Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 11 - Número 455 - 2003            13 de maio de 2003

 

Editorial

Ao Clarão da Verdade, Emmanuel


Artigos

Entrevista com a Dra. Marlene Nobre

Enquanto Vivem na Escuridão, Rubens Santini, Brasil


História & Pesquisa

Notas da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas - LIHPE

As Irmãs Fox, Conan Doyle e o Espiritismo Brasileiro, Jáder Sampaio, Brasil


Questões e Comentários

Centros de Forças, Elzio F. de Souza, Brasil

Conde Rochester, Elzio F. de Souza, Brasil

Conde Rochester, Cristian Fernandes, Brasil
Sobre o Perispírito, Jáder Sampaio, Brasil
Sobre o Perispírito, Marcelo, Brasil

Painel

Palestra sobre a Epífese na Sociedade Espírita “O Consolador”, Fábio, Brasil


 

Editorial

    
(Capítulo VI do livro "Entre Irmãos de Outras Terras", de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB - Mensagem citada na entrevista da Dra. Marlene - Os Editores)

Ao Clarão da Verdade, Emmanuel

Mas quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará emtoda a verdade…
 Jesus. (João. 16:13)

De que maneira vencerá o Espiritismo os obstáculos que se lhe agigantam à frente? Há companheiros que indagam:- “Devemos disputar saliência política ou dominar a fortuna terrestre?” Enquanto isso, outros enfatizam a ilusória necessidade da guerra verbal a greis ou pessoas.

Dentro do assunto, no entanto, transcrevamos a Questão n. 799, de “O Livro dos Espíritos”.

Prudente e claro, Kardec formulou, aos orientadores espirituais de sua obra, a seguinte interrogação; “De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?” E, na lógica de sempre, eis que eles responderam:

“Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos.”

 Não nos iludamos, com respeito às nossas tarefas. Somos todos chamados pela Bênção do Cristo a fazer luz no mundo das consciências – a começar de nós mesmos -, dissipando as trevas do materialismo ao clarão da Verdade, não pelo espírito da força, mas pela força do espírito, a expressar-se em serviço, fraternidade, entendimento e educação.

Londres, Inglaterra, 10 de Agosto de 1965

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Artigos


Entrevista com a Dra. Marlene Nobre

Editora Responsável da Folha Espírita e Presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil


Primeira Parte

GEAE - Dra Marlene, gostaria inicialmente de pedir-lhe que nos falasse um pouco sobre seu trabalho editorial na Folha Espírita. Qual o papel desempenhado por um jornal espírita nos nossos dias?
 
Dra. Marlene Nobre Dra. Marlene: A Folha Espírita foi fundada em 18 de abril de 1974 e dirigida pelo meu marido, Freitas Nobre, durante 16 anos, até a sua desencarnação, em 19/11/1990. Desde então, está  sob minha responsabilidade no que concerne à parte intelectual.

Meu marido costumava dizer que o jornal deveria chamar a atenção do simpatizante do Espiritismo, daquele que passa distraído pela banca de jornal, de modo a atraí-lo pelo comentário dos fatos contemporâneos, analisados à luz  dos conceitos de Allan Kardec, de modo a  proporcionar-lhe uma visão mais ampla, mostrando-lhe a realidade subjacente, que está além das aparências.

Embora o nosso jornal seja de tiragem mensal e ainda não tenha estrutura de empresa, temos procurado dar continuidade a essa linha de pensamento, comentando os mais destacados acontecimentos do dia-a-dia, à luz dos princípios espíritas; divulgando a obra social e os eventos produzidos pelo movimento; difundindo a excelência dos ensinamentos, através de artigos e reportagens, que  enfatizem o tríplice aspecto da Doutrina. Para tanto, mantivemos, desde o início, o suplemento Ciência e Espiritismo, que esteve a cargo, por cerca de 29 anos, de nosso ilustre amigo, Dr. Hernani Guimarães Andrade, único cientista e pesquisador espírita brasileiro, recentemente, falecido (25/4/2003).

Nos últimos anos, criamos outro suplemento, o Medicina e Espiritismo, a cargo dos participantes das AMEs (Associações Médico-Espíritas)  para alternar com o produzido pelo engenheiro Andrade, devido ao declínio das forças físicas do nosso competente colaborador, o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP). Temos também o suplemento Família  que é acompanhado da Folhinha Espírita, material dedicado às crianças e jovens e o Cultura e Espiritualidade. Mantemos  um serviço de utilidade pública, divulgando, gratuitamente, notícias e informações do movimento espírita do Brasil e do exterior, além das de outras instituições, voltadas para o bem da coletividade.  Há mais de dois anos a Folha Espírita dá suporte ao programa Portal de Luz, levado ao ar todas as 4as feiras, das 17 às 17h30 pela TVCom ( às 4as feiras, 17h, canal 14 da NET e TVA, e Eco96, ABCD, sábados, 20h).

Você me pergunta também sobre o papel desempenhado pelo jornal espírita em nossos dias. Os jornais de hoje, entre os quais nos incluímos, refletem, de certa forma, os cerca de três milhões que se declararam espíritas ao Censo, quer dizer, são mais regionais, de pouca tiragem, em relação ao número de profitentes, e divulgam, com muito sacrifício, as realizações de Instituições, bem como as  idéias e interpretações de articulistas de boa vontade, que procuram dar o melhor de si, na análise de assuntos doutrinários.

Nós, os espíritas, somos uma fatia muito mini da população, embora não pareça, e ainda sequer  nos conscientizamos da importância do apoio à divulgação da Doutrina. Por tudo isso, solidarizamo-nos com todos os que mourejam, como nós, nesse trabalho difícil, lutando, mês a mês, pela sobrevivência dos periódicos que dirigem.

Aproveito o espaço que você me dá, para dizer como imagino deveria ser um jornal espírita. Coloco tudo no condicional, uma vez que ainda estamos  muito longe das estruturas empresariais necessárias para isso.

Creio que haveria espaço para um jornal de grande tiragem que conviveria, facilmente, com os de âmbito regional ou institucional. O primeiro deveria ser o espelho da cultura espírita e, mais que  isso , inserir-se no contexto do mundo que o cerca, comentando os acontecimentos do dia-a-dia, sem repetir os mesmos enganos da imprensa materialista. Seria importante que acompanhasse o que acontece no campo das artes, literatura,  filosofia, ciência e espiritualidade, analisando os fatos à luz do  bom-senso e do conhecimento espírita; que investisse em reportagens construtivas de todo tipo; que investigasse assuntos de interesse coletivo, encaminhando aos Poderes Constituídos as soluções encontradas;  que divulgasse e comentasse  pesquisas científicas, tanto as espíritas quanto as dos grandes centros de investigação do mundo, e assim por diante. Mas acima de tudo, penso numa imprensa espírita com opinião firme, mas sem tricas nem futricas, sem retaliações e comentários descaridosos, tão ao gosto do paradigma antigo, o materialista.

