Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 12 -
Número 469 - 2004
27 de janeiro
de 2004
Editorial
|
Admirável
Mundo Novo
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Artigos
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Em Defesa da Vida –
Alguns Argumentos contra a
Prática do ABORTO II, Rubens Santini, Brasil
|
|
História
& Pesquisa
|
Chico
Xavier: O Homem Futuro, J.
Herculano Pires
|
São
Paulo - 450 anos, Carlos Iglesia, Brasil
|
|
Questões
e Comentários
|
Perguntas
Sobre Marte e Ufologia,
Vagner Pires, Brasil |
Comentarios
Sobre Artigos do Alexandre,
A. Lima, Brasil |
Nota Sobre o
Artigo da Dora Incontri,
Cesar Volkof, Brasil |
|
Painel
|
ESDE - Estudo
Sistematizado da Doutrina
Espirita em Espanhol Online
|
|
Admirável
Mundo Novo
Nestes
primeiros anos do
século XXI nossa humanidade parece perplexa. O desenvolvimento
tecnológico, aliado ao comércio em escala global,
transformou em realidade o que há poucos decênios era
ficção cientifica.
Naturalmente nem todas as previsões - boas ou más - se
cumpriram, não navegamos pelas estrelas em 2001 nem passamos
pelas catastróficas guerras nucleares previstas pelos mais
temerosos.
Neste
admirável mundo novo -
que não é o de Aldous Huxley autor de um livro com esse
sugestivo nome - o ser humano encontra-se diante da
capacidade de comunicar-se com grande parte do planeta
instantâneamente, assiste ao caminhar dos robôs na
superficie de Marte e, infelizmente, sofre com a grande facilidade com
que os malfeitores conseguem aproveitar-se de todo esse avanço
em detrimento da sociedade. O homem que troca e-mails pela Internet e
viaja de supersônico entre os continentes continua tão
sujeito ao sofrimento quanto seu antepassado distante - que na busca do
alimento cotidiano - mal se distanciava da proteção que
os abrigos naturais lhe proporcionavam.
Naturalmente
não se deve
exagerar este fato. Da mesma forma que nos primórdios da
civilização, estamos sujeitos as leis de causa e efeito e
a do progresso. O homem é impulsionado para a frente pela
necessidade de buscar melhores condições de vida e ao
mesmo tempo recebe o retorno de seus atos. Quanto mais ajustados a lei
maior - "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
si mesmo" - mais distantes das dores extenuantes e com maiores
possibilidades de desfrutar a felicidade relativa do plano terrestre.
A causa de termos
dominado a matéria - e consequentemente melhorado continuamente
o padrão de vida no globo terrestre - foi o empenho no
desenvolvimento da inteligência, no aperfeiçoamento das
estruturas sociais, na melhoria da organização
econômica. Por outro lado, a permanência do sofrimento e a
persistência do mal resultam do pouco empenho que sempre demos ao
nosso desenvolvimento espiritual através das eras.
Não
é por falta de
avisos do plano espiritual, avisos que foram registrados em todas as
religiões do planeta, em todas as linguas conhecidas, em todas
as épocas da humanidade. E mesmo assim continuamos - como
humanidade - fazendo-nos de surdos e a ignorar todo o esforço
em prol do dominio próprio e da educação para a
vida eterna.
E
assim continuaremos, séculos
adiante, se não mudarmos nosso enfoque.
De pouco nos adiantará termos redes mundiais se estiverem
a cada momento ameaçadas por virus e ataques, sinais evidentes
de que o homem
espiritual não se encontra no mesmo nivel que o homem
tecnológico. De
pouco nos adiantará termos meios de transporte cada vez mais
rápidos se não pudermos sair de casa por medo da
violência. De muito pouco nos adiantará termos todas as
facilidades para o trabalho e o lazer se
não tivermos um minuto de sossego frente a insegurança do
que o próximo
minuto nos trará.
Para
aproveitarmos integralmente este
admirável mundo novo que os novos tempos nos trouxeram há
que fazer nascer dentro de nós o homem novo, é
desenvolvermos dentro de nós aquele reino dos Céus do
qual nos falou Jesus. Reino dos Céus que ele comparou com a
pequena semente de mostarda, semente que plantada e cuidada dá
nascimento a uma árvore imensa.
Desenvolvermos
o Reino dos
Céus em nós mesmos é um programa vasto e
ambicioso,
é o caminho estreito tão dificil de trilhar, mas que ao
fim leva a melhores destinos que o caminho largo das facilidades
terrestres, caminho largo que inevitavelmente termina em
desiluções após o túmulo. O caminho correto
é estreito, mas
é o caminho que traz a paz de espírito em
consequência
da consciência tranquila. É dificil de trilhar, mas traz a
colheita das
benções resultantes do agir de acordo com as leis
divinas.
Este
caminho - que da mesma maneira
que os caminhos terrestres tem mapas detalhando-lhe os percalços
- encontra-se mapeado nas grandes obras religiosas da humanidade. No
Vedanta e nas Upanishads encontramos seus traçados mais antigos,
o vemos novamente ensinado nos Sutras Budistas, na sabedoria do Tao e
na disciplina de Confucio, o encontramos na austeridade da lei Mosaica
e na filosofia de Sócrates e Platão, vemos sua
exemplificação na Boa Nova de Jesus de Nazaré.
Dentro
das correntes que se
desenvolveram a partir da mensagem de Jesus o vemos seguido nas vidas
dos grandes nomes da Igreja Católica - basta relembrarmos
Francisco de Assis e Teresa de Ávila - defendido pelos
grandes nomes da Reforma Protestante - como o reformador tcheco
João
Huss - e o encontramos no ardor humanitário dos grandes nomes
da
ciência - não poderia deixar de citar Pasteur, Chagas ou
Sabin.
Nesta
mesma corrente de pensamento
religioso - entendendo por pensamento
religioso a busca incessante da realidade maior - temos também a
Doutrina Espírita. Doutrina que descerra as cortinas do mundo
espiritual, dando ao ser humano bases novas para a compreensão
do
Universo e evidencia sua ordenação moral. Apresenta ao
espírito humano
as leis que o levam do ponto inicial de sua jornada - simples e
ignorante - ao estágio de espírito iluminado,
totalmente desprendido da
matéria, auxiliar de Deus na infinita tarefa da
criação.
Nós,
ligados aos ensinamentos
da Doutrina dos Espíritos, encontramos o caminho traçado
nas páginas das inumeráveis obras espíritas, todas
elas tendo por base segura o trabalho de
codificação - análise e
organização - realizado por Allan Kardec. De quem, a
propósito, em 2004 se comemoram os 200 anos de nascimento.
