crookes como
um
imbecil,
o que seria mais imbecil ainda.
Ficara
evidente que tratavam-se de dois homens de letra. Este que por
último
se pronunciara causava excelente impressão. Demonstrava
conhecimento profundo daquilo que falava. Se expressava com
autoridade e levava sobre seu adversário a vantagem do estilo,
de uma ironia, talvez a pior para o protagonista, porque é
aquela que faz rir, e o riso do ouvinte, atuando como um pé de
vento, põe embaixo, com uma só rajada, o volumoso
castelo de ilusões que o outro havia armado com tanto
jeito.
-
Tenho também meus pontos convergentes.
Afirmou
o senhor de estatura baixa.
-
???
-
Richet não aceitava a levitação, eu também
não aceito. Logo, não mereço a
má
vontade dos espíritas.
Me
lembro de ter acompanhado sem muito interesse esta polêmica
pela revista O Cruzeiro do ano passado. O Dr. Silva Mello teve enorme
destaque com fotos muito bem produzidas e espaço suficiente
para defender suas teses e atacar todos que lhe eram contrários.
Seu trabalho social foi enaltecido. Me lembro apenas ter me chamado a
atenção que esta figura ilustre havia declarado à
revista que fizera tratamento psicanalítico na Europa e
não
havia conseguido se livrar das muitas histórias de
assombração
que teria ouvido em sua infância. Ora, num pais de crendices
como o nosso, estas histórias são perfeitamente
naturais. O que não vejo com naturalidade é um
médico,
depois de tratamento psicanalítico, não ter se livrado
de seu trauma de meninice.
-
Isto
por desconhecer a carta que Richet escreveu a Ernesto Bozzano, no
final
de suas experiências e no final de sua vida, onde esposou a
hipótese
espírita.
O
senhor de tom agudo demonstrava inquietação, enquanto
seu interlocutor continuou:
-
E ainda aguardo argumentação a respeito da opinião
de Richet e Crookes
sobre
a materialização que Richet batizou de ectoplasmia.
-
Falsas suposições e errôneas
interpretações.
Argumentou
sem muita convicção.
-
Foi fato experimentalmente verificado. Para se admitir um
fenômeno
científico
como demonstrado é preciso ser tão severo com as provas
quanto se
tratasse
de condenar um homem à morte.
Neste
momento me lembrei de outra polêmica, e esta havia acompanhado
junto com minha esposa, onde o padre Álvaro Negromonte nesta
mesma década escrevera o livro "O que é o
Espiritismo". Ele dizia que "nós sabemos que estas
manifestações só podem ser o demônio..."
Mesmo sem ter conhecimento do assunto achei explicação
deveras simplista para pessoa inteligente, teóloga e que, pela
sua condição de padre, não podia deixar de ter
estudos de filosofia. E, de tanto minha mulher ouvir a rádio
Progresso de São Paulo, sempre as 20:00horas o programa Hora
Espiritualista, terminei por me voltar um pouco à estas
questões.
-
Sem sustentação filosófica. O que faço em
minha biopsicologia, sustentado
por
Max Dessoir.
Propagandeou
o Dr. Silva Mello.
-
Isto se Schopenhauer não tivesse escrito As Ciências
Ocultas. Se a
clarividência
não confirmasse a doutrina kantiana da idealidade do
espaço,
do
tempo e da causalidade... Se a vontade não fosse a "coisa
em si",
sugerida
por Locke, examinada por Kant, mas solucionada pela filosofia de
Schopenhauer.
O
senhor calvo pouco respirou para continuar:
- Lembre-se
sempre de Emmanuel Kant: "Age de tal modo que as máximas
de tua
vontade
possam sempre, ao mesmo tempo, servir como princípio de uma
legislação
universal".
Este
encontro me trouxe reminiscências de notícias em
jornais. Vinha eu de familia militar e não pude deixar de
observar que há exatos 4 anos atrás acontecera a
Cruzada dos Militares Espíritas de Florianópolis, em
Santa Catarina. Ali estiveram presentes durante 4 dias representantes
de inúmeras ordens religiosas de todo o pais e do exterior
onde meu pai, se vivo, gostaria de estar presente. Me questionava
sempre porque corriam processos contra Espíritas como Chico
Xavier por causa de direitos autorais. Ali no cinema me senti absorto
em pensamentos aos quais não conseguia ter controle algum.