Sem dúvida, traçamos o perfil de uma grande empresa jornalística espírita, um sonho distante, infelizmente, dada a falta de estrutura financeira e a abertura do próprio movimento espírita para um divulgação mais ampla e abrangente, como a Doutrina merece.

Creio que os jornalistas espíritas deveriam ter como modelo o próprio Codificador. Em uma de suas cartas à escritora George Sand, ele afirmou que o Espiritismo estava presente em todos os ramos do conhecimento humano, enfatizando o caráter universal do ensino dos Espíritos. O jornalista espírita tem, portanto, o que comentar em qualquer área de atividade humana.

Kardec foi também o editor e único responsável pela publicação da Revista Espírita, durante quase 11 anos. Temos, nessa admirável coleção, ótimos assuntos para garimpar, muito material de inspiração para as publicações espíritas de nossos dias.  Nela, o Codificador comentou os acontecimentos de seu tempo, tais como obsessões coletivas e fatos sociais, dando-lhes a interpretação espírita; desenvolveu inúmeros estudos; respondeu aos detratores gratuitos com educação e paciência.  Se Kardec fosse jornalista hoje, seguiria a linha dos grandes jornais leigos do país: priorizaria as reportagens, desenvolveria suplementos, buscaria articulistas de valor, mas seguiria uma linha editorial própria, sem espaço para retaliações ou  atitudes anti-fraternas. Com Kardec aprendemos que  verdadeiro alvo da imprensa espírita é o combate ao materialismo.

Emmanuel, na mensagem “Ao Clarão da Verdade” (Entre Irmãos de Outras Terras, cap.6), ao analisar a questão 799, de “O Livro dos Espíritos” reafirma que a verdadeira missão do Espiritismo é destruir o materialismo, uma das chagas da sociedade, mas que devemos aplicar-nos em “fazer luz no mundo das consciências – a começar de nós mesmos – dissipando as trevas do materialismo ao clarão da Verdade, não pelo espírito da força, mas pela força do espírito, a expressar-se em serviço, fraternidade, entendimento e educação”.

Infelizmente, porém, constatamos que alguns periódicos e instituições espíritas esquecem-se disso e assumem atitude equivocada, combatendo-se uns aos outros, dentro de nossas próprias trincheiras, o  que só contribui para o enfraquecimento do nosso movimento e dos benefícios que a Doutrina pode trazer à humanidade.
 


GEAE - Qual é a posição da Folha Espírita Editora Jornalística, dentro das atividades desenvolvidas pela Folha Espírita? Sabemos que parte significativa de seu tempo também é dedicada ao trabalho de divulgação do Espiritismo em congressos e palestras espíritas no Brasil e no exterior. Participando da divulgação espírita tanto pela palavra falada como pela escrita, como a senhora vê o papel de cada uma delas?


Dra. Marlene: A Folha Espírita Editora Jornalística é responsável pela publicação do jornal, desde o seu surgimento. Depois, em 1990, como fruto da própria atividade jornalística, passou a produzir livros,  publicando, primeiramente, A Vida Triunfa, pesquisa sobre a mediunidade de Chico Xavier, de autoria do meu irmão, Paulo Rossi Severino, com a contribuição de membros da Associação Médico-Espírita de São Paulo.  Desde então, cerca de 40 títulos de diversos autores já foram publicados, entre os quais os de minha autoria: Lições de Sabedoria, A Obsessão e Suas Máscaras, Nossa Vida no Além e O Clamor da Vida.

Creio que a divulgação do Espiritismo é necessária em todas as áreas e por todos os meios disponíveis, porque,  hoje, há uma grande diversificação nos canais de comunicação e há público para tudo.
 
Não faz muito, o Benfeitor Bezerra de Menezes disse-nos que ainda não poderíamos  prescindir da realização dos Congressos da Associação Médico-Espírita, uma vez que a mídia, muito dificilmente, abriria espaço para a  exposição de nossas idéias.  Os Congressos constituem, ainda, formas importantes de divulgação do nosso ideal, tanto para a sociedade encarnada quanto desencarnada, através deles, são divulgados e discutidos os ensinamentos renovadores do paradigma espírita.

Sem dúvida, a palavra falada  tem grande poder de persuasão, porque está carregada de magnetismo,  não devendo, portanto, ser negligenciada nas tarefas de comunicação.  Creio, porém, que a divulgação através da palavra escrita é mais consistente e duradoura, sobretudo, através do livro, repositório efetivo, ainda insubstituível, de nossas criações mentais. Não podemos também deixar de reconhecer o papel extraordinário do espaço cibernético, da Internet, na divulgação da Doutrina, um trabalho, aliás, que vocês realizam com muita competência.

Como se vê, fica difícil excluir um desses recursos, em matéria de difusão do nosso ideal. Embora minha participação seja insignificante, procuro colaborar, na medida do possível, nesses diversos campos de expressão do pensamento, em reconhecimento por tudo quanto recebi e recebo de nossa Doutrina libertadora. 


  
GEAE - É comum ouvirmos comentários de confrades nossos, externando preocupações sobre a grande quantidade de livros espíritas publicados, principalmente, romances mediúnicos. Normalmente não negam que entre eles há obras de excelente qualidade sendo publicadas, mas argumentam que o grande número de livros dificulta encontrá-las e mais ainda desnorteia o principiante que busca os conhecimentos básicos da doutrina. Como a Folha Espírita vê a questão? Qual a linha editorial que adotam na seleção dos títulos a serem publicados?

Dra. Marlene: Em 1990, quando fomos levar a Chico Xavier exemplares do livro, A Vida Triunfa, recém-lançado, levantei a questão das outras publicações mediúnicas, que não eram de boa qualidade, indagando:  “Não há nada que se possa fazer?” Sua resposta foi incisiva : “Não, porque acho que isso é um mercado. Cada lavrador leva ao mercado a produção que ele consegue obter da terra. Agora o consumidor é que vai dizer, não é mesmo?”. Este diálogo  consta do  livro que organizei,  Lições de Sabedoria.
  
Desde então, continuo a fazer o que fazia antes, deixo de lado o que não me interessa, sem interferir na semeadura de quem quer que seja. Reconheço o direito dos autores de colocar seus produtos em circulação. Compra quem quer.

Não tenho nenhuma vocação para as chamadas listas de livros proibidos, que lembram o Index do Vaticano; creio que as pessoas não precisam ser tuteladas. Quando me perguntam o que acho, se já li a obra, emito minha opinião.