Para
que este admirável mundo
novo - em que começamos a viver - seja realmente um mundo
novo, voltemos as fontes antigas de sabedoria e delas
tiremos as lições, que aplicadas, o tornará
não somente novo, mas também melhor para se viver.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Editor GEAE
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Em
Defesa da Vida – Alguns Argumentos contra a Prática do ABORTO
II, Rubens Santini, Brasil
Visão
da Doutrina Espírita sobre o Aborto
Consultemos o Livro dos
Espíritos:
P-358: O aborto
provocado é um crime, qualquer que seja a época da
concepção?
R:
-
Há sempre crime, quando se transgride a Lei de Deus. A
mãe, ou qualquer outra
pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar vida à
criança antes de seu
nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas
de que o corpo
devia ser instrumento.
P-359: No caso em
que a
vida da mãe estivesse em perigo pelo nascimento da
criança, haveria crime em
sacrificar a criança para salvar a mãe? R:
- É preferível sacrificar o ser que não
existe a
sacrificar o que existe. ”
Emmanuel, em seu livro
“Leis
de Amor”, diz que “... o aborto
provocado, mesmo diante de regulamentos
humanos, é um crime perante as Leis de Deus (...). Os pais que cooperam nos
delitos do aborto, tanto quanto os ginecologistas que o favorecem,
vêm a sofrer
os resultados da crueldade que praticam ”.
Aborto delituoso -
ignominioso ato de anular, consciente e brutalmente, uma vida que se
inicia
prenhe de esperanças e que encontra formal repulsa em todos os
principios
espírita-cristãos. (...) Ao renascer, o Espírito
é semelhante a um botão de
rosa, que tem, no mundo das formas, importante missão a
desempenhar. Destruir,
pois, o jardineiro, o botão que anseia por desabrochar,
constitui prática
criminosa, eis que, com ela, privará de belo e perfumado
ornamento os quadros
da natureza.
Impedindo a alma de “passar
pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava
formando”, a
eliminação de uma vida abre a seus responsáveis,
diretos ou indiretos, um
abismo de sofrimento e dor, no qual permanecerão longo tempo.
(...)
É mais covarde a mulher
que,
friamente provoca o aborto; é mais terrível o homem que,
irresponsavelmente,
sugere-o ou realiza-o, no exercício da medicina, do que aquele
que, em conflito
circunstancial, elimina um adversário sob o
incontrolável destempero de um
impulso de cólera. Nos crimes comuns, o homem via de regra,
extermina o
adversário que lhe poderia acarretar desvantagem no
desforço pessoal; no aborto
delituoso, provocado quase sempre para fugir à responsabilidade
de um deslize
moral, a mãe mata o próprio filho indefeso. (...) O ser
que vem renascendo,
pedindo proteção e carinho, jaz à mercê de
mãos criminosas.
Di-lo Emmanuel, em
dramática
imagem: “...não tem voz para suplicar piedade e nem
braços robustos com que se
confie aos movimentos de reação”. (...)
Se os tribunais do mundo
condenam, em sua maioria, a prática do aborto, as Leis Divinas,
por seu turno,
atuam inflexivelmente sobre os que alucidamente o provocam. Fixam essas
leis no
tribunal das próprias consciências culpadas, tenebrosos
processos de resgate
que podem conduzir ao câncer e à loucura, agora ou mais
tarde. (...)
O aborto delituoso é
a
negação do amor.
Filme:
“O Grito
Silencioso”
Carta publicada no jornal “O
Clarim” de Buenos Aires, Argentina, e transcrita pela Revista
Informação
(Fev/93):
Escreve Graciela Fernandes
Raineri:
“Vi o filme médico
“O
Grito
Silencioso”, apresentado pelo doutor E. Nathanson, famoso médico
ex-abortista
norte-americano. Ele mostra mediante uma ecografia realizada na
mãe no momento
de abortar, o que sucede com esse Ser que, apenas agora se sabe com
certeza
científica, já tem todas as características
próprias da vida humana:
capacidade sensitiva à dor, ao medo e apego à vida.
Ao vê-lo, acreditei ser
uma
obrigação social divulgá-lo, porque todos
(sobretudo as mães) têm o direito de
saber o que realmente sucede em um aborto.
Em instantes prévios
à
operação abortiva, se vê o feto (neste caso
verídico, de 12 semanas) com
movimentos calmos, colocando o polegar na boca de vez em quando,
totalmente
tranquilo neste ambiente de paz, como é o claustro materno.
Ao introduzir, o abortista,
no útero o primeiro elemento metálico procurando a bolsa
aminiótica para o seu
rompimento, o novo Ser perde seu estado de tranquilidade.
Seu coração
se
acelera
enquanto tenta movimentos nervosos de mudança de lugar.
A bolsa é rota e se
introduz
o instrumento de aspiração. É notório que
nenhum dos elementos metálicos tocou
ainda no feto e, no entanto, ele pressente algo anormal e
terrível próximo a
lhe suceder, porque agora muda de lugar em um ritmo enlouquecido para
os lados
e para cima, em um desesperado intento de escapar.
Seu ritmo
cardíaco se
eleva
mais ainda.
Quando o metal já
está quase
a tocá-lo, encolhe todo o seu corpinho até o limite
superior do útero e sua
boca se abre desmesuradamente. Aqui é alcançado pelo
aspirador, que desde suas
extremidades inferiores o vai succionando e destroçando,
até ficar somente a
cabeça, que não passa pelo conduto de
aspiração. Esta é triturada, então com uma
espécie de tenaz que vai retirando os pedaços do que foi
um Ser humano
aterrorizado, que ainda desde tamanha desigualdade de
condições, fez o
impossível para não morrer e, no instante final, abrindo
sua boca ao máximo,
como um último intento de expressão humana, ainda
desconhecida e prematura,
porém, sem dúvidas, com o instinto de sua natureza de
pedir auxilio...
A quem???
Eu, pessoa humana, que
ascendi à maravilhosa realidade da vida e posso gritar e
expressar minha
vontade, empresto hoje minha voz a todos os seres humanos que, ao serem
abortados, quiserem gritar solicitando a vida, abrindo sua boca,
porém, ainda
não tinham voz!
Não
é uma atitude
pessoal
subjetiva. Investiguem vocês.
É
científica e humanamente real.
Em nome de todos esses
inocentes, eu peço a quem competir, que projete este filme nos
últimos anos
secundários de todos os colégios de mulheres e homens,
nas universidades,
etc..., a fim de que se faça conhecer por todos os meios isto
que faz a própria
essência da pessoa humana, seu inalienável direito
à vida”
“...nada ‚ mais belo do que
ver o filho sendo amamentado por sua mãe esta lhe oferecendo
não só o alimento,
mas o mais importante: o amor. (...) É, também, um louvor
à mulher que, esquecendo-se
de si mesma, luta pela vida do seu filho, dando-lhe o alimento mais
completo:
o leite materno. Enquanto algumas mulheres matam, outras lutam pelos
seus
filhos”.