Ouvia meus interlocutores mas me sentia distante e como sendo levado
a compreender coisas que para mim, até aquele momento,
pareciam sobrenaturais e sem grande interesse. Quando, depois
de vários problemas técnicos o filme foi suspenso e o
gerente prometia devolver o dinheiro dos poucos presentes me
aprofundei em meus pensamentos e perdi de vista os dois cavalheiros
que propiciaram aquelas minhas ponderações.
Não
me inquieto por não lembrar o nome do filme, como não
me incomodei com a garoa fina daquela noite, à saída do
cinema. Sentia-me com enorme apetite intelectual e, como se houvesse
sido desperto para algo muito além de mim. Caminhei
demoradamente pelas ruas, aguardando a autorização do
relógio para que fossem abertas as primeiras livrarias do dia
seguinte. E lá, na primeira que encontrasse, procuraria o
livro de Sergio Valle "Silva Mello e os seus Mistérios",
editado pela LAKE, naquele ano de 1959.
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São Paulo 450
Anos - O Espiritismo e os Bairros da Cidade, Carlos Iglesia, Brasil
Normalmente as
referências históricas sobre o Espiritismo falam dos
grandes vultos da Doutrina, aqui na cidade de São Paulo, por
exemplo, de Batuíra e Anália Franco. Mas, paralelamente
a estes nomes merecidamente lembrados, há uma infinidade de
outros nomes que contribuiram também para a
consolidação
do Espiritismo em nossa terra, os médiuns e colaboradores de
pequenos grupos de bairro. Grupos que muitas vezes mal passaram de
umas poucas dezenas de frequentadores, mas que foram a espinha dorsal
do Movimento Espírita, que com suas ramificações
levaram a mensagem de Kardec as muitas vizinhanças que
compõe
a capital paulista.
Nestes pequenos grupos -
geralmente nascidos de reuniões familiares que aos poucos
atrairam amigos e vizinhos - a afinidade espiritual e os laços
de amizade entre os frequentadores criam condições
para a comunicação enobrecedora entre os dois
planos da vida. O atendimento aos enfermos do espírito, o
passe magnético, as "consultas" mediunicas, o
receituário homeopático e as palestras fazem com que a
Doutrina Espírita seja parte da vida cotidiana. É muito
dificil com um contato deste, onde a todo momento se testemunham
pequenas provas pessoais de que se está lidando com uma
realidade maior, duvidar-se da existência dos espíritos e
de sua possibilidade de comunicação conosco.
Como outros
espíritas
paulistanos, tive a oportunidade de conhecer alguns destes pequenos
grupos, e como uma forma de falar de todos eles, gostaria de escrever
algumas linhas sobre um do qual guardo as mais gratas lembranças.
Lá pelos anos 70
minha familia morava em um pequeno bairro da zona leste de São
Paulo, a Vila Aricanduva, onde ficava o grupo espírita "Luz
do Evangelho". O grupo se estruturava em torno de um médium
excepcional - não só por sua mediunidade mas
principalmente por sua bondade e dedicação - o Sr.
Armando.
Foto do médium Armando Cicone[1]
18/06/1924 (São Paulo) - 16/04/1981 (São Paulo)
O "Seu"
Armando, como era chamado por todos, era amplamente conhecido no
bairro. As salas do centro, localizado em uma casa de dois comodos na
Rua Frei Monte Alverne, ficavam sempre lotadas, chegando mesmo as
pessoas a ficarem de fora aguardando sua vez de entrar para tomar o
passe. Não era raro que o protetor desse alguma
orientação
ou aviso providencial ao irmão que estivesse tomando o passe.
As sessões de desobsessão e de socorro aos sofredores
também ocorriam, com público mais restrito, com
manifestações mediúnicas abundantes.
Estas sessões,
após a
prece de abertura, sempre eram iniciadas pela leitura das obras da
Codificação ou de uma mensagem espírita.