Em nossa editora, publicamos livros que interessam a uma fatia muito restrita  do mercado, a da obra de estudo e cunho científico; por isso mesmo  lutamos com muita dificuldade  para sobreviver.  Creio, no entanto, que essa nossa vocação editorial é natural por eu estar à frente da AME-Brasil e não vamos fugir dela, uma vez que há muito pouco produzido nessa área, até agora.



 GEAE - Pensando nas realidades econômicas de nosso país, em que situação estão as editoras espíritas? A impressão do livro espírita é financeiramente viável? Há “best sellers” espíritas? Como é tratada a questão do direito autoral no meio espírita?

Dra. Marlene: Não conheço a situação financeira de nossas editoras; suponho, no entanto, que algumas devem estar em situação financeira mais confortável do que outras, porque possuem autênticos “best sellers”, são mais comerciais, investem, com segurança, nos seus produtos, como qualquer outra empresa editorial não espírita.

Chico Xavier tem autênticos “best sellers” e , certamente, o produto deles devem estar sendo utilizados em favor de obras de benemerência, como era do seu desejo; creio que outros médiuns também os têm, mas não tenho acompanhado nem as cifras e nem a destinação dos direitos autorais.

Com relação a estes, os contratos variam, em nossa editora, seguimos o de praxe, com relação aos 10% do total de livros da edição.



GEAE -Temos reparado que o livro espírita não falta em nenhuma boa livraria e até mesmo em bancas de jornais é possível encontrá-lo. Podemos considerar este fato como um bom sinal? A ampla aceitação da temática espírita reflete efetivamente uma influência sobre a sociedade ou simplesmente o livro espírita se tornou um bom produto? O que podemos fazer dentro do movimento espírita para transformar essa aceitação em uma verdadeira compreensão da doutrina?

Dra. Marlene: De fato, é um bom sinal verificarmos a aceitação do livro espírita. Em muitos lugares, é possível constatar a presença dele, com atendentes de consultórios, consulentes de bibliotecas,  freqüentadores de  locais públicos, passageiros de metrô, avião, etc.

Este fato comprova mais uma das antecipações felizes de Allan Kardec. Em A Gênese, o Codificador afirmou  que o “Espiritismo não cria a renovação social;  a madureza da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade”. O que estamos constatando é uma procura natural das pessoas por assuntos que vêm de encontro ao que almejam; não importa se professam outras religiões.

Não devemos nos preocupar com a verdadeira compreensão da doutrina por parte dos que estão entrando em contato com ela, apenas através da leitura de livros, nem sempre muito recomendáveis quanto ao seu conteúdo. É uma questão de tempo; as pessoas encontrarão o lugar certo, de acordo com o seu grau de assimilação da verdade, que está sempre condicionada à sua maturidade espiritual.

Basta observarmos dentro do nosso próprio movimento para não desejarmos forçar ninguém a trilhar caminhos que ainda não seguimos; embora tantos cursos e estudos, ainda nos falta muito em matéria de fraternidade legítima de uns para com os outros e de empenho no compromisso de renovação com Jesus. 


 
OBS: A foto da Dra. Marlene Nobre utilizada neste artigo foi retirada da página da Associação Médico-Espírita do Brasil



O endereço para contato da Folha Espírita é:
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Tel./Fax 55-11-5585.1977
E-mail: folhaespirita@uol.com.br

(Continua no próximo Boletim)

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Enquanto vivem na escuridão, Rubens Santini, Brasil

Orientações Práticas para Atividades de Desobsessão
Série de artigos iniciada no Boletim 449

XV - O perdão

Dentro do nosso meio Espírita, é comum encontrarmos pessoas que costumam falar: “É tão difícil perdoar. Perdoar, perdoar mesmo, somente Jesus é quem tem tal capacidade! Nós ainda não. Podemos desculpar, apenas!”

Vamos fazer uma pequena comparação. Vou dar um exemplo bem elementar e rústico. Vamos imaginar uma mãe falando para o seu pequeno filho de 3 anos: “Filhinho, vista logo a sua roupa!”. Ele responde: “Ah, manhê, eu não consigo. Vem me ajudar. Ainda sou pequeno para fazer isto sozinho. Só gente grande consegue se vestir sozinho”. Para a criança, naquele grau de desenvolvimento, é algo difícil. Mas, se treinar, se persistir, logo estará vestindo sozinha a sua roupa.

Será que deu para entender a analogia, levando em conta o grau de dificuldade em realizar algo, segundo o seu grau de desenvolvimento?

A partir do momento quando falamos “Eu não consigo fazer isto! Isto é impossível!”, estamos colocando um muro ao nosso redor, impedindo de realizar algo, que muitas vezes é possível, através de constantes exercícios. “Para andar mil milhas, é preciso que se dê o primeiro passo”, já dizia o famoso filósofo chinês Lao Tse, em “Tao Te King”.

Temos que colocar na nossa mente: “Tudo bem, aquela pessoa me ofendeu, estou magoado. Mas, no devido tempo, com a ajuda de Jesus, vou conseguir limpar esta mágoa dentro de mim e perdoar o meu Irmão!”.

É difícil, mas não impossível quando temos força de vontade e determinação!

Já notaram, em seu interior, a diferença de sensações que existe entre guardar uma mágoa e um ressentimento, e de quando conseguimos realmente perdoar alguém?

Quando conseguimos perdoar, a sensação de amargo em nossa garganta, e a sensação de sufoco em nosso peito, desaparecem. Uma leveza toma conta dentro de nós.

É um exercício que vale a pena ser praticado!

ANEXO: Divaldo Franco responde 

Texto extraído do livro “Qualidade na prática mediúnica” – Projeto Manuel Philomeno de Miranda – Ed. LealMansão do Caminho - “2ª Parte: Divaldo Franco Responde”
DOUTRINAÇÃO
Pergunta: Qual o requisito para ser um bom doutrinador e como se conduzir no exercício dessa função?

Divaldo Franco: Para alguém ser um bom doutrinador não basta ter boa vontade. Recordo-me que, quando estava muito em voga o termo boa vontade, um Espírito escreveu pela psicografia o seguinte: - A boa vontade não basta. Já afirmava Goethe que “não pode haver nada pior de que um indivíduo com grande dose de boa vontade mas sem discernimento de ação.” – Acontece que a pessoa de boa vontade, não sabendo desempenhar a função a contento, termina fazendo uma confusão terrível. Não é suficiente ter apenas boa vontade, mas saber desempenhar a função. É melhor uma pessoa com má vontade que saiba fazer corretamente a tarefa do que outra de boa vontade que não sabe agir. Aliando-se as duas qualidades o resultado será mais positivo.