4
André
Luiz
relata um aborto 5
Relata-nos André
Luiz uma
operação de aborto de uma moça de 25 anos de
idade:
“Nunca supus que a mente
desequilibrada pudesse infligir tamanho mal ao próprio
patrimônio.
A desordem do cosmo
fisiológico acentuou-se, instante a instante.
Penosamente surpreendido,
prossegui no exame da situação, verificando com espanto
que o embrião reagia
ao ser violentado, como que aderindo, desesperadamente, às
paredes
placentárias.
A mente do filhinho imaturo
começou a despertar à medida que aumentava o
esforço da extração. Os raios
escuros não partiam agora só do encéfalo materno;
eram igualmente emitidos
pela organização embrionária, estabelecendo maior
desarmonia.
Depois de longo e laborioso
trabalho, o entezinho foi retirado afinal ...
Assombrado reparei,
todavia,
que a ginecologista improvisada subtraia ao vaso feminino somente
pequena
porção de carne inânime, porque a entidade
reencarnante, como se mantivessem
atraída ao corpo materno forças vigorosas e
indefiníveis, oferecia condições
especialíssimas, adesa ao campo celular que a expulsava.
Semidesperta num atro
pesadelo de sofrimento, refletia extremo desespero; lamentava-se com
gritos
aflitivos; expedia vibrações mortíferas;
balbuciava frases desconexas.
Não
estaríamos,
ali, perante
duas feras terrivelmente algemadas uma à outra? O filhinho que
não chegara a
nascer transformara-se em perigoso verdugo do psiquismo materno.
Premindo com
impulsos involuntários o ninho de vasos do útero,
precisamente na região onde
se efetua a permuta dos sangues materno e fetal, provocou ele o
processo de
hemorragia, violento e abundante.
Observei mais.
Deslocado
indébitamente e
mantido ali por forças incoercíveis, o organismo
perispirítico da entidade,
que não chegara a renascer, alcançou em movimentos
espontâneos a zona do
coração. Envolvendo os nódulos da aurícola
direita, perturbou as vias do
estímulo, determinando choques tremendos no sistema nervoso
central. Tal
situação agravou o fluxo hemorrágico, que assumiu
intensidade imprevista,
compelindo a enfermeira a pedir socorros imediatos, depois de delir,
como pode,
os vestígios de sua falta.
- Odeio-o! Odeio-o! -
clamava a mente materna em delírio, sentindo a presença
do filho na intimidade
orgânica. Nunca embalarei um intruso que me lançaria
à vergonha!
Ambos, mãe e filho,
pareciam
agora, por dizer mais exatamente, sintonizados na onda de ódio,
porque a mente
dele, exibindo estranha forma de aprensentação aos meus
olhos, respondia, no
auge de sua ira:
- Vingar-me-ei!
Pagarás
ceitil por ceitil! Não te perdoarei!... Não me deixaste
retomar a luta terrena,
onde a dor, que nos seria comum, me ensinaria a desculpar-te pelo
passado
delituoso e a esquecer minhas cruciantes mágoas... Renegaste a
prova que nos
conduziria ao altar da reconciliação. Cerraste-me as
portas da oportunidade
redentora; entretanto, o maléfico poder, que impera em ti,
habita igualmente
minh’alma... Trouxeste à tona de minha razão o lado da
perversidade que dormia
dentro de mim. Negas-me o recurso da purificação, mas
estamos agora novamente
unidos e arrastar-te-ei para o abismo... Condenaste-me à morte,
e, por isso,
minha sentença é igual. Não me deste o descanso,
impediste meu retorno à paz da
consciência, mas não ficarás por mais tempo na
Terra... Não me quiseste para o
serviço do amor... Portanto, serás novamente minha para a
satisfação do ódio.
Vingar-me-ei! Seguirás comigo!
Os raios mentais
destruidores cruzaram-se, em horrendo quadro, de espirito a espirito
...”
A
Colônia dos
Rejeitados
Em
seu livro “Deixe-me viver”, Luiz
Sérgio nos informa sobre um local para onde são levadas
as Entidades que
foram abortadas: a Colônia dos
Rejeitados, “... que apesar de bela, possui uma aura triste. Olhei ao
meu redor
e senti certa melancolia até nas flores, apesar das fontes de
águas
cristalinas emitirem suave fragrância de jasmim”.
Ali,
o autor espiritual narra que foram
encontrados inúmeros Espíritos com o perispírito
deformado, devido ao choque
emocional, atingindo a esfera mental. Eram criaturas metade homem,
metade
criança. É isto mesmo! “...homem com fisionomia de
bebê e bebê com fisionomia
de homem”.
Estavam
ali para recuperarem a forma
original de seu perispirito e, após curados no nível
psíquico, tentar uma nova
reencarnação.
A
frase mais comentada entre essas
Entidades, quando se estavam se preparando para a volta a um corpo
físico era:
-
“Nem sei se vou conseguir reencarnar,
minha mãe não me aceita, já me abortou... E temo
passar outra vez por
semelhante situação”.
Como
vemos, cada abortado guarda na
lembrança o cruel momento do aborto. E levam muitos anos para
adquirirem o seu
verdadeiro equilíbrio.
“...
fomos levados até uma ala dos
recém-chegados... Olhando aqueles fetos, formas diminutas, meu
coração chorou,
que triste quadro! Alguns se encontraram protegidos por mínimas
incubadoras,
até do tamanho de uma caixa de fósforos, recebendo luz.
Trancafiados em um
perispirito reduzido, víamos Espíritos quase dementados,
porque seus pais os
rejeitam, mandando-os de volta”.
“Um
aborteiro sequer imagina o mal que
está fazendo ao próximo e a si mesmo. Bastava lembrar
que, se sua mãe o
tivesse abortado, não estaria vivendo a oportunidade da
encarnação”.
3. “O Pensamento de
Emmanuel” – Martins Peralva
4. Entidade Espiritual
denominada Francisca Theresa,
comentando a escolha da capa do livro “Deixe-me viver”, com um quadro
de
Renoir, de uma mãe amamentando a sua criança.
5. “No Mundo Maior” de
André Luiz através de Chico Xavier
Retorno ao Índice
Chico
Xavier: O Homem Futuro I, J.
Herculano Pires
(Publicado na Revista Planeta,
Numero 10, de Junho de 1973)
Francisco
Candido Xavier não é anormal nem lida com o
sobrenatural. Quarenta anos de mediunidade e nenhuma explicacão
concreta para seu caso. Jornais, revistas e livros falam dele, mas
estao repletos de dúvidas, suspeitas e ironias. Tudo isso ocorre
hoje, quando as ciências procuram esclarecer os fenômenos
mais espantosos.