Posteriormente, com a ampliação do Centro - a casinha
original, que ficava nos fundos, foi
ampliada com a compra da casa da frente - se organizaram palestras e
sessões de estudos. Também com a ampliação
surgiu a "Mocidade Espírita".
As pessoas do bairro
não
deixavam de chamar o Seu Armando para o passe aos pacientes mais
graves em suas residências e mesmo fora dos dias de sessão
o buscavam para as orientações espírituais mais
urgentes. E sempre ele atendia com a máxima presteza, dentro
das limitações de seu exiguo tempo disponível,
pois além de médium e dirigente era também
dedicado pai de familia e trabalhador. E, nas melhores
tradições
da mediunidade espírita, sempre fez os atendimentos, mesmo que
lhe exigissem sacrificio, sem aceitar remuneração.
Meu avô, que
desencarnou devido ao cancêr, era atendido por ele em casa,
sendo os passes um lenitivo bastante eficaz para suas dores.
Posteriormente minha avó também foi tratada por ele, em
uma época em que andava com a saúde muito ruim. Como
outros familiares fui testemunha da eficácia da ajuda
espiritual através de sua mediunidade.
Segundo contava o Seu
Armando, sua mediunidade se desenvolveu durante a juventude, o que
lhe fez passar por grandes dificuldades, até entender o que
ocorria. De familia católica, teve seu primeiro contato com as
atividades mediunicas na Umbanda até que conheceu o
Espiritismo e a ele se dedicou. Um dos espíritos que colaborava
nas atividades do Centro se identificava como sendo um
"preto velho" e - embora se comunicasse
de forma singela - sempre deu provas de grande bondade e capacidade de
atuação em prol do próximo. Tanto nas curas como
nas sessões de desobsessão era dos mais ativos.
Era muito comum que
quando algum vizinho ou amigo estivesse com problemas, espirituais ou
materiais, se recomendasse que fosse falar com o Seu Armando. E
não
era raro que este se tornasse espírita depois disso ou pelo
menos simpatizante do Espiritismo.
Querido no bairro, sua
desencarnação
foi bastante sentida, ficando como testemunho de seu trabalho a
gratidão de todos que foram atendidos nas sessões do
Centro Espírita "Luz do Evangelho"[2].
Notas
1 - A foto do Sr. Armando foi fornecida por sua esposa,
Dona Ana.
2 - O Centro encerrou suas atividades entre 1989 e 1990.
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Sobre a
União da Alma ao Corpo,
José Maria, Brasil
Em resposta
à questão 344 de O Livro dos Espíritos, sobre
o momento de união da alma e do corpo, eles nos informam
que "A união começa na concepção
(grifo nosso), mas não se completa senão no momento do
nascimento. ...".
Em A Gênese, Capítulo XI,
item 18, vamos encontrar "Quando o Espírito deve se encarnar num
corpo humano em via de formação, um laço
fluídico, que não é senão uma
expansão do seu perispírito, o prende ao germe para o
qual se sente atraido por uma força irresistível desde o
momento da concepção. (grifo nosso)
Concepção,
segundo o Novo Dicionário Aurélio, do latim conceptione,
é "o ato ou efeito de conceber ou de gerar (no
útero); geração. Diferente de fecundação,
que é o ato ou efeito de fecundar (tornar capaz de conceber ou
gerar: fecundar uma mulher. Essas
definições do mestre Aurélio nos indicam
que fecundação é o momento de encontro
do espermatozoide com o óvulo (conforme
enciclopédia Delta Larousse) e concepção
é o desenvolvimento do embrião a partir de sua nidação
(alojamento do ôvo ou zigoto no útero -
endométrio), o que acontece no 5º ou 6º dia
após a fecundação. Note-se que pode
acontecer, inclusive, embora seja um caso raro, de haver
concepção sem que tivesse ocorrido a
fecundação (partenogênese).
Estou levantando essa questão
porque é comum, entre nós, os Espíritas, o
entendimento de que essa ligação se dá no momento
da fecundação, que acabou sendo reforçado pela
narrativa de André Luiz da reencarnação do
Espírito Segismundo, no capítulo 13 do livro
Missionários da Luz, pag 233 da 20ª edição da
FEB.