O médium doutrinador, que é também um indivíduo suscetível à influência dos Espíritos, pode desajustar-se no momento da doutrinação, passando a sintonizar com a Entidade comunicante e não com o seu Mentor e, ao perturbar-se, perde a boa direção mental ficando a dizer palavras a esmo.

Observa-se, às vezes, mesmo em reuniões sérias, que muitos companheiros excelentes, ao invés de serem objetivos, fazem verdadeiros discursos no atendimento aos Espíritos sofredores, referindo-se a detalhes que não têm nada com o problema do comunicante.

Não é necessário ser um técnico, um especialista, para desempenhar a função de doutrinador. Porém, é preciso não abdicar do bom senso.

Deste modo, quando o Espírito incorporar, cabe ao doutrinador acercar-se do médium e escutá-lo para avaliar o de que ele necessita. Não é recomendável falar-se antes do comunicante procurando adivinhar aquilo que o aflige. A técnica ideal, portanto, é ouvir-se o que o Espírito tem a dizer, para depois orientá-lo, de acordo com o que ele diga, sempre num posicionamento de conselheiro e nunca de um discutidor. Procurar ser conciso, porque alguém em perturbação não entende muito do assunto que seu interlocutor está falando.

Torna-se imprescindível que o dotrinador ausculte a problemática da Entidade. Por exemplo: o médium está em estertor e não consegue dizer nada. O doutrinador aproxima-se e pergunta com delicadeza: - Qual é o seu problema ou dificuldade? Estamos aqui para lhe ser úteis. Você já percebeu porque foi trazido a este local? Qual a razão de encontrar-se tão inquieto?

A Entidade retruca: - Eu estou com raiva!

E o doutrinador: - Você já percebeu o quanto a raiva é prejudicial para a pessoa que a está sentindo?

- Pois eu odeio.

- Mas, tudo nos ensina a amar. Procure superar esse sentimento destruidor.

O comunicante deve ser encaminhado ao autodescobrimento. Não adianta falar-lhe sobre pontos doutrinários, porque ele não se interessa. Vamos ilustrar: Chega uma pessoa com dor de cabeça e aconselha-se: - Tome um analgésico, descanse, depois vamos conversar. – Isto significa dar o remédio específico para o problema do paciente.

No atendimento mediúnico o doutrinador deve ser breve, porque nas discussões infindáveis e nas doutrinações que não acabam nunca, o medianeiro se desgasta excessivamente, e o que se deve fazer é preservá-lo ao máximo.

Pergunta: Durante a doutrinação deve-se fornecer muitas informações doutrinárias à Entidade sofredora que se manifesta?

Divaldo Franco: Não. Essa é uma particularidade que devemos ter em mente.

Coloquemo-nos na posição do comunicante. Quando alguém está com uma forte enxaqueca, por exemplo, não adianta nenhum médico se deter na explicação sobre a origem da doença. A enxaqueca está causando tanto mal-estar que o indivíduo não assimila nada do que é dito. Ele deseja apenas um medicamento para o curar o mal.

Quanto menos informações forem dadas melhor. Os Espíritas, com exceções, é claro, têm um hábito que não se coaduna com esta atividade: o de usarem vocabulário específico da Doutrina, esquecendo-se que nem todo Espírito que se comunica é um adepto do Espiritismo, capaz de conhecer os seus postulados.

Comunica-se um Espírito e diz-se-lhe: - Você está desencarnado. – Ele não tem a menor idéia do que a pessoa está falando. Ou então: - Você precisa afastar-se do médium, desligar-se. – Tampouco ele entende desta vez. Devemos, nos lembrar, sempre, que este é um vocabulário específico da Doutrina Espírita que somente pode ser entendido por Espíritas praticantes. É o mesmo que um engenheiro eletrônico chegar-se para outra pessoa e começar a explicar Eletrônica na linguagem científica. O ouvinte, não entendendo do assunto, demonstra total desinteresse pelo que está sendo transmitido e, terminada a explanação, continua no mesmo estado mental.

A função das comunicações dos Espíritos sofredores tem por finalidade primordial o seu contato com o fluído animalizado do médium para que ocorra o chamado choque anímico. Allan Kardec usou a expressão fluido animalizado ou animal, porque, quando o Espírito se acopla ao sensitivo para o fenômeno da psicofonia ou psicografia, recebe uma alta carga de energia animalizada que lhe produz um choque.

Como se pode depreender, às vezes, quando advém a desencarnação, o psiquismo do Espírito leva com ele todas as impressões físicas, não se dando a menor conta do que ocorreu. Ele continua no local do desenlace, estranhando tudo em sua volta, sem a mínima idéia da cirurgia da morte que aconteceu há muito tempo.

Quando se dá incorporação, o Espírito recebe um choque vibratório que o aturde. Se nessa hora forem dadas muitas informações, este estado se complica ainda mais e a Entidade não assimila, como seria de desejar, o socorro de emergência a ser ministrado.

O doutrinador deve ser breve, simples e, sobretudo, gentil, para que o desencarnado receba mais pelas suas vibrações do que pelas suas palavras.
   
Imaginemos alguém que teve uma parada cardíaca e subitamente desperta num Hospital de Pronto Socorro com uma sensação de desmaio. A situação é comparável ao despertar pela manhã depois de uma noite de sono. Qual a nossa reação psicológica se alguém, aproximando-se da nossa cama, nessa hora nos diz: - Você já morreu. – Damos uma risada e respondemos: - Qual nada! Estou aqui no quarto acordado. – E continuamos, no entanto, a manter as impressões do sono. No caso de um Espírito desencarnado que se comunica, nesse momento é a vibração do interlocutor que vai torná-lo mais seguro, embora as palavras ditas suscitem nele alguns conflitos. Somente são necessários alguns esclarecimentos preparatórios para que os Mentores façam-se recordar-se da desencarnação em outra ocasião.
   
Em casos especiais é viável, quando o Espírito permite, dizer-se que a sua desencarnação foi consumada, pois toda regra é adaptável às circunstâncias. Chega por exemplo, um Espírito dizendo: - Estou sofrendo há muito tempo, não consigo livrar-me desta dor desconfortável. – Redargue o doutrinador: - Você já notou o que lhe aconteceu? Há muito tempo você está sentindo esta dor? – E o diálogo prossegue:
   
- Ah! Eu não me lembro. Não tenho a menor idéia.
 
 - Meu amigo, isto é preocupante. Veja bem, examine-se, observe, onde você se encontra. Você sabe que lugar é este?
 
 - Não sei.

 - Você se encontra entre amigos. Note a forma como está falando. Você já percebeu que se está expressando através de outra pessoa?