Sua
obra psicográfica e sua paranormalidade, levam o autor deste
artigo a afirmar que Chico Xavier é o protótipo do novo
homem que está surgindo: o homem psi.
Jornais a revistas de todo
o Brasil
divulgam constantemente - desde a publicação do livro
Parnaso do Além-Tumulo, em 1932 - entrevistas com o
médium
Francisco Cândido Xavier. Isso quer dizer que há
quarenta anos Chico Xavier vem sendo entrevistado pela imprensa. Mas
há também entrevistas de rádio a televisão.
Em junho de 1971, ele apareceu no programa Pinga-Fogo, do Canal 4, em
São Paulo, que então teve a sua mais longa
permanência
no ar, e a maior repercussão. Em dezembro do mesmo ano, Chico
Xavier voltou ao vídeo no mesmo programa, que teve
duração
ainda maior. Emissoras de televisão de todo o Brasil
adquiriram vídeo-tapes dessas entrevistas e o último
programa foi transmitido via Embratel, cobrindo todo o
território
nacional. Chico Xavier se viu elevado à altura de líder
espiritual mais famoso do pais. Assembléias legislativas e
câmaras municipais de todo o Brasil prestaram-lhe e continuaram
a prestar-lhe homenagens solenes.
Fizeram-no cidadão
honorário das principais cidades brasileiras. Agora mesmo, no
mês de maio de 1973, recebeu o titulo de Cidadão
Paulistano.A obra psicográfica de Chico Xavier é
simplesmente espantosa: 117 volumes já publicados, alguns
traduzidos para o inglês, francês, espanhol, grego,
japonês e o esperanto.
Apesar de tudo isso, o fenômeno
Chico Xavier é ainda um enigma. As numerosas reportagens a
seu respeito limitam-se a informar o publico sobre sua vida e sua
obra. Não obstante, o avanço atual das ciências
já permite uma explicação científica do
caso. O desenvolvimento da parapsicologia e as últimas
conquistas da física nuclear, forneceram elementos suficientes
para análise objetiva dos chamados fenômenos
paranormais. Chico Xavier se enquadra na moderna
classificação
de sujeito paranormal. É um sensitivo ou médium, um
homem que se abre em dimensões psíquicas fora do comum,
capaz de percepções extra-sensoriais ou
extra-somáticas, é capaz também de
atividades telecinéticas, de ação a
distância, ou seja, de produzir efeitos materiais sem contato
dos seus órgãos corporais.
Não apresentamos
aqui uma reportagem sobre Chico Xavier, mas um estudo científico
do caso, Chico Xavier. Damos as respostas que há quarenta anos
o público, a imprensa, o radio e a televisão estão
reclamando. Vamos mostrar que Chico Xavier a um homem-psi, um novo
tipo de homem que está se desenvolvendo em nosso tempo mas que
tem as mais profundas raízes históricas.
Uma
definição do homem-psi
Desde
Giambattista Vico (1668-1744) com sua teoria das três idades ou
fases históricas da humanidade, passando por Augusto Comte com
sua lei dos três estados da evolução do homem,
chegamos à era contemporânea, em que a antropologia
cultural nos oferece novos esquemas do processo evolutivo do
homem.
Podemos estabelecer um esquema, segundo a
antropologia
cultural, que nos mostra, a partir do homem
pré-histórico,
uma seqüência de tipos característicos de
várias
etapas da evolução humana. Teríamos assim: o
homem biológico ou primata, o homem tribal ou gregário,
o homem anímico ou pré-civilizado, o homem
teológico
das civilizações teocráticas, o homem racional
da individualização ateniense, o homem metafísico
da era pré-científica, o homem positivo da era
científica e o homem psicológico da era
tecnológica,
dos nossos dias. Cada um destes tipos se define dentro do seu
horizonte cultural, segundo a tese dos culturalistas alemães.
Em
meados do século 18, o prof. Denizard Rivail, aceitando a
sugestão de um leitor erudito da Revue Spirite, acrescentou
à
lei dos três estados de Augusto Comte o estado
psicológico.
Iniciavam-se no mundo, a partir dos Estados Unidos e da França,
as pesquisas psíquicas. O prof. Rivail, sob o pseudônimo
de Allan Kardec, tinha fundado o espiritismo científico, do
qual se desenvolveriam as varias ciências psíquicas,
cujo ultimo ramo é a parapsicologia atual. Não podemos
confundir essas ciências com as chamadas ciências
ocultas, pois as ciências psíquicas excluem qualquer
elemento de magia e se restringem rigorosamente às pesquisas
de tipo cientifico.
Com a parapsicologia surge o conceito de
homem-psi, um tipo de homem que supera o psicológico em
virtude de suas possibilidades extra-sensoriais e
extra-somáticas,
hoje cientificamente provadas através de pesquisas
universitárias nos principais centros científicos do
mundo. Quando tratamos, pois, do homem-psi, não estamos
encarando apenas uma possibilidade científica ou partindo para
uma abertura nas ciências, mas pisando em terreno sólido
de uma realidade científica já positivada.
Quando falamos psi estamos
além
do psíquico e do psicológico. Porque os fenômenos
psi pertencem à área do paranormal, que extravasa os
limites da pesquisa psicológica. As ciências
psicológicas delimitaram o seu campo aos fenômenos
normais ou habituais do nosso psiquismo. A própria psicologia
profunda, a partir da psicanálise, reduziu a teoria do
inconsciente a um conceito de ordem somática, sujeitando o seu
desenvolvimento ao processo do crescimento orgânico em
relação
com o meio. Daí a crítica do prof. Joseph Banks Rhine a
toda a psicologia atual, considerando-a como simples ecologia e
propondo à parapsicologia a tarefa de reintegrar essa
ciência
ecológica (que trata das relações sujeito-meio)
em sua verdadeira natureza, desenvolvendo-lhe através de novas
pesquisas “o seu objeto perdido”.
Para o prof. Rhine a
subordinação do psiquismo ao soma (da alma ao corpo)
subverteu o processo natural do desenvolvimento da
psicologia, submetendo os métodos psicológicos ao que
ele chamou de “ditadura da física”. Assim, aquilo que
podemos chamar homem-psicológico é um ser
tridimensional, cuja razão se fecha nas suas categorias
decorrentes da experiência sensorial. O homem-psi corresponde a
um conceito novo da razão e da mente em que surge uma nova
dimensão com a descoberta da percepção
extra-sensorial. Trata-se de uma verdadeira ampliação
do conceito do homem, que retorna às dimensões
espirituais antigas, enriquecido com as provas cientificas, e por
isso mesmo, liberto da ganga das superstições, do
misticismo dogmático a do pensamento mágico.
A
palavra psi não é mais do que o nome de uma letra do
alfabeto
grego, largamente empregada nas ciências. Foi escolhida
para designar os fenômenos paranormais, abrangendo todo o campo
desses fenômenos.