Gostaria que os queridos amigos do
GEAE examinassem comigo esse entendimento, fundamental, assim penso,
para equacionar os casos de congelamento de embriões e
de descarte natural deles pelo organismo materno, o que ocorre em
70% dos casos. Fundamental, também, para rotular ou não
de
"abortivos" determinados métodos de contracepção.
Um abraço fraterno a todos, do
José Maria Souto Netto, de Marília-sp.
______________________________________________________________________
Ola José,
Interessante o fato de
você chamar a atenção
para essa distinção de significado que acaba tendo
conseqüências práticas para o entendimento de como se
processa o início da reencarnação.
Não posso fornecer senão minha opinião pessoal,
que é prejudicada pelo fato de não ter o conhecimento
técnico na matéria.
Imagino que num processo
ordinário (e que vem a termo) de
reencarnação, embora a distinção entre
fecundação e concepção, esses
estágios se confundem ou se sucedem em curto intervalo de tempo.
Assim podemos interpretar as colocações de A Luiz dentro
de uma aproximação feita seja para simplificar a
descrição do processo ou por descuido mesmo com o uso dos
termos. No caso do Espírito Segismundo ele foi fecundado e
concebido normalmente e, portanto, sua reencarnação pode
muito aproximadamente ser descrita como tendo iniciado na
fecundação embora a diferença bem lembrada de
termos feita com o dicionário Aurélio (que não
é fonte espírita).
Certamente a
distinção que você coloca pode
ser parte da causa de apenas 30% dos ovos fecundados e
congelados não serem descartados pelo organismo materno,
mas acho que devem haver outras razões físicas
também que cabe à pesquisa descobrir.
A discussão é de fundamental importância no
julgamento de métodos abortivos.
Vejo o problema da seguinte
maneira: não é
possível estabelecer uma linha demarcatória seja por meio
de um método, de uma simples lei ou procedimento que
inequivocamente levaria à classificação desse
ou daquele método como "abortivo". Da simples decisão de
um casal a não ter filho até a retirada forçado de
um feto com 9 meses de gestação, existe um escala
contínua de estágios e um ponto intermediário onde
a morte provocada do feto é um aborto. Poderíamos talvez
dizer "a partir de tal estágio de desenvolvimento do
embrião qualquer tentativa de subtrair-lhe a vida será
considerado aborto." Mas quem haverá de estabelecer esse
limite? É uma questão aberta que deve ser respondida
dado a gravidade do assunto. Tudo o que sabemos é que o aborto
forçado (praticado contra um feto com várias semanas)
é uma atividade que gera profundas cicatrizes na mente materna,
cicatrizes que demoram a "fechar" do ponto de vista espiritual.
Muita paz,
Ademir - GEAE
_____________________________________________________________
Prezado Ademir,
Agradeço a presteza com que
você apreciou a questão que encaminhei. Entretanto, acho
que não fui muito feliz na colocação do
assunto, motivo pelo qual presto os seguintes esclarecimentos
adicionais:
a) a eliminação natural
de embriões pelo organismo materno, da ordem de 70%, não
tem nada a ver com embriões congelados, são
embriões gerados por processo natural de
fecundação;
b) a questão é o
momento de ligação do espírito reencarnante ao
corpo a ele destinado;
c) se a "força irresistivel
que
atrai o espírito para o germe" (A Gênese) tem como fato
gerador o encontro do espermatozoide com o óvulo
(fecundação), então muitos espíritos
estariam jungidos a embriões congelados em laboratórios,
sabe-se lá por quanto tempo, em casos de
inseminação artificial, e muitos outros teriam que
recomeçar o processo em decorrência da
eliminação natural do germe pelo organismo
materno, em casos de fecundação natural;
d) se a "força irresistivel
que
atrai o espírito para o germe" tem como fato gerador a
nidação (acolhimento do germe pelo útero materno),
então não há a hipótese de espíritos
ligados a embriões congelados e nem a de
frustração devido ao processo de expurgo natural pelo
organismo materno;
e) esta última hipótese
(letra d), se enquadra mais adequadamente ao termo
"concepção" utilizado pelos Espíritos em O Livro
dos Espíritos e por Kardec em A Gênese;
f) esqueçamos, por enquanto,
para não complicar, a questão do aborto.