O Espírito vai ficar surpreso porque está convencido de estar falando com os seus próprios recursos. Terminada a pausa, o diálogo continua:

 - Você já notou que até agora esteve falando e ninguém lhe respondia, enquanto neste momento estou lhe respondendo? Sabe o porquê? Note que até agora tem pedido ajuda e ninguém lhe apareceu, qual a razão disto?

Enfim o doutrinador deve fazê-lo perceber, gentilmente, que algo aconteceu  e ele não se deu conta.(...) Não há, pois, justificativa para a preocupação de dar-se muitos informes. É como dizer-se para uma criança o que ela não tem condição de assimilar. Não adianta falar muito. Tem que ser prático e objetivo. (...) Às vezes, o doutrinador fala em demasia, e não deixa o Espírito expor o seu problema. Observa-se com freqüência um hábito que deve ser eliminado: o médium apresenta os primeiros estertores – e isso depende da organização nervosa ou da constituição psicológica do sensitivo – e logo o doutrinador, aproximando-se, e sem ouvir o problema da Entidade, propõe: - Tenha calma, tenha calma ...

O Espírito, nem sequer disse uma palavra, e já foi tolhido de falar.

Necessário deixar-se que a comunicação se dê, para o doutrinador sentir o problema do comunicante, a fim de encontrar a forma mais sensata de atendê-lo.

Se o Espírito está gemendo, ouve-se dizer: - Venha com Deus ou venha na paz de Deus.

Existe uma outra fórmula muito corriqueira, que se costuma usar:

- Ore, pense em Deus.

São chavões que não levam a lugar nenhum. O doutrinador tem primeiro que ouvir as alegações da Entidade, para depois iniciar a argumentação específica, como se faz no relacionamento humano. Se alguém está chorando não se diz: - Calma, calma, não chore, não chore... – Deixa-se a pessoa chorar um pouco, e depois pergunta-se: - Qual é o problema? Por que está chorando tanto?

Damos um outro exemplo:

Aproxima-se de nós uma pessoa muito nervosa, e se quisermos atendê-la, dizemos: - Pois não... – E mantemo-nos em silêncio até a outra extravasar os sentimentos. Depois é que a interrogamos. Interrogar  na hora do desespero cria confusão e a irritação acontece, prejudicando o êxito do atendimento.

Portanto, poucas informações são um sinal de bom senso. (...)

Na hipótese da Entidade recalcitrar na teimosia, deve-se-lhe dizer:

 - Você veio aqui em busca de ajuda, deixe-me ajudá-lo.

Tratando-se de Espíritos perturbadores que, por princípio, se deduz  que sabem o estado em que se encontram, agindo, portanto, com intenção maléfica, o doutrinador usa outra técnica. Aliás, é bom alertar: a tática do obsessor é discutir para ganhar tempo e perturbar o ambiente. Enquanto está discutindo, irradia vibração desagradável que a todos irrita e provoca mal-estar; enfraquece-se o círculo vibratório e ele se torna senhor das mentes que emitem animosidade na sua direção. (...)

Nota-se que o número de obsidiados que se curam hoje, é bem menor do que nos primórdios. A razão disso, é porque o Espiritismo em muitos corações tem tido o efeito de uma reunião social, de um clube em que a pessoa vai participar com certa unção mas, saindo dali acabou-se, não mais se interessa, tem a vida profana normal, é o homem social comum, e por isso, os Espíritos que nos observam não acreditam em nossas palavras. Os vingativos não abandonam as vítimas que não demonstrem propósitos de melhorar-se intimamente, nem também levam em consideração as palavras destituídas do respaldo dos bons atos.

Desta forma, quando convivermos com os obsessores, a melhor técnica é não discutir com eles, porque são faladores e têm o objetivo de confundir; principalmente os inimigos do ideal superior, as Entidades “religiosas”, frias, cínicas, sofistas.

A atitude do doutrinador deve ser sempre pacifíca e gentil. Caso percebamos a intenção do Espírito em demorar-se além do necessário, digamo-lhe:  - Agora, você pode ir-se. Já lhe atendemos conforme podíamos. Vamos aplicar-lhe uma medicação, - e utiliza-se da indução hipnótica.

Às vezes o Espírito reage, mas a medicação faz efeito, porque, quando tomamos esta postura, os Mentores Espirituais aplicam-lhes sedativo indispensável para o tratamento específico – hipnose ou certos produtos de origem espiritual que os anestesiam – e retiram-se.
Esta é a técnica ideal.
ASSISTÊNCIA

Pergunta: A função do médium e a do doutrinador, nas práticas mediúnicas, são facilmente identificadas. De que forma os outros integrantes de uma reunião mediúnica devem participar? Eles se tornarão um dia médiuns ou doutrinadores?

Divaldo Franco: O capítulo XXIV de O Envagelho Segundo o Espiritismo dá-nos a resposta. No estudo ali realizado, Allan Kardec refere-se à mediunidade como sendo uma certa predisposição orgânica inerente a todas as pessoas, como a faculdade de ver, de falar, de ouvir, ...

Numa prática mediúnica temos três elementos básicos no plano físico: o doutrinador, o médium (de psicografia, psicofonia ou de outra faculdade qualquer, como a clarividência, clariaudiência) e o assistente, que não é platéia.

A prática mediúnica sempre faz recordar uma sala cirúrgica, onde existem as equipes de cirurgiões, paramédica e de auxiliares. Todos eles em função do paciente, que é o Espírito sofredor.

O trabalho mediúnico pode ter o caráter simultâneo de educação do médium e de desobsessão. De educação, porque somos sempre principiantes; e de desobsessão, porque os Benfeitores espirituais trazem Espíritos perversos, imbuídos de sentimentos maus, perseguidores contumazes para serem doutrinados.

Todos já conhecemos as funções do doutrinador e do médium. Todavia, nem sempre isto acontece quando se trata do assistente, que não sabe como conduzir-se.

Numa sala cirúrgica o assistente é alguém sempre disposto a cooperar com o que seja necessário. (...)

Não raro, o doutrinador fica sindicando, num diálogo ainda não direcionado, para identificar o problema que traz o comunicante e assim conversar com segurança. Além disso, o doutrinador, às vezes, se equivoca, o que é natural e humano. Inicia a doutrinação de uma forma, que não corresponde à necessidade do Espírito, e os Mentores sentem dificuldade em induzi-lo para que haja uma boa recepção. No entanto, um assistente pode identificar perfeitamente o problema. Cabe-lhe, neste caso, concentrar-se, ajudando o doutrinador, enviando mentalmente mensagem acertada para que ele encontre a diretriz segura na orientação a ser ministrada.

É muito comum, em todos os grupos, por indisciplina mental dos assistentes, quando se trata de Entidade zombeteira ou perversa, fazer-se o jogo do desencarnado, não colaborando com o doutrinador, principalmente quando se trata de discussão que, aliás, deve ser sempre evitada.