Quando falamos fenômenos psi não
estamos indicando uma possível realidade material ou
espiritual, não estamos conceituando esses fenômenos,
mas apenas dando-lhes uma designação técnica.
O campo de psi se divide em duas áreas: a da psigama e a da
psicapa. Na palavra psigama temos a junção da letra
gama à letra psi e na palavra psicapa a junção
da letra kapa. A área de psigama abrange os fenômenos
psi de ordem subjetiva, a percepção extra-sensorial. A
área de psicapa abrange os fenômenos psi de ordem
objetiva ou telecinéticos. Podemos colocar num gráfico
essa classificação dos fenômenos
parapsicológicos
para maior compreensão do problema.
P S I
|
PSIGAMA
|
CLARIVIDÊNCIA
TELEPATIA
PRECOGNIÇÃO
– MEMÓRIA EXTRA-CEREBRAL
RETROCOGNIÇÃO
– FENÔMENOS THETA
|
PSICAPA
|
PSICOCINESIA
TELECINESIA
PIROVASIA
PROJEÇÃO
DO EU
FENÔMENOS
THETA
|
Clarividência
é a
visão a distância ou através de corpos opacos;
telepatia é a transmissão de pensamentos;
precognição
é a visão do futuro; retrocognição é
a visão do passado; memória extracerebral ou
extrasomática é a lembrança de vidas anteriores,
que não pode estar no cérebro; fenômenos theta
são fenômenos relacionados com a morte, como avisos de
morte a possíveis comunicações de espíritos
de pessoas mortas.
Todos esses tipos de
fenômenos têm
a sua existência provada cientificamente e constam de
vasta bibliografia científica dos nossos dias, apoiada
também numa ampla bibliografia do século passado e
princípios deste século.
No campo da interpretação,
há divergências que deram origem a várias escolas
ou correntes parapsicológicas, mas no tocante à
existência desses fenômenos não há
propriamente divergências e
sim controvérsias sobre a
validade e a suficiência das pesquisas. A parapsicologia atual,
apoiada num gigantesco acervo de pesquisas realizadas nos maiores
centros universitários do mundo, oferece elementos suficientes
para a análise, o estudo e a avaliação de casos
aparentemente inexplicáveis como o de Chico Xavier. Por
outro lado, o avanço da física além da
matéria, com a descoberta da antimatéria e mais
recentemente com a descoberta pelos russos do corpo bioplástico
do homem (e também dos vegetais a dos animais), fortalece a
posição da parapsicologia.
Chico
Xavier o homem-psi
Para quem conhece o
fenômeno Chico Xavier, basta examinar o esquema acima dos
fenômenos psi para ver que o médium neles se enquadra
perfeitamente. As pessoas que leram livros como Chico Xavier,
Quarenta Anos de Mediunidade, de Roque Jacinto; No Mundo de Chico
Xavier, de Elias Barbosa; Trinta Anos com Chico Xavier, de
Clóvis
Tavares, sabem que todos os fenômenos da
classificação
parapsicológica ocorrem com o médium. Por isso mesmo,
pela amplitude da fenomenologia que o caracteriza como sujeito
paranormal, Chico Xavier se apresenta como protótipo do homem
do futuro, ou seja, do homem-psi que nele se define às portas
da era cósmica.
Não queremos dizer com isso que
Chico Xavier seja um caso único. Tomamo-lo apenas como exemplo
desse novo tipo humano que se desenvolve atualmente em todo o mundo.
Os fenômenos paranormais ocorrem na Terra desde todos os
tempos. As pesquisas, antropológicas mostram que em todas as
épocas a em todas as latitudes do globo esses fenômenos
sempre se manifestaram. John Murphy, em seu livro Origines et
Históire des Religions; Ernesto Bozzano em Popoli Primitive a
Manifestazioni Supranormali; James Frazer em The Golden Bough e Magie
et Religion (edição Quillet) são exemplos
clássicos dessa confirmação antropológica.
Mas
Murphy, estudando o problema da profecia (ou precognição)
analisa o processo de desenvolvimento das faculdades paranormais do
homem e demonstra que ele segue o ritmo da
civilização.
Pouco a pouco, através dos ciclos históricos, a mente
humana se abre para a percepção extra-sensorial. E essa
abertura só se efetiva no plano social quando as
condições
do meio o permitem.
O homem-psi só poderia surgir depois do
grande desenvolvimento das ciências no século 18 a na
primeira metade do século 19. O milênio medieval,
segundo Wilhelm Diethey, desenvolveu a razão que devia eclodir
no Renascimento. O surto do racionalismo nos tempos modernos criou
condições para a compreensão e
aceitação
dos fenômenos paranormais. Por isso o século 19 daria
nascimento às ciências psíquicas, a partir
das pesquisas espíritas, pois só então havia
condições para que o fenômeno paranormal fosse
encarado objetivamente. Esses fatos nos mostram que o homem-psi
só
poderia definir-se simultaneamente com a abertura da era
cósmica.
Não
é por outro motivo que ao lado da corrida espacial entre os
Estados Unidos e a URSS assistimos, neste momento, à
corrida
parapsicológica entre as duas potencias que conquistam o
espaço cósmico. A percepção
extra-sensorial è o equipamento do astronauta, do homem que
terá de romper as distancias do cosmo. Em 1971 a Apolo-14
pousou na Lua a levava em sua tripulação o astronauta e
homem-psi Fred Mitchel que transmitiu, com relativo sucesso,
mensagens telepáticas para a Terra. Não bastaria este
fato para explicar o sucesso e a fama de Chico Xavier no Brasil e no
mundo? Uma nova era está nascendo e um novo homem, adaptado a
ela,
marca as novas condições da humanidade terrena. Para
as dimensões cósmicas dessa era teremos as
condições
extra-sensoriais do homem-psi.
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São
Paulo - 450 anos, Carlos Iglesia, Brasil
Em
1953 Gilberto Freyre escreveu um prefácio para a obra
"História e
Tradições da Cidade de São Paulo", de autoria de
Ernani Silva Bruno, em
que se referia a importância do seu conteúdo para a
compreensão da
cidade e de seu papel histórico. A obra seria editada a tempo do
4.o
Centenário da cidade de São Paulo como
contribuição da Livraria José
Olympio Editora para as comemorações do evento. Em um
trecho bastante
interessante do prefácio ele escreveu:
"
No excelente ensáio de
historiador social que é o de Ernani Silva
Bruno, o passado paulista surge aos nossos olhos, reconstituido
não como
a figura de um morto, cuja reconstituição apenas de ossos
resultasse em
simples curiosidade de museu, mas como umas daquelas figuras de mortos
de que fala com um fervor quase de Espiritistas a sociologia dos
Positivistas: mortos capazes de governar os vivos".