Finalmente, gostaria que o assunto
fosse publicado no Boletim, para que todos os queridos amigos do
GEAE tenham oportunidade de participar do exame dessa questão,
entre eles, quem sabe, pessoas que possam contribuir do ponto de vista
técnico de embriologia, que, tenho de reconhecer, foge ao meu
domínio também!
Obrigado, grande abraço, muita
Paz!
José Maria
Souto Netto.
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O Exemplo de
Paulo Daltro, Fátima Salvo,
Brasil
Paulista
de nascimento, mas, goiano de coração, Paulo Daltro de
Oliveira, criador e diretor da Revista Espírita Allan Kardec,
desencarnou aos 68 anos, na tarde do dia 28 de janeiro passado, em
Goiânia, após grave enfermidade pulmonar que resultou em
dois meses de dolorosa enfermidade.
Desde a juventude ele
pautou sua vida pela
exemplificação
do evangelho de Jesus, dividindo seu tempo entre o
consultório odontológico, a família e
a Doutrina Espírita.
Foi
pioneiro das construções de casas populares, inspirando
políticos famosos em realizações idênticas,
reunindo companheiros de todas as idades e classes sociais
em memoráveis domingos de mutirões que perduraram
por mais de 40 anos e resultaram em centenas de barracões cujas chaves eram entregues a famílias
carentes dentro de exemplares de O
Evangelho segundo o Espiritismo. Neste regime, levantou,
também, o Posto de Auxílio Espírita e as
instalações da Gráfica e Editora Espírita
Paulo de Tarso, ambas construções de grande porte em dois
andares, ao lado do Lar Espírita Francisca de Lima, o qual
dirigia, antigo orfanato de meninas e hoje abrigando
creche, berçário e escola infantil.
Paulo
esteve, ainda, à frente de inúmeras atividades
espíritas, de organização de cursos e
eventos doutrinários
á promoção social em diversas áreas.
Em
1989, dando curso ao trabalho que mais o empolgava que era a
divulgação do Espiritismo, lançou a Revista
Espírita Allan Kardec, apreciada por espíritas e
não-espíritas em todo o Brasil e no exterior, abordando
temas do dia a dia à luz da Doutrina Espírita. A Revista, totalmente produzida na
Gráfica
anteriormente montada para atender ás necessidades do Movimento
Espírita e da comunidade, alcançou, ao longo de 14 anos,
grande sucesso pela maneira simples como passa a Doutrina
Espírita a pessoas de qualquer
crença.
Uma
característica de sua personalidade que sempre
chamou a atenção de todos foi seu amor ás
expressões mais puras da arte, consideradas canais de
evangelização do terceiro milênio. A poesia e a
música, especialmente de cunho mediúnico, sempre o
comoviam. Sua esposa Suzi e todos os filhos seguem seu exemplo, ela
á frente do Coral Vozes da Esperança e eles como integrantes do Grupo Arte Nascente- GAN, ambos
muito conhecidos em vários Estados do Brasil.
Paulo
não gostava da hora vazia. Desta forma, a sua despedida foi seu último ato de trabalho a favor da Doutrina Espírita, na
presente encarnação. Em lugar das intermináveis
horas de vigília que normalmente descambam para a
conversação inútil, canções e
reflexões espiritualizadas eram ouvidas durante toda a noite, de
forma suave, enquanto exemplares da revista e
mensagens impressas estavam á disposição dos
participantes, cumprindo assim o seu lema de vida, exarado no
pensamento de Emmanuel: “ A maior caridade que fazemos à
Doutrina Espírita é a sua divulgação.”
Ao
escrevermos estas poucas palavras sobe
Paulo Daltro de Oliveira, não queremos idolatrá-lo, e ele
jamais permitiria tal atitude. Apenas julgamos que, num mundo
tão conturbado, em que tantos estiolam seu tempo e talentos,
é sempre bom contarmos com bons exemplos
que nos inspirem e
fortaleçam na Seara do Bem.
Fátima
Salvo
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