Freqüentemente o assistente fica torcendo para que o Espírito perturbado vença a querela e até sente uma certa euforia quando nota o embaraço do orientador. Não se dá conta que, nesse estado mental, entra em sintonia com o Espírito malfazejo, que exterioriza uma radiação capaz de ser absorvida por qualquer pessoa na mesma faixa mental.

Ou seja, o assistente tem um papel preponderante para o êxito do trabalho mediúnico. Se, às vezes, o processo das comunicações não ocorrendo com sucesso, em grande parte a responsabilidade é da equipe auxiliar. São a eficiência e a qualidade do trabalho dessa equipe que sustentam o valor da obra.

Por outro lado, nos trabalhos medúnicos, o assistente deve aproveitar o momento para meditar, acompanhando as comunicações, ao invés de se deixar envolver pelo cochilo. Realmente, fica monótono o transcorrer de uma prática mediúnica, quando a pessoa não se integra nos detalhes do que ali acontece. Somente assim procedendo consegue o assistente libertar-se do desejo de dormir ou de ser acometido por mal-estar, o que sempre ocorre quando a pessoa não se concentra para acompanhar atentamente as comunicações que estão acontecendo. (...)

Por fim, todos os assistentes devem manter-se em atitude receptiva, porque a manifestação mediúnica pode irromper a qualquer momento, em qualquer um deles, não necessariamente com caráter obsessivo, mas também inspirativo positivo. Pode surgir uma idéia edificante, um pensamento feliz, e cabe, à pessoa, no momento de silêncio, exteriorizar essa emoção, que pode ser um começo de uma manifestação no desdobramento de faculdades embrionárias.

Desta forma, o assistente deve colaborar positivamente com as suas emissões positivas no transcorrer das comunicações, pois ele é uma espécie de auxiliar de enfermagem na cirurgia mediúnica. De sua mente devem sair recursos energéticos para o trabalho anestésico a benefício do paciente desencarnado. A sua participação deve ser ativa e vigilante em todas as atividades ocorridas durante os trabalhos ali desenvolvidos. Suplicando ajuda espiritual, acompanhando e observando os diálogos, ele se transforma numa peça imprescindível na cooperação para o bom êxito das tarefas de intercâmbio espiritual.(...)

Pergunta: Quando um dos componentes da prática mediúnica percebe que determinada doutrinação não está sendo bem conduzida, ele pode ou deve interferir? Qual o momento adequado? De que forma?

Divaldo Franco: O ideal será a pessoa ficar colaborando através das vibrações e da atitude oracional. Excepcionalmente, a depender do laço de confiança e da humildade do doutrinador, pode-se dizer: “Fulano, você não acha que se aplicássemos tal recurso não seria melhor?”

Notando-se qualquer sinal de agastamento, por parte do doutrinador, deve-se imediatamente calar.

Com freqüência ocorre o assistente sintonizar melhor do que aquele que está doutrinando. Isto porque, quando alguém se aproxima do médium que está dando a comunicação, se contamina com as vibrações do Espírito comunicante e aquela irradiação envolvente, quando negativa, leva o doutrinador a entrar num verdadeiro pugilato com o Espírito, em decorrência do envolvimento emocional.

Torna-se difícil para alguém inexperiente manter o tipo de serenidade capaz de impedir esta contaminação.

Por isso não é recomendável que os doutrinadores sejam médiuns atuantes, para que não haja facilidade de assimilação da carga fluídica do comunicante. Ao assimilá-la, deixa-se envolver pelas provocações do Espírito.

PALAVRA

Pergunta: A terapia básica do doutrinador é a palavra. É sobre ela e com recursos complementares que as demais terapias serão aplicadas. Com o auxílio de que indicadores podemos avaliar a eficácia dessa terapia?

Resposta do Projeto Manuel Philomeno de Miranda: Iremos apenas sistematizar alguns itens para facilitar a avaliação da reunião mediúnica sob esse aspecto:

Móvel da comunicação identificado: esse é o item fundamental. Se o doutrinador percebe o problema do Espírito, a terapia pode chegar a bom termo. Em caso negativo o trabalho se restringirá ao choque anímico podendo inclusive sofrer prejuízos, o Espírito e o médium. Alguns Espíritos expressam claramente o seu problema; outros o disfarçam, quando não é o caso de dificuldades inerentes ao próprio médium que não consegue interpretar a mensagem lucidamente. Não seja isso, todavia, uma dificuldade insuperável, mas um teste a ser vencido pela carga de sentimentos elevados que o doutrinador deve colocar no seu trabalho.

Bons atendimentos ficarão por conta sempre, de doutrinadores de percepção rápida, com intuição clara, tato psicológico, empáticos e otimistas.

Diálogo sustentado é a base sobre a qual se estabelecerá o entendimento. Haverá de saber o doutrinador, ouvir e tomar a fala na hora certa, para tornar a cedê-lo em seguida, para receber o feed back que abrirá espaço para o padrão de Qualidade seguinte.

Espírito induzido à reflexão: João Cléofas, em Intercâmbio Mediúnico, psicografia de Divaldo P. Franco, ensina que dialogar com esses companheiros que pedem espaço através da mediunidade, é a arte de compreender, psicologicamente, a dor dos enfermos que ignoram a doença em que se debatem, usando a palavra oportuna e concisa qual um bisturi que opera com rapidez, preparando o paciente para uma terapia de longo curso. Por isso, propõe que se não tenha a pretensão de erradicar, naqueles breves minutos de diálogo, problemáticas profundamente enraizadas mas que se aponte o rumo, despertando esses sofredores desencarnados para uma visão mais alta e otimista da vida, por meio de cujos recursos os realmente interessados no próprio progresso porão em prática as reflexões e orientações recebidas.

Pelo interesse revelado pelo Espírito atendido saberá o doutrinador que aquele diálogo induziu o ser desencarnado a uma reflexão que poderá frutificar no amanhã.

Constitui-se momento extremamente feliz para o grupo quando alguns, dentre os muitos Espíritos que foram atendidos na reunião, voltam para agradecer.

(Continua no próximo boletim)

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História & Pesquisa


(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)

 Notas da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas - LIHPE

REVISTAS ELETRÔNICAS

Para as pessoas que se interessam por História tanto do ponto de vista de Técnicas Metodológicas como de assuntos mais específicos, recomendamos dois boletins eletrônicos de boa qualidade, enviados por e-mail e com preciosas informações para o pesquisador: http://www.nethistoria.com/ e http://www.klepsidra.net/

LIVROS


Durante as comemorações dos 50 anos de fundação do Lar Infantil Marília Barbosa, de Cambé, Paraná, será lançado o livro "Hugo Gonçalves e o Homem que se Lembra do Sermão da Montanha". Escrito por Geraldo Peixoto de Luna. O livro trata da biografia do diretor do jornal O Imortal desde sua vinda de Portugal até os dias de hoje. Aos 90 anos de idade Hugo Gonçalves se relacionou com grandes vultos do espiritismo no Brasil entre eles Caibar Schutel. Com belas ilustrações este livro conta uma história que não deve ser esquecida.