Notável aos olhos do
leitor atual constatar que já em 1954 o Espiritismo
constituia-se em uma corrente de pensamento tão conhecida no
Brasil que
um pensador como Gilberto Freyre o usou, sem maiores necessidades de
explicação, em uma bela imagem comparativa. O Espiritismo
estabelecido desde os finais do século XIX já havia
conseguido foros de
cidadania em território brasileiro.
E dentro do território
brasileiro, talvez com exceção da capital federal
de então - a cidade do Rio de Janeiro - não poderia estar
mais o
Espiritismo a vontade que na grande capital Paulista. São Paulo
quatrocentona era uma cidade com um grande número de
espíritas, um
conjunto razoável de grupos estabelecidos, periódicos e
na época das
comemorações saiu até um livro intitulado
"Cumprindo-se Profecias - As
Materializações de Espíritos em São Paulo",
de autoria de Mario
Ferreira, com prefácio de Julio Abreu Filho e
publicação pela Édipo
(Edições Populares Ltda. da cidade de São Paulo).
Da mesma maneira a São
Paulo que comemora 450 anos é hoje um importante
pólo de divulgação e prática da Doutrina
Espírita. Adeptos e
simpatizantes fazem com que o Espiritismo seja hoje tão popular
entre
nós que referências como as de Gilberto Freyre são
usadas na linguagem
cotidiana sem maiores problemas. Quem nas conversas em rodas de amigos,
no trabalho ou no lazer, já não ouviu referências
bem-humoradas aos
problemas atuais como consequências do mal que se fez em
encarnações
passadas, ou que na próxima encarnação se
optará por outro gênero de
vida? Quem não teve experiência com amigos que relataram a
busca de
orientação "Espírita" em situações
dificeis da vida? Naturalmente há
ainda muita incompreensão do que é ser "espírita"
e da proposta completa
do ensinamento trazido pela Codificação Kardequiana, mas
por detrás de
tudo isto já há um reconhecimento implícito de que
o
Espiritismo existe
e exerce um papel importante na vida social.
Não poderia ser diferente
na cidade de Batuíra - o da célebre "Rua
Espírita" - que desde a virada do século XIX para o XX
celebrizou-se por
sua bondade e pelo atendimento mediúnico a sofredores de toda a
espécie.
Também é a cidade de Anália Franco, cuja obra
educativa se tornou um
marco na pedagogia brasileira e que foi combatida acirradamente por
quantos não lhe toleravam as idéias progressistas auridas
nas fontes
puras da Doutrina dos Espíritos. É a cidade do Sr.
José Gonçalves que
extendendo os serviços sociais da Federação
Espírita de São Paulo criou
a Casa Transitória Fabiano de Cristo, obra modelo no atendimento
assistencial as mães carentes, pioneiro na visão de
ajudar a criança
reestruturando-lhe a família.
Muito mais poderia ser escrito
sobre os grandes nomes que o Espiritismo
forneceu aos quadros da sociedade Paulistana, muito poderia ser dito
das
interações mútuas entre o Espiritismo e a cidade,
de nomes ilustres como
Monteiro Lobato, que vinha ao Tatuapé da época das
chácaras participar
de reuniões espíritas
*.
Muito também poderia ser
dito das tradições históricas - que os
espíritos também as tem - narradas pelos amigos
espirituais sobre a
cidade e seus vultos eminentes. Tradições que ligam em
uma continuidade
de atividade os nomes de Ancheita e Fabiano de Cristo, Manoel da
Nobrega
e Emmanuel, João Ramalho e Batuira, ligações
dificeis de serem
provadas
cientificamente mas que tem seu lado racional junto a importância
do
Espiritismo para o progresso moral da cidade e da nação.
Falando da importância do
Espiritismo não há como deixar de relembrar o
quanto esta São Paulo espírita influenciou a vida pessoal
de seus
cidadãos. Lembro-me do centro que meus avós frequentavam
no Brás e onde
passei bons momentos de minha infância entre os anos 60 e 70 -
União Espírita
Cristã Beneficente
Laudelino Novaes de Brito (fundada em 1928) - das sessões e dos
eventos de
confraternização que lá ocorriam. Cheguei a ter a
oportunidade de
assistir as quermesses, participar de festas para
arrecadação de fundos
e, infelizmente, não cheguei a assistir
apresentações do grupo de teatro
organizado havia muitos anos. O presidente e fundador do centro, o
médium José Domingues Bueno, com grande sacrificio
pessoal havia ao
longo dos anos organizado grupos que arrecadavam mantimentos, grupos
que
se dedicavam a costura e
acerto de roupas doadas, grupos de atendimento ao próximo. Ele
mesmo
dedicava-se ao recituário mediúnico e a
orientação espiritual, sendo o
espírito Antonio dos Santos responsável pelas consultas,
e não poucas
vezes distribuia os remédios - sempre homeopáticos,
normalmente do
laboratório "A Natureza" - com o dinheiro do próprio
bolso.
José Domingues Bueno (1898 - 1976)
Foto tirada em 1967
Imigrantes espanhóis,
italianos, portugueses e seus descendentes
constituiam boa parte dos frequentadores do centro, bem como parte de
sua equipe espiritual. Amigos espirituais como Laudelino Novaes de
Brito, Quirubino de Almeida, Antonio dos Santos junto com diversos
parentes desencarnados tornavam o contato com o plano espiritual
tão
próximo e tão familiar como nunca mais vi em minha vida.
Na época, dois
de meus parentes - uma irmã de minha avó, a Tia
Inês, e um de seus
cunhados, o Tio Paulo - participavam do grupo de médiuns que, em
torno
da mesa sembre coberta por toalhas brancas e recoberta de flores,
transmitiam a palavra dos guias espirituais e socorriam os
espíritos sofredores.
Sessão em comemoração ao aniversário do
depto assistencial do grupo e
de desencarnação de Querubino de Almeida - 1974
Como boa parte dos
espíritas paulistanos, que tiveram a oportunidade de
crescer junto aos grupos frequentados por seus familiares, foi no
Laudelino Novaes de Brito que começei a vivenciar as grandes
tradições
fraternas da cidade de São Paulo e a conviver com sua cultura
cosmopolita. Foi lá, junto a familiares e amigos, deste plano e
do outro
da vida - muito antes de ingressar na escola primária - que meu
mundo se
expandiu para fora do lar e onde começei a ser cidadão
paulistano.
Parabéns São Paulo!
Parabéns por teu trabalho material que te
transformou no sustento de tantas vidas e na oportunidade de progresso
de tantos seres! Mas parabéns mesmo por teu ambiente espiritual,
que
tão bem acolheu a Doutrina Espírita, dando-nos a
oportunidade inigualável de crescermos espiritualmente e nos
colocarmos
cada vez mais a teu serviço e ao do próximo!
Feliz Aniversário!