VISITA


Recebemos no mês de abril a visita de Hermano Francisco e sua esposa María Jesús Riquelme vindos de Murcia na Espanha. Hermano Francisco é membro da Comunidad Espírita Cristiana del Hermano Pedro "El Gran Córazon", diretor da revista El Gran Corazon e Fundador e atual presidente da Unión Internacional de Espiritistas Cristianos que congrega Instituições da Espanha, Cuba, Equador, Argentina e Brasil. A visita teve a finalidade de programar futuros intercâmbios. Recepcionando os confrades espanhóis estiveram presentes Dr. Paulo Toledo Machado, Milton B. Piedade e Elza Mazzonetto Machado. O casal fez visita ao Museu Espírita de São Paulo e depois do almoço conheceu a feira de livros de Santo André. O site do grupo espanhol pode ser encontrado em: http://www.grancorazon.org/

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As Irmãs Fox, Conan Doyle e o Espiritismo Brasileiro, Jáder Sampaio, Brasil

Conclusão do artigo iniciado no Boletim 453

O Papel das Irmãs Fox para o Espiritismo Brasileiro Contemporâneo

Creio ter sido exaustivo na exposição de motivos, fatos e documentos, apesar de não ter tido acesso a fontes primárias. Mesmo assim, cabe mais uma análise o comentário da repórter brasileira. Qual o papel das irmãs Fox para o Espiritismo brasileiro?

O lugar histórico das irmãs Fox para o movimento espírita e o chamado “modern spiritualism” norte-americano e europeu foi o de pessoas cuja faculdade se tornou notória e atraiu a atenção da sociedade e da academia, gerando um volume enorme de estudos, pesquisas e discussões. Elas são um marco arbitrado pelos escritores de história do Espiritismo para iniciar sua descrição de um movimento social do século XIX. Ainda que fossem uma fraude completa, o que creio ter discutido suficientemente com base no trabalho de Conan Doyle e de outros autores, o Espiritismo brasileiro hoje não é um corpo de doutrina que tem por base as comunicações dos espíritos que se manifestavam por intermédio delas. Pelo contrário, Kardec teve o bom senso de trabalhar com múltiplos médiuns, de grupos e países diversos, e de não propor verdades absolutas, legando-nos uma mentalidade crítica. Temos acesso e estudamos obras produzidas em diferentes pontos do globo, escritas por estudiosos, obtidas pela via mediúnica ou resultado de pesquisas conduzidas em academias.

Sua contribuição, portanto, não exige que as idealizemos, ou as transformemos em heroínas, ocultando seus defeitos, mas que as compreendamos como pessoas que dentro de suas fragilidades e limitações, enfrentaram a intolerância de uma época e deram uma contribuição importante para que hoje pudéssemos ter acesso a tantas sociedades e grupos organizados, preocupados em entender o significado dos fenômenos espirituais.

Fontes Bibliográficas

ABREU, Canuto. O evangelho por fora. São Paulo: LFU, 1996.

DELANNE, Gabriel. Os tempos modernos, in: O fenômeno espírita. Rio de Janeiro: FEB, 1992.

DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. São Paulo: Pensamento, s.n. [Originalmente publicado em 1926]

GIBIER, Paul. Origens do Espiritismo. In: O Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

INARDI, Massimo. A história da parapsicologia. Lisboa: Edições 70, 1979

LOUREIRO, Carlos Bernardo. As irmãs Fox. In: As mulheres médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1996.

RINN, Joseph. Searchlight on psychical research. New York: Rider and Company, 1954.

RUSH, Joseph. Findings from experimental PK research. In: EDGE, H. et al. Foundations of parapsychology. Boston-USA: Routledge & Kegan Paul, 1986.

SILVA, Eliane M. O espiritualismo no século XIX. CAMPINAS-SP: UNICAMP, 1997. [Coleção Textos Didáticos, no. 27]

VARELLA, Flávia. À nossa moda, Veja, no. 1659, p. 78-82, 26 de julho de 2000.

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Questões e Comentários 


Centros de Forças, Elzio F. de Souza, Brasil

(Questão apresentada no Boletim 454)

Caro Iglesia.

Informe à confreira Jussara que ela encontrará um artigo sobre Corpos Espirituais e Chacras (de minha autoria) no livro Saúde e Espiritismo, publicado pela Folha Espírita. No artigo', há um estudo comparativo, além de referências às observações mediúnicas sobre chacras feitas em nosso grupo. Em português, ela poderá consultar os livros de Leadbeater, Karagulla, Motoyama e Bentov. Eles são publicados pela Cultrix/Pensamento, embora haja um livro de Karagulla publicado por uma instituição de Niterói. No mercado, há muito livro sobre o assunto no estilo de fazer dinheiro. A bibliografia estrangeira é muito grande. No artigo acima, existe uma bibliografia parcial sobre o assunto, somente de livros citados e recomendáveis para o estudo.

Paz - Elzio

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Conde Rochester, Elzio F. de Souza, Brasil

(Questão apresentada no Boletim 454)

A confreira Bettina Mueller pede informações sobre a obra de Rochester. Bem, existe uma tese defendida na Universidade de São Paulo, pela Mestra Rhais Montenegro Chinellato intitulada -- O Espírito da Paraliteratura; um estudo da obra psicográfica de John Wilmot Rochester, publicada pelo Editorial Espírita Radhu, cujo endereço era R. Maria Oliano Gerrassi 288 - SP. A editora é dirigida pela confreira e médium Marilusa Vasconcelos. Existe um livro sobre a vida em inglês Works of the Earl of Rochester (The) (1995). Atualmente, uma série de editoras estão publicando as obras de Rochester - FEB, LAKE, BOA NOVA, LÚMEN. Existe ainda uma outra editora, cujo nome me foge no momento. Parece ser Editora Conhecimento, ou coisa parecida. Ela facilmente encontrará nas livrarias.

Paz - Elzio

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Conde Rochester, Cristian Fernandes, Brasil

Amigos,

Li no Boletim GEAE 454 a solicitação da companheira Bettina, sobre o site do Conde Rochester. Na ocasião em que ela visitou o site, eu era o editor e ele estava sendo atualizado com uma série de informações. Tivemos, porém, alguns problemas, tanto com o domínio onde ele estava hospedado (espiritismo.com), como com a confecção do mesmo. Estamos trabalhando num projeto para retorná-lo ao ar, em novo endereço e muito mais completo.