* Esta referência sobre Monteiro Lobato
nos foi passada pelo Milton
Bonfante (LIHPE) a partir de informações que ele
encontrou em um
livro sobre a
história do Tatuapé, inclusive nos prometeu
escrever um
artigo a respeito.
Bibliografia
BRUNO, ERNANI SILVA. História
e Tradições da Cidade de São Paulo.
Prefácio de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: Livraria
José Olympio
Editora. 1953.
FERREIRA, MARIO. Cumprindo-se
Profecias - Materializações de Espíritos em
São Paulo.
Prefácio de Julio Abreu Filho. São Paulo: Édipo,
1955.
MONTEIRO, EDUARDO CARVALHO. Anália
Franco - A Grande Dama da Educação Brasileira .
São
Paulo:
Editora Eldorado Espírita, 1992.
___. Batuíra
- Verdade e Luz . São Paulo: Lúmen
Editorial Ltda, 1999.
___. Batuíra - O Diabo e a Igreja. São Paulo:
Madras, 2003.
PEREIRA, MIGUEL. José
Gonçalves Pereira - Apóstolo do Bem e Herói da
Caridade. São
Paulo:
SEDAC, 1996.
RIBAS, MARIA JOSÉ SETTE. Monteiro
Lobato e o Espiritismo - As sessões espíritas de Moneiro
Lobato.
São Paulo: Nova Luz Editora, 2 ed,1997.
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Perguntas
Sobre Marte e Ufologia,
Vagner Pires, Brasil
Prezados Srs.
Preciso de
uma orientação e
explicação doutrinária sobre dois aspectos.
1) Com a
visita dos americanos a Marte,
os espíritos que povoam aquele país conseguem pressentir
ou ver o robô americano em terreno marciano?
2 ) Que forma
de vida há em marte?
Seria uma forma mais sutil? Estão em outra dimensão como
os espíritos aqui na terra?
3)
Sobre os discos voadores. Eu
presenciei e vi um disco voador lindo sobrevoando minha região.
E estudando o espiritismo não tenho dúvidas quanto a
existência de vida em outros planetas. Porém, por
que eles
nos visitam? O que querem? Eles seriam mais evoluídos
moralmente que nós? Estariam eles estudando nosso planeta como
o robô americano está fazendo em Marte?
4)
Ainda sobre Ufologia. Podemos um dia
nos comunicar com outros planetas? Isso não atrapalharia a
evolução na terra? Pois sei que há categorias de
planetas, o nosso é de provas e expiações, e pelo
que entendi, estes visitantes a terra são de planetas mais
evoluídos e pelo que sei, há registros de seqüestros
de humanos por eles. Teriam eles levado estes seres humanos para o
planeta deles? 5)
Outra pergunta, mas sobre outro
assunto. Estava vendo o programa da rede globo de televisão
chamado "Jovens tardes" e conheci um pouco mais a cantora Edith Piaph
(acho que é assim que se escreve), me emocionei muito quando a
vi e minhas lágrimas desceram. Sei que eu não poderia ter
sido ela, mas a pergunta é a seguinte. Qual o sentimento de um
espírito encarnado ver sua vida passada em uma televisão?
Vamos imaginar que eu tivesse sido a Edith Piaph, seria este o
sentimento? De comoção? Haveria um flash de
recordação do passado? Fico no aguardo de
tais
esclarecimentos.
Atenciosamente,
Vagner Pires
Prezado
Vagner,
Muito
interessante suas questões neste momento em que temos um
robô
construído aqui na Terra visitando Marte.
Posso
apenas emitir meu parecer pessoal baseado no que li na bibliografia
espírita. Parece bastante claro que a "Humanidade"
ligada ao planeta Marte é totalmente desencarnada. Isso
significa que não existem formas de vida “material” como
nós próprios. Existem teorias que dizem que Marte num
passado muito remoto teve água corrente como na Terra hoje em
dia (ainda que não tão abundantemente como aqui que
temos oceanos). De outra forma, Marte seria hoje a Terra no futuro.
Isso pode indicar que tenha havido vida material num passado remoto
em Marte, mas tal se extinguiu. Penso ter respondido parcialmente
assim suas questões 1 e 2 abaixo.
Quanto
à questão 3. Como já discutido anteriormente em
outros boletins (concordando com a opinião de outros colegas),
a existência de vida em outros planeta é algo como
certo, embora devamos ter em consideração o que
entendemos por “vida”. Para os Espíritos que se comunicam
conosco, Marte é habitado pois existe uma “Humanidade”,
ainda que desencarnada, ligada ao planeta. Esse é o primeiro
sentido do princípio da “pluralidade dos mundos habitados”.
Outra coisa bem diferente diz respeito à existência de
vida tal com entendemos aqui. Assim a visita de outros
espíritos ligados a outros mundos a nossa Terra é
plenamente possível e, conforme atestam muitas mensagens,
existe ainda assim uma diferença de densidade a ser vencida.
Essas visitas têm com fim educativo ou auxiliador, dentro do
princípio universal de fraternidade que liga todos os mundos,
e certamente são feitas por Espíritos em melhores
condições espirituais do que nós.
Outra
coisa diferente é imaginar a visita aqui de seres encarnados
como nós, que é o que sustenta a ufologia. Pessoalmente
acredito que muito deve ainda ser investigado a esse respeito e,
talvez uma análise mais judiciosa possa revelar que muitos dos
avistamentos têm explicações mais simples.
Não
se trata de duvidar da boa fé das pessoas, trata-se de
interpretar o que se vê. Muitas vezes a observação
de fenômenos no céu pode levar a conclusões
erradas (como no caso do movimento diurno do sol que levou à
idéia de que ele se movia em torno da Terra, quando na verdade
sabemos que é o contrário). Imagino
que isso
responda parcialmente também sua questão 3.
Quanto
a sua questão 4. Acho que é possível
comunicar-se com outros planetas por meio espiritual. De certa forma,
muitas das mensagens enviadas por meio de Francisco C. Xavier
narrando a atmosfera psíquica de outros mundos (como Marte e
Saturno) são instantes de contato entre desencarnados da terra
e Espíritos desses planetas. Mas a questão da
comunicação materialmente falando, entre “Humanidades”
no mesmo estágio evolutivo material é algo mais
complicado, que a ciência atualmente tem buscado (por meio de
contato de rádio). Acho que a dificuldade de transporte
material entre a Terra e uma provável civilização
extraterrestre irmã são tão grandes que o
contato só poderia se dar mesmo por meio de troca de
informação e de forma muito lenta. Acredito que isso
pode vir a acontecer à medida que nós nos tornarmos
mais preparados espiritualmente a ponto de um eventual contato
não
trazer complicações. Talvez não possamos
utilizar o exemplo passado dos contatos entre os Europeus e as
civilizações ameríndias que parecem ilustrar uma
situação similar (embora alguns cientistas como o Carl
Sagan – ver a série “Cosmos”) gostarem dessa
comparação.