Indico para a Bettina e outros companheiros interessados, que se inscrevam na lista de discussões da literatura do Conde Rochester, que pode ser acessada no endereço http://br.groups.yahoo.com/group/jwrochester/. A lista tem mais de mil mensagens postadas, cerca de 50 associados, links para outros sites com informações sobre o autor e uma série de arquivos com biografias, resumos de livros, fotos e artigos interessantes. Para ter acesso a todas informações, é preciso inscrever-se na lista.

Assim que tiver novidades sobre o "retorno" do site, entro em contato com o Boletim.
 
Um grande abraço e muito sucesso a todos!
 
Cristian Fernandes
  
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Sobre o Perispírito, Jáder Sampaio, Brasil

(Questão apresentada no Boletim do GEAE 451)
Prezado Carlos,
 
Desconheço na literatura espírita algum texto compreensivo que focalize esta questão. Passo, então, à forma com que tenho entendido este problema e outros que tratam do perispírito.
 
Uma analogia que talvez ilustre bem este problema é a da limalha de ferro que se alinha segundo o traçado do campo magnético dos ímãs. O espírito (entendido aqui como princípio espiritual) se assemelharia ao campo enquanto que o perispírito à limalha. Neste caso, ao trocar-se de planeta, apenas se estaria trocando de limalha de ferro (perispírito), mas o ímã (espírito, gerador do "campo" espiritual) continuaria o mesmo.
 
Outro fenômeno que também pode ser utilizado para fins de analogia são as ondas portadoras das telecomunicações. Segundo meus antigos estudos de eletrônica, uma onda de alta freqüência pode vir a se comportar como portadora de uma onda de freqüencia menor, como se se "fundissem" em uma só. É o princípio utilizado para a radiotransmissão, em que se fundem uma onda de alta freqüencia a uma onda do espectro de som, o que permite uma transmissão à distância. O receptor (aparelho de rádio) capta a onda de alta freqüência (da ordem dos milhões de Hz ou MHz, no caso da FM) e a "separa" da onda de frequência de som (de ordem inferior aos milhares de Hz), conduzindo esta última aos circuitos de amplificação e aos transdutores (neste caso as "caixas de som") que transformam energia elétrica em ondas sonoras. Assim, sendo o espírito a fonte dos pensamentos, ele funcionaria como a "portadora" para a materia perispiritual, que é retirada do ambiente onde o espirito se encontra.

Estas analogias situam o perispírito na condição de intermediário das faculdades do espírito, e vale aqui os princípios da mecânica ondulatória de Louis de Broglie ou do eletromagnetismo (no que tange à intercambialização entre campo magnético e campo elétrico, que são expressões de um mesmo tipo de energia), como bem o fez André Luiz, em Mecanismos da Mediunidade. Com isto quero dizer que o perispírito tanto é capaz de conduzir as alterações do campo espiritual para o corpo físico quanto o contrário, como diversas vezes afirma Kardec e este instrutor espiritual.

Como ainda não temos maiores informações sobre a física do perispírito, fica difícil propor experimentos que demonstrem objetivamente suas faculdades e mais difícil ainda pensar-se em aparelhos que registrem suas relações com o corpo, que dirá com o espírito. Que diríamos, então, do estudo da troca de perispírito em planetas diferentes! Ficamos, portanto, no mundo das especulações de base racional que estão a um palmo do misticismo. Talvez também por isto os espíritos sejam tão reticentes no desenvolvimento destas idéias e na abordagem destes temas.
 
Fraternalmente,
Jáder Sampaio - LIHPE

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Sobre o Perispírito, Marcelo, Brasil

(Questão apresentada no Boletim do GEAE 451 - e-mail comentando o do Jáder Sampaio, apresentado acima)

Bem... estou na mesma situação... mas acredito que talvez vc tenha esquecido a questão da reverberação do Som... que também se dá por ondas.... e que através de oitavas é capaz de criar um ambiente com variados matizes da mesma nota musical... Assim entendo a possibilidade de um espírito, ao pensar, trazer para si elementos de variados matizes em relação as energias e fluidos ambientais, desde aqueles mais grosseiros (elementos quimicos mesmo) de que trata Allan Kardec na codificação (acredito que no livro dos Médiuns), assim como outros mais sútis e voláteis (até - no sentido de que os pensamentos se agregam ao perispírito e o transformam de forma a sempre o perispírito estar atualizado)...

Se algo eu acho que deveria ser acrescentado, seria isso... Mas suas explicações são claras e lógicas
 
Grato
Marcelo - LIHPE

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Painel

Palestra sobre a Epífese na Sociedade Espírita “O Consolador”, Fábio, Brasil

EPÍFISE: A GLÂNDULA DA MEDIUNIDADE

Palestrante: Otaciro Rangel Nascimento

Domingo, 18/05/2003, 10:30 h
Local: Sociedade Espirita “O Consolador”
Av. Sebastião  Aparecido Lopes, 201, Santana - Araraquara, SP

Otaciro Rangel Nascimento é professor do Instituto de Física da USP-São Carlos,  é especialista em biofiísica molecular (endereço da página do Otaciro: http://www.ifqsc.sc.usp.br/cgi-local/w3-msql/Gera_PadraoProf.htm?cod_obj=155). No movimento espírita é trabalhador do Centro Espírita "Obreiros do Bem" em São Carlos e um grande colaborador, através de suas pesquisas, palestras e seminários com os centros espíritas de Araraquara. Alguns seminários apresentados pelo Otaciro: "O perispírito"; "Mediunidade e obsessão" este último apresentado no Congresso Espírita Estadual do estado de Goiás em 2001.

A Sociedade Espírita "O Consolador", foi fundada 1990. Atualamente é presedida pela D. Léa V. Canutti Fazan. É trabalhadora de "O Consolador", a D. Wanda Canutti, a médium que escreve os livros de Eça de Queiroz, "Getúlio em dois mundos",  "Um amor eterno", "O bem e o mal" (o mais recente), e outros.


A idéia da palestra com tal título surgiu na mocidade "O Consolador", quando, em um dos domingos de estudo, surgiram algumas dúvidas sobre o tema. Lembramos prontamente de uma pesquisa certa vez apresentada pelo Otaciro, e de sua capacidade de explicar temas complexos e cheios de jargões científicos em uma linguagem mais acessível, assim,  resolvemos convidá-lo para uma palestra sobre a epífese. O tema : "Epífese: a glândula da mediunidade" foi sugerida pelo próprio Otaciro.

Agradeço muito a sua atenção, um abraço faternal,

Fábio
(participante da Mocidade Espírita "O Consolador")

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
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