Tudo isso que digo são considerações pessoais
minhas.
Quanto
à questão 5. É difícil tentar descrever
que tipo de sensações e experimentações
pessoais um Espírito pode ter ao ser submetido a
estímulos
semelhantes àqueles de outras encarnações.
É
muito difícil, baseado nesse seu sentimento recém
descoberto afirmar o que você postula. Do meu ponto de vista
acho mais fácil imaginar que tenha tido alguma
encarnação
na Europa à época dessa grande cantora francesa (que
embalava as idas à guerra da resistência francesa, pelo
que sei) talvez te conduzindo a essa época – que aliás
foi muito difícil na história da Humanidade. Pode ser
também que o estilo de sua música se assemelhe a outro
que te evoque recordações distintas. É
difícil
sinceramente afirmar qualquer coisa. Só o Espírito –
nas profundezas de sua consciência profunda - sabe
efetivamente a verdade...
Ademir
L Xavier Jr
GEAE
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ao Índice
Comentarios Sobre Artigos do Alexandre,
A. Lima, Brasil
Fino e preciso os
editoriais Física Quântica e
Espiritismo I e II (GEAE
465 e 468) e O
Espiritismo e a Universidade (GEAE 468) de Alexandre
Fonseca. Temos que ter em mente que as pessoas andam conforme o tamanho
de seus passos, e sem passar pela própria reforma íntima,
não adianta querer ensinar o outro a se reformar.
O fenômeno do salto
quântico, tão em voga, hoje, na boca dos espiritualistas,
assemelha-se, como se referiu A. Fonseca, aos fenômenos de
materialização e desmaterialização, mas
não é prova cabal de que assim o seja. Alguns
espiritualistas, no afã de curarem as feridas do mundo, querem
acelerar a marcha dos acontecimentos, e se o homem está custando
a moralizar-se com as mensagens dos Evangelhos e pelos esclarecimentos
do Consolador Prometido, criam mecanismos para automatizar esse
fenômeno.
Não seria muito
mais simples criar um ser perfeito? Era só tirar do forno e
pronto: produto deusificado . Prá que perder mais tempo,
milênios, eras sem fim? Só pode ser o medo de o mundo
acabar e ter que ficar preso no meio de tantos Espíritos
imperfeitos, é que leva alguns confrades a buscarem os atalhos,
ou melhor, picadas que nem sempre viram estradas. As alternativas de
Deus são infinitas. A Terra é apenas uma célula no
organismo cósmico.
A colocação
de Alexandre Fonseca é serena e segura. É algo como
“Não amar sem sentir”, “não comprar sem ver”. Essa coisa
de ser Espírita por conveniência, faz com que muita gente
aposte todas as suas fichas na Transcomunicação
Instrumental, na
salvação da humanidade por Discos Voadores e outras
coisas fora de época. É até possível que
muitas das coisas fantásticas que se fala hoje virem a
acontecer, mas creio será num outro contexto, quando a
humanidade (e a Terra) já estiver higienizada ,
quando a ligação entre o mundo material e espiritual for
consciente e comum, então essas coisas serão ferramentas
e não armaduras como é hoje.
A
verificação dos fenômenos espíritas pela
ciência vai tornar as pessoas mais conscientes de suas
obrigações éticas e deveres morais, mas, entre
tomar ciência e ser, existe uma diferença muito grande,
existe algo chamado vivenciar, por isso que o Salto Quântico pode
até ser o que se pensa que é, e o Espiritismo entrar na
Universidade, mas o homem precisa é ser e não estar
moralizado.
É
necessário que os véus dos mistérios sejam
removidos, pois um dos atributos do espírito é o
conhecer, mas assim como num computador, o disco rígido, por
maior que seja a sua capacidade de armazenar informações,
não é a CPU, o espírito humano precisa ser
estimulado com os programas e os dados da ciência para colocar em
prática a sua potencialidade, mas a capacidade de realizar
está em si.
Saudações,
A. Lima
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Nota
Sobre o Artigo da Dora Incontri,
Cesar Volkof, Brasil
Boa tarde amigos do
GEAE:
Gostaria
apenas de registrar uma observação com
relação ao contido no artigo sobre o Epiritismo e a
Universidade, da Sra. Dora Incontri, no Boletim GEAE
nº
467 de 16.12.2003.
Ocorre
que diferentemente do que está relatado, não foi a
USP a primeira universidade brasileira, criada na década
de 30 do século XX, mas sim, a Universidade Federal do
Paraná - UFPR, fundada em 19/12/1912, contando portanto com 91
anos. ( vide site www.ufpr.br
).
Obrigado
pela atenção e parabéns pela seiredade do
trabalho, o qual já acompanho há vários anos.
Muita
paz Cesar Volkof
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ESDE
- Estudo
Sistematizado da Doutrina
Espirita em Espanhol Online
A
Federação Espírita Espanhola,
inicia em janeiro de 2004, o primeiro curso de Estudo Sistematizado da
Doutrina Espírita em Espanhol via internet.
Esta iniciativa tem como finalidade ampliar o
conhecimento da Doutrina Espírita utilizando os recursos que a
Rede de Computadores oferece e permitir a participação a
espíritas e simpatizantes dos diversos paises de fala
hispânica.
Na passada quarta-feira tivemos a primeira aula
dentro do Chat da web da Federação Espírita
Espanhola
www.espiritismo.cc
, podereis ver o texto da aula
e todo o que foi conversado. Houve a participação de 22
pessoas de diferentes paises de fala hispânica.
Se fez uma
apresentação do Estudo Sistematizado da Doutrina
Espírita (ESDE) pela FEE atravez do presidente, por Carlos
Campetti (Orador e divulgador espírita, membro da FEB, quem
desempenhou cargos de responsabilidade no Departamento de Juventude,
sendo atualmente responsável pela nova versão em espanhol
do ESDE), e por Luis Hu Rivas (Coordenador do Setor Multimídia e
Internet do Conselho Espírita Internacional).
Tudo aconteceu num ambiente de
harmonia e seriedade, mostrando os participantes grande interesse por
este novo curso na internet, sendo a primeira vez que se oferece o
Estudo Sistematizado na Rede com um âmbito internacional.”
Em este sentido, convidamos a todos os
espíritas do mundo parar participar do Estudo Sistematizado, que
serão realizados todas as quartas-feiras nos horários
(22hs Madrid 19hs Brasília 18hs Buenos Aires
16hs
Lima-Bogotá).
Para
obter maiores informações acessar
ao site da FEE www.espiritismo.cc
e entrar no CHAT nos horários
adequados ou escrever para xalvador@eresmas.com
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GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português -
http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" -
http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins